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Oleg Salenko

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Oleg Salenko
Олег Саленко
Oleg Salenko Олег Саленко
Informações pessoais
Nome completo Oleg Anatolyevich Salenko (russo)
Oleh Anatoliyovich Salenko (ucraniano)
Data de nasc. 25 de outubro de 1969 (54 anos)
Local de nasc. Leningrado, União Soviética
Nacionalidade russo / ucraniano
Altura 1,81 m
Informações profissionais
Clube atual Aposentado
Posição Atacante
Clubes de juventude
1979–1984 Smena Leningrado
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos (golos)
1986–1988
1989–1992
1993–1994
1994–1995
1995–1996
1996–1998
1999–2000
2000–2001
Zenit Leningrado
Dínamo de Kiev
Logroñés
Valencia
Rangers
İstanbulspor
Córdoba
Pogoń Szczecin
0047 0000(10)
0091 0000(28)
0047 0000(23)
0025 00000(7)
0014 00000(7)
0021 0000(11)
0003 00000(0)
0001 00000(0)
Seleção nacional
1988-1991
1992
1993-1994
União Soviética juvenil
Ucrânia
Rússia
0004 00000(5)
0001 00000(0)
0008 00000(6)
Times/clubes que treinou
2003 Ucrânia (beach soccer) 3

Oleg Anatolyevich Salenko ou Oleh Anatoliyovych Salenko - respectivamente, em russo, Олег Анатольевич Саленко e, em ucraniano, ''Олег Анатолійович Саленко (Leningrado - atual São Petersburgo - , 25 de outubro de 1969) - é um ex-futebolista russo-ucraniano,[1][2] como filho de pai ucraniano e mãe russa.[3]

Após um início de carreira de relativo sucesso, ainda que sem muito de especial,[4] celebrizou-se como recordista de gols em um só jogo de Copa do Mundo FIFA, ao fazer uma "Manita" (ou seja, a anotar 5 gols em uma partida) na goleada de 6-1 sobre Camarões na edição de 1994, jogo em que também forneceu a assistência para o outro gol russo. Acabou artilheiro daquele mundial.[5] Também foi o autor do primeiro gol da Rússia na competição, na partida contra a Suécia.

Salenko, que já havia sido artilheiro também do Campeonato Mundial de Futebol Sub-20, em 1989, também é justamente o único jogador a ter sido goleador máximo dos dois torneios,[2] ainda que ele não tenha justificado a fama na maior parte da carreira,[6] não se firmando mais nem mesmo no próprio país. Chegou a defender três seleções (União Soviética, nas equipes juvenis, e as principais de Ucrânia e Rússia), mas sempre por poucas partidas, algo creditado também a um temperamento forte.[2] Outro entrave foram lesões no joelho, que o levaram a se aposentar precocemente, aos 32 anos.[7]

Carreira em clubes

Tendo passado pelas categorias de base do Smena Leningrado, debutou profissionalmente em 1986, no então Zenit Leningrado. No Zenit, foi treinado por Pavel Sadyrin, que anos mais tarde lhe convocaria à seleção russa.[1] Em 1988, já figurava nas seleções soviéticas juvenis.[2] Em 1989, passou ao Dínamo de Kiev, no que representou justamente a primeira contratação em troca de dinheiro entre dois clubes soviéticos, em contexto de abertura econômica em meio à crise do comunismo no país. O clube ucraniano teria pago 36 mil rublos ao Zenit, segundo informes da época. Salenko estava especialmente credenciado após ter sido artilheiro do [[Mundial Sub-20 daquele ano.[3]

Pelo Dínamo, foi campeão soviético em 1990 - quando venceu também a Copa da URSS marcando três gols na final, contra o Lokomotiv Moscou.[1] Em 1991, integrou a campanha semifinalista do Dínamo na Liga dos Campeões da UEFA, marcando inclusive o único gol o jogo de ida ds semifinais com o Benfica, em Kiev.[8] Contudo, após a dissolução da União Soviética, declarou aos dirigentes que não se interessava em competir no fraco campeonato ucraniano, do qual disputou a primeira edição. "Foram as piores lembranças. Depois da Liga dos Campeões da UEFA, jogávamos em algum lugar em temperaturas baixíssimas. Às vezes levávamos os treinos mais seriamente que os jogos do campeonato! Como jogadores, começamos a nos deteriorar", declarou.[1]

Em meio à Liga dos Campeões de 1991-92, Salenko renovou atenções a si na Europa Ocidental ao marcar gol da vitória em Kiev sobre um Benfica de poderio acentuado, com duas finais recentes no torneio, em 1988 e 1990, bem como outro a auxiliar a classificação do eventual campeão Barcelona à decisão: os três times dividiram o mesmo quadrangular-semifinal com o Sparta Praga, que na rodada final era o único com chances de concorrer com os espanhóis. A equipe tchecoslovaca, na ocasião, também visitou Kiev e Salenko marcou o único gol já a oito minutos do fim. Ironicamente, o Dínamo posteriormente acabaria, ao fim do semestre, surpreendentemente derrotado na final do primeiro campeonato ucraniano, embora houvesse feito a maior pontuação na fase inicial.[2]

Salenko teria despertado o interesse do Tottenham Hotspur, mas não cumpria o exigente requisito de ter ao menos vinte jogos pela seleção para atuar na liga inglesa. Após entraves com falta de visto espanhol, acertaria com o Logroñés, clube das últimas posições da Espanha.[1] Foi bem, com dezesseis gols em 31 partidas,[9] sendo recordado como um mito entre os torcedores dessa equipe.[10]

Antes mesmo de destacar-se na Copa do Mundo FIFA de 1994 já havia acertado transferência ao prestigiado Valencia, em 1994. Treinado por Carlos Alberto Parreira, o clube não foi bem e demitiu o brasileiro, que havia acabado de vencer aquela Copa do Mundo. O substituto, Luis Aragonés, teria pedido para Salenko ficar. Mas ele, desejando voltar a jogar a Liga dos Campeões, acertou com o Rangers. Mas não conseguiu superar Paul Gascoigne, Brian Laudrup e Ally McCoist no ataque.[1]

Ficou só um ano também no futebol escocês, saindo de lá em 1996, ano de sua primeira operação. No İstanbulspor, da Turquia, o problema foi ficar sem receber salário enquanto estava lesionado, o que o fez recorrer à FIFA, atitude que o privou de uma transferência ao futebol suíço. Lesões no joelho e novos atrasos de pagamento fizeram-no rescindir contrato com o Pogoń Szczecin, seu último clube. Teria negociado com Arsenal Kiev, CSKA Moscou, um retorno ao Zenit São Petersburgo e até assinado contrato com o futebol chinês, mas diferentes entraves impediram que as transferências se concretizassem: no caso do Zenit, o clube temia gastar muito por um jogador de fama. No caso dos chineses, eles queriam obrigar Salenko a passar por testes, frisando que não o contratariam por um feito do passado.[1]

Seleções

À altura de 1988 ele já defendia as seleções juvenis da Seleção Soviética,[2] tendo sido artilheiro do Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 1989.[6] Era a época em que o regime comunista na URSS começava a permitir a saída de jogadores para o exterior capitalista, acarretando em um êxodo dos principais jogadores. O técnico Valeriy Lobanovs'kyi inicialmente preferiu renovar a seleção com jogadores do próprio país e, como treinava simultaneamente o Dínamo de Kiev, onde Salenko atuava, havia a expectativa de que ele viesse a estrear pela União Soviética principal ainda em 1989, no lugar de Oleh Protasov.[11]

Salenko esperava ser convocado à Copa do Mundo FIFA de 1990, mas isso não aconteceu. Jamais defendeu a seleção principal da URSS. Chegou a defender em três jogos a seleção olímpica, entre 1990 e 1991.[1] A ausência era atribuída a um temperamento considerado inadequado.[2] Com o fim do país no final de 1991, ele inicialmente defendeu, já no ano seguinte, a Ucrânia, precisamente na partida considerada como inaugural dessa seleção.[2] Foi em jogo em Uzhhorod em 29 de abril de 1992 contra a Hungria, que venceu por 3-1,[12] apesar da dupla de ataque ucraniana contar precisamente com os últimos artilheiros do Mundial sub-20: o próprio Salenko, por 1989, e Serhiy Shcherbakov, por 1991. Salenko creditaria o insucesso da estreia a uma desordem advinda de haver três técnicos simultâneos para treinar os ucranianos.[2]

A FIFA ainda não reconhecia a oficialidade da seleção ucraniana e assim não considerou o jogo como válido.[1] Na ocasião, a ausência de recursos financeiros da recém-criada Associação Ucraniana de Futebol limitou a convocação a jogadores que atuavam no igualmente recém-criado campeonato ucraniano, excluindo-se também astros locais já ocupados na preparação final à Eurocopa 1992 com a seleção da CEI. Para a ocasião das duas partidas seguintes da Ucrânia, ainda no primeiro semestre de 1992, Salenko acabou ignorado, diante do litígio que vivia com o Dínamo em função da atenção que havia despertado no futebol ocidental pela Liga dos Campeões.[2]

Cerca de um ano e meio depois, Salenko estreou pela Rússia, em 17 de novembro de 1993, em derrota de 1-0 para a Grécia em Atenas pelas eliminatórias à Copa do Mundo FIFA de 1994. A decisão significou que, para a FIFA, ele seria para sempre russo, jamais podendo voltar a defender a Ucrânia. Ciente disso, Salenko frisou na época que jamais jogaria contra a seleção ucraniana.[13] Decisões similares foram tomadas por outros presentes nas partidas iniciais da seleção ucraniana, a exemplo de Yuri Nikiforov e Ilya Tsymbalar, que igualmente iriam como russos ao Mundial de 1994, e Akhrik Tsveiba. Outros nascidos fora da Federação Russa, por identificação étnica como russos e/ou diante da fraqueza das seleções locais de seus países de origem e por maior vitrine internacional também escolheram defender a Rússia: Viktor Onopko, Sergey Yuran e Vladislav Ternavskiy, também ucranianos; o greco-georgiano Omari Tetradze; e Valeriy Karpin e Andrey Pyatnitskiy, nascidos de famílias russas respectivamente na Estônia e no Uzbequistão.[13][14][2]

A Rússia já estava classificada para a Copa, mas antes do torneio a equipe sofreu sérios desfalques a partir de um motim iniciado exatamente naquela derrota para os gregos.[15] Sete titulares em potencial, a maioria atuando na Europa Ocidental, consideravam os métodos do técnico Pavel Sadyrin ultrapassados e exigiam sua demissão: Igor Shalimov (Internazionale), Igor Dobrovolskiy (Moscou), Sergey Kiryakov (Karlsruher), Andrey Ivanov (Spartak Moscou), Vasiliy Kulkov (Benfica), Andrey Kanchelskis (Manchester United) e Igor Kolyvanov (Foggia). Eles, alguns deles também nascidos fora da própria Rússia (casos de Kancheslkis e Dobrovolskiy),[2] também estariam descontentes com o dinheiro oferecido pela federação russa como prêmio pela classificação.[14]

Inicialmente, seriam quatorze os descontentes, começando pelos que jogavam no Ocidente e depois somando-se os jogadores do Spartak,[13] então campeão russo e cujo técnico, Oleg Romantsev, foi um dos sugeridos pelos rebeldes ao cargo.[14] Treinador da seleção da CEI na Eurocopa 1992 e da União Soviética campeã nas Olimpíadas de 1988, Anatoliy Byshovets também era outra sugestão.[15] Os quatorze assinaram uma carta ainda em Atenas contra o técnico e Salenko foi um dos que assinaram. Segundo ele, não sabia do que se tratava.[1] A federação posicionou-se a favor do treinador e assim alguns dos jogadores que protestavam recuaram, principalmente os de Spartak e também do Dínamo de Moscou, que também ensaiavam se rebelar. Mas a maior parte dos que atuavam no Ocidente mantiveram-se firmes contra o treinador e permaneceram voluntariamente renegados da seleção.[13]

Assim, a avaliação sobre os russos antes do torneio era a de que haviam perdido muito em experiência.[14] Salenko já somava cinco jogos pela Rússia e, mesmo também atuando na Europa Ocidental, no Logroñés, seguiu no elenco de Sadyrin.[13] Em entrevista em 2005, Salenko assumiu que o tempo mostrou o erro de Sadyrin em se indispor com os renegados, mas defendeu-o: "como poderia recusar em confiar no homem que primeiro classificou a Rússia à Copa do Mundo? Sadyrin me fez um jogador de futebol". No esquema do treinador, atuaria como ala para a dupla Dmitriy Radchenko e Aleksandr Mostovoy.[14]

Fazendo história na Copa 94

A campanha russa, de fato, começou muito mal e com novas desavenças: atacante titular, Sergey Yuran trocou farpas com Sadyrin pela imprensa após a estreia contra o Brasil. Salenko entrou nessa partida substituindo exatamente Yuran, aos dez minutos do segundo tempo. Não evitou a derrota por 2-0, mas Yuran não jogaria mais no torneio.[16] Na partida seguinte, Salenko, de pênalti, abriu o placar contra a Suécia. Fazia seu primeiro gol na Copa e também o primeiro gol da seleção russa no torneio. Porém, os colegas cederam o empate no fim do primeiro tempo e, com um a menos, perderiam de virada por 3-1. Assim, os russos entraram em campo para a terceira partida já praticamente eliminados.[17]

Apesar das duas derrotas, os russos ainda tinham chances matemáticas de classificação, pois os melhores terceiros colocados dos grupos também avançariam. Mais tarde, Salenko admitiria que os russos, descrentes em si próprios, entraram relaxados e a falta de responsabilidade teria-nos ajudado a se sair bem: "na véspera do jogo, ficamos o dia inteiro nos divertindo, só jogando voleibol".[18] Para a classificação, seria necessário uma goleada.[19] Ela foi alcançada com cinco gols de Salenko, todos com ele chutando de primeira usando o pé direito.[1] O primeiro foi aos 16 minutos, chutando forte dentro da área ao aproveitar rebote[19] do adversário Raymond Kalla e concluindo entre as pernas do goleiro Jacques Songo'o.[20] O doblete veio aos 40 minutos, após receber um passe de Ilya Tsymbalar em um lance polêmico: os adversários reclamaram de impedimento que não ocorreu. No último minuto do primeiro tempo, ele fez o hat-trick,[19] cobrando pênalti sofrido que Hans Agbo aplicara em Tsymbalar.[20]

Aos 2 minutos do segundo tempo, Roger Milla diminuiu para os africanos, inspirando uma ligeira animação dos colegas por uma reação.[21] Porém, Salenko faria o Poker-trick aos 28 do segundo tempo, ao aproveitar cruzamento de Omari Tetradze. Dois minutos depois, faria a "Manita", encobrindo o goleiro. Dmitriy Radchenko faria o sexto dos russos,[20] em outro lance a envolver Salenko, que forneceu com a cabeça a assistência para o colega marcar.[21] Salenko acabaria como o grande destaque da Rússia na Copa, por ostentar até hoje o recorde de ser o único futebolista na história das Copas a conseguir marcar cinco gols em uma mesma partida. Juntando-se estes cinco gols ao gol que ele já havia marcado contra a Suécia, no jogo anterior (derrota de 3-1), Salenko terminou o mundial como artilheiro, ao lado do búlgaro Hristo Stoichkov (que o igualou apenas nas semifinais, de pênalti).[5][22]

De início, ele não se deu conta do recorde: "mais tarde, depois da partida, quando eu me fotografava com Roger Milla, todos em volta cochichavam: 'recorde, recorde'. Eu perguntei: 'o que é isso?'. Então me explicaram".[1] O próprio sistema de som do estádio anunciou a façanha, rendendo um minuto de aplausos da plateia ao atacante, que declarou: "não consigo ainda ter a exata dimensão do que aconteceu. Mas quero deixar bem claro que hoje é o dia mais feliz da minha vida. Só fiz tantos gols numa mesma partida jogando futebol na escola, quando era menino".[21] Na época, porém, pensava-se não que ele alcançara um recorde exclusivo, e sim que se igualara ao uruguaio Juan Alberto Schiaffino, que teria feito cinco gols em um 8-0 na Bolívia na Copa do Mundo FIFA de 1950.[19][23] Conhecido pela sinceridade,[24] o próprio Schiaffino esclareceu imediatamente que "todos sabem que fiz somente dois gols nessa partida. Os outros me estão presenteando e seria uma falta de respeito aos companheiros que os converteram que me os adjudiquem".[9] Um dia depois da goleada russa, Schiaffino declarou que "o que me chama atenção é que a FIFA não tenha acertado com o resultado justo, pois me deram quatro gols, que não é certo, e também cinco, o que é ainda pior. A FIFA se equivoca, eu digo a verdade".[25]

Por conta da façanha, os russos mantiveram momentaneamente alguma esperança pela classificação à segunda fase e o capitão Viktor Onopko chegou a minimizar a importância dos astros renegados.[18] Mas, apesar da goleada (a maior daquela Copa), a eliminação precoce se confirmou. Salenko já havia acertado transferência do pequeno Logroñés ao prestigiado Valencia,[1] mas não se sairia bem a partir de então,[7] sendo dispensado após um ano.[26] Carlos Alberto Parreira, que também foi ao clube espanhol após o mundial, como treinador, minimizou o feito do russo em entrevista em 1996 à Placar:[27]

"Salenko é muito fraco. Foi artilheiro da Copa num jogo só e depois não deu certo em lugar nenhum. Quando ele marcou cinco gols, a Seleção de Camarões não tinha condições de jogo. Um dia antes, os dirigentes da federação tinham pago prêmios atrasados e os caras comemoraram numa festa de arromba. De madrugada, ainda havia jogador na piscina bebendo e abraçado com mulheres. Teve gente que entrou de porre em campo. Foi contra esse time que o Salenko foi artilheiro da Copa"

Salenko também criticou Parreira, em 2005, insinuando que ele só poderia ser vitorioso na seleção brasileira, onde sua única tarefa seria impor alguma disciplina, pois os jogadores saberiam se lidar sozinhos nas partidas. "Nos clubes, ele tem problemas", argumentou - o brasileiro foi demitido do Valencia no meio daquela temporada 1994-95.[1] A partida do recorde foi a última da Salenko pela seleção.[12]Oleg Romantsev assumiu como treinador após a Copa do Mundo e teria ficado descontente com declaração do atacante em não querer jogar partidas amistosas.[1]

Relação com Rússia e Ucrânia

Salenko durante um amistoso de veteranos do Dínamo de Kiev, em 2012.

Em 2005, Salenko declarou em entrevista que "sou uma pessoa que cresceu na União Soviética, e, para mim, Rússia e Ucrânia são igualmente valiosas. Você pode dizer que tenho dois lares: São Petersburgo, onde nasci, e Kiev".[1] Ao optar em 1993 em defender a seleção russa, o que significaria que ele jamais defenderia a ucraniana, frisou que jamais entraria em campo contra a Ucrânia.[13] Explicou anos depois a visão que tinha em 1993:

Depois de pendurar as chuteiras, Salenko tornou a fixar-se em Kiev.[3] Buscou uma carreira de treinador, chegando a comandar a seleção ucraniana de futebol de areia, função exercida durante um ano (3 jogos no Mundialito de 2003). Também trabalhou como comentarista de uma emissora de TV do mesmo país, até o momento em que as transmissões só poderiam ser feitas na língua ucraniana por conta de uma lei, o que o fez deixar de ser convidado a comentar.[1]

Voltaria às manchetes em 2010, quando anunciou a possível venda do troféu de artilheiro da Copa de 1994. Ele chegou a receber uma proposta de 500 mil dólares oferecida por um xeque dos Emirados Árabes. "Tenho um pequeno negócio que sofreu abalos durante a crise. Estamos buscando crédito. É preciso fazer algo. Posso sobreviver sem a venda do troféu. A situação não é tão desesperadora, mas é difícil resistir à oferta dos árabes", explicou. Na ocasião, frisou que preferiria que o troféu seguisse na Rússia, na Ucrânia ou em outro espaço pós-soviético, e que se oferta semelhante viesse desses lugares rejeitaria a proposta árabe.[5]

Depoimentos da guerra

Embora nascido na Rússia e se consagrado como russo na Copa do Mundo FIFA de 1994, Salenko veio a se identificar mais como ucraniano na ocasião da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Permaneceu em Kiev no conflito e declarou ainda em março de 2022 ter cortado laços com amigos e familiares - incluindo a própria ex-esposa com quem tivera o primeiro filho - que demonstravam apoio à invasão.[2] Em dezembro de 2022, em entrevista à imprensa espanhola, teceu as seguintes declarações:[3]

Na mesma entrevista aos espanhóis, Salenko mostrou-se compreensivo com a pressão que amigos na Rússia sofriam para não se posicionarem contra a guerra, mas reforçou o rompimento com a ex-esposa:[3]

Em meio à guerra, o ex-futebolista revelou na mesma entrevista que, inapto fisicamente para reforçar as forças armadas, contribui com participações em jogos de veteranos e em visitas a hospitais, como forma de apoio psicológico:

Em fevereiro de 2023, quando a guerra completou um ano, reafirmou, em entrevista ao programa televisivo brasileiro Fantástico, seus posicionamentos decorrentes da guerra. Declarou inclusive não se importar nem mesmo se terminar "esquecido" na Rússia.[28]

Títulos

Individual

Ver também

Referências
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  2. a b c d e f g h i j k l m BRANDÃO, Caio (29 de abril de 2022). «Salenko e mais: os jogadores que cruzaram as fronteiras e jogaram por Rússia e Ucrânia». Trivela. Consultado em 24 de fevereiro de 2023 
  3. a b c d e f g h GÓMEZ, Sergio; CORRAL, Álex; JARACZ, Patryk (13 de dezembro de 2022). «El trágico relato de Oleg Salenko entre las bombas de Ucrania: "He visto morir a niños..."» (em espanhol). Relevo. Consultado em 11 de abril de 2023 
  4. «Giro de 180º». Trivela. 8 de abril de 2011. Consultado em 21 de fevereiro de 2015 
  5. a b c «Artilheiro da Copa de 94 pode vender troféu para pagar dívidas». GloboEsporte. 6 de maio de 2010. Consultado em 21 de fevereiro de 2015 
  6. a b OLIVEIRA, Jonas (dezembro de 2009). Papel principal. Placar n. 1337. Editora Abril, p. 95
  7. a b «Salenko: Artilharia em uma partida». Trivela. 6 de abril de 2006. Consultado em 21 de fevereiro de 2015 
  8. Bons públicos nas semifinais dos europeus (28 de novembro de 1991). Jornal do Brasil n. 231, p. 24
  9. a b JURADO, J. Carlos (maio de 2010). «Salenko, una hora de gloria» (em espanhol). Marca. Consultado em 23 de fevereiro de 2015 
  10. >«La llegada de un mito» (em espanhol). La Rioja 25. 24 de janeiro de 2023. Consultado em 11 de abril de 2023 
  11. Êxodo permite renovação (19 de maio de 1989). Placar n. 987. Editora Abril, p. 29
  12. a b ARNHOLD, Matthias (15 de janeiro de 2006). «Oleg Anatolyevich Salenko - International Appearances» (em inglês). RSSSF. Consultado em 21 de fevereiro de 2015 
  13. a b c d e f Rússia: ainda consegue ser um time respeitado (5 de junho de 1994). Diário do Pará, p. B-3
  14. a b c d e Rússia (junho de 1994). Placar n. 1095. Editora Abril, pp. 34-37
  15. a b «Salenko e mais: os jogadores que cruzaram as fronteiras e jogaram por Rússia e Ucrânia». O Futebólogo. 15 de fevereiro de 2023. Consultado em 28 de fevereiro de 2023 
  16. STEIN, Leandro (20 de junho de 2019). «[Os 25 anos da Copa de 94] Os russos não conseguiram parar Romário». Trivela. Consultado em 29 de junho de 2019 
  17. STEIN, Leandro (24 de junho de 2019). «[Os 25 anos da Copa de 94] O Brasil foi de Romário, mas também de Dunga e Bebeto para vencer Camarões». Trivela. Consultado em 29 de junho de 2019 
  18. a b GONZÁLEZ, Ricardo (30 de junho de 1994). O herói que fez renascer o time russo. Jornal do Brasil, p. Esportes 5
  19. a b c d Rússia dá maior goleada do mundial: 6 a 1 em Camarões (29 de junho de 1994). O Fluminense n. 33.989, p. 11
  20. a b c Recorde de gols na vitória russa (29 de junho de 1994). Jornal do Brasil, p. Esportes 11
  21. a b c STEIN, Leandro (28 de junho de 2019). «[Os 25 anos da Copa de 94] Enquanto o Brasil era vaiado, Salenko e Milla entravam para a história dos Mundiais». Trivela. Consultado em 29 de junho de 2019 
  22. Itália derrota Bulgária e está na grande final (14 de julho de 1994). O Fluminense n. 34.005, p. 10
  23. Salenko iguala recorde (29 de junho de 1994). Jornal do Brasil, p. Esportes 11
  24. A felicidade é celeste (novembro de 1999). Placar Especial "Os Craques do Século". Editora Abril, p. 76
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  28. CARVALHO, Rodrigo (26 de fevereiro de 2023). «Guerra na Ucrânia: Fantástico mostra como está o país depois de um ano de conflito e o esforço de um povo que tenta recomeçar». Fantástico. Consultado em 28 de fevereiro de 2023