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SUMÁRIO
Imagem da capa: Portugal e a vulgarização da datação do ano pelo modo corrente, p. 11
João Alves Dias
ESTUDOS
As capelas do rei D. Dinis, p. 15
Saul António Gomes
MONUMENTA HISTORICA
Inês Olaia, Sandra M. G. Pinto, Diana Martins, Pedro Pinto, Carlos Silva Moura, Ana Pereira Ferreira, Duarte
de Babo Marinho, Maria Teresa Morujão Novais de Oliveira, Ricardo Seabra, João Pedro Vieira, Roberto
Fiorentini, João Costa, Miguel Rodrigues Lourenço, Leonor Dias Garcia, Miguel Portela, André Caracol Teixeira
Demarcação dos termos de Aguiar da Beira e Sernancelhe (1266), p. 51
Instrumento de sentença dado pelos almotacés de Leiria sobre as águas de uns moinhos (1286),
p. 53
Apresentação de propriedades em Gradiz (1288), p. 55
Sentença de contenda entre o mosteiro de São João de Tarouca e o concelho de Aguiar sobre
herdamentos disputados por ambos (1289), p. 57
Transcrições e resumos seiscentistas de fragmentos originais da chancelaria de D. Afonso IV, entretanto desaparecidos (1325-1327), p. 59
Correição de Pero Domingues em Castro Marim sobre a eleição de um procurador e escrivão da
câmara (1343), p. 73
Inventário dos bens de João Freire (1377), p. 77
Demarcação dos termos dos concelhos de Manteigas e Gouveia (1387-1484), p. 81
Sentença da rainha D. Filipa sobre as obras da muralha de Alenquer (1405), p. 85
Inventário dos bens que ficaram por falecimento de Vasco Martins da Cunha, senhor de Tábua
(1407), p. 89
Carta de aquantiamento de Diogo Álvares (1409), p. 95
Instrumento de protesto do prior de Santa Cruz de Coimbra (1436), p. 97
Carta do infante D. Pedro para D. Álvaro, conde de Barcelos, sobre a libertação do infante D. Fernando (1440), p. 99
Traslado de carta de D. Afonso V à câmara do Porto com resposta a agravos (1448), p. 101
Carta de D. Afonso V à câmara de Bragança, notificando-lhes a cedência do governo do reino feita
pelo infante D. Pedro (1448), p. 105
Traslado de carta de D. Afonso V com a resposta a agravos enviados à corte pela câmara de Loulé
(1448), p. 109
Carta de D. Afonso V aos oficiais da câmara da cidade de Évora sobre os procuradores enviados à
corte (1448), p. 113
Carta de D. Afonso V aos oficiais da câmara da cidade de Évora respondendo a um capítulo apresentado (1448), p. 115
Carta de D. Afonso V aos oficiais da câmara da cidade de Évora respondendo a vários capítulos
apresentados (1449), p. 117
Carta consolatória para Isabel de Urgel [1455-1469], p. 121
Instrumento de nomeação de terceira pessoa em emprazamento de casas que o mosteiro de S.
Vicente de Fora tem na judiaria de Alfama (1462), p. 125
Alvará de D. Afonso V para D. Fernando, conde de Guimarães, sobre o título de marquês (1463),
p. 129
Carta de instrução de D. Afonso V a D. João Fernandes da Silveira em Castela (1465), p. 131
Carta de D. Afonso V para D. Fernando, conde de Guimarães (1466), p. 135
Carta do duque de Bragança a D. Afonso V sobre o casamento da Excelente Senhora (1467), p. 137
Carta de instrução do conde D. Álvaro a João de Porras (1468), p. 139
Carta do duque de Bragança a D. Afonso V sobre a ida de Castela (1468), p. 141
Traslado de carta de D. Afonso V à câmara do Porto com resposta a agravos apresentados em
1449 (1469), p. 145
Carta de D. Afonso V para D. Fernando, conde de Guimarães (1470), p. 151
Capitulações dos reis de Castela para o contrato de casamento de D. Afonso V [1470-1472], p. 153
Carta de Fernão de Pulgar ao rei D. Afonso V sobre a entrada deste em Castela [1474-1475], p. 157
Carta de Vasco Queimado ao príncipe D. João [1477-1478], p. 161
Indemnização paga por João da Silva a Garcia Ferreira por derrubar moinhos na Ribeira de Ulme
(1479), p. 163
Regimento de D. Afonso V a Fernão de Valadares sobre o que haveria de fazer em Lisboa (1480),
p. 165
Carta de D. Martinho de Ataíde, conde de Atouguia, ao duque de Bragança [1482-1483], p. 167
Oração de Lopo da Fonseca a D. João II aquando da sua entrada em Lisboa [1484-1485], p. 169
Carta de D. João II a Fernão de Valadares sobre a guerra em África (1488), p. 171
Carta de D. João II a Fernão de Valadares sobre o cerco da Graciosa (1489), p. 173
Carta de D. João II à câmara de Évora sobre o cerco da fortaleza da Graciosa (1489), p. 175
Segunda carta de D. João II a Fernão de Valadares sobre o cerco da Graciosa (1489), p. 177
Carta de conversão de Afonso Rodrigues (1492), p. 179
Carta de D. Manuel I a D. Álvaro de Portugal sobre o seu casamento com D. Isabel (1496), p. 181
Carta do porteiro dos contos de Alenquer a D. Manuel [1496-1514], p. 183
Carta de D. Manuel I a D. Álvaro de portugal sobre o seu casamento com D. Isabel (1497), p. 185
Segunda carta de D. Manuel I a D. Álvaro de Portugal sobre o seu casamento com D. Isabel (1497),
p. 187
Instrumento de protesto do convento de Nossa Senhora de Graça de Lisboa sobre o lugar que
deveriam ocupar numa procissão (1498), p. 189
Carta de D. Manuel I a D. Isabel, a católica, sobre a expulsão dos hereges (1498), p. 191
Carta do duque de Bragança ao rei Fernando de pêsames pela morte de D. Isabel de Portugal
(1498), p. 193
Carta da rainha D. Leonor aos reis católicos de pêsames pela morte de D. Isabel de Portugal
(1498), p. 195
Carta de D. Manuel I ao secretário dos reis católicos sobre a compra de prata para a armada da
Índia (1499), p. 197
Carta da câmara de Lisboa à câmara de Évora sobre a partida do rei para África (1500), p. 199
Segunda carta da câmara de Lisboa à câmara de Évora sobre a partida do rei D. Manuel I para
África (1500), p. 201
Carta de Rui de Sande a D. Manuel I sobre o seu casamento com Maria de Aragão (1500), p. 203
Arrematação de casas em Miragaia por Lopo Rebelo (1501), p. 207
Tombo dos bens das capelas de D. Pedro de Meneses e de sua filha D. Leonor de Meneses, instituídas no mosteiro de Santo Agostinho da vila de Santarém (1506), p. 211
Tombo dos bens do concelho de Beja (1509-[1541]), p. 295
Mantimento atribuído no casamento aos servidores da casa real, cavaleiros e escudeiros (séc.
XVI), p. 307
Recibo do almoxarife do armazém de Goa relativo à entrega de certas armas (1523), p. 311
Carta do marquês de Vila Real a D. João III sobre a entrada de Carlos V em Sevilha (1526), p. 313
Carta do marquês de Vila Real a D. João III sobre o casamento de Carlos V com D. Isabel (1526),
p. 315
Carta do marquês de Vila Real a D. João III sobre o baptismo do príncipe D. Afonso (1526), p. 323
Carta do marquês de Vila Real a D. João III sobre o imperador Carlos V (1526), p. 325
Carta do marquês de Vila Real ao imperador Carlos V (1528), p. 327
Lembrança do terramoto que houve em Portugal (1531), p. 329
Descrição da orla costeira de Portugal por Gonçalo de Oliveira (1532), p. 331
Carta do marquês de Vila Real a Thomas Cromwell intercedendo por um seu apaniguado (1534),
p. 335
Mandado de Bartolomeu de Paiva relativo à encadernação das crónicas que andavam na guarda-roupa do rei (1534), p. 337
Lettera di anonimo a papa Paolo III Farnese in Roma [1534-1540], p. 339
Relazione in merito ai cristiani nuovi di Portogallo [1534-1549], p. 343
Carta de procuração do marquês de Vila Real ao conde da Castanheira para jurar por ele o príncipe D. Manuel como herdeiro do rei (1535), p. 347
Apontamentos de António Carneiro sobre a morte do rei D. Manuel I [c. 1537], p. 349
Carta de Miguel de Sousa a Nuno de Sousa sobre a cheia que ocorrera em Lisboa (1539), p. 351
Carta de D. João III autorizando que João Rodrigues de Sá de Meneses obrigasse certas casas na
Rua Nova (1541), p. 353
Relazione in merito ai cristiani nuovi di Portogallo [1545], p. 355
Rol da gente cortesã em Almeirim (1545), p. 359
Carta de D. João III de perdão a Manuel Varela, que trouxera cartas do rei do Congo (1550), p. 371
Carta de Baltasar Colaço Soeiro sobre a trasladação das ossadas do rei D. Manuel I (1551), p. 373
Apontamentos das perguntas a fazer no caso do levantamento popular que julgou em estátua o
feitor da alfândega de Viana em imitação dos procedimentos inquisitoriais (1552), p. 381
Relato da entrada em Portugal da princesa D. Joana por ocasião do seu casamento com o príncipe
D. João (1552), p. 385
Relato da entrada da princesa D. Joana em Portugal [1552], p. 391
Relato da morte do príncipe D. João, filho de D. João III [1554], p. 395
Carta de Filipe Fialho sobre Diogo de Sá e sua família (1554), p. 397
Relato do regresso a Castela da princesa D. Joana, viúva do príncipe D. João [1554], p. 399
Lista das pessoas que pedem comendas [1557], p. 401
Lista das pessoas que pedem remuneração pelos seus serviços à coroa [1557], p. 405
Relato da viagem da infanta D. Maria, filha de D. Manuel I, até Badajoz, onde se encontrou com a
sua mãe e tia [c. 1558], p. 413
Testamento de Aleixo de Sousa Chichorro (1560), p. 417
Carta de Álvaro Mendes para o rei de Portugal sobre o comércio da Índia [c. 1568-1569], p. 425
Carta sobre a expedição de Francisco Barreto ao Monomotapa [1569], p. 429
Carta a D. Sebastião sobre o comércio da Índia [c. 1570], p. 433
Carta de D. Francisco Mascarenhas armando cavaleiro a Francisco Rodrigues pelos seus serviços
em Chaul e Baçaim (1571), p. 437
Traslado do contrato que o governador da Índia fez com a cidade de Goa para acudir a Malaca
(1575), p. 441
Processo contra António Achis, criado de António Ribeiro, solicitador da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (1577), p. 445
Carta de D. Diogo de Meneses a Pero de Mendonça Furtado, capitão de Chaul (1578), p. 449
Segunda carta de D. Diogo de Meneses a Pero de Mendonça Furtado, capitão de Chaul (1578),
p. 453
Testamento de Duarte de Castro do Rio (1582), p. 455
Memorial anónimo de queixas contra Matias de Albuquerque, vice-rei da Índia (c. 1593), p. 463
Carta de Gaspar Leite da Fonseca a Gaspar de Melo de Sampaio enviando certidão dos seus serviços em Pate, Melinde, Queixome, Chaul e Cananor (1621), p. 469
Alvará em favor de João Delgado Figueira, inquisidor de Goa (1626), p. 487
Descrição da fortaleza de Malaca por D. Gonçalo da Silva, bispo de Malaca [1627], p. 489
Carta de Fernão de Cron a Domingos de Moura sobre o envio do corpo do defunto Garcia de Melo
de Madrid para Lisboa (1632), p. 493
Certidão de Sebastião Godinho Gonçalves sobre o que se passara a bordo do navio que ia para
Macaçar (1642), p. 495
Medição e demarcação do reguengo de Azurara, termo da cidade do Porto (1648), p. 497
Carta do inquisidor Jerónimo Soares sobre a suspensão do Tribunal do Santo Ofício (1675), p. 501
Carta de alforria concedida por Paulo Freme da Silva ao seu escravo João (1686), p. 507
Devassa sobre o procedimento de António Machado de Brito no estreito de Ormuz (1693), p. 509
Testamento de Manuel Vaz Perestrelo, secretário da Inquisição de Évora (1692), p. 541
Contrato que fez a Santa Casa da Misericórdia de Maiorga com o capitão João Luís Pereira para a
construção de uma casa para albergar passageiros (1718), p. 545
Carta do conde da Ericeira a D. Luís da Cunha dando-lhe notícias da Ásia (1742), p. 549
Testamento do pintor José Gonçalves Soares (1750), p. 553
Breve do papa Bento XIV que atribui privilégios especiais à biblioteca do convento de Mafra
(1754), p. 557
Contrato e obrigação que fez António Joaquim de Freitas para executar a obra da capela-mor,
sacristia e casa da residência do pároco de Souselas (1756), p. 563
Escritura de fiança de José Luís de Sousa para ser assistente no correio de Carvalhos (Porto de
Mós) (1818), p. 569
Escritura de uma sociedade com vista à instalação de uma fábrica de sabão em Alcobaça (1879),
p. 571
LISBOA
2018
TESTAMENTO DE ALEIXO DE SOUSA CHICHORRO (1560)
Transcrição de Pedro Pinto
CEH – UNL; CHAM, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa
Resumo
Abstract
1560, Cochim, janeiro, 30
1560, Cochin, 30 January
Testamento de Aleixo de Sousa Chichorro feito
na Índia, derrogando e alterando partes do testamento que fizera em Portugal, inserido em
carta testemunhável de 2.9.1560, trasladado em
tombo em 3.10.1703.
Aleixo de Sousa Chichorro’s will, prepared in India, revoking and altering parts of the will he had
made in Portugal, inserted in an authenticated
letter dated from 2/9/1560, and transcribed into
a ledger on 3/10/1703.
Phoenix (Arizona), James Malikian Collection, Tombo de Crestelo, f. 201-206.
© Fragmenta Historica 6 (2018), (417-423). Reservados todos os direitos. ISSN 1647-6344
FRAGMENTA HISTORICA
Testamento de Aleixo de Sousa Chichorro (1560)
Documento
1
Testamento de Aleixo de souza
Jezus
em nome da santissima trindade padre filho e sperito santo trez pessoas e hum so Deos cuya fee
portesto de viuer e morrer Eu Aleyxo de Souza estando emfermo porem em todo meu sizo e emtendimento nam sabendo o que Deos nosso senhor quer ordenar de my no dia mes e anno abayxo nomeado
em caza de meu Irmam Henrrique de Souza Chixorro faço esta cedulla de testamento a qual quero que
seya valioza e depois de emcomendar minha alma a Deos que a Criou Digo que eu tenho em portugal
a quinta que chamão da granya de Alpiatre [sic] termo de lisboa e huns moinhos pegados com ella que
Chamam ribeira de Dona Graçia; na qual quinta e lugar esta huma Igreya que Ioam rodrigues tranillano
marido de minha thia Dona lianor de miranda fizeram e nella aja que o dito Ioam rodrigue [sic] emterrado e depois de ter a dita Igreya Ia feita a Deo pera a freguezia; e porquanto elle fes esta Igreya tomou a
Capella mor pera sera [sic] seu emterramento e que nella se nam possa emterrar nimguem senam elles
e se for nesesario haya se pera Iso suprimento do papa; na qual capella ha de estar hum capellam de
bom vyuer e ha De de [sic] dar quem erdar minha fazenda por pam vinho / [f. 201v] e azeite e dinheiro
Vinte mil reis e lhe nam podera dar menos e pera Isto podera citar o que erdar minha fazenda e sera
obrigado o tal capellam dizer cada somana quatro missas pella sua alma e pella minha e sera obrigado
tambem a herdar [sic] os domimgos e festas aos oficios diuinos da dita Igreya e ficaram a quinta e moinhos ditos obrigados a pagar a este capellam e o mais que renderem fique seya o Digo seya pera o que
erdar mynha fazenda.
Item eu tenho hum cazal na poloteyra termo de Alenquer na serra do monteIunto nomeo nelle o
erdeiro de mynha fazenda com tal condiçam que sempre nomee o erdeiro
eu tenho huma Caza e huma fazenda no Bayro termo de alenquer
Item tenho mandado a portugal dois mil Cruzados por letra que ha de arecadar Antonio Correa
morador no termo de alenquer; ou bastiam de macedo Camareiro do Cardial morador no termo de alenquer; e hora mandei a Duarte teyxeira Capellam de Coullam que os arecade delle e asim que arecade dois
Barris de seda que mandey em duas Cayxas que ro[.....] a Caza da India; e tres quintais de Crauo e dois mil
e quynhentos Cruzados que me deue a dita caza da India e pera tudo isto leua minha procuraçam; e deste
dinheiro que se pagou as diuidas que deixei em meu testamento em portugal o qual testamento porque
nam desfaço em parte em parte [sic] nam em todo nesta Cedulla que quero que seya em todo Valioza
declarey as Couzas em que o disfaço e digo eu faria Conta que el rey nosso senhor hauia de pagar outo ou
des ou doze mil Cruzados que deueador Digo que me deuia do tempo que o seruy de Veador da fazenda
e deixaua pedido ao duque de Bargança que requerese este pagamento pera Com elles fazer bem a duas
minhas sobrinhas Dona maria e Dona luzia que estauam em sua Caza e de sua Irmam a Infanta; e porque
me parese que Isto Ia nam podera ter efeyto quanto a Isto desfaço.
o que dizia no testamento e dygo que do dinheiro que disto el Rey pagou ou pagar lhe deyxo tres
mil Cruzados e mil e quinhentos a Cada huma e morrendo huma fique tudo a outra; e morrendo ambas
/ [f. 202] sem filhos ao que erdar minha fazenda
Item dizia no outro testamento que eu deixaua ao mosteiro de Iezus da ribeira de Dona gracia se
se fizer mil Cruzados agora digo que se os filhos de nuno fernandes fizeram o tal mosteyro que lhe deixo
os quinhentos Cruzados que os mil hos nam posso deixar;
Item deixo ao mosteiro de sam francisco de alenquer em que mandaua no outro testamento que
se fizese huma Capella agora digo que se não faça mas que me digam huma missa cada sexta feira pella
alma de meu pay e Irmãos e Auos que Iazem no dito mosteiro e daram aos padres tres mil reis cada anno
Os critérios de transcrição adoptados são os da Universidade Nova de Lisboa, sugeridos em João José Alves Dias et al.,
Álbum de Paleografia, Lisboa, Estampa, 1987
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Transcrição de Pedro Pinto
FRAGMENTA HISTORICA
e pera dizer estas missas sera obrigado a Isto quem erdar minha fazenda por noue annos e dahi por diante fique em seu peito o que nisso quizer fazer
Item mandey ao Camareyro do Cardial bastiam de macedo mil Cruzados em soldo pera arecadar
na Caza da india pesso lhe que os Compre na tença ou de alguma outra fazenda boa e rendera pera Cazar
huma orpham cada anno por dia do espirito santo e o mais em obras pias que lhe pareser segundo como
delle tenho pratiquado e os noiuos quando Cazarem em santo sperito se quizerem rezar hum pater noster e huma Aue maria pella alma emcomendo lho e o padre que lhe dizer a missa agadeser llo ey;
Item que porquanto eu nam mando fazer capella em sam francisco de Alenquer tambem nam
deixo os sem Cruzados que por Consintirem nisso leixa no mosteiro e tambem nam mando dizer o oficio
Começado no dito mosteiro nem lhe mando dar os des mil reis e tambem nam mando dizer os dois oficios Com as duzentas missas em santo Antonio de Coimbra nem lhe deixo os Vinte mil reis que no outro
testamento lhe deixaua pera tirarem mossos Captiuos duzentos e quarenta mil reis porque nam posso
fazer tamanhos legados nem sey Inda se lhos poderey fazer porque primeiro quero que se paguem minhas diuidas que deixo; outenta mil reis somente pera se tirarem quatro Captiuos mossos
Item mandaua que se Cazasem noue orphans em alenquer e pera Iso deixaua sento e outenta mil
reis agora diguo que nam deixo Isto porque nam posso
Item eu deixaua / [f. 202v] a huma mossa filha bastarda de meo Irmão Belchior de Souza em o
mosteiro de sam bento em Euora pera a meter freira; daua lhe agora des Cruzados cada anno pera sua
Comedia hauia de Contentar o mosteiro quando de qua fosse e se pedirem muyto pella tomarem meteria
no outro mosteiro e dem lhe sem mil reis; e este Cuidado deixo a Henrrique de Souza porque he filha de
seu Irmão e o presso que lhe deixo porque esta obra pia quer [sic] que se Cumpra primeiro que outra
hauendo de faltar falte a todos os mais legados e este fique Inteiro;
Item eu deixaua no outro testamento a francisco de faria des mil reis e pera o seu seruiço agora
digo que por todo e em seruiço lhe deixo quinze mil reis
Item aleixo pires a quem deixaua Vinte mil reis e fora seu seruico digo agora que aqui lhe mando
logo entregar trinta mil reis em hum pouco de ouro que Veyo de malaca que Dona Izabel tem na mam
que lla em Mallaca se empregaram sem pardaos nelle haya sse por satisfeito Com elles
Item a francisco filho de Diogo frenamdes [sic] deixo os mesmo des mil reis e hauendo respeito
a seu pay que Veyo Comigo folgara de de anrinque [sic] de Souza recolha athe que seya homem emtam
lhe darão os des mil reis
Item Barreto hum mosso piqueno que mandou seu pay pera me seruir; a Henrrique de Souza
pesso por merçe que lhe faça pera o anno a Matalotagem e o mamde pera seu pay;
afonso mosso piqueno que Veyo Comigo em portugal hum anno deixo lhe des pardaos de ouro e
pesa a Henrrique de souza ao Vizo rey da minha parte que o faca asentar em soldo;
hum negro meu Cazado foi por despenseyro de huma galle; anda aqui athe gora mando que porque foi asentado em soldo em soldado que o risquem porque o defende El Rey no seu regimento;
Item hum mourisco meu que Chamam Antoio de fayão deixo forro
Item hum negro meu que Chamam Christouam de miranda e huma negra minha que Chamam
Joana de Souza que Cazey ambos derão por sy ambos duzentos pardaos que / [f. 203] o Custaram [?]
e fiquem forros esperando lhe dois annos pello dinheiro; e se o nam puderem pagar logo Com darem
fiança; he nam sahiram fora estes dois annos donde Henrrique de Souza estiuer sem sua licença e da
senhora Dona Jsabel
Item hum negro meu por nome pedro de villas sirua a Henrrique de Souza e a senhora Dona
Jzabel e serua sse delle quando forem pera portugal; ou algum de seus filhos ou forem la Com tal que
vze de seu oficio que [sic] maroteiro de sal; e se for Ribado ou braganse [?] seya captiuo e vendam no se
quizerem
Item tenho dois negros nouos que Custaram Vinte Cruzados Cada hum e se Henrrique de souza os
quizer tome os e se nam torne os a seu dono que Inda os nam paguey
419
FRAGMENTA HISTORICA
Testamento de Aleixo de Sousa Chichorro (1560)
hum negrinho que Chamam Alexandre deixo a senhora Dona Jzabel porque he muyto bom
ha
os mais negros que tenho toma los ha Henrrique de souza pello que Valerem ou se nam larga los
Item Lionel Coelho filho de hum Doutor Veyo Comigo por se nam poder asentar em soldo o
asentey qua porque hauia elle de vir por el Rey deixo lhe sincoenta Cruzados pera se poder hir pera o
Reigno e o deo seu pay a El Rey e isto porque Veyo a tencam de lhe parecer que qua lhes podia fazer
algum bem
Heytor dos hestios e seu Irmam Afons eannes se Veyo são dois annos de que faso lembrança ao
senhor Vizo Rey que os meta por oficiais dos Contos porque são elles homens muyto pera Iso e mais pode
o saber sua senhoria de todos os oficiais dos Contos a estes deixo de minha liure Vontade Vinte pradaos
[sic] de ouro a Cada hum
Ioam da Ponte pesso por merçe a Henrrique de Souza que se sirua delle e o aproueite e quando
se for elle lhe de Vinte Cruzados
Com Antonio gomes se faca Conta e pagar lhe ham o que lhe deuer
a felipe dias que se Veyo Comigo do Reigno lhe deixo des Crusados pera sapatos
Item deixo por meu testamenteiro a Henrrique de Souza e a senhora sua molher que lhe lembre
Cumprir meu testamento em o alembrar o emCarrego e recolhera toda minha fazenda que ha na India e
pagara minhas diuidas; e deixo que elle Caze huma filha sua Com hum sobrinho meu filho de Dona Violante e de luis goncalues de Atayde a qual Dona vio/lante [f. 203v] he filha de minha Irmam Dona mexia e
nam hauendo filha de Dona Violante e hauendo filha de minha Digo de Dona Ioana minha sobrinha filha
de minha Irmam Dona mecia Caze Com elle e vindo por alguma via Isto em algum tempo e Comiuncam
que se não faca Isto o nam haya ahi quem o herde; emtam o herde o morgado de meu Pay Graçia de Souza digo goncallo de souza Chixorro digo de meu pay Gracia de souza Chixorro e toda a fazenda que tenho
em portugal de rais que deixo com aquella obrigacam de Capella de sam sebastiam da granya fique pera
se fazer este Cazamento Com tudo o mais que se achar em portugal ou na India ou em qualquer parte
que remanecer depois de minhas diuidas pagas e legados Compridos o nam bastando o mouel pera estas
diuidas e legados se Cumprir pellos rendimentos da fazenda de rais se hira pagando
Item deClaro que eu deixo esta minha fazenda pera Cazamento destes meus sobrinhos e quero
que não possam Henrrique de Souza nem luis goncalues de Atayde ser citados nem demandados nem
pagar diuidas nenhumas Com ella porque Com esta Comdicam a deixo pera se fazer este Cazamento e
de algum fatto que tenho em Caza por nam se Venderem em leilam quero que se faca pagamento aos
homens a quem deixo alguma Couza neste testamento nomeados; que em lugar que pareser Conueniente me emterrem na ssee desta Cidade de Chochim e me digam em o dia de meu emterramento huma
missa Contada e doze rezadas e hum oficio de defuntos darão de oferta hum moyo de trigo e hum quarto
de vinho que pagaram pera o anno que Vem aos frades de sam Domingos daram des Cruzados no dia
de meu emterramento que me emComendem a Deos; e me digam des missas rezadas e ao [sic] padres
da Companhia daram trinta Cruzados no dia de meu emterramento de esmolla que me emcomendem a
Deos e nelle [?] deixo dizerem me as missas que lhe bem pareser sem lhe por nisso nenhuma obrigasam
aos padres de sam francisquo desta Cidade deixo outros des Cruzados que digam x missas tambem des rezadas por minha alma e depois / [f. 204] de minhas diuidas pagas e meus legados Compidos
mando que me digão hum oficyo pello mes e outro pello anno e me ponham huma campa de doze palmos de Comprido e outo em largo e digam nella aqui Iaz Aleixo de souza ou ao pe delle pera milhor falar
pera quem lhe quizer rezar hum pater noster pella alma o pode fazer por amor de Deos
eu tenho Contas Com miguel d olanda Thezoureiro de goa pera se descontar em meu ordenado
pagar lhe ham se lhe deuer alguma Couza no Cofre esta hum asignado de quanta prata tem minha em
goa auida e o thezoureiro de Chochim se lhe deuo alguma Couza pagar lhe ham
Item a estes homens a que deixo alguma Couza por minha Vontade quizerem demandar seruico
emtão lhe nam deixo nada ponha se em direito se lhe deuo seruico e se lhe deuer paguen lho
420
Transcrição de Pedro Pinto
FRAGMENTA HISTORICA
ao Tenente de panguim pagaram mil pradaos que lhe deuo de que tem meu Conhesimento e tudo
Isto sem ter nenhuma payxão delle
a francisco martins Capitam que foi a China deuo quinhentos pardaos que fernam de Souza embayxador do preste ha de pagar duzentos e sincoenta pardaos
e a mizericordia de goa deuo mil pardaos dos soldos de portugal me ham de trazer dous mil
Cruzados em fazenda desta lhos pagaram ou em soldo ou em dinheio segundo o esCripto que foi meu e
dizer que elles tem e mando que todas que se acharem deuo pague meu testamenteyro inteyramente
meu sobrinho felipe Carneiro filho de minha Irmam Dona mecia, e francisco Carneiro me deue
duzentos Cruzados que lhe emprestey em portugal não tenho delle Conhesimento far me ha merçe pagarmos depois que Vier de Capitam de Dio ou estiuer em disposisão pera o poder fazer o que agora ser
lhe ha trabalho
de todas as mais diuidas que me deuem fica no meu Cofre os Conhesimentos os quais meu testamenteyro arecadara
eu tenho muyto seruico feito a El Rey nosso senhor nunca me deo mais por isto que trezentos mil
reis de tença requeirão pera meus Erdeiros Luis goncalues de Atayde ha de ser meu requerente disto não
o emcomendo Com mais palauras porque elle o sabera fazer milhor do que eu o sey dizer
Item deClaro que o testamento que esta em santa luzia de Lisboa na Arca da Comonidade de
que esta o Conhesimento em meu Cofre não se Vze senão senam [sic] da maneira que asim ponho tal
nouo pagamento das diuidas que lla deClarey que estas / [f. 204v] quero que se paguem Inteyramente
e porquanto eu sou Comendador da ordem de Christo e temos grandes priuelegios os prouedores dos
defuntos nam podem entender com minha fazenda e se por riba de tudo quizerem entender nisto pesso
ao senhor Vizo Rey que mande que nam se entenda nisto
Item eu pedi o quinham ao pouo desta Cidade de doze ou treze mil Cruzados emprestados pera
Carregar como se Vera pello liuro do thizoureiro, e pello Caderno de Antonio gonsalues maça e noós pera
se pagarem pello amor de Deos a sua senhoria deixe pagar desta noós e maça a estes homens e se sua
senhoria quizer mandar lhe logo o dinheiro em tempo de mandar leuar pera Goa a maça e noós e que
dezemCarrego nisto a minha alma que nam Va penar por isto
pesso tambem a sua senhoria que se alembre de me fazer merces e que tenho Vencido o meu
anno que me faca merçe do ordenado de hum anno todo pera minhas diuidas se pagarem milhor e por
aqui aCabo meu testamento; e esta he a minha ultima Vontade
e todaVia deClaro mais que eu Mandey a Antonio Gonçalues que Comigo Veyo do Reygno asentado por meu Criado a mosambique arecadar quatro mil Cruzados ou o que se achar pellos Conhesimentos
que ficaram na mam do Vigairo de mosambique Lopo Vaz haueando nos El Rey huns sem pardaos que lhe
emprestey de que tenho Conhesimento no Cofre se os aRecadar Rompa sse o Conhesimento
Item Eu emprestey a Manoel da silueira Capitam da galiota em Cananor cem pardaos pera dizer
ao Vizo Rey que lhos emprestey que mos mandase pagar
a Antonio da Costa descontaram de seu titullo eu não nos hey de hauer por isso torno lhos a seu
titullo; e o Vizo Rey mos ha de pagar a my porque lhos dey pera hir seruir el Rey quando o Armey Capitam
de galle em Cananor nouamente que elle nam tinha pera ser Capitam da galle sem merce de El Rey
Item a diuida que dey a Antonio de Valladares que lhe deuo em huma Carta sua que esta emtre
os meus papeis pagar se lhe ha
Item toda a diuida que se aChar por Conhesimentos me deue Ieronimo Correa não lhos pediram
/ [f. 205] senam em portugal o qual he filho de Antonio Correa e porque he muyto pobre e nam lhos
podera pagar qua
Item <se> ho meirinho de momsambique Aluaro gonsalues fizer pergunta por que lhe nam pagaram Vinte e dous mil reis saber se ha de simam pires que emtam era tabaliam publiquo em Mosambique
das notas o por que se lhe nam pagaram
421
FRAGMENTA HISTORICA
Testamento de Aleixo de Sousa Chichorro (1560)
Item pagar se ha a Diogo Vaz de Vagos o que se achar que lhe deuo por meu Conhesimento ou
seu Iuramento
Item deClaro que alguns Conhesimentos de homens pobres ou defuntos rompy deClaro que esse
faco esmolla do que me deuiam por elles os dezobrigo a elles e a seus erdeiros de mos pagar
deClaro mais que quero que pera Comprirem meus legados nam se Venda nenhuma Couza de
Rais porque quero que tudo ande emCorporado na sobredita Capella e o que faltar pera Comprimento
de meus legados se pagara do arendamento que arender minha fazenda athe se aCabarem de Comprir os
tais legados e porque homem nam sabe da morte nem da Vida; deClaro que se Henrrique de souza meu
testamenteiro morrer antes que Cumpra meu testamento que emtam nomeo por meu testamenteyro a
luis goncalues de atayde asima dito e por entretanto morrendo Henrrique de Souza seya meu testamenteiro Manoel Denis esCriuam da fazenda grande amigo de luis goncalues de atayde pera executar tudo e
o leuar a luis goncalues de atayde a portugal
torno a dizer que assy hey este testamento por aCabado e este quero que se Cumpra em tudo e
reuogo tudo o que se achar em outro testamento meu que for Contrario ao que aqui deClaro e porque
esta he minha ultima Vontade e por eu estar doente e nam poder esCreuer roguei ao padre Mestre BelChior que o esCreuesse e o asinasse Com a mam esquerda por me dar o ar na outra mam
feito nesta cidade de Cochim aos trinta dias de Ianeiro de mil e quinhentos e sesenta annos
mestre Belchior
Aleixo de souza
alembro mais aqui que Duarte teyxeira me leua huma procuracam minha pera aRecadar de francisco Rodrigues Almoxarife do almoxarifado de alenquer nouesentos mil reis a tantos / [f. 205v] os que se
aChar por huma esCriptura minha que esta nas notas em alenquer
Em nome de Deos Amem saybam quantos este Instromento de aprouacam e retificasam de cedulla e testamento Virem que no anno do nassimento de nosso senhor Iezu Christo de mil e quinhentos
e sesenta annos aos trinta dias do mes de Ianeiro do dito anno nesta Cidade de santa Crus de Cochim nas
pouzadas do senhor Henrrique de sousa Chichorro estando ahi prezente o senhor Aleixo de sousa seu Irmão doente e deitado em huma Cama segundo paresia em todo seu sizo e emtendimento e logo por elle
de sua mam e de mim gomes soares tabaliam publiquo por el Rey nosso senhor em a dita cidade em prezensa das testemunhas ao diante nomeadas; me foi dado este testamento atras esCrito em sinco meyas
folhas de papel todas esCriptas e somente esta aprouasam Com esta e por huma se Vera separada das
outras eu tabaliam pera resguardo de Verdade e Comforme a ordenacam; asigney cada folha em sima no
principio da lauda de meu publiquo signal aponho Iunto delle por minha letra o numero das folhas e digo
tantas folhas em este testamento do senhor Aleixo de sousa dizendo o dito testador perante my tabaliam
e testemunhas que este hera o seu testamento que lhe fizera o padre mestre Belchior por sua letra e
asinara elle testadora [sic] tambem Com a mam esquerda por nam poder Com a direita requerendo a my
tabaliam que lhe aprouase Como se por Instromento de aprouacam e retificasam que elle dizia e queria e
mandaua que todo o em elle esCrito e deClarado se Cumprise e guardase Como se nelle Comtem e outro
nenhum que antes delle tenha feito e na força nem Vigor somente este que em todo e por todo se Cumprira asy o ha por bem e desCargo de sua alma e Conciencia e esta he a sua Vltima e deRadeira Vontade
e em testemunho de Verdade asy o outrogou e mandou delle ser feito este Instromento de aprouasam e Retificasam de sedulla e testamento
testemunhas que foram prezentes
francisco de arauyo
Manoel de azeuedo filho de Christouão / [f. 206] de azeuedo
e felipe dias
422
Transcrição de Pedro Pinto
FRAGMENTA HISTORICA
Heytor de Vrito [sic]
simam morilho
Antonio Gomes
e esteuam bernardes
todos fronteiros e outro [sic] eu gomes soares tabaliam que o esCreuy e asiney de meu publiquo
signal que tal he;
[...]
423