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Recordações de Vidas
Passadas
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Recordações de Vidas Passadas
SUMÁRIO
1 Recordações de Vidas Passadas – Conceitos e Fundamentos .......................................1
1.1 Porque Esquecer? ......................................................................................................1
2 Recordações de Vidas Passadas – Visões Doutrinárias .................................................7
2.1 Allan Kardec ..............................................................................................................7
2.2 Manoel Philomeno de Miranda ................................................................................9
2.3 Hermínio de Miranda..............................................................................................12
2.4 Antônio Sampaio......................................................................................................13
2.5 Inácio Bittencourt ....................................................................................................14
2.6 Joanna de Angelis ....................................................................................................17
2.7 Emmanuel.................................................................................................................19
2.8 André Luiz................................................................................................................23
2.9 Yvonne Pereira.........................................................................................................31
2.10 Martins Peralva........................................................................................................32
3 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – 2024 – 40 anos..........................33
3.1 Entrevistando Yvonne Pereira (1900/1984)...........................................................33
3.1.1 Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores? ...........34
3.2 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Vidas no Tempo...............39
3.2.1 Lygia/40 dC/Pérsia .............................................................................................39
3.2.2 Ruth/1570/França ...............................................................................................40
3.2.3 Berthe/1680/Belgica...........................................................................................42
3.2.4 Andrea/1790/França ...........................................................................................43
3.2.5 Nina/1830/Espanha.............................................................................................44
3.2.6 Leila/1860/Portugal ............................................................................................45
3.2.7 Yvonne/1900/Brasil............................................................................................46
3.3 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Mensagens ........................49
3.3.1 Fidelidade à Doutrina – 1984 – Março...............................................................49
3.3.2 Compromisso Mediúnico – 1985 - Janeiro.........................................................50
3.3.3 Renovação à Luz do Espiritismo – 1985 - Fevereiro .........................................53
3.3.4 Doutrina Ímpar – 2008 - Junho ..........................................................................55
3.4 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Vida/Biografia..................59
4 Recordações de Vidas Passadas – Wallace Leal Rodrigues – 2024 – 100 anos .........63
4.1 Wallace Leal Rodrigues – Vida/Biografia .............................................................63
4.2 Wallace Leal Rodrigues – Recordações de Vidas Passadas - Um “Flashback”.74
4.3 Wallace Leal Rodrigues e as suas Vidas Passadas................................................77
ii
Recordações de Vidas Passadas
4.3.1 Madame de Stael ................................................................................................77
4.3.2 Sulpícia...............................................................................................................82
4.4 Wallace Leal Rodrigues – Artigos/Mensagens......................................................83
5 Recordações de Vidas Passadas – Hermínio de Miranda – 2023 – 10 anos.............114
5.1 Hermínio de Miranda – Vida/Biografia (1920/2013)..........................................114
5.2 Hermínio de Miranda e as suas Vidas Passadas .................................................124
5.2.1 1200 aC – Sacerdote no Antigo Egito ..............................................................125
5.2.2 1 dC – Barnabé (01/61) ....................................................................................126
5.2.3 1100 – Bernardo de Claraval (1090/1153) .......................................................128
5.2.4 1500 – Phillipp Melanchthon (1497/1560).......................................................130
5.2.5 1750 – Robert Browning (1781/1866) .............................................................132
6 Recordações de Vidas Passadas – Meimei – ...............................................................135
6.1 Meimei – Vida/Biografia (1922/1946)...................................................................135
6.2 Meimei – Recordações de Vidas Passadas - Análises .........................................143
6.3 Irma de Castro Rocha – Vidas no Tempo ...........................................................146
6.3.1 Irma de Castro – 1940 – Brasil.........................................................................146
6.3.2 Telena – Condessa Branicka – 1740 – Rússia..................................................148
6.3.3 Maria Del Pilar – Condessa de Alba – 1530 – Espanha...................................149
6.3.4 Germaine – 1300 – França ...............................................................................150
6.3.5 Gisele de Borgonha – 1200 – França................................................................151
6.3.6 Cecile de Buillon – 1100 – França ...................................................................152
6.3.7 Blandina – 260 – França...................................................................................154
6.3.8 Princesa Mabi – 800 aC – Babilônia ................................................................156
7 Recordações de Vidas Passadas – Santos Dumond....................................................160
7.1 Santos Dumont e a Doutrina Espírita..................................................................160
7.1.1 Julho/1876 – Silveiras/SP – Revista Reformador/FEB – A Predestinação de
Santos Dumont................................................................................................................160
7.1.2 Julho/1936 – Pedro Leopoldo/MG – Francisco Cândido Xavier – Santos
Dumont Trabalhador .......................................................................................................171
7.1.3 Santos Dumont e Clovis Tavares/Escola Jesus Cristo em Campos..................173
7.1.4 Santos Dumont e Nina Arueira/Escola Jesus Cristo na Espiritualidade...........176
7.1.5 30/Março/1940 – 1º Comunicação mediúnica de Nina, via Chico Xavier (5 anos
após o seu desencarne)....................................................................................................179
7.1.6 30/Março/1944 – Mensagem de Auta de Souza dedicada a Nina, via Chico
Xavier 181
7.2 Alberto Santos Dumont – A Visão Espiritual – 1932/1956/1973 .......................182
7.2.1 O Desencarne – Santos Dumont – 1932...........................................................182
iii
Recordações de Vidas Passadas
7.2.1.1 23/Julho/1932 – O Desencarne de Santos Dumont.......................................182
7.2.2 O Pós-desencarne – Santos Dumont/Lill – 1932/1956.....................................184
7.2.2.1 Julho/1934 – O “Sonho” de Nina Arueira ....................................................184
7.2.2.2 18/Março/1935 – Nina Arueira desencarna..................................................184
7.2.2.3 17/Outubro/1935 – Fundação na Espiritualidade da Escola Jesus Cristo.....186
7.2.2.4 27/Outubro/1935 – Fundação em Campos da Escola Jesus Cristo...............186
7.2.2.5 Julho/1936 – Santos Dumont trabalhador da Escola Jesus Cristo................187
7.2.2.6 21 de Fevereiro/1938 – Nina Arueira ressurge via mediunidade de Chico
Xavier 187
7.2.2.7 Março/ 1944 – Santos Dumont/Lill o filho espiritual de Clovis/Nina..........188
7.2.2.8 20/Julho/ 1948 – Comunicação mediúnica de Santos Dumont ....................190
7.2.3 O Reencarne – Lill/Carlos Vitor Mussa Tavares – 1956/1973 ........................193
7.2.3.1 03/Março/ 1956 – Reencarne de Santos Dumont/Lill/Carlinhos..................193
7.2.4 10/Fevereiro/ 1973 – Desencarne de /Lill/Carlinhos........................................194
7.2.5 O Pós-desencarne – Carlos Vitor Mussa Tavares – 1973/1993 .......................195
7.2.5.1 21/Julho/ 1973 – 1º Comunicação mediúnica pós-desencarne de
Lill/Carlinhos...............................................................................................................195
7.2.5.2 13/Abril/ 1984 – Desencarne de Clovis Tavares ..........................................198
7.2.5.3 6/Novembro/1993 – Ultima comunicação mediúnica de Carlinhos.............199
7.3 Alberto Santos Dumont – As Vidas Passadas e a Aviação.................................200
7.3.1 Joseph Montgolfier – 1740/1810......................................................................203
7.3.2 Bartolomeu de Gusmão – 1685/1724...............................................................206
7.4 Alberto Santos Dumont – Síntese.........................................................................208
7.4.1 A Ciência, o Progresso Tecnológico e o Ser Imortal .......................................209
7.4.2 O Entrelaçamento de Vidas e Invenções – Bartolomeu/Montgolfier/Santos
Dumont 215
8 Recordações de Vidas Passadas – Síntese ...................................................................216
9 Referências.....................................................................................................................223
1
Recordações de Vidas Passadas
1 Recordações de Vidas Passadas – Conceitos e Fundamentos
1.1 Porque Esquecer?
A lembrança viva de episódios vividos anteriormente traria vários inconvenientes, entre
os quais relacionamos:
1- EVITAR A HUMILHAÇÃO OU EXALTAÇÃO DO ORGULHO
A lembrança do passado teria inconvenientes graves. Poderia humilhar-nos
estranhamente ou então exaltar o nosso orgulho, dificultando o exercício do nosso livre-arbítrio.
Allan Kardec - Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5
2 - ENSEJAR SERMOS AUTÊNTICOS - SENHOR DE SI MESMO
O homem não pode e não deve saber tudo; ficaria ofuscado como quem passa da
obscuridade para a luz. Pelo esquecimento ele é mais senhor de si, é mais ele mesmo.
Allan Kardec - Livro dos Espíritos – Perg. 392
3 - EVITAR ÓDIOS PERPÉTUOS
Sem a paz do esquecimento, talvez a Terra deixasse de ser uma escola abençoada para
ser um ninho abominável de ódios perpétuos.
Emmanuel – Renúncia – Cap. 1
4 - PROPICIAR UM NOVO PONTO DE PARTIDA
Livre da reminiscência de um passado inoportuno, viveis com mais liberdade; é para
vós um novo ponto de partida.
Allan Kardec - O Que é o Espiritismo – Cap. 1
5 - PREVENÇÃO DE ANGUSTIAS EMOTIVAS NO ESPÍRITO
DESENCARNADO
Quando somos fracos, somos favorecidos com o tratamento magnético que opera em
nós o esquecimento.
André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 15
6 - MINIMIZAÇÃO DE CONFLITOS NOS RECESSOS DO ESPÍRITO
DESENCARNADO
Sem a espessa amnésia quanto ao passado remoto que descansa nos porões da memória,
somos então defrontados por velhos preconceitos que se nos entrechocam no íntimo, tombando
despedaçados.
André Luiz – Sexo e Destino – Cap. 1
2
Recordações de Vidas Passadas
Se formos mesmo todos reencarnados, por que não nos lembramos das existências
passadas?
É uma questão intrigante, causa mesmo de dúvidas em muita gente.
O esquecimento do passado (existências anteriores) indica a sabedoria de Deus. A
lembrança viva de episódios vividos anteriormente traria vários inconvenientes, entre os quais
relacionamos:
a) poderia humilhar-nos intensamente, pela lembrança desagradável de muitos deslizes
morais, especialmente quando envolvendo terceiros;
b) exaltação do orgulho e da prepotência, em virtude de posições de destaque no
passado;
c) danosos efeitos nas relações sociais, pois se tivéssemos as nossas lembranças,
teríamos a dos outros também;
d) traumas continuariam impedindo condições de felicidade e progresso;
e) ódios e vinganças estariam minando os relacionamentos e provocando novos
agravamentos.
Entre as inumeráveis vantagens, fruto da Sabedoria Divina – repetimos –, encontramos:
a) oportunidade de recomeço, sem lembranças perturbadoras;
b) o progresso efetuado permite-lhe, agora com mais lucidez, optar por novos
aprendizados;
c) reconciliação com antigos adversários sem que necessariamente haja o
constrangimento das recordações que a poderiam impedir;
d) superação de traumas passados em circunstâncias ora renovadas;
e) novas vivências e aprendizados sem que o passado venha a importunar;
f) aquisição de novas experiências sem qualquer ligação com o passado.
Os que desconhecem o processo alegam que o esquecimento seria impeditivo para a
reconstrução do próprio caminho, quando na verdade este apagar das lembranças significa
verdadeira benção.
Deus nos beneficia com o esquecimento, colocando como que um véu em nossa
memória para que os erros e equívocos do passado não sejam amarras ou pesos que nos
impeçam de construir ou reconstruir a própria felicidade.
Por outro lado, se quisermos saber o que fomos ou fizemos antes desta existência, basta
observar com atenção nossas tendências, habilidades, quedas morais, laços que nos ligam a
certas pessoas e poderemos avaliar que tipo de procedimento ou vivência adotamos nas
existências anteriores. Esta análise íntima permite corrigir os caminhos atuais.
Orson Carrara
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Recordações de Vidas Passadas
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Recordações de Vidas Passadas
O ESQUECIMENTO DO PASSADO, na realidade, é um entorpecimento…
O QUE FOMOS ONTEM AINDA VIVE NO QUE SOMOS HOJE.
Esquecemos detalhes do que fizemos de nós, mas não esquecemos o essencial que,
do nosso inconsciente, interfere na nossa vida, como se estivéssemos debaixo de um processo
auto-obsessivo…
Chico Xavier - O Evangelho de Chico Xavier – Item 311
AS EMOÇÕES REENCARNAM JUNTO COM A PESSOA.
Na dinâmica emocional, as vidas passadas respondem pelo maior acervo dos
desencontros emocionais reeditados na vida atual.
Costumamos dizer que o que se apaga das vidas passadas são os fatos, mas não a
memória emocional dos fatos.
Traumas de vidas anteriores reencarnam junto no nível emocional.
Sérgio Luís da Silva Lopes – Revista A Reencarnação – No
425/2003: A Dinâmica
Emocional nas Perturbações Obsessivas
(...)
Já viveste, quanto nós mesmos, vidas incontáveis e trazes, no bojo do espírito, as
conquistas alcançadas em longo percurso de experiências na ronda de milênios.
Tua mente já possui, nas criptas da memória, recursos enciclopédicos da cultura de
todos os grandes centros do Planeta.
Tuas irradiações, através das roupas que te serviram, já marcaram todos os salões da
aristocracia e todos os círculos de penúria do plano terrestre.
Tua figura já integrou os quadros do poder e da subalternidade em todas as nações.
Tua voz já expressou o bem e o mal em todos os idiomas.
Teu coração já pulsou ao ritmo de todas as paixões.
Teus olhos já se deslumbraram diante de todos os espetáculos conhecidos, das trevas do
horrível às magnificências do belo.
Teus ouvidos já registraram todos os tipos de sons e linguagens existentes no mundo.
Teus pulmões já respiraram o ar de todos os climas.
Teu paladar já se banqueteou abusivamente nos acepipes de todos os povos.
Tuas mãos já retiveram e dissiparam fortunas, constituídas por todos os padrões da
moeda humana.
Tua pele, em cores diversas, já foi beijada pelo Sol de todas as latitudes.
Tua emoção já passou por todos os transes possíveis de renascimentos e mortes.
Eis por que o Espiritismo te pergunta:
5
Recordações de Vidas Passadas
– Não julgas que já é tempo de renovar?
Sem renovação, que vale a vida humana?
Se fosse para continuares repetindo aquilo que já foste e o que fizeste, não terias
necessidade de novo corpo e de nova existência – prosseguirias de alma jungida à matéria gasta
da encarnação precedente, enfeitando um jardim de cadáveres.
Vives novamente na carne para o burilamento de teu Espírito.
Perante o bem, quase sempre, temos sido somente constantes na inconstância e fiéis
à infidelidade, esquecidos de que tudo se transforma, com exceção da necessidade de
transformar.
Militão Pacheco - O Espírito da Verdade – Cap. 33
Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.
Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal…
Me suicidei também.
6
Recordações de Vidas Passadas
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira…
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.
Carlos Drummond de Andrade - Poema “Balada do Amor através das Idades”
Não sei quantas almas tenho
Cada momento mudei
Continuamente me estranho
Nunca me vi nem acabei.
Fernando Pessoa - Novas Poesias Inéditas – Pag. 42
7
Recordações de Vidas Passadas
2 Recordações de Vidas Passadas – Visões Doutrinárias
2.1 Allan Kardec
Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores?
(...) Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que faziam. Se se lhes
permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias revelações fariam sobre o passado.
Allan Kardec - Livro dos Espíritos – Perg. 395
A lembrança da existência corporal vem-lhe pouco a pouco, qual imagem que surge
gradualmente de uma névoa, à medida que nela fixa ele a sua atenção.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 305
P. — Por que perde o Espírito encarnado a lembrança do seu passado?
R. — Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria.
Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do
escuro para o claro. Esquecido do seu passado ele é mais senhor de si.
Allan Kardec - Livro dos Espíritos – Perg. 392
O esquecimento temporário é um benefício da Providência.
A experiência, frequentemente, é adquirida em rudes provas e terríveis expiações, cuja
lembrança seria muito penosa e viria aumentar as angústias das tribulações da vida presente.
Se os sofrimentos da vida parecem longos, que seriam, pois, se sua duração fosse
aumentada com as lembranças dos sofrimentos do passado?
Vós, por exemplo, que haveis suportado por faltas que, atualmente, repugnariam a vossa
consciência; ser-vos-ia agradável lembrar de ter sido enforcado por isso?
A vergonha não vos perseguiria imaginando que o mundo sabe do mal que haveis feito?
Que importa o que haveis podido fazer, e o que haveis podido suportar para expiar, se
agora sois um homem estimável?
Aos olhos do mundo sois um homem novo, e aos olhos de Deus um Espírito reabilitado.
Livre da lembrança de um passado importuno, agireis com mais liberdade; é para vós
um novo ponto de partida; vossas dívidas anteriores estão pagas, cabendo-vos não contrair
novas dívidas.
Assim, quantos homens gostariam de poder, durante a vida, lançar um véu sobre seus
primeiros anos!
8
Recordações de Vidas Passadas
Quantos disseram, ao fim de sua caminhada: "Se devesse recomeçar, eu não faria o que
fiz"!
Pois bem! o que eles não podem refazer nesta vida, refarão em outra; em uma nova
existência seu Espírito trará, no estado de intuição, as boas resoluções que eles terão tomado.
É assim que se cumpre, gradualmente, o progresso da Humanidade.
Suponhamos, ainda, - o que é um caso muito comum - que em vossas relações, em vosso
lar mesmo, se encontre um ser do qual tendes muitas queixas, que talvez vos arruinou ou
desonrou em uma outra existência e que, Espírito arrependido, vem se encarnar em vosso meio,
unir-se a vós pelos laços de família, para reparar o mal que vos fez pelo seu devotamento e sua
afeição: ambos não estaríeis na mais falsa posição se, todos os dois, vos lembrásseis de vossas
inimizades?
Ao invés de se apaziguarem, os ódios se eternizariam.
Concluí com isso que a lembrança do passado perturbaria as relações sociais e seria um
entrave ao progresso. Quereis disso uma prova atual?
Que um homem condenado às galeras tome a firme resolução de se tornar honesto; que
ocorrerá em sua saída?
Será repelido pela sociedade e essa repulsa, quase sempre o recoloca no vício.
Suponhamos, ao contrário, que todo o mundo ignore seus antecedentes: ele será bem acolhido;
se ele próprio pudesse esquecê-los, não seria por isso menos honesto e poderia andar de cabeça
erguida ao invés de curvá-la sob a vergonha da recordação.
Isso concorda perfeitamente com a doutrina dos Espíritos sobre os mundos superiores
ao nosso.
Nesses mundos, onde não reina senão o bem, a lembrança do passado nada tem de
penosa; eis porque aí lembram-se de sua existência precedente como nos lembramos do que
fizemos na véspera.
Quanto à sua estada em mundos inferiores, ela não é mais que um sonho mau.
Allan Kardec – O Que é o Espiritismo
9
Recordações de Vidas Passadas
2.2 Manoel Philomeno de Miranda
A grave questão sobre o despertar dos Espíritos recém-desencarnados e a sua
consequente recordação da experiência concluída merecem valiosas considerações.
Pensam, muitas pessoas desinformadas e também alguns adeptos das fileiras espíritas,
que o fenômeno morte, que despe o ser do seu invólucro material, igualmente concede-lhe, de
imediato, lucidez e, consequentemente, conhecimento da sua situação na Erraticidade.
De início, seja dito que não existem duas desencarnações iguais; por efeito, também não
existem dois despertamentos idênticos no mundo espiritual. Cada Espírito é a soma das
experiências vivenciadas, com as tribulações e conquistas que facultam ou não o discernimento
próprio da ocorrência após a morte.
Conforme o tipo de desencarnação violenta, por acidente, homicídio, inundação,
incêndio, por distúrbio orgânico, lentamente, em razão de enfermidades dilaceradoras e
virulentas, suicídios de várias expressões, largas enfermidades e a correspondente conduta
durante as mesmas, estado psicológico que anteceda as cirurgias — assim caracterizará a
conscientização no após túmulo.
Aqueles que se compraziam no sensualismo, na avareza, no despotismo, na crueldade,
vinculados aos despotismos, na crueldade, vinculados aos despojos tentam reanimá-los, e pelo
não conseguir, enlouquecem ou hebetam-se por largo período de sofrimento.
Outros tantos, que superaram os limites, vivendo testemunhos honrosos e provações
lenificadoras, afeiçoados ao dever, ao bem e à caridade, abandonam o casulo com alegria, e,
em saudades, singram os espaços atraídos para as regiões felizes a que fazem jus.
Inumeráveis, que viveram no fragor das lutas, confiantes e trabalhadores, são recolhidos
carinhosamente pelos afetos que os precederam e os conduzem a pousos de refazimento e
orientação, despertando-os suavemente sem choques traumatizantes...
Cada grupo, conforme os hábitos cultivados, permanece vinculado às paixões terrenas
ou atraído pela nova situação, de forma a se adaptar com equilíbrio ao novo estágio da vida o
verdadeiro.
Da mesma forma, quantos se transformaram em campo mental infestado por obsessões,
logo se lhes ocorre a desencarnação, sofrem o assalto dos compares vibratórios, seus algozes,
que os arrastam para os sítios de sevícias e aflições, que se prolongam até recomposição
estrutural ou quando neles luzir a misericórdia do Amor...
Compreensivelmente, o despertar da consciência depende das próprias condições de
harmonia ou de desequilíbrio pessoal.
10
Recordações de Vidas Passadas
Nos Espíritos saudáveis, a perturbação é rápida, embora permaneça breve amnésia sobre
a recente existência concluída, que se vai diluindo até que as lembranças em caleidoscópio de
recordações equipem-se de claridade mental e de conhecimento.
Unanimemente, a respeito das lembranças de outras existências transatas,
permanece o olvido, que somente abre espaço para ocorrências que podem ser úteis e com fim
providencial.
À medida que assume a realidade espiritual, painéis ricos de lembranças felizes tomam
corpo, facultando melhor compreender os fatos próximos passados, tornando-se lógicos.
Igualmente, surgem as recordações sombrias carregadas de culpa, caso não hajam sido
reparados aqueles delitos, provocando tristeza e desejo de recomeço para superá-los. Traçam-
se, nesses momentos, planos para futuros mergulhos no corpo, em tarefas de ressarcimento e
socorro àqueles que lhes padeceram a conduta inconsequente.
Ao mesmo tempo, alegria imensa os invade, ao compreenderem a justeza das soberanas
leis, que sempre conduzem para o Bem, embora a diversidade de caminhos.
Questões e situações que pareciam de suma importância durante a vilegiatura carnal,
agora, quando despidos dos limites orgânicos, compreendem-nas melhor, e até sorriem da
atitude ingénua com que se conduziram. Fazem recordar-se da postura de, quando adultos,
consideravam os comportamentos infantis que se apresentavam naquele período de sumo
valor...
Não são poucos os espíritos que desencarnam e reencarnaram sem dar-se conta de
um e do outro fenômeno, vitimados por doentia amnésia sobre os acontecimentos.
Multidões deambulam nas esferas espirituais inferiores sem conhecimento de si
mesmas, sem recordar-se dos afetos ou dos adversários, desmemoriadas, sofrendo
superlativas aflições.
Incontáveis, por outro lado, embora se apercebam da fase nova, não conseguem
recordar-se de nomes, datas e antecedentes pessoais, exceto aqueles que foram mais
expressivos e se imprimiram com vigor nas tecelagens do perispírito.
A amnésia espiritual é capítulo da imortalidade que permanece desafiador, oferecendo
advertências aos homens e mulheres, para que se desimpregnem das grosseiras fixações que
são cultivadas nos campos das sensações perturbadoras, que sempre prosseguem além do corpo,
em tormentosas necessidades que anulam outros tipos de vivências, mergulhando-as em
esquecimentos afligentes.
11
Recordações de Vidas Passadas
Cabe ao ser lúcido, que empreende a tarefa da auto-iluminação, reflexionar de quando
em quando a respeito dos próprios clichês mentais, selecionando-os, a fim de que, no momento
de desvestir-se do corpo físico, nele fiquem as impregnações que lhe dizem respeito, não
conduzindo aquelas que são perturbadoras nos arquivos da mente.
A morte é somente transição, veículo que conduz o viajante de uma para outra faixa
vibratória, vestido ou liberado das opções a que se afervorou durante a experiência orgânica.
O cultivo das ideias superiores, o conhecimento a respeito da vida de ultra tumba, as
ações de fraternidade e de caridade cristã, os hábitos morigerados contribuem para a liberação
da amnésia após o decesso celular, facultando a identificação da realidade espiritual, bem como
dos amigos que o aguardam além da fronteira física, para o conduzirem em júbilo de volta ao
Grande Lar.
Manoel Philomeno de Miranda – Mediunidade: desafios e bênçãos – Cap. 2 –
Amnésia Espiritual
12
Recordações de Vidas Passadas
2.3 Hermínio de Miranda
O tempo é uma realidade que transcende nossas limitações espaciais.
A divisão presente, passado e futuro é meramente didática, destinada a reduzir a termos
compreensíveis uma realidade que, sob muitos aspectos, ainda nos escapa, mas que parece
contínua e simultânea.
O presente é apenas a linha móvel que arbitrariamente imaginamos para separar em duas
- passado e futuro - uma realidade indivisível e global.
Chama-se memória a faculdade de esquecer ordenadamente os eventos que afetam cada
um de nós.
Também a memória desdobramos, para fins meramente didáticos, em consciente,
subconsciente e inconsciente, mas que permanece uma realidade global, indivisível.
Consciência é a unidade de gravação, de leitura e de processamento que liga o mundo
interior com o exterior, ou seja, o ser com o universo em que ele vive. Embora sua capacidade
de processamento seja quase ilimitada, sua capacidade de retenção é exígua; apenas o
necessário para manter o fluxo das ideias. Ela confia imediatamente à memória, via
subconsciente, todas as noções que recebe do ambiente externo, e ao subconsciente devolve,
tão logo lhe seja possível, as que retirou de lá para exame.
Subconsciente é o arquivo da vida presente. Seus registros são de acesso relativamente
fácil e imediato ao cabeçote de gravação, leitura do consciente.
O inconsciente é o vasto "arquivo morto" da memória, de acesso mais difícil, mas não
impossível. Estão ali depositadas as lembranças explícitas de todas as existências pregressas de
ser, na carne ou fora dela.
Os registros da memória, em quaisquer dos seus níveis, estão localizados no perispírito
ou corpo espiritual do ser e não nas células do cérebro físico, que são meros instrumentos
materiais da “máquina de pensar".
Não existe, portanto, a memória química, da mesma forma que não existe o pensamento
como segregação do cérebro físico. A bioquímica interna é o dispositivo incumbido de propiciar
condições para que a energia espiritual possa atuar sobre a matéria. Ela é a mensageira do pensa­
mento e não a sua essência ou a sua geradora.
A memória extracerebral é hoje fato bem documentado nas recordações espontâneas de
crianças e adultos, nos fenômenos de regressão da memória ou através de outros dispositivos,
como no sonho e no desdobramento.
Hermínio de Miranda – A Memória e o Tempo – Cap. 2
13
Recordações de Vidas Passadas
2.4 Antônio Sampaio
(...) Graças a Jesus, tenho escutado o Evangelho com outros ouvidos e aprendido a nossa
Doutrina com novo entendimento.
Tenho agora livros e livros ao meu dispor.
Muitos companheiros são trazidos ao nosso hospital, em terrível situação.
Não se alfabetizaram para o continuísmo da existência e sofrem muito, requisitando o
concurso de magnetizadores que lhes extraem as recordações, quais médicos arrancando
tumores internos de vísceras doentes.
Essas recordações projetam-se fora deles para que compreendam e se aquietem.
Mas, por felicidade deste criado de vocês, venho tomando contacto com a memorização,
muito vagarosamente.
É imprescindível muita precaução para que nosso Espírito, despojado da matéria densa,
não penetre de surpresa nos domínios do passado, habitualmente repleto de reminiscências
menos dignas, que podem perturbar muitíssimo os nossos atuais desejos.
Via de regra, no mundo, sentimo-nos sequiosos pelo conhecimento do pretérito.
Aqui, suplicamos para que esse conhecimento seja adiado, reconhecendo que, na
maioria dos casos, ele nos alcança qual ventania tumultuosa, abalando os alicerces ainda frágeis
das boas idéias que conseguimos assimilar.
Por esse motivo, sou agora um aprendiz de mim mesmo, agindo com muita cautela para
não estorvar a proteção que estou recebendo.
Antônio Sampaio Júnior – Vozes do Grande Além – Cap. 40 – Companheiro de
Regresso
Nota:
Não obstante residir no Rio de Janeiro, onde fazia parte do antigo “Grupo Regeneração”,
Antônio Sampaio Júnior era membro efetivo do “Grupo Meimei”, desde a hora da fundação.
Por duas a três vezes, anualmente, vinha a Pedro Leopoldo, reconfortando-nos com o
seu apoio e com a sua presença.
Era ele a personificação da fé viva, da generosidade, do bom humor. Infundia-nos
coragem nas horas mais difíceis e esperança nos obstáculos mais duros.
Desencarnado subitamente, em outubro de 1955, deixou-nos as melhores recordações.
Foi nosso abnegado e inesquecível Sampaio o amigo que compareceu no horário
destinado à instrução, em nossa casa, na fase terminal da reunião, na noite de 22 de março de
1956, transmitindo-nos a confortadora mensagem que passamos a transcrever.
14
Recordações de Vidas Passadas
2.5 Inácio Bittencourt
Há uma tendência especial, entre certos adeptos pouco avisados da Doutrina Espírita,
para investigarem sobre o próprio passado espiritual, a ver se descobrem o que foram e o que
fizeram em existências pregressas.
Certamente que, já com um século de Codificação e em plena florescência da Revelação,
vem chegando o tempo de os espíritos encarnados sentirem em si mesmos, através das emersões
da subconsciência, ativadas pelas inquietações da mediunidade, os enredos em que se
comprometeram outrora.
Os códigos da Terceira Revelação, ou Espiritismo, muito criteriosamente esclarecem o
meio de a criatura saber, com segurança, quem foi, o que fez e onde viveu antes da presente
existência.
Dedicando-se ela ao estudo sério e à meditação, e consultando o próprio íntimo e suas
tendências, sem se deixar levar pelos arrastamentos do orgulho e da vaidade, necessariamente
terá as faculdades predispostas às irradiações da própria mente.
As recordações, embora veladas, discretas, as reminiscências que jazem ocultas nos
recessos do seu ser, evoluirão o necessário para que ela se aposse de algo a respeito de si mesma.
Será, portanto, uma faculdade da alma, que se desenvolverá com o cuidadoso cultivo
moral e mental.
Se com a devida atenção se dessem ao estudo da Doutrina, teriam compreendido desde
muito esse ponto essencial e melindroso da mesma, sem os riscos das mistificações tão comuns
nas consultas feitas aos médiuns.
Vemos então, mediante tais consultas, uma multidão de espíritas a se julgarem antigos
fidalgos europeus reencarnados, príncipes, duques, heróis de guerras. e de grandes batalhas em
revoluções célebres, e até reis e rainhas!
Existem mesmo, aos montes, Catarinas de Médicis, Marias Antonietas, Neros,
Napoleões Bonapartes, Tiradentes e tantos outros vultos do passado.
Não diremos que tais migrações sejam impossíveis, pois que a nobreza mundial é
milenária e esses nobres teriam de reencarnar em alguma parte, visto que a reencarnação é lei
invariável para todos.
Todavia, à luz mesma da Terceira Revelação, convirá se faça um reparo sensato sobre
aquela possibilidade, ou seja, de serem os caros aprendizes de Espiritismo, ou não, aprendizes,
fidalgos reencarnados.
15
Recordações de Vidas Passadas
Ainda que o sejam, não deverão esquecer, logo ao primeiro exame, que é possível já
tenham vivido como escravos africanos ou não africanos, depois de haverem sido fidalgos; que
já esmolaram pelas ruas, chagados e miseráveis, como expiação urgente das inconsequências
da nobreza que aviltaram, e que já sucumbiram ao fundo de prisões infectas ou tombaram sob
a ignomínia de um ferro assassino, porque assim o exigiu a consciência própria, em ânsias de
dolorosos, mas remissores resgates.
Não deverão, outrossim, esquecer de que reis, rainhas, príncipes, duques ou heróis, não
obstante testas coroadas, foram igualmente tiranos, celerados, homicidas, rapinadares,
incendiários, perseguidores, perjuros, adúlteros, hipócritas, falsos crentes tripudiando sobre os
Evangelhos!
Se, portanto, vivestes na Idade Média e ali fostes condestáveis, por exemplo, ficai certos
de que também levantastes fogueiras. cruéis para incinerarem criaturas frágeis e indefesas,
vossas irmãs de Humanidade!
Se vivestes na bela e decantada Espanha, aí ocupando solares soberbos e poderosos
tronos, lembrai-vos de que estes mesmos grão-senhores que os ocuparam se tornaram
responsáveis pelos crimes da Inquisição, que por períodos seculares ali assumiu proporções
estarrecedoras!
Se na aristocrática Inglaterra vivestes, ou na belicosa Alemanha, não percais de vista
que nos países anglo-saxões a intolerância da Reforma cometeu atrocidades contra míseros
católicos-romanos, idênticas às que, nos países latinos, cometeu contra míseros luteranos a
intolerância católico-romana, e que vós lá estivestes entre ambas, cometendo insultos contra
Deus na pessoa do vosso próximo!
Se, na França gloriosa e tão amada, participastes do famigerado governo da Rainha
Catarina de Médicis, lembrai-vos dos dias trágicos de São Bartolomeu, quando andastes
matando pobres defensores do Evangelho, para satisfação de torpes paixões alheias, as quais
bajulastes servindo-vos do nome de uma religião como ignóbil desculpa e não justa realidade!
Se nos dias sombrios, do Terror, na França ainda, cargos importantes exercestes, tende
em mente que ajudastes a mover a guilhotina para decapitar inocentes subjugados pelo furor de
muitos, e também que fostes regicidas ímpios, trucidadores de mulheres e até de crianças!
E se na Roma dos Césares fostes tribuno, ou patrícios, envergando peplos elegantes e
mantos solenes e vistosos. . . recordai os uivos dos leões nos circos, leões que açulastes contra
os defensores do Cristianismo nascente, os quais morreram para que o mundo herdasse as
virtudes do perdão, da esperança e do amor, já recomendadas pela Suprema Lei!
16
Recordações de Vidas Passadas
Assim sendo, meus caros amigos, Vós, que vos julgais reis, rainhas, príncipes e heróis
reencarnados, não vos esqueçais de que, com esta remota glória de tronos e mantos, de espadas
e coroas, arrastais também, ainda na presente existência, a consequência deprimente de crimes
e abusos vergonhosos e inomináveis!
Não olvideis que fostes grandes criminosos a quem Jesus de Nazaré enviou as bênçãos
do Consolador como auxílio, para que vos reergais do tremedal de trevas em que o fausto
mergulhou o vosso Espírito!
Agora vos cumpre esquecer esse passado que para nada vos valeu, senão para vos
infelicitar a alma e o destino, a fim de que, através dos conselhos ,e da misericórdia do Alto,
possais entrar, finalmente, nas sendas do Dever, de que vos afastastes nos passados tempos,
passado esse do qual tanto vos envaideceis ainda!
Paz.
Inácio Bittencourt - Revista Reformador – 1959 – Novembro – Existências Passadas
(Página recebida pela médium Yvonne A. Pereira, em 2/9/59)
17
Recordações de Vidas Passadas
2.6 Joanna de Angelis
Diante das ocorrências do déjà-vu, os remanescentes reencarnacionistas estabelecem
parâmetros sutis de lembranças que retornam à consciência atual como lampejos e clichês de
evocações, ressumando dos conteúdos da inconsciência — ou da memória extracerebral,
do períspirito — oferecendo possibilidades de identificação de pessoas, acontecimentos,
lugares e narrativas já vividas, já conhecidas, antes experimentadas...
Desfilam, então, os fenômenos psicológicos das simpatias e das antipatias, dos amores
alucinantes e dos ódios devoradores, que ressurgem dos arquivos da memória anterior ante o
estímulo externo de qualquer natureza, que os desencadeiam, tais: um encontro ou reencontro;
uma associação de ideias — a atual revelando a passada — uma dissensão ou um diálogo;
qualquer elemento que constitua ponte de ligação entre o hoje e o ontem.
Joanna de Angelis – O Homem Integral – Cap. 39
Incontáveis pessoas se hão surpreendido em face das lembranças das vidas
passadas, em que mergulham inconscientemente, experimentando nas evocações os estados
emocionais característicos das personagens que antes animaram.
Da sistemática recordação, com os sucessivos mergulhos nas lembranças do passado,
muitos têm sido vítima de distonias de vária ordem, perturbando-se, sem conseguirem
estabelecer os limites entre os fatos de uma e de outra existência: a do passado, que retorna
vigorosa, e a do presente, que se vai submetendo ao impositivo da outra.
Na vida infantil, porque o espírito ainda se encontra em processo de fixação total nas
células, apropriando-se do campo somático, a pouco e pouco, surgem frequentemente nos
diversos campos da Arte, da Filosofia, da Ciência e da Religião os que externam precocidade
surpreendente, revelando conhecimentos superiores aos do tempo em que vivem ou
recordando os ensinamentos aprendidos anteriormente.
A memória da aprendizagem e dos fatos não se perde nunca, pois que esta não é
património das células cerebrais, que as traduzem, estando incorporada ao períspirito, que a
fixa, acumulando as experiências das múltiplas existências, mediante as quais o Espírito
evolute, nas diversas faixas que se lhe fazem necessárias.
Joanna de Angelis – Estudos Espíritas – Cap. 8
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Recordações de Vidas Passadas
Se em ignorância quanto o mal que te hajam feito, eles os teus familiares, te
sentes incapaz de fitá-los, entendê-los, ajudá-los e amá-los, oferecendo-lhes compreensão
e simpatia, como te portarias se:
- na filha revel identificasses antiga companheira que o adultério arrastou,
- no irmão consanguíneo o destruidor do antigo ninho de venturas que o tempo não
consumiu,
- no pai ou mãe, no filho ou noutro parente o arquiteto da tua ruína ou a vítima da
sua sandice?
Joanna de Angelis - Dimensões da Verdade – Cap. 11
19
Recordações de Vidas Passadas
2.7 Emmanuel
A faculdade de recordar é o agente que nos premia ou nos pune, ante os acertos e
os desacertos da rota.
Dessa forma, se os atos louváveis são recursos de abençoada renovação e profunda
alegria nos recessos da alma, as ações infelizes se erguem, além do túmulo, por fantasmas de
remorso e aflição no mundo da consciência.
Crimes perpetrados, faltas cometidas, erros deliberados, palavras delituosas e omissões
lamentáveis esperam-nos a lembrança, impondo-nos, em reflexos dolorosos, o efeito de nossas
quedas e o resultado de nossos desregramentos, quando os sentidos da esfera física não mais
nos acalentam as ilusões.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 4
Na existência corporal, todavia, a alma sente a memória obscurecida, num olvido quase
total do passado, a fim de que os seus esforços se valorizem; a consciência então é fragmentária,
parcial, porquanto as suas faculdades estão eclipsadas pelos pesados véus da matéria, os quais
atenuam ao mínimo as suas vibrações, constituindo, porém, esses poderes prodigiosos, mas
ocultos, as extraordinárias possibilidades da vasta subconsciência, que os cientistas do século
estudam acuradamente.
Tais forças e progressos adquiridos, o Espírito jamais os perde; são parte integrante do
seu patrimônio e, na vida material, podem emergir no exercício da mediunidade,
nas hipnoses profundas, ou em outras circunstâncias que facilitam o desprendimento
temporário dos elementos psíquicos.
Emmanuel – Emmanuel – Cap. 32
Encetando uma nova existência corpórea, para determinado efeito, a criatura recebe,
desse modo, implementos cerebrais completamente novos, no domínio das energias físicas, e,
para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose natural como recurso básico, de vez
que, em muitas ocasiões, dorme em pesada letargia, muito tempo antes de acolher-se ao
abrigo materno.
Na melhor das hipóteses, quando desfruta grande atividade mental nas esferas
superiores, só é compelida ao sono, relativamente profundo, enquanto perdure a vida fetal. Em
ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos de tenra instrumentação
fisiológica dos encarnados, tempo em que se lhes reaviva a experiência terrestre.
20
Recordações de Vidas Passadas
Temos, assim, mais ou menos três mil dias de sono induzido ou hipnose terapêutica, a
estabelecerem enormes alterações nos veículos de exteriorização do Espírito, as quais,
acrescidas às consequências dos fenômenos naturais de restringimento do corpo espiritual, no
refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações do passado, para que se alivie
a mente na direção de novas conquistas.
E, como todo esse tempo é ocupado em prover-se a criança de novos conceitos e
pensamentos acerca de si própria, é compreensível que toda criatura sobrenade na adolescência,
como alguém que fosse longamente hipnotizado para fins edificantes, acordando,
gradativamente, na situação transformada em que a vida lhe propõe a continuidade do serviço
devido à regeneração ou à evolução clara e simples.
E isso, na essência, é o que verdadeiramente acontece, porque, pouco a pouco, o
Espírito reencarnado retoma a herança de si mesmo, na estrutura psicológica do destino,
reavendo o patrimônio das realizações e das dívidas que acumulou, a se lhe regravarem no ser,
em forma de tendências inatas, e reencontrando as pessoas e as circunstâncias, as simpatias e
as aversões, as vantagens e as dificuldades, com as quais se ache afinizado ou comprometido.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 45
O corpo espiritual não retém somente a prerrogativa de constituir a fonte da misteriosa
força plástica da vida, a qual opera a oxidação orgânica; é também ele a sede das faculdades,
dos sentimentos, da inteligência e, sobretudo o santuário da memória, em que o ser encontra
os elementos comprobatórios da sua identidade, através de todas as mutações e transformações
da matéria.
(...)
É ainda, pois, ao corpo espiritual que se deve a maravilha da memória, misteriosa
chapa fotográfica, onde tudo se grava, sem que os menores coloridos das imagens se confundam
entre si.
Emmanuel – Emmanuel – Cap. 24
Sem a paz do esquecimento, talvez a Terra deixasse de ser uma escola abençoada para
ser um ninho abominável de ódios perpétuos"
Emmanuel – Renúncia – Cap. 1
21
Recordações de Vidas Passadas
Na existência corporal, todavia, a alma sente a memória obscurecida,
num olvido quase total do passado, a fim de que os seus esforços se valorizem; a consciência
então é fragmentária, parcial, porquanto as suas faculdades estão eclipsadas pelos pesados véus
da matéria, os quais atenuam ao mínimo as suas vibrações, constituindo, porém, esses poderes
prodigiosos, mas ocultos, as extraordinárias possibilidades da vasta subconsciência, que os
cientistas do século estudam acuradamente.
Tais forças e progressos adquiridos, o Espírito jamais os perde; são parte integrante do
seu patrimônio e, na vida material, podem emergir ...
• no exercício da mediunidade,
• nas hipnoses profundas,
• ou em outras circunstâncias que facilitam o desprendimento temporário dos
elementos psíquicos.
Emmanuel – Emmanuel – Cap. 5
É ainda, pois, ao corpo espiritual que se deve a maravilha da memória, misteriosa chapa
fotográfica, onde tudo se grava, sem que os menores coloridos das imagens se confundam entre
si.
Emmanuel - Emmanuel – Pag. 133
A subconsciência, tão investigada em vosso tempo, não elucida os problemas dos
chamados fenômenos intelectuais.
Estudos levados a efeito sobre essa câmara escura da mente são ainda mal orientados,
apesar disso, muitas teorias apressadas presumem explicar todo o mediunismo com a sua
estranha influência sobre o “eu” consciente.
De fato, existem fenômenos subliminais; todavia, a subconsciência é o acervo de
experiências realizadas pelo o ser em suas existências passadas.
O Espírito, no labor incessante de suas múltiplas existências, vai ajudando as séries de
suas conquistas, de suas possibilidades, de seus trabalhos; no seu cérebro espiritual organiza-
se, então, essa consciência profunda, em cujos domínios misteriosos se vão arquivando as
recordações, e a alma, em cada etapa da sua vida imortal, renasce para uma nova conquista,
objetivando sempre o aperfeiçoamento supremo.
O OLVIDO TEMPORÁRIO
O esquecimento, nessas existências fragmentárias, obedecendo ás leis superiores que
presidem ao destino, representa a diminuição do estado vibratório do Espírito, em contato com
a matéria.
22
Recordações de Vidas Passadas
Esse olvido é necessário, e, afastando-se os benefícios espirituais que essa questão
implica, à luz das concepções cientificas, pode esses problemas ser estudado atenciosamente.
Tomando um novo corpo, a alma tem necessidade de adaptar-se a esse instrumento.
Precisa abandonar a bagagem dos seus vícios, dos seus defeitos, das suas lembranças
nocivas, das suas vicissitudes nos pretéritos tenebrosos.
Necessita de nova virgindade; um instrumento virgem lhe é então fornecido. Os
neurônios desse novo cérebro fazem a função de aparelhos quebradores da luz; o sensório limita
as percepções do Espírito, e , somente assim, pode o ser reconstruir o seu destino.
Para que o homem colha benefícios da sua vida temporária, faz-se mister que assim seja.
Sua consciência é apenas a parte emergente da sua consciência espiritual; seus sentidos
constituem apenas o necessário à sua evolução no plano terrestre. Daí, a exiguidade das suas
percepções visuais e auditivas, em relação ao número inconcebível de vibrações que o cercam.
AS RECORDAÇÕES
Todavia, dentro dessa obscuridade requerida pela sua necessidade de estudo e
desenvolvimento, experimenta a alma, ás vezes, uma sensação indefinível... é uma vocação
inata que impele para esse ou aquele caminho; é uma saudade vaga e incompreensível, que a
persegue nas suas meditações; são os fenômenos introspectivos, que a assediam
frequentemente.
Nesses momentos, uma luz vaga da subconsciência atravessa a câmara de sombras,
impostas pelas células cerebrais, e, através dessa luz coada, entra o Espírito em vaga relação
com o seu passado longínquo; tais fatos são vulgares nos seres evolvidos, sobre quem a carne
já não exerce atuação invencível.
Nesses vagos instantes, parece que a alma encarnada ouve o tropel das lembranças que
passam em revoada; aversões antigas, amores santificantes, gostos aprimorados, de tudo
aparece numa fração no seu mundo consciente; mas, faz-se mister olvidar o passado para que
alcance êxito na luta.
Emmanuel – Emmanuel – Cap. 32
23
Recordações de Vidas Passadas
2.8 André Luiz
É preciso grande equilíbrio para podermos recordar, edificando. Em geral, todos
temos erros clamorosos, nos ciclos da vida eterna.
Quem lembra o crime cometido costuma considerar-se o mais desventurado do
Universo; e quem recorda o crime de que foi vítima, considera-se em conta de infeliz, do mesmo
modo. Portanto, somente a alma muito segura de si recebe tais atributos como realização
espontânea. As demais são devidamente controladas no domínio das reminiscências e, se
tentam burlar esse dispositivo da lei, não raro tendem ao desequilíbrio e à loucura.
(...)
A leitura apenas informa. Depois de longo período de meditação para esclarecimento
próprio, e como surpresas indescritíveis, fomos submetidos a determinadas operações
psíquicas, a fim de penetrar os domínios emocionais das recordações. Os espíritos técnicos
no assunto nos aplicaram passes no cérebro, despertando certas energias adormecidas...
André Luiz – Nosso Lar – Cap. 21
As amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária entre a alma e o
instrumento de que se utiliza.
Na infância, o « ego», em processo de materialização, externará reminiscências e
opiniões, simpatias e desafetos através de manifestações instintivas, a lhe entremostrarem o
passado, do qual mal se lembrará no futuro próximo, de vez que estará movimentando
a máquina cerebral em desenvolvimento, máquina essa que deverá servi-lo, tão-só por algum
tempo e para determinados fins, ocorrendo idêntica situação na idade provecta, quando as
palavras como que se desprendem dos quadros da memória, traduzindo alterações do órgão do
pensamento, modificado por desgaste.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 15
A memória pode ser comparada a placa sensível que, ao influxo da luz, guarda para
sempre as imagens recolhidas pelo espírito, no curso de seus inumeráveis aprendizados, dentro
da vida. Cada existência de nossa alma, em determinada expressão da forma, é uma adição de
experiência, conservada em prodigioso arquivo de imagens que, em se superpondo umas às
outras, jamais se confundem.
André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 13
24
Recordações de Vidas Passadas
Os Espíritos que na vida física atendem aos seus deveres com exatidão, retomam
pacificamente os domínios da memória, tão logo se desenfaixam do corpo denso, reentrando
em comunhão com os laços nobres e dignos que os aguardam na Vida Superior, para a
continuidade do serviço de aperfeiçoamento e sublimação que lhes diz respeito, contudo, para
nós consciências intranquilas, a morte no veículo carnal não exprime libertação.
Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível de
nossas culpas; e a culpa, meu amigo, é sempre uma nesga de sombra eclipsando-nos a visão.
Nossas faculdades mnemônicas, relativamente às nossas quedas morais, assemelham-
se, de certo modo, às conhecidas chapas fotográficas, as quais, se não forem convenientemente
protegidas, sempre se inutilizam.
Imaginemos a mente como sendo um lago. Se as águas se acham pacificadas e límpidas,
a luz do firmamento pode retratar-se nele com segurança. Mas, se as águas vivem revoltas, as
imagens se perdem ao quebro das ondas móveis, principalmente quando o lodo acumulado no
fundo aparece à superfície. A rigor, somos aqui, nas zonas inferiores, seres humanos muito
distantes da renovação espiritual, não obstante desencarnados.
Observe a realidade em si mesmo, o pensamento que vive preso aos sítios e paisagens
de que, pela morte, supostamente se desvencilhou. Em pleno caminho da espiritualidade, se
identifica com as escuras reminiscências que permanecem ao longe, no tempo: o lar, a família,
os compromissos imperfeitamente solucionados.... Tudo isso é lastro, inclinando a sua mente
para o mundo físico, onde nossos débitos reclamam sacrifício e pagamento.
Sob a hipnose nossa memória pode regredir e recuperar-se por momentos. Isso,
porém, é um fenômeno de compulsão... E em tudo convém satisfazer à sabedoria da Natureza.
Libertemos o espelho da mente que jaz sob a lama do arrependimento, do remorso e da culpa,
e esse espelho divino refletirá o Sol com todo o esplendor de sua pureza.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 2
25
Recordações de Vidas Passadas
Em linguagem mais simples, são respiradouros dos impulsos, experiências e noções
elevadas da personalidade real que não se extingue no túmulo, e que não suportariam a
carga de uma dupla vida. Em razão disto, e atendendo aos deveres impostos à consciência de
vigília para os serviços de cada dia, desempenham função amortecedora: são quebra-luzes,
atuando beneficamente para que a alma encarnada trabalhe e evolva.
Além disto, nascimento e morte, na esfera carnal, para a generalidade das criaturas são
choques biológicos, imprescindíveis à renovação.
Em verdade, não há total esquecimento na Crosta Terrestre, nem restauração
imediata da memória nas províncias de existência, que se seguem, naturais, ao campo da
atividade física. Todos os homens conservam tendências e faculdades, que quase equivalem a
efetiva lembrança do passado; e nem todos, ao atravessarem o sepulcro, podem readquirir,
repentinamente, o patrimônio de suas reminiscências.
Quem demasiado se materialize, demorando-se em baixo padrão vibratório, no campo
de matéria densa, não pode reacender, de pronto, a luz da memória. Despenderá tempo a
desfazer-se dos pesados envoltórios a que inadvertidamente se prendeu.
Dentro da luta humana, também, é indispensável que os neurônios se façam de luvas,
mais ou menos espessas, a fim de que o fluxo das recordações não modere o esforço edificante
da alma encarnada, empenhada em nobres objetivos de evolução ou resgate, aprimoramento ou
ministério sublime.
Importa reconhecer, porém, que a nossa mente aqui, no plano espiritual, age no
organismo perispirítico, com poderes muito mais extensos, mercê da singular natureza
elasticidade da matéria que presentemente nos define a forma. Isto, contudo, em nossos
círculos de ação,
• não nos evita as manifestações grosseiras,
• as quedas lastimáveis,
• as doenças complexas, porque a mente, o senhor do corpo, mesmo aqui, é
acessível ao vício, ao relaxamento e às paixões arruinantes.
André Luiz – No Mundo maior – Cap. 25
26
Recordações de Vidas Passadas
Porque não guardamos a viva recordação de nossas existências anteriores?
não seria bendita felicidade o reencontro consciente com aqueles que mais amamos?...
Sim, sim... — confirmava o Ministro Clarêncio, célere — mas, na condição espiritual
em que ainda nos situamos, não sabemos orientar os nossos desejos para o melhor.
Nosso amor ainda é insignificante migalha de luz, sepultada nas trevas do
nosso egoísmo, qual ouro que se acolhe no chão, em porções infinitesimais, no corpo gigantesco
da escória.
Assim como as fibras do cérebro são as últimas a se consolidarem no veículo físico em
que encarnamos na Terra, a memória perfeita é o derradeiro altar que instalamos, em
definitivo, no templo de nossa alma, que, no Planeta, ainda se encontra em fases iniciais de
desenvolvimento.
É por isso que nossas recordações são fragmentárias... Todavia, de existência a
existência, de ascensão em ascensão, nossa memória gradativamente converte-se em visão
imperecível, a serviço de nosso espírito imortal...
Retomar o contato com os melhores, seria recuperar igualmente os piores e,
indiscutivelmente, não possuímos até agora o amor equilibrado e puro, que se consagra aos
desígnios superiores, sem paixão.
Ainda não sabemos querer sem desprezar, amparar sem desservir. Nossa afetividade,
por enquanto, padece deploráveis inclinações. Sem o esquecimento transitório, não saberíamos
receber no coração o adversário de ontem para regenerar-nos, regenerando-o.
A Lei é sábia.
De qualquer modo, porém, não olvidemos que nosso espírito assinala todos os passos
da jornada que lhe é própria, arquivando em si mesmo todos os lances da vida, para formar com
eles o mapa do destino, de acordo com os princípios de causa e efeito que nos governam a
estrada, mas somente mais tarde, quando o amor e a sabedoria sublimarem a química dos
nossos pensamentos, é que conquistaremos a soberana serenidade, capaz de abranger o pretérito
em sua feição total...
a Lei, contudo, é invariavelmente a Lei. Viveremos em qualquer parte, com os
resultados de nossas ações, assim como a árvore, em qualquer trato do solo, produzirá conforme
a espécie a que se subordina.
André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 9
27
Recordações de Vidas Passadas
A existência no carro físico, além de ser um estágio para ...
• aprendizagem ou cura,
• resgate ou tarefa específica,
• é igualmente um longo mergulho no condicionamento magnético, em que
agimos, no mundo, induzidos ao que nos cabe fazer.
O livre arbítrio, na esfera da consciência, permanece vivo e intocado, porquanto, em
quaisquer posições, a criatura encarnada é independente para escolher os próprios rumos; no
entanto, as demais potências da alma, no período da encarnação, jazem orientadas na direção
desse ou daquele trabalho, segundo os propósitos que tenha assumido ou que tenha sido
constrangida a assumir.
Isso determina o obscurecimento das memórias pregressas que, aliás, não é senão um
fenômeno temporário, mais ou menos curto ou longo, conforme o grau de evolução que
tenhamos atingido.
André Luiz – E a Vida Continua – Pag. 84.
Como acontece quase sempre, os heróis na promessa fraquejam na realização, porque
se apegam muito mais aos próprios desejos que à compreensão da Vontade Divina. De posse
dos bens da vida física, nega-se a perdoar, recapitulando erradamente as lições do passado.
Antes mesmo da reencarnação, já se manifesta contrário a qualquer auxilio. Sempre o
velho círculo vicioso — quando fora da oportunidade bendita de trabalho terrestre e vendo a
extensão das próprias necessidades, desvela-se o companheiro em prometer fidelidade e
realização, mas, logo que se apossa do tesouro do corpo físico, volta ao endurecimento
espiritual e ao menosprezo das leis de Deus.
(...)
Se tivéssemos grandes virtudes e belas realizações, não precisaríamos recapitular as
lições já vividas na carne.
E se apenas possuímos chagas e desvios para rememorar, abençoemos o olvido que o
Senhor nos concede em caráter temporário.
André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 12
28
Recordações de Vidas Passadas
Há dívidas que, por sua natureza e extensão, exigem de nós várias existências ou
romagens na carne terrestre para o respectivo resgate.
Do ponto de vista da memória - lembranças das vidas passadas - a questão é de
tempo.
À medida que nos demoramos na organização perispirítica, no plano espiritual, no fiel
cumprimento de nossas obrigações para com a Lei, mais se nos dilata o poder mnemônico.
Avançando em lucidez, abarcamos mais amplos domínios da memória. Assim é que,
depois de largos anos em serviço nas zonas espirituais da Terra, entramos espontaneamente na
faixa de recordações menos felizes, identificando novas extensões de nosso " carma" ou de
nossa conta e, embora sejamos reconhecidos à benevolência dos Instrutores e Amigos que nos
perdoam o passado menos digno, jamais condescendemos com as nossas próprias fraquezas e,
por isso, vemo-nos impelidos a solicitar das autoridades superiores novas reencarnações
difíceis e proveitosas, que nos reeduquem ou nos aproximem da redenção necessária.
André Luiz – Ação e Reação – Cap.7
Quando somos fracos, porém, embora muito amoráveis, e não nos sentimos com a
precisa coragem para o afastamento necessário, se merecemos o auxílio de nossos Maiores,
somos favorecidos com o tratamento magnético que opera em nós o esquecimento.
André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 15
As amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária entre a alma e o
instrumento de que se utiliza.
Na infância, o « ego», em processo de materialização, externará reminiscências e
opiniões, simpatias e desafetos através de manifestações instintivas, a lhe entremostrarem o
passado, do qual mal se lembrará no futuro próximo, de vez que estará movimentando
a máquina cerebral em desenvolvimento, máquina essa que deverá servi-lo, tão-só por algum
tempo e para determinados fins, ocorrendo idêntica situação na idade provecta, quando as
palavras como que se desprendem dos quadros da memória, traduzindo alterações do órgão do
pensamento, modificado por desgaste.
André Luiz – Ação e Reação – Cap.15
29
Recordações de Vidas Passadas
A memória pode ser comparada a placa sensível que, ao influxo da luz, guarda para
sempre as imagens recolhidas pelo espírito, no curso de seus inumeráveis aprendizados, dentro
da vida.
Cada existência de nossa alma, em determinada expressão da forma, é uma adição de
experiência, conservada em prodigioso arquivo de imagens que, em se superpondo umas às
outras, jamais se confundem.
Em obras de assistência, qual a que desejamos movimentar, é preciso recorrer aos
arquivos mentais, de modo a produzir certos tipos de vibração, ...não só para atrair a presença
de companheiros ligados ao irmão sofredor que nos propomos socorrer, como também para
descerrar os escaninhos da mente, nas fibras recônditas em que ela detém as suas aflições e
feridas invisíveis.
André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 13
Função psíquica das mais delicadas, pouco se sabe, ainda. Capacidade que tem o
Espírito, em suas existências, de fixar, conservar, evocar, reconhecer e localizar, sob a forma
de lembrança. Uma das faculdades da Alma, cuja manifestação opera-se por meio
do perispírito, envolvendo, em estado de encarnação, um padrão específico de atividade
nervosa.
Zalmino Zimmermann - Perispírito – Pag. 265
É compreensível que no espaço de tempo, que se nos sucede, imediatamente à
desencarnação, a memória profunda esteja ainda hermeticamente trancada nos porões do ser.
Isso, porém, é francamente transitório. Gradativamente, reaveremos o domínio de nossas
reminiscências...
André Luiz – E a Vida Continua – Cap. 11
É preciso grande equilíbrio para podermos recordar, edificando. Em geral, todos temos
erros clamorosos, nos ciclos da vida eterna. Quem lembra o crime cometido costuma
considerar-se o mais desventurado do Universo; e quem recorda o crime de que foi vítima,
considera-se em conta de infeliz, do mesmo modo.
Portanto, somente a alma muito segura de si recebe tais atributos como realização
espontânea. As demais são devidamente controladas no domínio das reminiscências e, se tentam
burlar esse dispositivo da lei, não raro tendem ao desequilíbrio e à loucura.
André Luiz – Nosso Lar - Cap. 21
30
Recordações de Vidas Passadas
Os Espíritos que na vida física atendem aos seus deveres com exatidão, retomam
pacificamente os domínios da memória, tão logo se desenfaixam do corpo denso, reentrando
em comunhão com os laços nobres e dignos que os aguardam na Vida Superior, para a
continuidade do serviço de aperfeiçoamento e sublimação que lhes diz respeito contudo, para
nós consciências intranquilas, a morte no veículo carnal não exprime libertação.
Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível de
nossas culpas; e a culpa, meu amigo, é sempre uma nesga de sombra eclipsando-nos a visão.
Nossas faculdades mnemônicas, relativamente às nossas quedas morais, assemelham-
se, de certo modo, às conhecidas chapas fotográficas, as quais, se não forem convenientemente
protegidas, sempre se inutilizam.
Imaginemos a mente como sendo um lago. Se as águas se acham pacificadas e límpidas,
a luz do firmamento pode retratar-se nele com segurança. Mas, se as águas vivem revoltas, as
imagens se perdem ao quebro das ondas móveis, principalmente quando o lodo acumulado no
fundo aparece à superfície.
A rigor, somos aqui, nas zonas inferiores, seres humanos muito distantes da renovação
espiritual, não obstante desencarnados.
Observe a realidade em si mesmo, o pensamento que vive preso aos sítios e paisagens
de que, pela morte, supostamente se desvencilhou. Em pleno caminho da espiritualidade, se
identifica com as escuras reminiscências que permanecem ao longe, no tempo: o lar, a família,
os compromissos imperfeitamente solucionados... Tudo isso é lastro, inclinando a sua mente
para o mundo físico, onde nossos débitos reclamam sacrifício e pagamento.
Sob a hipnose nossa memória pode regredir e recuperar-se por momentos. Isso, porém,
é um fenômeno de compulsão... E em tudo convém satisfazer à sabedoria da Natureza.
Libertemos o espelho da mente que jaz sob a lama... do arrependimento, do remorso e
da culpa, e esse espelho divino refletirá o Sol com todo o esplendor de sua pureza.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 2
31
Recordações de Vidas Passadas
2.9 Yvonne Pereira
A lei divina, que rege a condição do ser encarnado na Terra, estabeleceu o
esquecimento das migrações pretéritas, por se tratar do que mais convém ao comum das
criaturas, sendo mesmo essa a situação normal de cada ser, e, assim sendo, o fato de recordar
produzirá choques morais por vezes intensos, na personalidade que assim se destaca,
acarretando anormalidades que variam de grau, conforme a situação moral ou consciencial de
cada um, pois só quem realmente recorda o próprio passado reencarnatório, no qual faliu, estará
capacitado a compreender o desequilíbrio e a amargura que tal situação provoca.
Ao que parece, o fato de recordar existências passadas constitui provação para as
criaturas comuns, ainda pouco evolvidas, ou concessão ao mérito, nas de ordem mais elevada
na escala moral.
(...)
Cumpre, porém, advertir que, nestas páginas, tratamos de recordações diretas que o
indivíduo possa ter de suas migrações terrestres do pretérito e não de revelações
transmitidas por possíveis médiuns.
Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade – Cap. 3
Os fatos capitais da existência humana: provações, testemunhos, reparações, etc., foram
delineados, com efeito, até certo limite, como o revela a Doutrina Espírita, antes da
reencarnação.
Nós próprios, se pretendentes lúcidos à reencarnação, coparticipamos da elaboração do
programa que deveremos viver na Terra, e, portanto, a ciência de certos acontecimentos a se
desenrolarem em torno de nós, ou conosco, ficará arquivada em nossa consciência profunda,
ou subconsciência.
Durante a vigília ou vida normal de relação, tudo jazerá esquecido, calcado nas
profundidades da nossa alma. Mas, advindo a relativa liberdade motivada pelo sono,
poderemos lembrar-nos de muita coisa e os fatos a se realizarem em futuro próximo serão
vistos com maior ou menor clareza, e, ao despertarmos, teremos sonhado o que então virá a ser
considerado o aviso, ou a premonição.
Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Cap. 9
32
Recordações de Vidas Passadas
2.10 Martins Peralva
A plena recordação do passado, em seus pequenos detalhes, apresentaria vários
inconvenientes para o Espírito, entre os quais enumeraríamos os seguintes:
1)— Cultivo de ideias errôneas e sistemáticas
2)— Exaltação, em certos casos, do orgulho desmedido e avassalador
3)— Recordações humilhantes, a provocar desequilíbrios geradores da revolta
4)— Manutenção de preconceitos raciais, sociais, religiosos, etc.
5)— Perturbações na vida contingente, no lar e na sociedade, com os inconvenientes do
desestimulo e a intensificação de compreensíveis dificuldades.
(...)
No capítulo das lembranças provocadas, compulsórias, verifica-se um processo
magnético de retomo às faixas do pretérito, pela alteração vibracional do perispírito, que se
compõe de imagens superpostas, à maneira das camadas geológicas que permitem o estudo,
científico, dos fenômenos que marcam a evolução do nosso globo, contando-lhe a história
muitas vezes milenária.
Operações psíquicas, realizadas por entidades especializadas, na região do cérebro,
promovem o retorno do Espírito a ocorrências perdidas no tempo — diríamos melhor:
esquecidas no tempo —, e que a memória ocultara, generosamente, caracterizando o fenômeno
da criptomnesia, magnificamente estudado por Ernesto Bozzano e outros eminentes cientistas,
quando a Doutrina Espírita, nascendo na França, acendia, na face conturbada de nosso mundo,
suas primeiras luzes.
Martins Peralva – O Pensamento de Emmanuel – Cap. O ontem, no Hoje
33
Recordações de Vidas Passadas
3 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – 2024 – 40 anos
3.1 Entrevistando Yvonne Pereira (1900/1984)
(...) Narrarás o que a ti mesma sucedeu, como médium, desde o teu nascimento. Nada
mais será necessário. Serás assistida pelos superiores do Além durante o decorrer das
exposições, que por eles serão selecionadas das tuas recordações pessoais, e escreverás sob o
influxo da inspiração.
Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Introdução
(...)
Cumpre, porém, advertir que, nestas páginas, tratamos de recordações diretas que o
indivíduo possa ter de suas migrações terrestres do pretérito e não de revelações
transmitidas por possíveis médiuns.
YVONNE PEREIRA – Recordações da Mediunidade – Cap. 3
“Obrigada, meu Deus, pela bênção da mediunidade que me concedeste como ensejo
para a reabilitação do meu espírito culpado.
A chama imaculada que do Alto me mandaste, com a revelação dos pontos da tua
Doutrina, a mim confiados para desenvolver e aplicar, eu tá devolvo, no fim da tarefa
cumprida, pura e imaculada conforme a recebi : ameia e respeitei-a sempre, não a adulterei
com idéias pessoais porque me renovei com ela a fim de servi-la; não a conspurquei, dela me
servindo para incentivo às próprias paixões, nem negligenciei no seu cultivo para benefício do
próximo, porque todos os meus recursos pessoais utilizei na sua aplicação”.
YVONNE PEREIRA - Recordações da Mediunidade – Introdução - Rio de Janeiro,
29/Junho/1966
34
Recordações de Vidas Passadas
3.1.1 Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores?
A lei divina, que rege a condição do ser encarnado na Terra, estabeleceu o
esquecimento das migrações pretéritas, por se tratar do que mais convém ao comum das
criaturas, sendo mesmo essa a situação normal de cada ser, e, assim sendo, o fato de recordar
produzirá choques morais por vezes intensos, na personalidade que assim se destaca,
acarretando anormalidades que variam de grau, conforme a situação moral ou consciencial de
cada um, pois só quem realmente recorda o próprio passado reencarnatório, no qual faliu, estará
capacitado a compreender o desequilíbrio e a amargura que tal situação provoca.
Ao que parece, o fato de recordar existências passadas constitui provação para as
criaturas comuns, ainda pouco evolvidas, ou concessão ao mérito, nas de ordem mais elevada
na escala moral.
(...)
Cumpre, porém, advertir que, nestas páginas, tratamos de recordações diretas que o
indivíduo possa ter de suas migrações terrestres do pretérito e não de revelações transmitidas
por possíveis médiuns.
Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Cap. 3
(...)
“Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que faziam. Se se lhes
permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias revelações fariam sobre o passado”.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos: Perg. 395
(...)
Incontáveis pessoas se hão surpreendido em face das lembranças das vidas
passadas, em que mergulham inconscientemente, experimentando nas evocações os estados
emocionais característicos das personagens que antes animaram.
Da sistemática recordação, com os sucessivos mergulhos nas lembranças do passado,
muitos têm sido vítima de distonias de vária ordem, perturbando-se, sem conseguirem
estabelecer os limites entre os fatos de uma e de outra existência: a do passado, que retorna
vigorosa, e a do presente, que se vai submetendo ao impositivo da outra.
Na vida infantil, porque o espírito ainda se encontra em processo de fixação total nas
células, apropriando-se do campo somático, a pouco e pouco, surgem frequentemente nos
diversos campos da Arte, da Filosofia, da Ciência e da Religião os que externam precocidade
surpreendente, revelando conhecimentos superiores aos do tempo em que vivem ou
recordando os ensinamentos aprendidos anteriormente.
35
Recordações de Vidas Passadas
A memória da aprendizagem e dos fatos não se perde nunca, pois que esta não é
património das células cerebrais, que as traduzem, estando incorporada ao períspirito, que a
fixa, acumulando as experiências das múltiplas existências, mediante as quais o Espírito
evolute, nas diversas faixas que se lhe fazem necessárias.
Joanna de Angelis – Estudos Espíritas: Cap. 8
(...)
Os fatos capitais da existência humana: provações, testemunhos, reparações, etc., foram
delineados, com efeito, até certo limite, como o revela a Doutrina Espírita, antes da
reencarnação.
Nós próprios, se pretendentes lúcidos à reencarnação, coparticipamos da elaboração do
programa que deveremos viver na Terra, e, portanto, a ciência de certos acontecimentos a se
desenrolarem em torno de nós, ou conosco, ficará arquivada em nossa consciência profunda,
ou subconsciência.
Durante a vigília ou vida normal de relação, tudo jazerá esquecido, calcado nas
profundidades da nossa alma. Mas, advindo a relativa liberdade motivada pelo sono,
poderemos lembrar-nos de muita coisa e os fatos a se realizarem em futuro próximo serão
vistos com maior ou menor clareza, e, ao despertarmos, teremos sonhado o que então virá a ser
considerado o aviso, ou a premonição.
Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Cap. 9
(...)
Eu me admirava, pois, de notar ao meu lado, de quando em vez, a título de ajuda e
proteção, a figura espiritual de um índio brasileiro, jovem e gentil, aparentando dezoito a vinte
anos de idade, cujo semblante apresentava melancolia profunda, enquanto as atitudes eram
sempre discretas e afetuosas.
Por várias vezes encontrei certa semelhança fisionômica nele com certas tias avós
minhas, que eu bem conhecera, mas o fato não me preocupou, passando pela minha mente com
rapidez, sem deixar qualquer rastro de deduções.
Como Espírito desencarnado, porém, a dita entidade não perdera ainda, talvez por ser
essa a sua própria vontade, ou talvez por impossibilidades acima da minha capacidade de
apreciação, não perdera ainda o complexo mental da última encarnação terrena, pois o seu
aspecto era o do comum dos índios brasileiros, discretamente enfeitado com plumagens de aves
e flechas coloridas, e os cabelos compridos caídos pelos ombros revelando antiga raça dos
nossos nativos. Sua configuração espiritual, por isso mesmo, nada apresentava de tênue à minha
visão, quer durante os transes mediúnicos quer em vigília.
36
Recordações de Vidas Passadas
Dir-se-ia antes bem sólida e reluzente, semi-desnuda e morena, tal como fora o corpo
material. E, de tanto ver esse amigo espiritual e ser por ele socorrida acabei por estimá-lo
sinceramente e sua lembrança tornou-se querida ao meu coração, que se enternecia meditando
no fato.
Dava-me ele a impressão de que, quando homem, sua voz seria de timbre baixo e seu
palavreado pausado, pois era assim que agora eu o compreendia, mesmo durante a vigília.
No entanto, conforme ficou dito mais acima, jamais me falou em linguagem abastardada
e sim naturalmente, conquanto o fizesse poucas vezes.
De certa feita perguntei-lhe o nome, para que o amasse melhor e melhor orasse por ele,
por atender a uma sua própria solicitação, pois, conforme tenho declarado algures, não gosto
de tratar com Espíritos anônimos. Mas ele deu de ombros, sorriu tristemente e respondeu num
gesto gracioso, como desejando desvencilhar-se de uma impertinência:
— José... Chamo-me José...
(...)
Entrementes, fui informada últimamente, pelo mesmo amigo «José», a quem supunha
desconhecido, de que ele próprio pertencera à tribo de índios Goitacases, do Brasil, e que a mim
mesma se ligava não apenas por laços de simpatia espiritual, mas ainda pelos de sangue, pois
ele fora o irmão mais velho de minha bisavó, revelação que me surpreendeu e chocou
sobremodo, pois, com efeito, eu jamais me detivera a pensar na antiga parentela que vivera nas
matas fluminenses.
Revelou ainda, levando minha surpresa ao assombro, que nossa ligação espiritual data
de séculos, pois ele próprio não era Espírito primitivo; que já vivera, reencarnado, em outros
climas e outras civilizações, e que seu banimento espiritual para as matas fora ocasionado pela
detenção do livre arbítrio, punição pela longa série de erros e infrações cometidos contra as leis
de Deus.
E que tal punição o humilhara tanto, diante da própria consciência e dos amigos de
longas eras, que agora decidira reabilitar-se, a despeito de todos os sacrifícios impostos pela
expiação.
E mais, que esse é o tipo de punição mais doloroso e vergonhoso para um Espírito,
porque equivalente ao banimento para planetas primitivos, pois a mata é, do mesmo modo, um
mundo primitivo onde existe choro e ranger de dentes. E acrescentou:
— Não avalias, minha filhinha, o que é o sofrimento íntimo de um indígena das matas,
que já viveu, em existências anteriores, entre civilizados.
37
Recordações de Vidas Passadas
Pode-se dizer que ele não esqueceu aquele passado, pois este palpita ainda dentro dele
e se exterioriza em sonhos, aspirações e intuições. Daí, muitas vezes, a sua decantada tristeza e
nostalgia e até neurastenia...
— Se já foste civilizado, como encarnado, porque conservas, agora, a configuração
indígena, que é tão primitiva?
Não é tempo de corrigir os complexos mentais?... Ou as antigas existências são hoje
odiosas às tuas recordações, e por isso preferes a aparência indígena?... — ousei perguntar,
valendo-me do direito que a prática do Espiritismo faculta para instrução doutrinária.
— Sim — respondeu —, a atual aparência é-me mais grata, porque não posso
desaparecer de mim mesmo, sou eterno e há necessidade de que eu seja alguma coisa
individualizada...
Foi como indígena brasileiro que iniciei a série de reparações das faltas cometidas no
setor civilizado.
Mas, ainda que eu desejasse modificar a minha aparência, não o poderia, por uma
questão de pudor e honradez. Como aparecer a mim mesmo ou a outrem com a personalidade
de um déspota, um tirano, um celerado, um traidor?
Terei de desempenhar longa série de tarefas nobres, nos setores obscuros que me
couberem, em desagravo aos males outrora causados no setor civilizado...
A punição continua, ainda não estou liberto do pecado...
Daí o meu antigo pedido à tua bondade, para que rogasses a Deus por mim...
— Quem te vem punindo, Deus? — voltei a indagar.
— Oh, como podes julgar que Deus pune alguém? Quem me pune sou eu mesmo, é a
lei de causa e efeito, é a minha consciência, o desajuste em que me sinto à frente da harmonia
universal...
Yvonne Pereira – Recordações da mediunidade – Cap. 7 – O Amigo Ignorado
38
Recordações de Vidas Passadas
(...)
Animados sejamos da certeza de que o Senhor dará ao servidor as energias que
precisa, suprindo-lhe as carências de toda a sorte. Pede-lhe apenas firmeza de propósitos,
fidelidade à Doutrina, seu estudo e a prática cotidiana da moral evangélica, cuja vivência será
a realidade o único marco de distinção entre os espíritas-cristãos e os demais companheiros de
lutas.
Precisamos todos uns dos outros, e todos, inegavelmente todos, precisamos
do Evangelho como guia de nossas práticas e atividades dentro da Seara. Nele encontraremos,
chorando e sofrendo, mas persistindo sempre na decisão realizada, a superar o mundo de
erros, paixões e crimes que vivências criminosas geraram para todos nós.
Yvonne Pereira – Reformador: No
1.864/Julho/1984 (Mensagem
pós-desencarne recebida em 22/03/1984 – FEB/RJ)
(...)
Pacifiquemo-nos, se queremos a paz.
Pensemos moralizadamente e seremos, para nós, os próprios intermediários do passe.
Pratiquemos a caridade, perdoando as ofensas, saciando a fome alheia, do corpo ou do
Espírito, e, de acordo com os nossos merecimentos, o socorro almejado, a graça solicitada
serão alcançados.
Lembremo-nos sempre de que o Mestre sabe exatamente do que precisamos ou do
que merecemos.
Busquemos, pois, na Boa Nova o agente libertador. Vivamo-la, e pouco a pouco, pela
nossa renovação à luz do Evangelho, galgaremos com brilho um novo degrau na escala
evolutiva, conquista que a nós, exclusivamente a nós, compete realizar.
Que a paz do Senhor esteja com todos, agora e sempre.
A amiga e companheira,
Yvonne Pereira – (Mensagem pós-desencarne recebida em 01/02/1985 – FEB/RJ.)
39
Recordações de Vidas Passadas
3.2 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Vidas no Tempo
3.2.1 Lygia/40 dC/Pérsia
Por esse tempo, Jesus Cristo já tinha sido crucificado e sua mensagem começava a se
espalhar pela Europa epela Ásia.
Não muito distante do local onde se deu o calvário do Mestre, existia um desconhecido
reino no Oriente, governado por um belo príncipe, homem temido e impiedoso, extremamente
rigoroso com seu povo, indiferente às quinze esposas que possuía, alguém bastante solitário.
Seu nome era Sakaran (Charles).
Tinha um servo, desuainteira confiança, que seconvertera ao cristianismo e a todo custo
tentava trazer o soberano para a crença libertadora. Eviu aoportunidade nascer na figura deuma
bela jovem chamada Lygia, de dezoito primaveras, que muito o amava e desejava.
Estava próximo o aniversário do príncipe, e, na tentativa de sensibilizar o coração de
Sakaran, seu servo resolveu oferecer-lhe Lygia como presente, segundo o costume da época,
acreditando quea força doamor daquelajovem seriasuperior àmelancolia de tão belo homem.
Num momento especial, no meio da festa, Lygia invadiu o salão, bailando eespargindo
encanto. Como que hipnotizado, Sakaran não tirava dela os olhos, até que, em evoluções
variadas, Lygia foi sentar-se ao seu lado, numa cadeira até então reservada para a sua eleita.
Encontravam-se, então,almasquecontinuariam juntas através dos séculos, unidas por um amor
capaz de mover céus e terras...
Casam-se, posteriormente ela é envenenada e morre – ele em desespero se suicida.
Sakaran se reencarna no seu próprio Reino como mendigo e leproso – torna-se cristão
e nos séculos seguintes (por todo o transcurso da Idade Média, na Europa e no Oriente) evolui
substancialmente mais que Lygia.
Charles - Sublimação – Cap. 5/Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
40
Recordações de Vidas Passadas
3.2.2 Ruth/1570/França
Depois de passarem por desencontros e experiências variadas SakaraneLygiatornarama
seencontrar.OcenáriofoiaFrança, às margens do Reno, em plena Reforma Luterana, no século
XVI. Sakaran,então,eraCarlosFilipeII,médicoepregador protestante;LygiaeraRuth-Carolina,
suairmã,jovem eimatura.
Nascidos no seio de uma família de prestígio na sociedade francesa, eram
protestantes convictos. Vivia m a época das grandes perseguições aos huguenotes (como
eram chamados os protestantes naquela época), e eles e sua família contavam-se no
número dos que abraçara m de bom coração as ideias revolucionárias de Lutero.
Carlos era o primogênito, enquanto Ruth, jovem de dezoito anos, era a caçula.
Sempre venerada pelo irmão mais velho, devido aos laços do pretérito, dele recebeu
educação requintada, sendo pelo mesmo orientada nos princípios do Evangelho. Viviam
em paz, até que os reflexos da matança de São Bartolomeu chegaram até a Renânia.
Certo dia, informado do trabalho filantrópico que desenvolvia aquela família sob a
égide da Reforma, Luís de Narbone, jovem, altivo e fidelíssimo aos preceitos católicos,
chamado o Capitão da Fé e comprometido com o massacre dos huguenotes, enviou a Carlos
Filipe II uma correspondência, o n d e dizia que sua família deveria sair do solo francês;
caso contrário, seriam mortos. Dispostos a sacrificarem a própria vida pelo Evangelho,
como os primeiros cristãos, eles decidiram permanecer na terra de seus antepassados, que
tantos serviços prestaram à coroa. Demandaram, porém, exilar Ruth em casa interiorana de
Otília de Louvigny, a jovem nobre com quem Carlos deveria se casar.
Dias após a partida de Ruth, o Capitão da Fé invadiu com sua tropa aquela
propriedade, surpreendendo-os em pleno culto evangélico, trucidando a todos que ali se
encontravam, inclusive aldeões que comungavam da mesma crença. Fê-lo, porém, com
certo receio, pois algo dentro de si dizia que conhecia aquelas pessoas e que lhe eram muito
caras. Só muito tempo depois é que Luís saberia que aquela era, de fato, a sua verdadeira
família espiritual, de quem se vira apartado por uma contingência evolutiva.
Dois meses após o trágico massacre, Otília de Louvigny sucumbiria nos braços de
Ruth, vítima de grave enfermidade. Mas antes do último suspiro, selou com ela um terrível
pacto: após a sua morte, Ruth tomaria seu nome (posto que Otília ainda não fora
apresentada à sociedade francesa, como era costume), iria para Paris, conquistaria o
Capitão da Fé para, em seguida, desgraçá-lo. Seria a vingança.
41
Recordações de Vidas Passadas
Tão logo chegou a Paris, Ruth, agora Otília, avistou-se com Narbone, tendo este se
apaixonado à primeira vista. Ela era muito bela, capaz de apaixonar qualquer coração
idealista, como o dele. Envolvendo-o num intenso clima de sedução, Ruth, fingindo-se
católica, fê-lo abdicar dos votos ao sacerdócio, que era pretensão do jovem e do pai adotivo
do cavaleiro, um respeitado sacerdote francês.
A partir de então, ela traçou um terrível plano. Marcou uma entrevista com a rainha
Catarina de Médicis que, compreendendo os planos da jovem, resolveu ajudá-la na
vingança. Isso porque Catarina sabia que Luís era filho bastardo do falecido rei, seu marido,
o que para ela representava uma ameaça, visto que quem reinava era seu filho, Carlos IX.
Portanto, tinha todo interesse em retirar Luís de Narbone de seu caminho.
Após conquistar o apoio da rainha, Ruth conseguiu casar-se com o jovem,
conquistando-lhe a confiança. E, após um breve tempo de casados, armou uma terrível
cilada: enviou um bilhete a Catarina afirmando que o Capitão da Fé conspirava contra a
coroa e que, em breve, iria entregá-lo para a devida punição.
Ao passo que Catarina recebia a correspondência e tomava providências, Ruth
acabava de ser descoberta pelo pai adotivo de Luís e por um seu companheiro de cavalaria.
Eles tentaram alertar o Capitão da Fé sobre a verdadeira identidade de Ruth.
Descobrindo a farsa, Luís pareceu enlouquecer.Amava verdadeiramente aquela mulher
e tudo faria para conservá-la ao seu lado. Percebendo a possibilidade de escapar às
consequências de seus atos, Ruth mostrou-se arrependida.
O Capitão da Fé, convencido do arrependimento de sua amada, almejou vida nova,
decidindo ir com ela para uma Igreja a confessarem-se, de modo a verem-se livres dos seus
pecados.
Porém, enquanto ele permanecia no confessionário, Ruth fugia para aAlemanha. Antes
de fazê-lo, porém, deixou-lhe uma carta, dizendo que fora chamada às pressas à presença de
Catarina, o que representava a sentença de morte do cavaleiro.
Dirigindo-se para o palácio real, Luís foi aprisionado e lançado em fétida cela, onde
pereceu após largo período de cárcere, esquecido do mundo, tristemente a t r a i ç o a d o .
Na Alemanha, em estado de quase loucura, dez anos após, morreu Ruth, alucinada
pelos remorsos que carregava dentro de si, carreando, também, um destino que somente
séculos de sofrimentos seria capaz de lapidar.
Charles – Nas Voragens do Pecado /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap.
2
42
Recordações de Vidas Passadas
3.2.3 Berthe/1680/Belgica
Na existência imediata, quando animou a personalidade de Berth de Soumerville,
profundas foram suas privações, teve a proteção e orientação do Padre e professor
Antoine Thomas (Sakaran/Felipe II/Charles reencarnado), mas insuficientes para
conseguir conter seu gênio forte e arredio. Insubmissa às leis de Deus, novamente
envolveu-se em difíceis dramas, atingindo seu esposo Henri de Numiers, o antigo Luís de
Narbone que, profundamente ferido por ela, suicidou-se.
Charles – Cavaleiro Numiers /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
43
Recordações de Vidas Passadas
3.2.4 Andrea/1790/França
Na existênciaseguinte,novamente na França,ela,chamada Andrea de Guzman, irmã
daquele mesmo Carlos Filipe II (Victor de Guzman nesta encarnação) e prima de Luís de
Narbone (Arthur de Evreuxs nesta vida), não conseguiu render-se aos apelos constantes
do amor e da renúncia. Afetivamente imatura, comprometeu-se aindamais,nãoresistindo
aopeso dasprovações e suicidando-se pelaprimeiravez.
Charles – Drama da Bretanha /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
44
Recordações de Vidas Passadas
3.2.5 Nina/1830/Espanha
Como a reencarnação de um suicida não é das melhores, conforme seus próprios escritos,
ela retornou como uma cigana que vivia e dançava pelas ruas de Madrid, Barcelona e Sevilha.
Verdadeiramente humilhadaeexplorada,suaexistência eraduraepenosa.
Num momento mágico, em que o passado remoto do Oriente se cruzava com a
segunda metade do então século XIX, Sakaran, reencarnado como o médico filantropo
Ramiro de Montalban, durante um passeio noturno avistou a sua mesma Lygia de outrora, agora
Nina, dançando para divertir um grupo de beberrões. Porque as lembranças do pretérito o
sacudissem e o amor sublime renascesse em seu coração, Ramiro correu a retirar a dançarina
dali, notando-a exausta e profundamente doente.
A partir de então, Ramiro buscou dela cuidar, dando-lhe todo amparo de que
necessitava, mas o dela era um destino desventurado.
Devido a uma série de contratempos, Nina veio a ser banida da casa daquele a quem
tanto amava, morrendo feito mendiga às portas de seu palácio.
Charles – Sublimação – Cap. 6 /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
45
Recordações de Vidas Passadas
3.2.6 Leila/1860/Portugal
Nina reencarnaria, em breve tempo, como filha do mesmo Ramiro, que é conhecido
por todos como Charles, oguia prestimoso. Ela novamente casou comoantigo Luís de Narbone,
que se chamava Roberto de Canallejas, médico nesta existência. Viveram em Portugal por
esse tempo.
Juntos, tiveram uma filha, que atendia por Lelita. Roberto, contraiu tuberculose
em virtude do trabalho que desenvolvia - dedicava-se à descoberta da cura para aquela doença,
médico que era. A filha Lelita, também contaminada, morreu com cinco anos de idade, Roberto
deixou-se morrer de desgosto, não tentando curar-se da doença.
Bastante desgostosa da vida, julgando-se culpada pela sorte dos seus entes queridos,
Yvonne, que se chamava Leila, ignorando o carinho e os conselhos do sempre amado pai
Ramiro (Charles), mais uma vez jogou-se de cima de uma ribanceira, agora sobre o rio Tejo.
Mais uma vez praticava o suicídio.
Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade – Cap. 3 / Yvonne Pereira uma
heroína silenciosa – Cap. 2
46
Recordações de Vidas Passadas
3.2.7 Yvonne/1900/Brasil
Nos primeiros dias de março do ano de 1984, Yvonne afirmara que não valeria a pena o
trabalho de colocação de um marca-passo. Contudo, submeteu-se à cirurgia de emergência, à
qual não resistiu, desencarnando.
Retornou assim, ao Mundo Espiritual, uma das mais respeitáveis médiuns do
Movimento Espírita Brasileiro, Yvonne do Amaral Pereira, às 22 horas do dia 9 de março
daquele ano, após um longo período de atividades na causa espírita.
Nascida na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, atual Rio das Flores, no Sul
fluminense, no dia 24 de dezembro de 1900, familiarmente, atendia pelo nome afetivo de Tuti.
Aos 5 anos de idade, não somente via, mas conversava com os espíritos. Aos 12 anos,
colocaram-lhe nas mãos a obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que ela passaria a ler
diariamente.
Aos 13 anos, escrevia com desenvoltura e estudava sozinha, alcançando as horas da
madrugada.
Sua vida é uma epopeia de renúncias. Desejava estudar piano e chegou a dedilhar o
teclado. Mas, a pobreza de seus pais lhe impediu o acesso aos estudos que a pudessem habilitar
à prática musical.
Desejava tornar-se professora, mas por dificuldades econômicas, também não lhe foi
possível frequentar o Curso Normal, que almejava. Lia autores nacionais e internacionais, como
Bernardo Guimarães, José de Alencar, Goethe e Conan Doyle, ilustrando-se de contínuo.
Os trabalhos em prosa e verso que escreveu, sob a tutela espiritual de Roberto de
Canallejas (espírito), desde os 12 anos, foram publicados na imprensa mineira, paulista e
fluminense, em jornais diversos. Posteriormente, a Revista Reformador da Federação Espírita
Brasileira igualmente os publicou.
Mais tarde, em período compreendido entre 1963 e 1982, Yvonne adotou
o pseudônimo de Frederico Francisco e publicou notáveis escritos na mesma Revista.
Yvonne, além de médium psicofônica, psicógrafa, gozava das faculdades mediúnicas
de desdobramento, materialização e de curas. Nas localidades onde viveu, sempre deu a sua
contribuição nos Centros Espíritas, como bibliotecária, secretária, vice-presidente,
evangelizadora, palestrante.
Durante 44 anos, subiu à tribuna espírita, em cinco das seis cidades em que residiu.
No ano de 1979, nos meses de setembro a dezembro, a Revista Reformador publicou
substancioso texto de Yvonne, onde ela narra algumas de suas experiências reencarnatórias,
que culminam na encarnação que findou no Brasil, no ano de 1984.
47
Recordações de Vidas Passadas
A Societo Lorenz, no ano 2000, sintetizou em um livreto os quatro artigos, que
chegaram a ocupar as páginas do jornal Mundo Espírita, e o publicou com o título “Um caso
de reencarnação - Eu e Roberto de Canallejas”.
Nessas poucas páginas Yvonne relata a reencarnação de Roberto, na Polônia, quando
ela já em idade madura, o localiza através de um grupo que trocava postais usando o Esperanto
(idioma que os espíritos utilizaram para ditar alguns de seus livros).
Nesta narrativa comovente, a relação entre a médium e Roberto é detalhada, desvelada.
Yvonne nos revela a presença de Roberto desde a sua infância, passando pela adolescência,
quando a seguia como espírito, a despedida dele ao retornar a Terra, até o vínculo com um
“desconhecido” Z. P (ela não revela o nome) que é o próprio Roberto, vivendo na Polônia
distante.
A transmutação do amor humano, carnal, em amor espiritual, profundo, abrangente foi
para ela uma luta diária consigo mesma. O sofrimento ao sabê-lo encarnado, visitá-lo
espiritualmente, e posteriormente quando em 1976 ele esteve no Brasil renunciar a vê-lo em
pessoa foi sua “prova de fogo”, que lhe exigiu renúncia extrema.
FEP - Jornal Mundo Espírita – 2004 - Março
48
Recordações de Vidas Passadas
YVONNE PEREIRA – Vidas no Tempo
3
NOME LYGIA RUTH BERTHE ANDREA NINA LEILA YVONNE
ÉPOCA 40 DC
Cristianismo
1570
Huguenotes
1680
Luiz XIV
1790
Revolução Francesa
1830 1860 1900
LOCAL Pérsia França
(Paris)
Bélgica
(Bruges)
França
(Bretanha)
Espanha
(Madrid)
Portugal
(Lisboa)
Brasil
(Rio)
RELAÇÕES Sakaran
• Esposo
• Príncipe
(suicida-se)
Carlos Filipe II
• Irmão
• Médico
Luis de Narbone
• Esposo
• Militar
Antoine Thomas
• Protetor
• Padre/
(Professor)
Henry Numiers
• Esposo
(suicida-se)
Victor de Guzman
• Irmão
Arthur de Evreuxs
• Primo
(paralítico)
Ramiro
• Protetor
• Médico
Ramiro
• Pai
• Médico
Roberto
• Esposo
(suicida
indireto)
Charles
• Mentor
Roberto
• Mentor
• “Amigo”
ZP-polonês
LIVRO
Autor
Edição
Sublimação
Cap. 5
Charles
1973
Nas Voragens do
Pecado
Charles
1960
O Cavaleiro
Numiers
Roberto/Charles
1973/1925
O Drama da
Bretanha
Roberto/Charles
1973/1924
Sublimação
Cap. 6
Charles
1973
Recordações
da Mediunidade
Cap. 3
Yvonne
1966
Um caso de
Reencarnação
Yvonne
2000
MORTE 1º Suicídio 2º Suicídio
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Recordações de Vidas Passadas_TEXTO_completo

  • 2. i Recordações de Vidas Passadas SUMÁRIO 1 Recordações de Vidas Passadas – Conceitos e Fundamentos .......................................1 1.1 Porque Esquecer? ......................................................................................................1 2 Recordações de Vidas Passadas – Visões Doutrinárias .................................................7 2.1 Allan Kardec ..............................................................................................................7 2.2 Manoel Philomeno de Miranda ................................................................................9 2.3 Hermínio de Miranda..............................................................................................12 2.4 Antônio Sampaio......................................................................................................13 2.5 Inácio Bittencourt ....................................................................................................14 2.6 Joanna de Angelis ....................................................................................................17 2.7 Emmanuel.................................................................................................................19 2.8 André Luiz................................................................................................................23 2.9 Yvonne Pereira.........................................................................................................31 2.10 Martins Peralva........................................................................................................32 3 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – 2024 – 40 anos..........................33 3.1 Entrevistando Yvonne Pereira (1900/1984)...........................................................33 3.1.1 Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores? ...........34 3.2 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Vidas no Tempo...............39 3.2.1 Lygia/40 dC/Pérsia .............................................................................................39 3.2.2 Ruth/1570/França ...............................................................................................40 3.2.3 Berthe/1680/Belgica...........................................................................................42 3.2.4 Andrea/1790/França ...........................................................................................43 3.2.5 Nina/1830/Espanha.............................................................................................44 3.2.6 Leila/1860/Portugal ............................................................................................45 3.2.7 Yvonne/1900/Brasil............................................................................................46 3.3 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Mensagens ........................49 3.3.1 Fidelidade à Doutrina – 1984 – Março...............................................................49 3.3.2 Compromisso Mediúnico – 1985 - Janeiro.........................................................50 3.3.3 Renovação à Luz do Espiritismo – 1985 - Fevereiro .........................................53 3.3.4 Doutrina Ímpar – 2008 - Junho ..........................................................................55 3.4 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Vida/Biografia..................59 4 Recordações de Vidas Passadas – Wallace Leal Rodrigues – 2024 – 100 anos .........63 4.1 Wallace Leal Rodrigues – Vida/Biografia .............................................................63 4.2 Wallace Leal Rodrigues – Recordações de Vidas Passadas - Um “Flashback”.74 4.3 Wallace Leal Rodrigues e as suas Vidas Passadas................................................77
  • 3. ii Recordações de Vidas Passadas 4.3.1 Madame de Stael ................................................................................................77 4.3.2 Sulpícia...............................................................................................................82 4.4 Wallace Leal Rodrigues – Artigos/Mensagens......................................................83 5 Recordações de Vidas Passadas – Hermínio de Miranda – 2023 – 10 anos.............114 5.1 Hermínio de Miranda – Vida/Biografia (1920/2013)..........................................114 5.2 Hermínio de Miranda e as suas Vidas Passadas .................................................124 5.2.1 1200 aC – Sacerdote no Antigo Egito ..............................................................125 5.2.2 1 dC – Barnabé (01/61) ....................................................................................126 5.2.3 1100 – Bernardo de Claraval (1090/1153) .......................................................128 5.2.4 1500 – Phillipp Melanchthon (1497/1560).......................................................130 5.2.5 1750 – Robert Browning (1781/1866) .............................................................132 6 Recordações de Vidas Passadas – Meimei – ...............................................................135 6.1 Meimei – Vida/Biografia (1922/1946)...................................................................135 6.2 Meimei – Recordações de Vidas Passadas - Análises .........................................143 6.3 Irma de Castro Rocha – Vidas no Tempo ...........................................................146 6.3.1 Irma de Castro – 1940 – Brasil.........................................................................146 6.3.2 Telena – Condessa Branicka – 1740 – Rússia..................................................148 6.3.3 Maria Del Pilar – Condessa de Alba – 1530 – Espanha...................................149 6.3.4 Germaine – 1300 – França ...............................................................................150 6.3.5 Gisele de Borgonha – 1200 – França................................................................151 6.3.6 Cecile de Buillon – 1100 – França ...................................................................152 6.3.7 Blandina – 260 – França...................................................................................154 6.3.8 Princesa Mabi – 800 aC – Babilônia ................................................................156 7 Recordações de Vidas Passadas – Santos Dumond....................................................160 7.1 Santos Dumont e a Doutrina Espírita..................................................................160 7.1.1 Julho/1876 – Silveiras/SP – Revista Reformador/FEB – A Predestinação de Santos Dumont................................................................................................................160 7.1.2 Julho/1936 – Pedro Leopoldo/MG – Francisco Cândido Xavier – Santos Dumont Trabalhador .......................................................................................................171 7.1.3 Santos Dumont e Clovis Tavares/Escola Jesus Cristo em Campos..................173 7.1.4 Santos Dumont e Nina Arueira/Escola Jesus Cristo na Espiritualidade...........176 7.1.5 30/Março/1940 – 1º Comunicação mediúnica de Nina, via Chico Xavier (5 anos após o seu desencarne)....................................................................................................179 7.1.6 30/Março/1944 – Mensagem de Auta de Souza dedicada a Nina, via Chico Xavier 181 7.2 Alberto Santos Dumont – A Visão Espiritual – 1932/1956/1973 .......................182 7.2.1 O Desencarne – Santos Dumont – 1932...........................................................182
  • 4. iii Recordações de Vidas Passadas 7.2.1.1 23/Julho/1932 – O Desencarne de Santos Dumont.......................................182 7.2.2 O Pós-desencarne – Santos Dumont/Lill – 1932/1956.....................................184 7.2.2.1 Julho/1934 – O “Sonho” de Nina Arueira ....................................................184 7.2.2.2 18/Março/1935 – Nina Arueira desencarna..................................................184 7.2.2.3 17/Outubro/1935 – Fundação na Espiritualidade da Escola Jesus Cristo.....186 7.2.2.4 27/Outubro/1935 – Fundação em Campos da Escola Jesus Cristo...............186 7.2.2.5 Julho/1936 – Santos Dumont trabalhador da Escola Jesus Cristo................187 7.2.2.6 21 de Fevereiro/1938 – Nina Arueira ressurge via mediunidade de Chico Xavier 187 7.2.2.7 Março/ 1944 – Santos Dumont/Lill o filho espiritual de Clovis/Nina..........188 7.2.2.8 20/Julho/ 1948 – Comunicação mediúnica de Santos Dumont ....................190 7.2.3 O Reencarne – Lill/Carlos Vitor Mussa Tavares – 1956/1973 ........................193 7.2.3.1 03/Março/ 1956 – Reencarne de Santos Dumont/Lill/Carlinhos..................193 7.2.4 10/Fevereiro/ 1973 – Desencarne de /Lill/Carlinhos........................................194 7.2.5 O Pós-desencarne – Carlos Vitor Mussa Tavares – 1973/1993 .......................195 7.2.5.1 21/Julho/ 1973 – 1º Comunicação mediúnica pós-desencarne de Lill/Carlinhos...............................................................................................................195 7.2.5.2 13/Abril/ 1984 – Desencarne de Clovis Tavares ..........................................198 7.2.5.3 6/Novembro/1993 – Ultima comunicação mediúnica de Carlinhos.............199 7.3 Alberto Santos Dumont – As Vidas Passadas e a Aviação.................................200 7.3.1 Joseph Montgolfier – 1740/1810......................................................................203 7.3.2 Bartolomeu de Gusmão – 1685/1724...............................................................206 7.4 Alberto Santos Dumont – Síntese.........................................................................208 7.4.1 A Ciência, o Progresso Tecnológico e o Ser Imortal .......................................209 7.4.2 O Entrelaçamento de Vidas e Invenções – Bartolomeu/Montgolfier/Santos Dumont 215 8 Recordações de Vidas Passadas – Síntese ...................................................................216 9 Referências.....................................................................................................................223
  • 5. 1 Recordações de Vidas Passadas 1 Recordações de Vidas Passadas – Conceitos e Fundamentos 1.1 Porque Esquecer? A lembrança viva de episódios vividos anteriormente traria vários inconvenientes, entre os quais relacionamos: 1- EVITAR A HUMILHAÇÃO OU EXALTAÇÃO DO ORGULHO A lembrança do passado teria inconvenientes graves. Poderia humilhar-nos estranhamente ou então exaltar o nosso orgulho, dificultando o exercício do nosso livre-arbítrio. Allan Kardec - Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5 2 - ENSEJAR SERMOS AUTÊNTICOS - SENHOR DE SI MESMO O homem não pode e não deve saber tudo; ficaria ofuscado como quem passa da obscuridade para a luz. Pelo esquecimento ele é mais senhor de si, é mais ele mesmo. Allan Kardec - Livro dos Espíritos – Perg. 392 3 - EVITAR ÓDIOS PERPÉTUOS Sem a paz do esquecimento, talvez a Terra deixasse de ser uma escola abençoada para ser um ninho abominável de ódios perpétuos. Emmanuel – Renúncia – Cap. 1 4 - PROPICIAR UM NOVO PONTO DE PARTIDA Livre da reminiscência de um passado inoportuno, viveis com mais liberdade; é para vós um novo ponto de partida. Allan Kardec - O Que é o Espiritismo – Cap. 1 5 - PREVENÇÃO DE ANGUSTIAS EMOTIVAS NO ESPÍRITO DESENCARNADO Quando somos fracos, somos favorecidos com o tratamento magnético que opera em nós o esquecimento. André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 15 6 - MINIMIZAÇÃO DE CONFLITOS NOS RECESSOS DO ESPÍRITO DESENCARNADO Sem a espessa amnésia quanto ao passado remoto que descansa nos porões da memória, somos então defrontados por velhos preconceitos que se nos entrechocam no íntimo, tombando despedaçados. André Luiz – Sexo e Destino – Cap. 1
  • 6. 2 Recordações de Vidas Passadas Se formos mesmo todos reencarnados, por que não nos lembramos das existências passadas? É uma questão intrigante, causa mesmo de dúvidas em muita gente. O esquecimento do passado (existências anteriores) indica a sabedoria de Deus. A lembrança viva de episódios vividos anteriormente traria vários inconvenientes, entre os quais relacionamos: a) poderia humilhar-nos intensamente, pela lembrança desagradável de muitos deslizes morais, especialmente quando envolvendo terceiros; b) exaltação do orgulho e da prepotência, em virtude de posições de destaque no passado; c) danosos efeitos nas relações sociais, pois se tivéssemos as nossas lembranças, teríamos a dos outros também; d) traumas continuariam impedindo condições de felicidade e progresso; e) ódios e vinganças estariam minando os relacionamentos e provocando novos agravamentos. Entre as inumeráveis vantagens, fruto da Sabedoria Divina – repetimos –, encontramos: a) oportunidade de recomeço, sem lembranças perturbadoras; b) o progresso efetuado permite-lhe, agora com mais lucidez, optar por novos aprendizados; c) reconciliação com antigos adversários sem que necessariamente haja o constrangimento das recordações que a poderiam impedir; d) superação de traumas passados em circunstâncias ora renovadas; e) novas vivências e aprendizados sem que o passado venha a importunar; f) aquisição de novas experiências sem qualquer ligação com o passado. Os que desconhecem o processo alegam que o esquecimento seria impeditivo para a reconstrução do próprio caminho, quando na verdade este apagar das lembranças significa verdadeira benção. Deus nos beneficia com o esquecimento, colocando como que um véu em nossa memória para que os erros e equívocos do passado não sejam amarras ou pesos que nos impeçam de construir ou reconstruir a própria felicidade. Por outro lado, se quisermos saber o que fomos ou fizemos antes desta existência, basta observar com atenção nossas tendências, habilidades, quedas morais, laços que nos ligam a certas pessoas e poderemos avaliar que tipo de procedimento ou vivência adotamos nas existências anteriores. Esta análise íntima permite corrigir os caminhos atuais. Orson Carrara
  • 8. 4 Recordações de Vidas Passadas O ESQUECIMENTO DO PASSADO, na realidade, é um entorpecimento… O QUE FOMOS ONTEM AINDA VIVE NO QUE SOMOS HOJE. Esquecemos detalhes do que fizemos de nós, mas não esquecemos o essencial que, do nosso inconsciente, interfere na nossa vida, como se estivéssemos debaixo de um processo auto-obsessivo… Chico Xavier - O Evangelho de Chico Xavier – Item 311 AS EMOÇÕES REENCARNAM JUNTO COM A PESSOA. Na dinâmica emocional, as vidas passadas respondem pelo maior acervo dos desencontros emocionais reeditados na vida atual. Costumamos dizer que o que se apaga das vidas passadas são os fatos, mas não a memória emocional dos fatos. Traumas de vidas anteriores reencarnam junto no nível emocional. Sérgio Luís da Silva Lopes – Revista A Reencarnação – No 425/2003: A Dinâmica Emocional nas Perturbações Obsessivas (...) Já viveste, quanto nós mesmos, vidas incontáveis e trazes, no bojo do espírito, as conquistas alcançadas em longo percurso de experiências na ronda de milênios. Tua mente já possui, nas criptas da memória, recursos enciclopédicos da cultura de todos os grandes centros do Planeta. Tuas irradiações, através das roupas que te serviram, já marcaram todos os salões da aristocracia e todos os círculos de penúria do plano terrestre. Tua figura já integrou os quadros do poder e da subalternidade em todas as nações. Tua voz já expressou o bem e o mal em todos os idiomas. Teu coração já pulsou ao ritmo de todas as paixões. Teus olhos já se deslumbraram diante de todos os espetáculos conhecidos, das trevas do horrível às magnificências do belo. Teus ouvidos já registraram todos os tipos de sons e linguagens existentes no mundo. Teus pulmões já respiraram o ar de todos os climas. Teu paladar já se banqueteou abusivamente nos acepipes de todos os povos. Tuas mãos já retiveram e dissiparam fortunas, constituídas por todos os padrões da moeda humana. Tua pele, em cores diversas, já foi beijada pelo Sol de todas as latitudes. Tua emoção já passou por todos os transes possíveis de renascimentos e mortes. Eis por que o Espiritismo te pergunta:
  • 9. 5 Recordações de Vidas Passadas – Não julgas que já é tempo de renovar? Sem renovação, que vale a vida humana? Se fosse para continuares repetindo aquilo que já foste e o que fizeste, não terias necessidade de novo corpo e de nova existência – prosseguirias de alma jungida à matéria gasta da encarnação precedente, enfeitando um jardim de cadáveres. Vives novamente na carne para o burilamento de teu Espírito. Perante o bem, quase sempre, temos sido somente constantes na inconstância e fiéis à infidelidade, esquecidos de que tudo se transforma, com exceção da necessidade de transformar. Militão Pacheco - O Espírito da Verdade – Cap. 33 Eu te gosto, você me gosta desde tempos imemoriais. Eu era grego, você troiana, troiana mas não Helena. Saí do cavalo de pau para matar seu irmão. Matei, brigamos, morremos. Virei soldado romano, perseguidor de cristãos. Na porta da catacumba encontrei-te novamente. Mas quando vi você nua caída na areia do circo e o leão que vinha vindo, dei um pulo desesperado e o leão comeu nós dois. Depois fui pirata mouro, flagelo da Tripolitânia. Toquei fogo na fragata onde você se escondia da fúria de meu bergantim. Mas quando ia te pegar e te fazer minha escrava, você fez o sinal da cruz e rasgou o peito a punhal… Me suicidei também.
  • 10. 6 Recordações de Vidas Passadas Depois (tempos mais amenos) fui cortesão de Versailles, espirituoso e devasso. Você cismou de ser freira… Pulei muro de convento mas complicações políticas nos levaram à guilhotina. Hoje sou moço moderno, remo, pulo, danço, boxo, tenho dinheiro no banco. Você é uma loura notável, boxa, dança, pula, rema. Seu pai é que não faz gosto. Mas depois de mil peripécias, eu, herói da Paramount, te abraço, beijo e casamos. Carlos Drummond de Andrade - Poema “Balada do Amor através das Idades” Não sei quantas almas tenho Cada momento mudei Continuamente me estranho Nunca me vi nem acabei. Fernando Pessoa - Novas Poesias Inéditas – Pag. 42
  • 11. 7 Recordações de Vidas Passadas 2 Recordações de Vidas Passadas – Visões Doutrinárias 2.1 Allan Kardec Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores? (...) Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que faziam. Se se lhes permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias revelações fariam sobre o passado. Allan Kardec - Livro dos Espíritos – Perg. 395 A lembrança da existência corporal vem-lhe pouco a pouco, qual imagem que surge gradualmente de uma névoa, à medida que nela fixa ele a sua atenção. Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 305 P. — Por que perde o Espírito encarnado a lembrança do seu passado? R. — Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido do seu passado ele é mais senhor de si. Allan Kardec - Livro dos Espíritos – Perg. 392 O esquecimento temporário é um benefício da Providência. A experiência, frequentemente, é adquirida em rudes provas e terríveis expiações, cuja lembrança seria muito penosa e viria aumentar as angústias das tribulações da vida presente. Se os sofrimentos da vida parecem longos, que seriam, pois, se sua duração fosse aumentada com as lembranças dos sofrimentos do passado? Vós, por exemplo, que haveis suportado por faltas que, atualmente, repugnariam a vossa consciência; ser-vos-ia agradável lembrar de ter sido enforcado por isso? A vergonha não vos perseguiria imaginando que o mundo sabe do mal que haveis feito? Que importa o que haveis podido fazer, e o que haveis podido suportar para expiar, se agora sois um homem estimável? Aos olhos do mundo sois um homem novo, e aos olhos de Deus um Espírito reabilitado. Livre da lembrança de um passado importuno, agireis com mais liberdade; é para vós um novo ponto de partida; vossas dívidas anteriores estão pagas, cabendo-vos não contrair novas dívidas. Assim, quantos homens gostariam de poder, durante a vida, lançar um véu sobre seus primeiros anos!
  • 12. 8 Recordações de Vidas Passadas Quantos disseram, ao fim de sua caminhada: "Se devesse recomeçar, eu não faria o que fiz"! Pois bem! o que eles não podem refazer nesta vida, refarão em outra; em uma nova existência seu Espírito trará, no estado de intuição, as boas resoluções que eles terão tomado. É assim que se cumpre, gradualmente, o progresso da Humanidade. Suponhamos, ainda, - o que é um caso muito comum - que em vossas relações, em vosso lar mesmo, se encontre um ser do qual tendes muitas queixas, que talvez vos arruinou ou desonrou em uma outra existência e que, Espírito arrependido, vem se encarnar em vosso meio, unir-se a vós pelos laços de família, para reparar o mal que vos fez pelo seu devotamento e sua afeição: ambos não estaríeis na mais falsa posição se, todos os dois, vos lembrásseis de vossas inimizades? Ao invés de se apaziguarem, os ódios se eternizariam. Concluí com isso que a lembrança do passado perturbaria as relações sociais e seria um entrave ao progresso. Quereis disso uma prova atual? Que um homem condenado às galeras tome a firme resolução de se tornar honesto; que ocorrerá em sua saída? Será repelido pela sociedade e essa repulsa, quase sempre o recoloca no vício. Suponhamos, ao contrário, que todo o mundo ignore seus antecedentes: ele será bem acolhido; se ele próprio pudesse esquecê-los, não seria por isso menos honesto e poderia andar de cabeça erguida ao invés de curvá-la sob a vergonha da recordação. Isso concorda perfeitamente com a doutrina dos Espíritos sobre os mundos superiores ao nosso. Nesses mundos, onde não reina senão o bem, a lembrança do passado nada tem de penosa; eis porque aí lembram-se de sua existência precedente como nos lembramos do que fizemos na véspera. Quanto à sua estada em mundos inferiores, ela não é mais que um sonho mau. Allan Kardec – O Que é o Espiritismo
  • 13. 9 Recordações de Vidas Passadas 2.2 Manoel Philomeno de Miranda A grave questão sobre o despertar dos Espíritos recém-desencarnados e a sua consequente recordação da experiência concluída merecem valiosas considerações. Pensam, muitas pessoas desinformadas e também alguns adeptos das fileiras espíritas, que o fenômeno morte, que despe o ser do seu invólucro material, igualmente concede-lhe, de imediato, lucidez e, consequentemente, conhecimento da sua situação na Erraticidade. De início, seja dito que não existem duas desencarnações iguais; por efeito, também não existem dois despertamentos idênticos no mundo espiritual. Cada Espírito é a soma das experiências vivenciadas, com as tribulações e conquistas que facultam ou não o discernimento próprio da ocorrência após a morte. Conforme o tipo de desencarnação violenta, por acidente, homicídio, inundação, incêndio, por distúrbio orgânico, lentamente, em razão de enfermidades dilaceradoras e virulentas, suicídios de várias expressões, largas enfermidades e a correspondente conduta durante as mesmas, estado psicológico que anteceda as cirurgias — assim caracterizará a conscientização no após túmulo. Aqueles que se compraziam no sensualismo, na avareza, no despotismo, na crueldade, vinculados aos despotismos, na crueldade, vinculados aos despojos tentam reanimá-los, e pelo não conseguir, enlouquecem ou hebetam-se por largo período de sofrimento. Outros tantos, que superaram os limites, vivendo testemunhos honrosos e provações lenificadoras, afeiçoados ao dever, ao bem e à caridade, abandonam o casulo com alegria, e, em saudades, singram os espaços atraídos para as regiões felizes a que fazem jus. Inumeráveis, que viveram no fragor das lutas, confiantes e trabalhadores, são recolhidos carinhosamente pelos afetos que os precederam e os conduzem a pousos de refazimento e orientação, despertando-os suavemente sem choques traumatizantes... Cada grupo, conforme os hábitos cultivados, permanece vinculado às paixões terrenas ou atraído pela nova situação, de forma a se adaptar com equilíbrio ao novo estágio da vida o verdadeiro. Da mesma forma, quantos se transformaram em campo mental infestado por obsessões, logo se lhes ocorre a desencarnação, sofrem o assalto dos compares vibratórios, seus algozes, que os arrastam para os sítios de sevícias e aflições, que se prolongam até recomposição estrutural ou quando neles luzir a misericórdia do Amor... Compreensivelmente, o despertar da consciência depende das próprias condições de harmonia ou de desequilíbrio pessoal.
  • 14. 10 Recordações de Vidas Passadas Nos Espíritos saudáveis, a perturbação é rápida, embora permaneça breve amnésia sobre a recente existência concluída, que se vai diluindo até que as lembranças em caleidoscópio de recordações equipem-se de claridade mental e de conhecimento. Unanimemente, a respeito das lembranças de outras existências transatas, permanece o olvido, que somente abre espaço para ocorrências que podem ser úteis e com fim providencial. À medida que assume a realidade espiritual, painéis ricos de lembranças felizes tomam corpo, facultando melhor compreender os fatos próximos passados, tornando-se lógicos. Igualmente, surgem as recordações sombrias carregadas de culpa, caso não hajam sido reparados aqueles delitos, provocando tristeza e desejo de recomeço para superá-los. Traçam- se, nesses momentos, planos para futuros mergulhos no corpo, em tarefas de ressarcimento e socorro àqueles que lhes padeceram a conduta inconsequente. Ao mesmo tempo, alegria imensa os invade, ao compreenderem a justeza das soberanas leis, que sempre conduzem para o Bem, embora a diversidade de caminhos. Questões e situações que pareciam de suma importância durante a vilegiatura carnal, agora, quando despidos dos limites orgânicos, compreendem-nas melhor, e até sorriem da atitude ingénua com que se conduziram. Fazem recordar-se da postura de, quando adultos, consideravam os comportamentos infantis que se apresentavam naquele período de sumo valor... Não são poucos os espíritos que desencarnam e reencarnaram sem dar-se conta de um e do outro fenômeno, vitimados por doentia amnésia sobre os acontecimentos. Multidões deambulam nas esferas espirituais inferiores sem conhecimento de si mesmas, sem recordar-se dos afetos ou dos adversários, desmemoriadas, sofrendo superlativas aflições. Incontáveis, por outro lado, embora se apercebam da fase nova, não conseguem recordar-se de nomes, datas e antecedentes pessoais, exceto aqueles que foram mais expressivos e se imprimiram com vigor nas tecelagens do perispírito. A amnésia espiritual é capítulo da imortalidade que permanece desafiador, oferecendo advertências aos homens e mulheres, para que se desimpregnem das grosseiras fixações que são cultivadas nos campos das sensações perturbadoras, que sempre prosseguem além do corpo, em tormentosas necessidades que anulam outros tipos de vivências, mergulhando-as em esquecimentos afligentes.
  • 15. 11 Recordações de Vidas Passadas Cabe ao ser lúcido, que empreende a tarefa da auto-iluminação, reflexionar de quando em quando a respeito dos próprios clichês mentais, selecionando-os, a fim de que, no momento de desvestir-se do corpo físico, nele fiquem as impregnações que lhe dizem respeito, não conduzindo aquelas que são perturbadoras nos arquivos da mente. A morte é somente transição, veículo que conduz o viajante de uma para outra faixa vibratória, vestido ou liberado das opções a que se afervorou durante a experiência orgânica. O cultivo das ideias superiores, o conhecimento a respeito da vida de ultra tumba, as ações de fraternidade e de caridade cristã, os hábitos morigerados contribuem para a liberação da amnésia após o decesso celular, facultando a identificação da realidade espiritual, bem como dos amigos que o aguardam além da fronteira física, para o conduzirem em júbilo de volta ao Grande Lar. Manoel Philomeno de Miranda – Mediunidade: desafios e bênçãos – Cap. 2 – Amnésia Espiritual
  • 16. 12 Recordações de Vidas Passadas 2.3 Hermínio de Miranda O tempo é uma realidade que transcende nossas limitações espaciais. A divisão presente, passado e futuro é meramente didática, destinada a reduzir a termos compreensíveis uma realidade que, sob muitos aspectos, ainda nos escapa, mas que parece contínua e simultânea. O presente é apenas a linha móvel que arbitrariamente imaginamos para separar em duas - passado e futuro - uma realidade indivisível e global. Chama-se memória a faculdade de esquecer ordenadamente os eventos que afetam cada um de nós. Também a memória desdobramos, para fins meramente didáticos, em consciente, subconsciente e inconsciente, mas que permanece uma realidade global, indivisível. Consciência é a unidade de gravação, de leitura e de processamento que liga o mundo interior com o exterior, ou seja, o ser com o universo em que ele vive. Embora sua capacidade de processamento seja quase ilimitada, sua capacidade de retenção é exígua; apenas o necessário para manter o fluxo das ideias. Ela confia imediatamente à memória, via subconsciente, todas as noções que recebe do ambiente externo, e ao subconsciente devolve, tão logo lhe seja possível, as que retirou de lá para exame. Subconsciente é o arquivo da vida presente. Seus registros são de acesso relativamente fácil e imediato ao cabeçote de gravação, leitura do consciente. O inconsciente é o vasto "arquivo morto" da memória, de acesso mais difícil, mas não impossível. Estão ali depositadas as lembranças explícitas de todas as existências pregressas de ser, na carne ou fora dela. Os registros da memória, em quaisquer dos seus níveis, estão localizados no perispírito ou corpo espiritual do ser e não nas células do cérebro físico, que são meros instrumentos materiais da “máquina de pensar". Não existe, portanto, a memória química, da mesma forma que não existe o pensamento como segregação do cérebro físico. A bioquímica interna é o dispositivo incumbido de propiciar condições para que a energia espiritual possa atuar sobre a matéria. Ela é a mensageira do pensa­ mento e não a sua essência ou a sua geradora. A memória extracerebral é hoje fato bem documentado nas recordações espontâneas de crianças e adultos, nos fenômenos de regressão da memória ou através de outros dispositivos, como no sonho e no desdobramento. Hermínio de Miranda – A Memória e o Tempo – Cap. 2
  • 17. 13 Recordações de Vidas Passadas 2.4 Antônio Sampaio (...) Graças a Jesus, tenho escutado o Evangelho com outros ouvidos e aprendido a nossa Doutrina com novo entendimento. Tenho agora livros e livros ao meu dispor. Muitos companheiros são trazidos ao nosso hospital, em terrível situação. Não se alfabetizaram para o continuísmo da existência e sofrem muito, requisitando o concurso de magnetizadores que lhes extraem as recordações, quais médicos arrancando tumores internos de vísceras doentes. Essas recordações projetam-se fora deles para que compreendam e se aquietem. Mas, por felicidade deste criado de vocês, venho tomando contacto com a memorização, muito vagarosamente. É imprescindível muita precaução para que nosso Espírito, despojado da matéria densa, não penetre de surpresa nos domínios do passado, habitualmente repleto de reminiscências menos dignas, que podem perturbar muitíssimo os nossos atuais desejos. Via de regra, no mundo, sentimo-nos sequiosos pelo conhecimento do pretérito. Aqui, suplicamos para que esse conhecimento seja adiado, reconhecendo que, na maioria dos casos, ele nos alcança qual ventania tumultuosa, abalando os alicerces ainda frágeis das boas idéias que conseguimos assimilar. Por esse motivo, sou agora um aprendiz de mim mesmo, agindo com muita cautela para não estorvar a proteção que estou recebendo. Antônio Sampaio Júnior – Vozes do Grande Além – Cap. 40 – Companheiro de Regresso Nota: Não obstante residir no Rio de Janeiro, onde fazia parte do antigo “Grupo Regeneração”, Antônio Sampaio Júnior era membro efetivo do “Grupo Meimei”, desde a hora da fundação. Por duas a três vezes, anualmente, vinha a Pedro Leopoldo, reconfortando-nos com o seu apoio e com a sua presença. Era ele a personificação da fé viva, da generosidade, do bom humor. Infundia-nos coragem nas horas mais difíceis e esperança nos obstáculos mais duros. Desencarnado subitamente, em outubro de 1955, deixou-nos as melhores recordações. Foi nosso abnegado e inesquecível Sampaio o amigo que compareceu no horário destinado à instrução, em nossa casa, na fase terminal da reunião, na noite de 22 de março de 1956, transmitindo-nos a confortadora mensagem que passamos a transcrever.
  • 18. 14 Recordações de Vidas Passadas 2.5 Inácio Bittencourt Há uma tendência especial, entre certos adeptos pouco avisados da Doutrina Espírita, para investigarem sobre o próprio passado espiritual, a ver se descobrem o que foram e o que fizeram em existências pregressas. Certamente que, já com um século de Codificação e em plena florescência da Revelação, vem chegando o tempo de os espíritos encarnados sentirem em si mesmos, através das emersões da subconsciência, ativadas pelas inquietações da mediunidade, os enredos em que se comprometeram outrora. Os códigos da Terceira Revelação, ou Espiritismo, muito criteriosamente esclarecem o meio de a criatura saber, com segurança, quem foi, o que fez e onde viveu antes da presente existência. Dedicando-se ela ao estudo sério e à meditação, e consultando o próprio íntimo e suas tendências, sem se deixar levar pelos arrastamentos do orgulho e da vaidade, necessariamente terá as faculdades predispostas às irradiações da própria mente. As recordações, embora veladas, discretas, as reminiscências que jazem ocultas nos recessos do seu ser, evoluirão o necessário para que ela se aposse de algo a respeito de si mesma. Será, portanto, uma faculdade da alma, que se desenvolverá com o cuidadoso cultivo moral e mental. Se com a devida atenção se dessem ao estudo da Doutrina, teriam compreendido desde muito esse ponto essencial e melindroso da mesma, sem os riscos das mistificações tão comuns nas consultas feitas aos médiuns. Vemos então, mediante tais consultas, uma multidão de espíritas a se julgarem antigos fidalgos europeus reencarnados, príncipes, duques, heróis de guerras. e de grandes batalhas em revoluções célebres, e até reis e rainhas! Existem mesmo, aos montes, Catarinas de Médicis, Marias Antonietas, Neros, Napoleões Bonapartes, Tiradentes e tantos outros vultos do passado. Não diremos que tais migrações sejam impossíveis, pois que a nobreza mundial é milenária e esses nobres teriam de reencarnar em alguma parte, visto que a reencarnação é lei invariável para todos. Todavia, à luz mesma da Terceira Revelação, convirá se faça um reparo sensato sobre aquela possibilidade, ou seja, de serem os caros aprendizes de Espiritismo, ou não, aprendizes, fidalgos reencarnados.
  • 19. 15 Recordações de Vidas Passadas Ainda que o sejam, não deverão esquecer, logo ao primeiro exame, que é possível já tenham vivido como escravos africanos ou não africanos, depois de haverem sido fidalgos; que já esmolaram pelas ruas, chagados e miseráveis, como expiação urgente das inconsequências da nobreza que aviltaram, e que já sucumbiram ao fundo de prisões infectas ou tombaram sob a ignomínia de um ferro assassino, porque assim o exigiu a consciência própria, em ânsias de dolorosos, mas remissores resgates. Não deverão, outrossim, esquecer de que reis, rainhas, príncipes, duques ou heróis, não obstante testas coroadas, foram igualmente tiranos, celerados, homicidas, rapinadares, incendiários, perseguidores, perjuros, adúlteros, hipócritas, falsos crentes tripudiando sobre os Evangelhos! Se, portanto, vivestes na Idade Média e ali fostes condestáveis, por exemplo, ficai certos de que também levantastes fogueiras. cruéis para incinerarem criaturas frágeis e indefesas, vossas irmãs de Humanidade! Se vivestes na bela e decantada Espanha, aí ocupando solares soberbos e poderosos tronos, lembrai-vos de que estes mesmos grão-senhores que os ocuparam se tornaram responsáveis pelos crimes da Inquisição, que por períodos seculares ali assumiu proporções estarrecedoras! Se na aristocrática Inglaterra vivestes, ou na belicosa Alemanha, não percais de vista que nos países anglo-saxões a intolerância da Reforma cometeu atrocidades contra míseros católicos-romanos, idênticas às que, nos países latinos, cometeu contra míseros luteranos a intolerância católico-romana, e que vós lá estivestes entre ambas, cometendo insultos contra Deus na pessoa do vosso próximo! Se, na França gloriosa e tão amada, participastes do famigerado governo da Rainha Catarina de Médicis, lembrai-vos dos dias trágicos de São Bartolomeu, quando andastes matando pobres defensores do Evangelho, para satisfação de torpes paixões alheias, as quais bajulastes servindo-vos do nome de uma religião como ignóbil desculpa e não justa realidade! Se nos dias sombrios, do Terror, na França ainda, cargos importantes exercestes, tende em mente que ajudastes a mover a guilhotina para decapitar inocentes subjugados pelo furor de muitos, e também que fostes regicidas ímpios, trucidadores de mulheres e até de crianças! E se na Roma dos Césares fostes tribuno, ou patrícios, envergando peplos elegantes e mantos solenes e vistosos. . . recordai os uivos dos leões nos circos, leões que açulastes contra os defensores do Cristianismo nascente, os quais morreram para que o mundo herdasse as virtudes do perdão, da esperança e do amor, já recomendadas pela Suprema Lei!
  • 20. 16 Recordações de Vidas Passadas Assim sendo, meus caros amigos, Vós, que vos julgais reis, rainhas, príncipes e heróis reencarnados, não vos esqueçais de que, com esta remota glória de tronos e mantos, de espadas e coroas, arrastais também, ainda na presente existência, a consequência deprimente de crimes e abusos vergonhosos e inomináveis! Não olvideis que fostes grandes criminosos a quem Jesus de Nazaré enviou as bênçãos do Consolador como auxílio, para que vos reergais do tremedal de trevas em que o fausto mergulhou o vosso Espírito! Agora vos cumpre esquecer esse passado que para nada vos valeu, senão para vos infelicitar a alma e o destino, a fim de que, através dos conselhos ,e da misericórdia do Alto, possais entrar, finalmente, nas sendas do Dever, de que vos afastastes nos passados tempos, passado esse do qual tanto vos envaideceis ainda! Paz. Inácio Bittencourt - Revista Reformador – 1959 – Novembro – Existências Passadas (Página recebida pela médium Yvonne A. Pereira, em 2/9/59)
  • 21. 17 Recordações de Vidas Passadas 2.6 Joanna de Angelis Diante das ocorrências do déjà-vu, os remanescentes reencarnacionistas estabelecem parâmetros sutis de lembranças que retornam à consciência atual como lampejos e clichês de evocações, ressumando dos conteúdos da inconsciência — ou da memória extracerebral, do períspirito — oferecendo possibilidades de identificação de pessoas, acontecimentos, lugares e narrativas já vividas, já conhecidas, antes experimentadas... Desfilam, então, os fenômenos psicológicos das simpatias e das antipatias, dos amores alucinantes e dos ódios devoradores, que ressurgem dos arquivos da memória anterior ante o estímulo externo de qualquer natureza, que os desencadeiam, tais: um encontro ou reencontro; uma associação de ideias — a atual revelando a passada — uma dissensão ou um diálogo; qualquer elemento que constitua ponte de ligação entre o hoje e o ontem. Joanna de Angelis – O Homem Integral – Cap. 39 Incontáveis pessoas se hão surpreendido em face das lembranças das vidas passadas, em que mergulham inconscientemente, experimentando nas evocações os estados emocionais característicos das personagens que antes animaram. Da sistemática recordação, com os sucessivos mergulhos nas lembranças do passado, muitos têm sido vítima de distonias de vária ordem, perturbando-se, sem conseguirem estabelecer os limites entre os fatos de uma e de outra existência: a do passado, que retorna vigorosa, e a do presente, que se vai submetendo ao impositivo da outra. Na vida infantil, porque o espírito ainda se encontra em processo de fixação total nas células, apropriando-se do campo somático, a pouco e pouco, surgem frequentemente nos diversos campos da Arte, da Filosofia, da Ciência e da Religião os que externam precocidade surpreendente, revelando conhecimentos superiores aos do tempo em que vivem ou recordando os ensinamentos aprendidos anteriormente. A memória da aprendizagem e dos fatos não se perde nunca, pois que esta não é património das células cerebrais, que as traduzem, estando incorporada ao períspirito, que a fixa, acumulando as experiências das múltiplas existências, mediante as quais o Espírito evolute, nas diversas faixas que se lhe fazem necessárias. Joanna de Angelis – Estudos Espíritas – Cap. 8
  • 22. 18 Recordações de Vidas Passadas Se em ignorância quanto o mal que te hajam feito, eles os teus familiares, te sentes incapaz de fitá-los, entendê-los, ajudá-los e amá-los, oferecendo-lhes compreensão e simpatia, como te portarias se: - na filha revel identificasses antiga companheira que o adultério arrastou, - no irmão consanguíneo o destruidor do antigo ninho de venturas que o tempo não consumiu, - no pai ou mãe, no filho ou noutro parente o arquiteto da tua ruína ou a vítima da sua sandice? Joanna de Angelis - Dimensões da Verdade – Cap. 11
  • 23. 19 Recordações de Vidas Passadas 2.7 Emmanuel A faculdade de recordar é o agente que nos premia ou nos pune, ante os acertos e os desacertos da rota. Dessa forma, se os atos louváveis são recursos de abençoada renovação e profunda alegria nos recessos da alma, as ações infelizes se erguem, além do túmulo, por fantasmas de remorso e aflição no mundo da consciência. Crimes perpetrados, faltas cometidas, erros deliberados, palavras delituosas e omissões lamentáveis esperam-nos a lembrança, impondo-nos, em reflexos dolorosos, o efeito de nossas quedas e o resultado de nossos desregramentos, quando os sentidos da esfera física não mais nos acalentam as ilusões. Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 4 Na existência corporal, todavia, a alma sente a memória obscurecida, num olvido quase total do passado, a fim de que os seus esforços se valorizem; a consciência então é fragmentária, parcial, porquanto as suas faculdades estão eclipsadas pelos pesados véus da matéria, os quais atenuam ao mínimo as suas vibrações, constituindo, porém, esses poderes prodigiosos, mas ocultos, as extraordinárias possibilidades da vasta subconsciência, que os cientistas do século estudam acuradamente. Tais forças e progressos adquiridos, o Espírito jamais os perde; são parte integrante do seu patrimônio e, na vida material, podem emergir no exercício da mediunidade, nas hipnoses profundas, ou em outras circunstâncias que facilitam o desprendimento temporário dos elementos psíquicos. Emmanuel – Emmanuel – Cap. 32 Encetando uma nova existência corpórea, para determinado efeito, a criatura recebe, desse modo, implementos cerebrais completamente novos, no domínio das energias físicas, e, para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose natural como recurso básico, de vez que, em muitas ocasiões, dorme em pesada letargia, muito tempo antes de acolher-se ao abrigo materno. Na melhor das hipóteses, quando desfruta grande atividade mental nas esferas superiores, só é compelida ao sono, relativamente profundo, enquanto perdure a vida fetal. Em ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos de tenra instrumentação fisiológica dos encarnados, tempo em que se lhes reaviva a experiência terrestre.
  • 24. 20 Recordações de Vidas Passadas Temos, assim, mais ou menos três mil dias de sono induzido ou hipnose terapêutica, a estabelecerem enormes alterações nos veículos de exteriorização do Espírito, as quais, acrescidas às consequências dos fenômenos naturais de restringimento do corpo espiritual, no refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações do passado, para que se alivie a mente na direção de novas conquistas. E, como todo esse tempo é ocupado em prover-se a criança de novos conceitos e pensamentos acerca de si própria, é compreensível que toda criatura sobrenade na adolescência, como alguém que fosse longamente hipnotizado para fins edificantes, acordando, gradativamente, na situação transformada em que a vida lhe propõe a continuidade do serviço devido à regeneração ou à evolução clara e simples. E isso, na essência, é o que verdadeiramente acontece, porque, pouco a pouco, o Espírito reencarnado retoma a herança de si mesmo, na estrutura psicológica do destino, reavendo o patrimônio das realizações e das dívidas que acumulou, a se lhe regravarem no ser, em forma de tendências inatas, e reencontrando as pessoas e as circunstâncias, as simpatias e as aversões, as vantagens e as dificuldades, com as quais se ache afinizado ou comprometido. Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 45 O corpo espiritual não retém somente a prerrogativa de constituir a fonte da misteriosa força plástica da vida, a qual opera a oxidação orgânica; é também ele a sede das faculdades, dos sentimentos, da inteligência e, sobretudo o santuário da memória, em que o ser encontra os elementos comprobatórios da sua identidade, através de todas as mutações e transformações da matéria. (...) É ainda, pois, ao corpo espiritual que se deve a maravilha da memória, misteriosa chapa fotográfica, onde tudo se grava, sem que os menores coloridos das imagens se confundam entre si. Emmanuel – Emmanuel – Cap. 24 Sem a paz do esquecimento, talvez a Terra deixasse de ser uma escola abençoada para ser um ninho abominável de ódios perpétuos" Emmanuel – Renúncia – Cap. 1
  • 25. 21 Recordações de Vidas Passadas Na existência corporal, todavia, a alma sente a memória obscurecida, num olvido quase total do passado, a fim de que os seus esforços se valorizem; a consciência então é fragmentária, parcial, porquanto as suas faculdades estão eclipsadas pelos pesados véus da matéria, os quais atenuam ao mínimo as suas vibrações, constituindo, porém, esses poderes prodigiosos, mas ocultos, as extraordinárias possibilidades da vasta subconsciência, que os cientistas do século estudam acuradamente. Tais forças e progressos adquiridos, o Espírito jamais os perde; são parte integrante do seu patrimônio e, na vida material, podem emergir ... • no exercício da mediunidade, • nas hipnoses profundas, • ou em outras circunstâncias que facilitam o desprendimento temporário dos elementos psíquicos. Emmanuel – Emmanuel – Cap. 5 É ainda, pois, ao corpo espiritual que se deve a maravilha da memória, misteriosa chapa fotográfica, onde tudo se grava, sem que os menores coloridos das imagens se confundam entre si. Emmanuel - Emmanuel – Pag. 133 A subconsciência, tão investigada em vosso tempo, não elucida os problemas dos chamados fenômenos intelectuais. Estudos levados a efeito sobre essa câmara escura da mente são ainda mal orientados, apesar disso, muitas teorias apressadas presumem explicar todo o mediunismo com a sua estranha influência sobre o “eu” consciente. De fato, existem fenômenos subliminais; todavia, a subconsciência é o acervo de experiências realizadas pelo o ser em suas existências passadas. O Espírito, no labor incessante de suas múltiplas existências, vai ajudando as séries de suas conquistas, de suas possibilidades, de seus trabalhos; no seu cérebro espiritual organiza- se, então, essa consciência profunda, em cujos domínios misteriosos se vão arquivando as recordações, e a alma, em cada etapa da sua vida imortal, renasce para uma nova conquista, objetivando sempre o aperfeiçoamento supremo. O OLVIDO TEMPORÁRIO O esquecimento, nessas existências fragmentárias, obedecendo ás leis superiores que presidem ao destino, representa a diminuição do estado vibratório do Espírito, em contato com a matéria.
  • 26. 22 Recordações de Vidas Passadas Esse olvido é necessário, e, afastando-se os benefícios espirituais que essa questão implica, à luz das concepções cientificas, pode esses problemas ser estudado atenciosamente. Tomando um novo corpo, a alma tem necessidade de adaptar-se a esse instrumento. Precisa abandonar a bagagem dos seus vícios, dos seus defeitos, das suas lembranças nocivas, das suas vicissitudes nos pretéritos tenebrosos. Necessita de nova virgindade; um instrumento virgem lhe é então fornecido. Os neurônios desse novo cérebro fazem a função de aparelhos quebradores da luz; o sensório limita as percepções do Espírito, e , somente assim, pode o ser reconstruir o seu destino. Para que o homem colha benefícios da sua vida temporária, faz-se mister que assim seja. Sua consciência é apenas a parte emergente da sua consciência espiritual; seus sentidos constituem apenas o necessário à sua evolução no plano terrestre. Daí, a exiguidade das suas percepções visuais e auditivas, em relação ao número inconcebível de vibrações que o cercam. AS RECORDAÇÕES Todavia, dentro dessa obscuridade requerida pela sua necessidade de estudo e desenvolvimento, experimenta a alma, ás vezes, uma sensação indefinível... é uma vocação inata que impele para esse ou aquele caminho; é uma saudade vaga e incompreensível, que a persegue nas suas meditações; são os fenômenos introspectivos, que a assediam frequentemente. Nesses momentos, uma luz vaga da subconsciência atravessa a câmara de sombras, impostas pelas células cerebrais, e, através dessa luz coada, entra o Espírito em vaga relação com o seu passado longínquo; tais fatos são vulgares nos seres evolvidos, sobre quem a carne já não exerce atuação invencível. Nesses vagos instantes, parece que a alma encarnada ouve o tropel das lembranças que passam em revoada; aversões antigas, amores santificantes, gostos aprimorados, de tudo aparece numa fração no seu mundo consciente; mas, faz-se mister olvidar o passado para que alcance êxito na luta. Emmanuel – Emmanuel – Cap. 32
  • 27. 23 Recordações de Vidas Passadas 2.8 André Luiz É preciso grande equilíbrio para podermos recordar, edificando. Em geral, todos temos erros clamorosos, nos ciclos da vida eterna. Quem lembra o crime cometido costuma considerar-se o mais desventurado do Universo; e quem recorda o crime de que foi vítima, considera-se em conta de infeliz, do mesmo modo. Portanto, somente a alma muito segura de si recebe tais atributos como realização espontânea. As demais são devidamente controladas no domínio das reminiscências e, se tentam burlar esse dispositivo da lei, não raro tendem ao desequilíbrio e à loucura. (...) A leitura apenas informa. Depois de longo período de meditação para esclarecimento próprio, e como surpresas indescritíveis, fomos submetidos a determinadas operações psíquicas, a fim de penetrar os domínios emocionais das recordações. Os espíritos técnicos no assunto nos aplicaram passes no cérebro, despertando certas energias adormecidas... André Luiz – Nosso Lar – Cap. 21 As amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária entre a alma e o instrumento de que se utiliza. Na infância, o « ego», em processo de materialização, externará reminiscências e opiniões, simpatias e desafetos através de manifestações instintivas, a lhe entremostrarem o passado, do qual mal se lembrará no futuro próximo, de vez que estará movimentando a máquina cerebral em desenvolvimento, máquina essa que deverá servi-lo, tão-só por algum tempo e para determinados fins, ocorrendo idêntica situação na idade provecta, quando as palavras como que se desprendem dos quadros da memória, traduzindo alterações do órgão do pensamento, modificado por desgaste. André Luiz – Ação e Reação – Cap. 15 A memória pode ser comparada a placa sensível que, ao influxo da luz, guarda para sempre as imagens recolhidas pelo espírito, no curso de seus inumeráveis aprendizados, dentro da vida. Cada existência de nossa alma, em determinada expressão da forma, é uma adição de experiência, conservada em prodigioso arquivo de imagens que, em se superpondo umas às outras, jamais se confundem. André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 13
  • 28. 24 Recordações de Vidas Passadas Os Espíritos que na vida física atendem aos seus deveres com exatidão, retomam pacificamente os domínios da memória, tão logo se desenfaixam do corpo denso, reentrando em comunhão com os laços nobres e dignos que os aguardam na Vida Superior, para a continuidade do serviço de aperfeiçoamento e sublimação que lhes diz respeito, contudo, para nós consciências intranquilas, a morte no veículo carnal não exprime libertação. Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível de nossas culpas; e a culpa, meu amigo, é sempre uma nesga de sombra eclipsando-nos a visão. Nossas faculdades mnemônicas, relativamente às nossas quedas morais, assemelham- se, de certo modo, às conhecidas chapas fotográficas, as quais, se não forem convenientemente protegidas, sempre se inutilizam. Imaginemos a mente como sendo um lago. Se as águas se acham pacificadas e límpidas, a luz do firmamento pode retratar-se nele com segurança. Mas, se as águas vivem revoltas, as imagens se perdem ao quebro das ondas móveis, principalmente quando o lodo acumulado no fundo aparece à superfície. A rigor, somos aqui, nas zonas inferiores, seres humanos muito distantes da renovação espiritual, não obstante desencarnados. Observe a realidade em si mesmo, o pensamento que vive preso aos sítios e paisagens de que, pela morte, supostamente se desvencilhou. Em pleno caminho da espiritualidade, se identifica com as escuras reminiscências que permanecem ao longe, no tempo: o lar, a família, os compromissos imperfeitamente solucionados.... Tudo isso é lastro, inclinando a sua mente para o mundo físico, onde nossos débitos reclamam sacrifício e pagamento. Sob a hipnose nossa memória pode regredir e recuperar-se por momentos. Isso, porém, é um fenômeno de compulsão... E em tudo convém satisfazer à sabedoria da Natureza. Libertemos o espelho da mente que jaz sob a lama do arrependimento, do remorso e da culpa, e esse espelho divino refletirá o Sol com todo o esplendor de sua pureza. André Luiz – Ação e Reação – Cap. 2
  • 29. 25 Recordações de Vidas Passadas Em linguagem mais simples, são respiradouros dos impulsos, experiências e noções elevadas da personalidade real que não se extingue no túmulo, e que não suportariam a carga de uma dupla vida. Em razão disto, e atendendo aos deveres impostos à consciência de vigília para os serviços de cada dia, desempenham função amortecedora: são quebra-luzes, atuando beneficamente para que a alma encarnada trabalhe e evolva. Além disto, nascimento e morte, na esfera carnal, para a generalidade das criaturas são choques biológicos, imprescindíveis à renovação. Em verdade, não há total esquecimento na Crosta Terrestre, nem restauração imediata da memória nas províncias de existência, que se seguem, naturais, ao campo da atividade física. Todos os homens conservam tendências e faculdades, que quase equivalem a efetiva lembrança do passado; e nem todos, ao atravessarem o sepulcro, podem readquirir, repentinamente, o patrimônio de suas reminiscências. Quem demasiado se materialize, demorando-se em baixo padrão vibratório, no campo de matéria densa, não pode reacender, de pronto, a luz da memória. Despenderá tempo a desfazer-se dos pesados envoltórios a que inadvertidamente se prendeu. Dentro da luta humana, também, é indispensável que os neurônios se façam de luvas, mais ou menos espessas, a fim de que o fluxo das recordações não modere o esforço edificante da alma encarnada, empenhada em nobres objetivos de evolução ou resgate, aprimoramento ou ministério sublime. Importa reconhecer, porém, que a nossa mente aqui, no plano espiritual, age no organismo perispirítico, com poderes muito mais extensos, mercê da singular natureza elasticidade da matéria que presentemente nos define a forma. Isto, contudo, em nossos círculos de ação, • não nos evita as manifestações grosseiras, • as quedas lastimáveis, • as doenças complexas, porque a mente, o senhor do corpo, mesmo aqui, é acessível ao vício, ao relaxamento e às paixões arruinantes. André Luiz – No Mundo maior – Cap. 25
  • 30. 26 Recordações de Vidas Passadas Porque não guardamos a viva recordação de nossas existências anteriores? não seria bendita felicidade o reencontro consciente com aqueles que mais amamos?... Sim, sim... — confirmava o Ministro Clarêncio, célere — mas, na condição espiritual em que ainda nos situamos, não sabemos orientar os nossos desejos para o melhor. Nosso amor ainda é insignificante migalha de luz, sepultada nas trevas do nosso egoísmo, qual ouro que se acolhe no chão, em porções infinitesimais, no corpo gigantesco da escória. Assim como as fibras do cérebro são as últimas a se consolidarem no veículo físico em que encarnamos na Terra, a memória perfeita é o derradeiro altar que instalamos, em definitivo, no templo de nossa alma, que, no Planeta, ainda se encontra em fases iniciais de desenvolvimento. É por isso que nossas recordações são fragmentárias... Todavia, de existência a existência, de ascensão em ascensão, nossa memória gradativamente converte-se em visão imperecível, a serviço de nosso espírito imortal... Retomar o contato com os melhores, seria recuperar igualmente os piores e, indiscutivelmente, não possuímos até agora o amor equilibrado e puro, que se consagra aos desígnios superiores, sem paixão. Ainda não sabemos querer sem desprezar, amparar sem desservir. Nossa afetividade, por enquanto, padece deploráveis inclinações. Sem o esquecimento transitório, não saberíamos receber no coração o adversário de ontem para regenerar-nos, regenerando-o. A Lei é sábia. De qualquer modo, porém, não olvidemos que nosso espírito assinala todos os passos da jornada que lhe é própria, arquivando em si mesmo todos os lances da vida, para formar com eles o mapa do destino, de acordo com os princípios de causa e efeito que nos governam a estrada, mas somente mais tarde, quando o amor e a sabedoria sublimarem a química dos nossos pensamentos, é que conquistaremos a soberana serenidade, capaz de abranger o pretérito em sua feição total... a Lei, contudo, é invariavelmente a Lei. Viveremos em qualquer parte, com os resultados de nossas ações, assim como a árvore, em qualquer trato do solo, produzirá conforme a espécie a que se subordina. André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 9
  • 31. 27 Recordações de Vidas Passadas A existência no carro físico, além de ser um estágio para ... • aprendizagem ou cura, • resgate ou tarefa específica, • é igualmente um longo mergulho no condicionamento magnético, em que agimos, no mundo, induzidos ao que nos cabe fazer. O livre arbítrio, na esfera da consciência, permanece vivo e intocado, porquanto, em quaisquer posições, a criatura encarnada é independente para escolher os próprios rumos; no entanto, as demais potências da alma, no período da encarnação, jazem orientadas na direção desse ou daquele trabalho, segundo os propósitos que tenha assumido ou que tenha sido constrangida a assumir. Isso determina o obscurecimento das memórias pregressas que, aliás, não é senão um fenômeno temporário, mais ou menos curto ou longo, conforme o grau de evolução que tenhamos atingido. André Luiz – E a Vida Continua – Pag. 84. Como acontece quase sempre, os heróis na promessa fraquejam na realização, porque se apegam muito mais aos próprios desejos que à compreensão da Vontade Divina. De posse dos bens da vida física, nega-se a perdoar, recapitulando erradamente as lições do passado. Antes mesmo da reencarnação, já se manifesta contrário a qualquer auxilio. Sempre o velho círculo vicioso — quando fora da oportunidade bendita de trabalho terrestre e vendo a extensão das próprias necessidades, desvela-se o companheiro em prometer fidelidade e realização, mas, logo que se apossa do tesouro do corpo físico, volta ao endurecimento espiritual e ao menosprezo das leis de Deus. (...) Se tivéssemos grandes virtudes e belas realizações, não precisaríamos recapitular as lições já vividas na carne. E se apenas possuímos chagas e desvios para rememorar, abençoemos o olvido que o Senhor nos concede em caráter temporário. André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 12
  • 32. 28 Recordações de Vidas Passadas Há dívidas que, por sua natureza e extensão, exigem de nós várias existências ou romagens na carne terrestre para o respectivo resgate. Do ponto de vista da memória - lembranças das vidas passadas - a questão é de tempo. À medida que nos demoramos na organização perispirítica, no plano espiritual, no fiel cumprimento de nossas obrigações para com a Lei, mais se nos dilata o poder mnemônico. Avançando em lucidez, abarcamos mais amplos domínios da memória. Assim é que, depois de largos anos em serviço nas zonas espirituais da Terra, entramos espontaneamente na faixa de recordações menos felizes, identificando novas extensões de nosso " carma" ou de nossa conta e, embora sejamos reconhecidos à benevolência dos Instrutores e Amigos que nos perdoam o passado menos digno, jamais condescendemos com as nossas próprias fraquezas e, por isso, vemo-nos impelidos a solicitar das autoridades superiores novas reencarnações difíceis e proveitosas, que nos reeduquem ou nos aproximem da redenção necessária. André Luiz – Ação e Reação – Cap.7 Quando somos fracos, porém, embora muito amoráveis, e não nos sentimos com a precisa coragem para o afastamento necessário, se merecemos o auxílio de nossos Maiores, somos favorecidos com o tratamento magnético que opera em nós o esquecimento. André Luiz – Missionários da Luz – Cap. 15 As amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária entre a alma e o instrumento de que se utiliza. Na infância, o « ego», em processo de materialização, externará reminiscências e opiniões, simpatias e desafetos através de manifestações instintivas, a lhe entremostrarem o passado, do qual mal se lembrará no futuro próximo, de vez que estará movimentando a máquina cerebral em desenvolvimento, máquina essa que deverá servi-lo, tão-só por algum tempo e para determinados fins, ocorrendo idêntica situação na idade provecta, quando as palavras como que se desprendem dos quadros da memória, traduzindo alterações do órgão do pensamento, modificado por desgaste. André Luiz – Ação e Reação – Cap.15
  • 33. 29 Recordações de Vidas Passadas A memória pode ser comparada a placa sensível que, ao influxo da luz, guarda para sempre as imagens recolhidas pelo espírito, no curso de seus inumeráveis aprendizados, dentro da vida. Cada existência de nossa alma, em determinada expressão da forma, é uma adição de experiência, conservada em prodigioso arquivo de imagens que, em se superpondo umas às outras, jamais se confundem. Em obras de assistência, qual a que desejamos movimentar, é preciso recorrer aos arquivos mentais, de modo a produzir certos tipos de vibração, ...não só para atrair a presença de companheiros ligados ao irmão sofredor que nos propomos socorrer, como também para descerrar os escaninhos da mente, nas fibras recônditas em que ela detém as suas aflições e feridas invisíveis. André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 13 Função psíquica das mais delicadas, pouco se sabe, ainda. Capacidade que tem o Espírito, em suas existências, de fixar, conservar, evocar, reconhecer e localizar, sob a forma de lembrança. Uma das faculdades da Alma, cuja manifestação opera-se por meio do perispírito, envolvendo, em estado de encarnação, um padrão específico de atividade nervosa. Zalmino Zimmermann - Perispírito – Pag. 265 É compreensível que no espaço de tempo, que se nos sucede, imediatamente à desencarnação, a memória profunda esteja ainda hermeticamente trancada nos porões do ser. Isso, porém, é francamente transitório. Gradativamente, reaveremos o domínio de nossas reminiscências... André Luiz – E a Vida Continua – Cap. 11 É preciso grande equilíbrio para podermos recordar, edificando. Em geral, todos temos erros clamorosos, nos ciclos da vida eterna. Quem lembra o crime cometido costuma considerar-se o mais desventurado do Universo; e quem recorda o crime de que foi vítima, considera-se em conta de infeliz, do mesmo modo. Portanto, somente a alma muito segura de si recebe tais atributos como realização espontânea. As demais são devidamente controladas no domínio das reminiscências e, se tentam burlar esse dispositivo da lei, não raro tendem ao desequilíbrio e à loucura. André Luiz – Nosso Lar - Cap. 21
  • 34. 30 Recordações de Vidas Passadas Os Espíritos que na vida física atendem aos seus deveres com exatidão, retomam pacificamente os domínios da memória, tão logo se desenfaixam do corpo denso, reentrando em comunhão com os laços nobres e dignos que os aguardam na Vida Superior, para a continuidade do serviço de aperfeiçoamento e sublimação que lhes diz respeito contudo, para nós consciências intranquilas, a morte no veículo carnal não exprime libertação. Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível de nossas culpas; e a culpa, meu amigo, é sempre uma nesga de sombra eclipsando-nos a visão. Nossas faculdades mnemônicas, relativamente às nossas quedas morais, assemelham- se, de certo modo, às conhecidas chapas fotográficas, as quais, se não forem convenientemente protegidas, sempre se inutilizam. Imaginemos a mente como sendo um lago. Se as águas se acham pacificadas e límpidas, a luz do firmamento pode retratar-se nele com segurança. Mas, se as águas vivem revoltas, as imagens se perdem ao quebro das ondas móveis, principalmente quando o lodo acumulado no fundo aparece à superfície. A rigor, somos aqui, nas zonas inferiores, seres humanos muito distantes da renovação espiritual, não obstante desencarnados. Observe a realidade em si mesmo, o pensamento que vive preso aos sítios e paisagens de que, pela morte, supostamente se desvencilhou. Em pleno caminho da espiritualidade, se identifica com as escuras reminiscências que permanecem ao longe, no tempo: o lar, a família, os compromissos imperfeitamente solucionados... Tudo isso é lastro, inclinando a sua mente para o mundo físico, onde nossos débitos reclamam sacrifício e pagamento. Sob a hipnose nossa memória pode regredir e recuperar-se por momentos. Isso, porém, é um fenômeno de compulsão... E em tudo convém satisfazer à sabedoria da Natureza. Libertemos o espelho da mente que jaz sob a lama... do arrependimento, do remorso e da culpa, e esse espelho divino refletirá o Sol com todo o esplendor de sua pureza. André Luiz – Ação e Reação – Cap. 2
  • 35. 31 Recordações de Vidas Passadas 2.9 Yvonne Pereira A lei divina, que rege a condição do ser encarnado na Terra, estabeleceu o esquecimento das migrações pretéritas, por se tratar do que mais convém ao comum das criaturas, sendo mesmo essa a situação normal de cada ser, e, assim sendo, o fato de recordar produzirá choques morais por vezes intensos, na personalidade que assim se destaca, acarretando anormalidades que variam de grau, conforme a situação moral ou consciencial de cada um, pois só quem realmente recorda o próprio passado reencarnatório, no qual faliu, estará capacitado a compreender o desequilíbrio e a amargura que tal situação provoca. Ao que parece, o fato de recordar existências passadas constitui provação para as criaturas comuns, ainda pouco evolvidas, ou concessão ao mérito, nas de ordem mais elevada na escala moral. (...) Cumpre, porém, advertir que, nestas páginas, tratamos de recordações diretas que o indivíduo possa ter de suas migrações terrestres do pretérito e não de revelações transmitidas por possíveis médiuns. Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade – Cap. 3 Os fatos capitais da existência humana: provações, testemunhos, reparações, etc., foram delineados, com efeito, até certo limite, como o revela a Doutrina Espírita, antes da reencarnação. Nós próprios, se pretendentes lúcidos à reencarnação, coparticipamos da elaboração do programa que deveremos viver na Terra, e, portanto, a ciência de certos acontecimentos a se desenrolarem em torno de nós, ou conosco, ficará arquivada em nossa consciência profunda, ou subconsciência. Durante a vigília ou vida normal de relação, tudo jazerá esquecido, calcado nas profundidades da nossa alma. Mas, advindo a relativa liberdade motivada pelo sono, poderemos lembrar-nos de muita coisa e os fatos a se realizarem em futuro próximo serão vistos com maior ou menor clareza, e, ao despertarmos, teremos sonhado o que então virá a ser considerado o aviso, ou a premonição. Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Cap. 9
  • 36. 32 Recordações de Vidas Passadas 2.10 Martins Peralva A plena recordação do passado, em seus pequenos detalhes, apresentaria vários inconvenientes para o Espírito, entre os quais enumeraríamos os seguintes: 1)— Cultivo de ideias errôneas e sistemáticas 2)— Exaltação, em certos casos, do orgulho desmedido e avassalador 3)— Recordações humilhantes, a provocar desequilíbrios geradores da revolta 4)— Manutenção de preconceitos raciais, sociais, religiosos, etc. 5)— Perturbações na vida contingente, no lar e na sociedade, com os inconvenientes do desestimulo e a intensificação de compreensíveis dificuldades. (...) No capítulo das lembranças provocadas, compulsórias, verifica-se um processo magnético de retomo às faixas do pretérito, pela alteração vibracional do perispírito, que se compõe de imagens superpostas, à maneira das camadas geológicas que permitem o estudo, científico, dos fenômenos que marcam a evolução do nosso globo, contando-lhe a história muitas vezes milenária. Operações psíquicas, realizadas por entidades especializadas, na região do cérebro, promovem o retorno do Espírito a ocorrências perdidas no tempo — diríamos melhor: esquecidas no tempo —, e que a memória ocultara, generosamente, caracterizando o fenômeno da criptomnesia, magnificamente estudado por Ernesto Bozzano e outros eminentes cientistas, quando a Doutrina Espírita, nascendo na França, acendia, na face conturbada de nosso mundo, suas primeiras luzes. Martins Peralva – O Pensamento de Emmanuel – Cap. O ontem, no Hoje
  • 37. 33 Recordações de Vidas Passadas 3 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – 2024 – 40 anos 3.1 Entrevistando Yvonne Pereira (1900/1984) (...) Narrarás o que a ti mesma sucedeu, como médium, desde o teu nascimento. Nada mais será necessário. Serás assistida pelos superiores do Além durante o decorrer das exposições, que por eles serão selecionadas das tuas recordações pessoais, e escreverás sob o influxo da inspiração. Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Introdução (...) Cumpre, porém, advertir que, nestas páginas, tratamos de recordações diretas que o indivíduo possa ter de suas migrações terrestres do pretérito e não de revelações transmitidas por possíveis médiuns. YVONNE PEREIRA – Recordações da Mediunidade – Cap. 3 “Obrigada, meu Deus, pela bênção da mediunidade que me concedeste como ensejo para a reabilitação do meu espírito culpado. A chama imaculada que do Alto me mandaste, com a revelação dos pontos da tua Doutrina, a mim confiados para desenvolver e aplicar, eu tá devolvo, no fim da tarefa cumprida, pura e imaculada conforme a recebi : ameia e respeitei-a sempre, não a adulterei com idéias pessoais porque me renovei com ela a fim de servi-la; não a conspurquei, dela me servindo para incentivo às próprias paixões, nem negligenciei no seu cultivo para benefício do próximo, porque todos os meus recursos pessoais utilizei na sua aplicação”. YVONNE PEREIRA - Recordações da Mediunidade – Introdução - Rio de Janeiro, 29/Junho/1966
  • 38. 34 Recordações de Vidas Passadas 3.1.1 Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores? A lei divina, que rege a condição do ser encarnado na Terra, estabeleceu o esquecimento das migrações pretéritas, por se tratar do que mais convém ao comum das criaturas, sendo mesmo essa a situação normal de cada ser, e, assim sendo, o fato de recordar produzirá choques morais por vezes intensos, na personalidade que assim se destaca, acarretando anormalidades que variam de grau, conforme a situação moral ou consciencial de cada um, pois só quem realmente recorda o próprio passado reencarnatório, no qual faliu, estará capacitado a compreender o desequilíbrio e a amargura que tal situação provoca. Ao que parece, o fato de recordar existências passadas constitui provação para as criaturas comuns, ainda pouco evolvidas, ou concessão ao mérito, nas de ordem mais elevada na escala moral. (...) Cumpre, porém, advertir que, nestas páginas, tratamos de recordações diretas que o indivíduo possa ter de suas migrações terrestres do pretérito e não de revelações transmitidas por possíveis médiuns. Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Cap. 3 (...) “Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que faziam. Se se lhes permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias revelações fariam sobre o passado”. Allan Kardec – Livro dos Espíritos: Perg. 395 (...) Incontáveis pessoas se hão surpreendido em face das lembranças das vidas passadas, em que mergulham inconscientemente, experimentando nas evocações os estados emocionais característicos das personagens que antes animaram. Da sistemática recordação, com os sucessivos mergulhos nas lembranças do passado, muitos têm sido vítima de distonias de vária ordem, perturbando-se, sem conseguirem estabelecer os limites entre os fatos de uma e de outra existência: a do passado, que retorna vigorosa, e a do presente, que se vai submetendo ao impositivo da outra. Na vida infantil, porque o espírito ainda se encontra em processo de fixação total nas células, apropriando-se do campo somático, a pouco e pouco, surgem frequentemente nos diversos campos da Arte, da Filosofia, da Ciência e da Religião os que externam precocidade surpreendente, revelando conhecimentos superiores aos do tempo em que vivem ou recordando os ensinamentos aprendidos anteriormente.
  • 39. 35 Recordações de Vidas Passadas A memória da aprendizagem e dos fatos não se perde nunca, pois que esta não é património das células cerebrais, que as traduzem, estando incorporada ao períspirito, que a fixa, acumulando as experiências das múltiplas existências, mediante as quais o Espírito evolute, nas diversas faixas que se lhe fazem necessárias. Joanna de Angelis – Estudos Espíritas: Cap. 8 (...) Os fatos capitais da existência humana: provações, testemunhos, reparações, etc., foram delineados, com efeito, até certo limite, como o revela a Doutrina Espírita, antes da reencarnação. Nós próprios, se pretendentes lúcidos à reencarnação, coparticipamos da elaboração do programa que deveremos viver na Terra, e, portanto, a ciência de certos acontecimentos a se desenrolarem em torno de nós, ou conosco, ficará arquivada em nossa consciência profunda, ou subconsciência. Durante a vigília ou vida normal de relação, tudo jazerá esquecido, calcado nas profundidades da nossa alma. Mas, advindo a relativa liberdade motivada pelo sono, poderemos lembrar-nos de muita coisa e os fatos a se realizarem em futuro próximo serão vistos com maior ou menor clareza, e, ao despertarmos, teremos sonhado o que então virá a ser considerado o aviso, ou a premonição. Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade: Cap. 9 (...) Eu me admirava, pois, de notar ao meu lado, de quando em vez, a título de ajuda e proteção, a figura espiritual de um índio brasileiro, jovem e gentil, aparentando dezoito a vinte anos de idade, cujo semblante apresentava melancolia profunda, enquanto as atitudes eram sempre discretas e afetuosas. Por várias vezes encontrei certa semelhança fisionômica nele com certas tias avós minhas, que eu bem conhecera, mas o fato não me preocupou, passando pela minha mente com rapidez, sem deixar qualquer rastro de deduções. Como Espírito desencarnado, porém, a dita entidade não perdera ainda, talvez por ser essa a sua própria vontade, ou talvez por impossibilidades acima da minha capacidade de apreciação, não perdera ainda o complexo mental da última encarnação terrena, pois o seu aspecto era o do comum dos índios brasileiros, discretamente enfeitado com plumagens de aves e flechas coloridas, e os cabelos compridos caídos pelos ombros revelando antiga raça dos nossos nativos. Sua configuração espiritual, por isso mesmo, nada apresentava de tênue à minha visão, quer durante os transes mediúnicos quer em vigília.
  • 40. 36 Recordações de Vidas Passadas Dir-se-ia antes bem sólida e reluzente, semi-desnuda e morena, tal como fora o corpo material. E, de tanto ver esse amigo espiritual e ser por ele socorrida acabei por estimá-lo sinceramente e sua lembrança tornou-se querida ao meu coração, que se enternecia meditando no fato. Dava-me ele a impressão de que, quando homem, sua voz seria de timbre baixo e seu palavreado pausado, pois era assim que agora eu o compreendia, mesmo durante a vigília. No entanto, conforme ficou dito mais acima, jamais me falou em linguagem abastardada e sim naturalmente, conquanto o fizesse poucas vezes. De certa feita perguntei-lhe o nome, para que o amasse melhor e melhor orasse por ele, por atender a uma sua própria solicitação, pois, conforme tenho declarado algures, não gosto de tratar com Espíritos anônimos. Mas ele deu de ombros, sorriu tristemente e respondeu num gesto gracioso, como desejando desvencilhar-se de uma impertinência: — José... Chamo-me José... (...) Entrementes, fui informada últimamente, pelo mesmo amigo «José», a quem supunha desconhecido, de que ele próprio pertencera à tribo de índios Goitacases, do Brasil, e que a mim mesma se ligava não apenas por laços de simpatia espiritual, mas ainda pelos de sangue, pois ele fora o irmão mais velho de minha bisavó, revelação que me surpreendeu e chocou sobremodo, pois, com efeito, eu jamais me detivera a pensar na antiga parentela que vivera nas matas fluminenses. Revelou ainda, levando minha surpresa ao assombro, que nossa ligação espiritual data de séculos, pois ele próprio não era Espírito primitivo; que já vivera, reencarnado, em outros climas e outras civilizações, e que seu banimento espiritual para as matas fora ocasionado pela detenção do livre arbítrio, punição pela longa série de erros e infrações cometidos contra as leis de Deus. E que tal punição o humilhara tanto, diante da própria consciência e dos amigos de longas eras, que agora decidira reabilitar-se, a despeito de todos os sacrifícios impostos pela expiação. E mais, que esse é o tipo de punição mais doloroso e vergonhoso para um Espírito, porque equivalente ao banimento para planetas primitivos, pois a mata é, do mesmo modo, um mundo primitivo onde existe choro e ranger de dentes. E acrescentou: — Não avalias, minha filhinha, o que é o sofrimento íntimo de um indígena das matas, que já viveu, em existências anteriores, entre civilizados.
  • 41. 37 Recordações de Vidas Passadas Pode-se dizer que ele não esqueceu aquele passado, pois este palpita ainda dentro dele e se exterioriza em sonhos, aspirações e intuições. Daí, muitas vezes, a sua decantada tristeza e nostalgia e até neurastenia... — Se já foste civilizado, como encarnado, porque conservas, agora, a configuração indígena, que é tão primitiva? Não é tempo de corrigir os complexos mentais?... Ou as antigas existências são hoje odiosas às tuas recordações, e por isso preferes a aparência indígena?... — ousei perguntar, valendo-me do direito que a prática do Espiritismo faculta para instrução doutrinária. — Sim — respondeu —, a atual aparência é-me mais grata, porque não posso desaparecer de mim mesmo, sou eterno e há necessidade de que eu seja alguma coisa individualizada... Foi como indígena brasileiro que iniciei a série de reparações das faltas cometidas no setor civilizado. Mas, ainda que eu desejasse modificar a minha aparência, não o poderia, por uma questão de pudor e honradez. Como aparecer a mim mesmo ou a outrem com a personalidade de um déspota, um tirano, um celerado, um traidor? Terei de desempenhar longa série de tarefas nobres, nos setores obscuros que me couberem, em desagravo aos males outrora causados no setor civilizado... A punição continua, ainda não estou liberto do pecado... Daí o meu antigo pedido à tua bondade, para que rogasses a Deus por mim... — Quem te vem punindo, Deus? — voltei a indagar. — Oh, como podes julgar que Deus pune alguém? Quem me pune sou eu mesmo, é a lei de causa e efeito, é a minha consciência, o desajuste em que me sinto à frente da harmonia universal... Yvonne Pereira – Recordações da mediunidade – Cap. 7 – O Amigo Ignorado
  • 42. 38 Recordações de Vidas Passadas (...) Animados sejamos da certeza de que o Senhor dará ao servidor as energias que precisa, suprindo-lhe as carências de toda a sorte. Pede-lhe apenas firmeza de propósitos, fidelidade à Doutrina, seu estudo e a prática cotidiana da moral evangélica, cuja vivência será a realidade o único marco de distinção entre os espíritas-cristãos e os demais companheiros de lutas. Precisamos todos uns dos outros, e todos, inegavelmente todos, precisamos do Evangelho como guia de nossas práticas e atividades dentro da Seara. Nele encontraremos, chorando e sofrendo, mas persistindo sempre na decisão realizada, a superar o mundo de erros, paixões e crimes que vivências criminosas geraram para todos nós. Yvonne Pereira – Reformador: No 1.864/Julho/1984 (Mensagem pós-desencarne recebida em 22/03/1984 – FEB/RJ) (...) Pacifiquemo-nos, se queremos a paz. Pensemos moralizadamente e seremos, para nós, os próprios intermediários do passe. Pratiquemos a caridade, perdoando as ofensas, saciando a fome alheia, do corpo ou do Espírito, e, de acordo com os nossos merecimentos, o socorro almejado, a graça solicitada serão alcançados. Lembremo-nos sempre de que o Mestre sabe exatamente do que precisamos ou do que merecemos. Busquemos, pois, na Boa Nova o agente libertador. Vivamo-la, e pouco a pouco, pela nossa renovação à luz do Evangelho, galgaremos com brilho um novo degrau na escala evolutiva, conquista que a nós, exclusivamente a nós, compete realizar. Que a paz do Senhor esteja com todos, agora e sempre. A amiga e companheira, Yvonne Pereira – (Mensagem pós-desencarne recebida em 01/02/1985 – FEB/RJ.)
  • 43. 39 Recordações de Vidas Passadas 3.2 Recordações de Vidas Passadas – Yvonne Pereira – Vidas no Tempo 3.2.1 Lygia/40 dC/Pérsia Por esse tempo, Jesus Cristo já tinha sido crucificado e sua mensagem começava a se espalhar pela Europa epela Ásia. Não muito distante do local onde se deu o calvário do Mestre, existia um desconhecido reino no Oriente, governado por um belo príncipe, homem temido e impiedoso, extremamente rigoroso com seu povo, indiferente às quinze esposas que possuía, alguém bastante solitário. Seu nome era Sakaran (Charles). Tinha um servo, desuainteira confiança, que seconvertera ao cristianismo e a todo custo tentava trazer o soberano para a crença libertadora. Eviu aoportunidade nascer na figura deuma bela jovem chamada Lygia, de dezoito primaveras, que muito o amava e desejava. Estava próximo o aniversário do príncipe, e, na tentativa de sensibilizar o coração de Sakaran, seu servo resolveu oferecer-lhe Lygia como presente, segundo o costume da época, acreditando quea força doamor daquelajovem seriasuperior àmelancolia de tão belo homem. Num momento especial, no meio da festa, Lygia invadiu o salão, bailando eespargindo encanto. Como que hipnotizado, Sakaran não tirava dela os olhos, até que, em evoluções variadas, Lygia foi sentar-se ao seu lado, numa cadeira até então reservada para a sua eleita. Encontravam-se, então,almasquecontinuariam juntas através dos séculos, unidas por um amor capaz de mover céus e terras... Casam-se, posteriormente ela é envenenada e morre – ele em desespero se suicida. Sakaran se reencarna no seu próprio Reino como mendigo e leproso – torna-se cristão e nos séculos seguintes (por todo o transcurso da Idade Média, na Europa e no Oriente) evolui substancialmente mais que Lygia. Charles - Sublimação – Cap. 5/Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
  • 44. 40 Recordações de Vidas Passadas 3.2.2 Ruth/1570/França Depois de passarem por desencontros e experiências variadas SakaraneLygiatornarama seencontrar.OcenáriofoiaFrança, às margens do Reno, em plena Reforma Luterana, no século XVI. Sakaran,então,eraCarlosFilipeII,médicoepregador protestante;LygiaeraRuth-Carolina, suairmã,jovem eimatura. Nascidos no seio de uma família de prestígio na sociedade francesa, eram protestantes convictos. Vivia m a época das grandes perseguições aos huguenotes (como eram chamados os protestantes naquela época), e eles e sua família contavam-se no número dos que abraçara m de bom coração as ideias revolucionárias de Lutero. Carlos era o primogênito, enquanto Ruth, jovem de dezoito anos, era a caçula. Sempre venerada pelo irmão mais velho, devido aos laços do pretérito, dele recebeu educação requintada, sendo pelo mesmo orientada nos princípios do Evangelho. Viviam em paz, até que os reflexos da matança de São Bartolomeu chegaram até a Renânia. Certo dia, informado do trabalho filantrópico que desenvolvia aquela família sob a égide da Reforma, Luís de Narbone, jovem, altivo e fidelíssimo aos preceitos católicos, chamado o Capitão da Fé e comprometido com o massacre dos huguenotes, enviou a Carlos Filipe II uma correspondência, o n d e dizia que sua família deveria sair do solo francês; caso contrário, seriam mortos. Dispostos a sacrificarem a própria vida pelo Evangelho, como os primeiros cristãos, eles decidiram permanecer na terra de seus antepassados, que tantos serviços prestaram à coroa. Demandaram, porém, exilar Ruth em casa interiorana de Otília de Louvigny, a jovem nobre com quem Carlos deveria se casar. Dias após a partida de Ruth, o Capitão da Fé invadiu com sua tropa aquela propriedade, surpreendendo-os em pleno culto evangélico, trucidando a todos que ali se encontravam, inclusive aldeões que comungavam da mesma crença. Fê-lo, porém, com certo receio, pois algo dentro de si dizia que conhecia aquelas pessoas e que lhe eram muito caras. Só muito tempo depois é que Luís saberia que aquela era, de fato, a sua verdadeira família espiritual, de quem se vira apartado por uma contingência evolutiva. Dois meses após o trágico massacre, Otília de Louvigny sucumbiria nos braços de Ruth, vítima de grave enfermidade. Mas antes do último suspiro, selou com ela um terrível pacto: após a sua morte, Ruth tomaria seu nome (posto que Otília ainda não fora apresentada à sociedade francesa, como era costume), iria para Paris, conquistaria o Capitão da Fé para, em seguida, desgraçá-lo. Seria a vingança.
  • 45. 41 Recordações de Vidas Passadas Tão logo chegou a Paris, Ruth, agora Otília, avistou-se com Narbone, tendo este se apaixonado à primeira vista. Ela era muito bela, capaz de apaixonar qualquer coração idealista, como o dele. Envolvendo-o num intenso clima de sedução, Ruth, fingindo-se católica, fê-lo abdicar dos votos ao sacerdócio, que era pretensão do jovem e do pai adotivo do cavaleiro, um respeitado sacerdote francês. A partir de então, ela traçou um terrível plano. Marcou uma entrevista com a rainha Catarina de Médicis que, compreendendo os planos da jovem, resolveu ajudá-la na vingança. Isso porque Catarina sabia que Luís era filho bastardo do falecido rei, seu marido, o que para ela representava uma ameaça, visto que quem reinava era seu filho, Carlos IX. Portanto, tinha todo interesse em retirar Luís de Narbone de seu caminho. Após conquistar o apoio da rainha, Ruth conseguiu casar-se com o jovem, conquistando-lhe a confiança. E, após um breve tempo de casados, armou uma terrível cilada: enviou um bilhete a Catarina afirmando que o Capitão da Fé conspirava contra a coroa e que, em breve, iria entregá-lo para a devida punição. Ao passo que Catarina recebia a correspondência e tomava providências, Ruth acabava de ser descoberta pelo pai adotivo de Luís e por um seu companheiro de cavalaria. Eles tentaram alertar o Capitão da Fé sobre a verdadeira identidade de Ruth. Descobrindo a farsa, Luís pareceu enlouquecer.Amava verdadeiramente aquela mulher e tudo faria para conservá-la ao seu lado. Percebendo a possibilidade de escapar às consequências de seus atos, Ruth mostrou-se arrependida. O Capitão da Fé, convencido do arrependimento de sua amada, almejou vida nova, decidindo ir com ela para uma Igreja a confessarem-se, de modo a verem-se livres dos seus pecados. Porém, enquanto ele permanecia no confessionário, Ruth fugia para aAlemanha. Antes de fazê-lo, porém, deixou-lhe uma carta, dizendo que fora chamada às pressas à presença de Catarina, o que representava a sentença de morte do cavaleiro. Dirigindo-se para o palácio real, Luís foi aprisionado e lançado em fétida cela, onde pereceu após largo período de cárcere, esquecido do mundo, tristemente a t r a i ç o a d o . Na Alemanha, em estado de quase loucura, dez anos após, morreu Ruth, alucinada pelos remorsos que carregava dentro de si, carreando, também, um destino que somente séculos de sofrimentos seria capaz de lapidar. Charles – Nas Voragens do Pecado /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
  • 46. 42 Recordações de Vidas Passadas 3.2.3 Berthe/1680/Belgica Na existência imediata, quando animou a personalidade de Berth de Soumerville, profundas foram suas privações, teve a proteção e orientação do Padre e professor Antoine Thomas (Sakaran/Felipe II/Charles reencarnado), mas insuficientes para conseguir conter seu gênio forte e arredio. Insubmissa às leis de Deus, novamente envolveu-se em difíceis dramas, atingindo seu esposo Henri de Numiers, o antigo Luís de Narbone que, profundamente ferido por ela, suicidou-se. Charles – Cavaleiro Numiers /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
  • 47. 43 Recordações de Vidas Passadas 3.2.4 Andrea/1790/França Na existênciaseguinte,novamente na França,ela,chamada Andrea de Guzman, irmã daquele mesmo Carlos Filipe II (Victor de Guzman nesta encarnação) e prima de Luís de Narbone (Arthur de Evreuxs nesta vida), não conseguiu render-se aos apelos constantes do amor e da renúncia. Afetivamente imatura, comprometeu-se aindamais,nãoresistindo aopeso dasprovações e suicidando-se pelaprimeiravez. Charles – Drama da Bretanha /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
  • 48. 44 Recordações de Vidas Passadas 3.2.5 Nina/1830/Espanha Como a reencarnação de um suicida não é das melhores, conforme seus próprios escritos, ela retornou como uma cigana que vivia e dançava pelas ruas de Madrid, Barcelona e Sevilha. Verdadeiramente humilhadaeexplorada,suaexistência eraduraepenosa. Num momento mágico, em que o passado remoto do Oriente se cruzava com a segunda metade do então século XIX, Sakaran, reencarnado como o médico filantropo Ramiro de Montalban, durante um passeio noturno avistou a sua mesma Lygia de outrora, agora Nina, dançando para divertir um grupo de beberrões. Porque as lembranças do pretérito o sacudissem e o amor sublime renascesse em seu coração, Ramiro correu a retirar a dançarina dali, notando-a exausta e profundamente doente. A partir de então, Ramiro buscou dela cuidar, dando-lhe todo amparo de que necessitava, mas o dela era um destino desventurado. Devido a uma série de contratempos, Nina veio a ser banida da casa daquele a quem tanto amava, morrendo feito mendiga às portas de seu palácio. Charles – Sublimação – Cap. 6 /Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
  • 49. 45 Recordações de Vidas Passadas 3.2.6 Leila/1860/Portugal Nina reencarnaria, em breve tempo, como filha do mesmo Ramiro, que é conhecido por todos como Charles, oguia prestimoso. Ela novamente casou comoantigo Luís de Narbone, que se chamava Roberto de Canallejas, médico nesta existência. Viveram em Portugal por esse tempo. Juntos, tiveram uma filha, que atendia por Lelita. Roberto, contraiu tuberculose em virtude do trabalho que desenvolvia - dedicava-se à descoberta da cura para aquela doença, médico que era. A filha Lelita, também contaminada, morreu com cinco anos de idade, Roberto deixou-se morrer de desgosto, não tentando curar-se da doença. Bastante desgostosa da vida, julgando-se culpada pela sorte dos seus entes queridos, Yvonne, que se chamava Leila, ignorando o carinho e os conselhos do sempre amado pai Ramiro (Charles), mais uma vez jogou-se de cima de uma ribanceira, agora sobre o rio Tejo. Mais uma vez praticava o suicídio. Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade – Cap. 3 / Yvonne Pereira uma heroína silenciosa – Cap. 2
  • 50. 46 Recordações de Vidas Passadas 3.2.7 Yvonne/1900/Brasil Nos primeiros dias de março do ano de 1984, Yvonne afirmara que não valeria a pena o trabalho de colocação de um marca-passo. Contudo, submeteu-se à cirurgia de emergência, à qual não resistiu, desencarnando. Retornou assim, ao Mundo Espiritual, uma das mais respeitáveis médiuns do Movimento Espírita Brasileiro, Yvonne do Amaral Pereira, às 22 horas do dia 9 de março daquele ano, após um longo período de atividades na causa espírita. Nascida na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, atual Rio das Flores, no Sul fluminense, no dia 24 de dezembro de 1900, familiarmente, atendia pelo nome afetivo de Tuti. Aos 5 anos de idade, não somente via, mas conversava com os espíritos. Aos 12 anos, colocaram-lhe nas mãos a obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que ela passaria a ler diariamente. Aos 13 anos, escrevia com desenvoltura e estudava sozinha, alcançando as horas da madrugada. Sua vida é uma epopeia de renúncias. Desejava estudar piano e chegou a dedilhar o teclado. Mas, a pobreza de seus pais lhe impediu o acesso aos estudos que a pudessem habilitar à prática musical. Desejava tornar-se professora, mas por dificuldades econômicas, também não lhe foi possível frequentar o Curso Normal, que almejava. Lia autores nacionais e internacionais, como Bernardo Guimarães, José de Alencar, Goethe e Conan Doyle, ilustrando-se de contínuo. Os trabalhos em prosa e verso que escreveu, sob a tutela espiritual de Roberto de Canallejas (espírito), desde os 12 anos, foram publicados na imprensa mineira, paulista e fluminense, em jornais diversos. Posteriormente, a Revista Reformador da Federação Espírita Brasileira igualmente os publicou. Mais tarde, em período compreendido entre 1963 e 1982, Yvonne adotou o pseudônimo de Frederico Francisco e publicou notáveis escritos na mesma Revista. Yvonne, além de médium psicofônica, psicógrafa, gozava das faculdades mediúnicas de desdobramento, materialização e de curas. Nas localidades onde viveu, sempre deu a sua contribuição nos Centros Espíritas, como bibliotecária, secretária, vice-presidente, evangelizadora, palestrante. Durante 44 anos, subiu à tribuna espírita, em cinco das seis cidades em que residiu. No ano de 1979, nos meses de setembro a dezembro, a Revista Reformador publicou substancioso texto de Yvonne, onde ela narra algumas de suas experiências reencarnatórias, que culminam na encarnação que findou no Brasil, no ano de 1984.
  • 51. 47 Recordações de Vidas Passadas A Societo Lorenz, no ano 2000, sintetizou em um livreto os quatro artigos, que chegaram a ocupar as páginas do jornal Mundo Espírita, e o publicou com o título “Um caso de reencarnação - Eu e Roberto de Canallejas”. Nessas poucas páginas Yvonne relata a reencarnação de Roberto, na Polônia, quando ela já em idade madura, o localiza através de um grupo que trocava postais usando o Esperanto (idioma que os espíritos utilizaram para ditar alguns de seus livros). Nesta narrativa comovente, a relação entre a médium e Roberto é detalhada, desvelada. Yvonne nos revela a presença de Roberto desde a sua infância, passando pela adolescência, quando a seguia como espírito, a despedida dele ao retornar a Terra, até o vínculo com um “desconhecido” Z. P (ela não revela o nome) que é o próprio Roberto, vivendo na Polônia distante. A transmutação do amor humano, carnal, em amor espiritual, profundo, abrangente foi para ela uma luta diária consigo mesma. O sofrimento ao sabê-lo encarnado, visitá-lo espiritualmente, e posteriormente quando em 1976 ele esteve no Brasil renunciar a vê-lo em pessoa foi sua “prova de fogo”, que lhe exigiu renúncia extrema. FEP - Jornal Mundo Espírita – 2004 - Março
  • 52. 48 Recordações de Vidas Passadas YVONNE PEREIRA – Vidas no Tempo 3 NOME LYGIA RUTH BERTHE ANDREA NINA LEILA YVONNE ÉPOCA 40 DC Cristianismo 1570 Huguenotes 1680 Luiz XIV 1790 Revolução Francesa 1830 1860 1900 LOCAL Pérsia França (Paris) Bélgica (Bruges) França (Bretanha) Espanha (Madrid) Portugal (Lisboa) Brasil (Rio) RELAÇÕES Sakaran • Esposo • Príncipe (suicida-se) Carlos Filipe II • Irmão • Médico Luis de Narbone • Esposo • Militar Antoine Thomas • Protetor • Padre/ (Professor) Henry Numiers • Esposo (suicida-se) Victor de Guzman • Irmão Arthur de Evreuxs • Primo (paralítico) Ramiro • Protetor • Médico Ramiro • Pai • Médico Roberto • Esposo (suicida indireto) Charles • Mentor Roberto • Mentor • “Amigo” ZP-polonês LIVRO Autor Edição Sublimação Cap. 5 Charles 1973 Nas Voragens do Pecado Charles 1960 O Cavaleiro Numiers Roberto/Charles 1973/1925 O Drama da Bretanha Roberto/Charles 1973/1924 Sublimação Cap. 6 Charles 1973 Recordações da Mediunidade Cap. 3 Yvonne 1966 Um caso de Reencarnação Yvonne 2000 MORTE 1º Suicídio 2º Suicídio