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Impeachment de Dilma Rousseff: diferenças entre revisões

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{{Info/Processo de impeachment de Dilma Rousseff}}
{{Info/Processo de impeachment de Dilma Rousseff}}
O '''''impeachment'' de Dilma Rousseff''' consistiu em um processo iniciado com vistas ao impedimento da continuidade do [[Governo Dilma Rousseff|mandato]] de [[Dilma Rousseff]] como [[Presidente do Brasil|presidente]] da [[Brasil|República Federativa do Brasil]].<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151202_impeachment_pedido_pai|titulo=Dilma sob ameaça: Veja como é o processo de impeachment|publicado=BBC|autor=Mariana Schreiber|data=02-12-2015|acessodata=05-12-2015}}</ref> O processo iniciou-se com a aceitação, em 2 de dezembro de 2015, pelo presidente da [[Câmara dos Deputados]], [[Eduardo Cunha]], de uma denúncia por [[crime de responsabilidade]] oferecida em 15 de outubro de 2015<ref>{{citar web|url=https://exame.com/brasil/bicudo-e-reale-protocolam-novo-pedido-de-impeachment-e-evitam-falar-sobre-cunha/|titulo=Bicudo e Reale Jr. protocolam novo pedido de impeachment|publicado=Exame|autor=Ana Fernandes|data=15-10-2015|acessodata=27-11-2020}}</ref> pelo procurador de justiça aposentado [[Hélio Bicudo]] e pelos advogados [[Miguel Reale Júnior]] e [[Janaina Paschoal]],<ref name="den">{{citar web|url=http://www.zerohora.com.br/pdf/17802008.pdf|título=Denúncia apresentada por Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaina Paschoal ao Presidente da Câmara dos Deputados|data=15-10-2015|acessodata=27-11-2020|formato=PDF}}</ref><ref>{{citar web|url=https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2015/12/leia-a-integra-do-pedido-de-impeachment-de-dilma-aceito-por-eduardo-cunha-4921294.html|titulo=Leia a íntegra do pedido de impeachment de Dilma aceito por Eduardo Cunha|data=02-12-2015|acessodata=27-11-2020|publicado=GaúchaZH}}</ref><ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/02/eduardo-cunha-impeachment.htm|titulo=Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment da oposição contra Dilma|data=02-12-2015|acessodata=06-12-2015|publicado=[[UOL]]|autor=Felipe Amorim e Marina Motomura}}</ref> e se encerrou no dia 31 de agosto de 2016, resultando na cassação do mandato de Dilma. Assim, Dilma Rousseff tornou-se a quarta pessoa a exercer o cargo de Presidente da República a sofrer ''[[impeachment]]'' no Brasil, depois de [[Impeachment de Fernando Collor|Fernando Collor]], [[Impeachment de Café Filho|Café Filho]] e [[Impeachment de Carlos Luz|Carlos Luz]].


As acusações versaram sobre desrespeito à [[lei orçamentária]] e à lei de [[improbidade administrativa]] por parte da presidente, além de lançarem suspeitas de envolvimento em atos de [[corrupção]] na [[Petrobras]], que eram objeto de investigação pela [[Polícia Federal]], no âmbito da [[Operação Lava Jato]].<ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/listas/veja-argumentos-a-favor-e-contra-o-impeachment-de-dilma.htm|titulo=Veja 8 razões a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff|publicado=Uol|autor=Felipe Amorim|data=02-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref> Havia, no entanto, juristas que contestavam a denúncia dos três advogados, afirmando que as chamadas "[[pedaladas fiscais]]" não caracterizaram improbidade administrativa e que não existia qualquer prova de envolvimento da presidente em [[crime doloso]] que pudesse justificar o ''impeachment''.<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/150923_ritos_impeachment_ms_ab|titulo=Qual seria o curso de um eventual processo de impeachment?|publicado=BBC|autor=Mariana Schreiber|data=21-10-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref><ref name="duas"/><ref>{{citar web|url=http://jota.info/parecer-de-dalmo-de-abreu-dallari-contra-o-impeachment-de-dilma|título=Parecer de Dalmo de Abreu Dallari contra o impeachment de Dilma|autor=Dalmo de Abreu Dallari|acessodata=20-03-2016|data=07-10-2015|publicado=[[JOTA (site)|JOTA]]|wayb=20151222133539|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.migalhas.com.br/arquivos/2015/10/art20151014-13.pdf|título=Parecer de Fabio Konder Comparato e Celso Antônio Bandeira de Mello|data=30-09-2015|formato=PDF}}</ref><ref>{{citar web|url=http://apublica.org/2015/12/truco-comparato-o-impeachment-hoje-e-absolutamente-ilegitimo|título=Comparato: "O impeachment hoje é absolutamente ilegítimo"|autor=Natalia Viana|publicado=apublica.org|data=04-12-2015|acessodata=13-04-2016}}</ref>
O '''impeachment de Dilma Rousseff''' consistiu em uma [[Processo (direito)|questão processual]] aberta com vistas ao [[Impeachment|impedimento]] da continuidade do [[Governo Dilma Rousseff|mandato]] de [[Dilma Rousseff]] como a [[Presidente do Brasil|Presidente da República]] do [[Brasil]].<ref>{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151202_impeachment_pedido_pai |titulo=Dilma sob ameaça: Veja como é o processo de impeachment |publicado=BBC |autor=Mariana Schreiber |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=5 de dezembro de 2015}}</ref> O processo iniciou-se com a aceitação, em 2 de dezembro de 2015, pelo [[Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil|Presidente da Câmara dos Deputados]], [[Eduardo Cunha]], de denúncia por [[crime de responsabilidade]] oferecida pelo procurador de justiça aposentado [[Hélio Bicudo]] e pelos advogados [[Miguel Reale Júnior]] e [[Janaina Paschoal]]<ref name=den>{{citar web|url=http://www.migalhas.com.br/arquivos/2015/9/art20150901-04.pdf|título=Denúncia apresentada por Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaina Paschoal ao Presidente da Câmara dos Deputados|data=31 de agosto de 2015|acessodata=20 de março de 2016|formato=PDF}}</ref><ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/02/eduardo-cunha-impeachment.htm |titulo=Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment da oposição contra Dilma |publicado=Uol |autor=Felipe Amorim e Marina Motomura |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>, e se encerrou no dia 31 de agosto de 2016, resultando na destituição de Dilma do cargo.


A partir da aceitação do pedido, formou-se uma comissão especial na Câmara dos Deputados, a fim de decidir sobre a sua admissibilidade. O roteiro começou com os depoimentos dos autores do pedido e teve seguimento com a apresentação da defesa de Dilma. Enquanto isso, [[Protestos contra o governo Dilma Rousseff|manifestações de rua a favor]] e contra o impedimento ocorriam periodicamente em todo o país.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/camara-elege-membros-de-comissao-que-analisara-impeachment-de-dilma.html|título=Câmara elege membros de comissão que analisará impeachment de Dilma|publicado=G1|autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro|data=2016-03-17|acessodata=2016-01-01}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160311_protestos_analise_ms|título=Cinco visões: como os protestos vão impactar o processo de ''impeachment''?|publicado=BBC Brasil|autor=Mariana Schreibe|data=2016-03-14|acessodata=2016-04-01}}</ref>
As acusações versaram sobre desrespeito à [[lei orçamentária]] e à lei de [[improbidade administrativa]] por parte da presidente, além de lançarem suspeitas de envolvimento da mesma em atos de [[corrupção]] na [[Petrobras]], que eram objeto de investigação pela [[Polícia Federal]], no âmbito da [[Operação Lava Jato]].<ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/listas/veja-argumentos-a-favor-e-contra-o-impeachment-de-dilma.htm |titulo=Veja 8 razões a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff |publicado=Uol |autor=Felipe Amorim |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> Havia, no entanto, juristas que contestavam a denúncia dos três advogados, afirmando que as chamadas "[[pedaladas fiscais]]" não caracterizaram [[improbidade administrativa]] e que não existia qualquer prova de envolvimento da presidente em [[crime doloso]] que pudesse justificar o ''impeachment''.<ref>{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/150923_ritos_impeachment_ms_ab |titulo=Qual seria o curso de um eventual processo de impeachment? |publicado=BBC |autor=Mariana Schreiber |data=21 de outubro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref><ref name=duas /><ref>{{citar web|url=http://jota.info/parecer-de-dalmo-de-abreu-dallari-contra-o-impeachment-de-dilma|título=Parecer de Dalmo de Abreu Dallari contra o impeachment de Dilma|autor=Dalmo de Abreu Dallari|acessodata=20 de março de 2016|data=7 de outubro de 2015|publicado=[[JOTA (site)|JOTA]]}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.migalhas.com.br/arquivos/2015/10/art20151014-13.pdf|título=Parecer de Fabio Konder Comparato e Celso Antônio Bandeira de Mello|data=30 de setembro de 2015|formato=PDF}}</ref><ref>{{citar web|url=http://apublica.org/2015/12/truco-comparato-o-impeachment-hoje-e-absolutamente-ilegitimo|título=Comparato: "O impeachment hoje é absolutamente ilegítimo"|autor=Natalia Viana|publicado=apublica.org|data=4 de dezembro de 2015|acessodata=13 de abril de 2016}}</ref>


O relatório da comissão foi favorável ao impedimento da presidente Dilma: 38 deputados aprovaram o relatório e 27 se manifestaram contrários.<ref>{{Citar web|autor=Fabiana Maranhão e Ricardo Marchesan|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/11/comissao-vota-pela-abertura-de-processo-de-impeachment-contra-dilma-rousseff.htm|título=Parecer favorável ao impeachment de Dilma é aprovado em comissão da Câmara|publicado=UOl Notícias|data=12-04-2016|acessodata=12-04-2016}}</ref> Em 17 de abril, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o relatório com 367 votos favoráveis e 137 contrários. O parecer da Câmara foi imediatamente enviado ao [[Senado Federal do Brasil|Senado]], que também formou a sua comissão especial de admissibilidade, cujo relatório foi aprovado por 15 votos favoráveis e 5 contrários.<ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/05/06/votacao-do-impeachment-na-comissao-do-senado.htm|publicado=UOL|título=Por 15 votos a 5, comissão do Senado aprova relatório a favor de impeachment|data=06-05-2016|acessodata=10-05-2016|autor=Felipe Amorim}}</ref> Em 12 de maio o Senado aprovou por 55 votos a 22 a abertura do processo, afastando Dilma da presidência até que o processo fosse concluído. Neste momento, o vice-presidente [[Michel Temer]] assumiu [[Presidente interino|interinamente]] o cargo de presidente.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/processo-de-impeachment-e-aberto-e-dilma-e-afastada-por-ate-180-dias.html|título=Processo de impeachment é aberto, e Dilma é afastada por até 180 dias|data=12-05-2016|publicado=[[G1]]|acessodata=12-05-2016}}</ref> Em 31 de agosto de 2016, Dilma Rousseff foi afastada do cargo de Presidente da República após três meses de tramitação do processo iniciado no Senado, que culminou com uma votação em plenário resultando em 61 votos a favor e 20 contra o impedimento.<ref>{{Citar web|url=https://istoe.com.br/senado-rejeita-inelegibilidade-e-perda-de-funcoes-publicas-de-dilma/|título=Senado aprova impeachment de Dilma, e Temer será efetivado presidente do Brasil|publicado=UOL Notícias|data=30-08-2016|acessodata=30-08-2016}}</ref> Porém, em seguida, o Senado rejeitou, por 42 votos a 36, a inabilitação de Dilma para exercer cargos públicos por oito anos, conforme previa a constituição.<ref>{{Citar web|autor=Felipe Amorim, Leandro Prazeres e Ricardo Marchesan|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/08/31/senado-aprova-impeachment-e-dilma-deixa-presidencia-em-definitivo.htm|título=Senado rejeita inelegibilidade e perda de funções públicas de Dilma|publicado=Istoé|data=31-08-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://jus.com.br/artigos/51748/consideracoes-preliminares-sobre-o-impeachment-sem-perda-dos-direitos-politicos|título=Considerações preliminares sobre o impeachment sem perda dos direitos políticos|publicado=Jus Brasil|autor=Rodrigo Lobregat|data=agosto de 2016|acessodata=05-02-2020}}</ref>
A partir da aceitação do pedido, formou-se uma comissão especial na [[Câmara dos Deputados]], a fim de decidir sobre a sua admissibilidade. O roteiro começou com os depoimentos dos autores do pedido e teve seguimento com a apresentação da defesa de Dilma. Enquanto isso, manifestações de rua contra e a favor do impedimento ocorriam periodicamente em todo o país.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/camara-elege-membros-de-comissao-que-analisara-impeachment-de-dilma.html |título=Câmara elege membros de comissão que analisará impeachment de Dilma |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro |data=17 de março de 2016 |acessodata= 1º de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url= http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160311_protestos_analise_ms |título=Cinco visões: como os protestos vão impactar o processo de ''impeachment''?|publicado=BBC Brasil|autor=Mariana Schreibe |data=14 de março de 2016|acessodata=1º de abril de 2016}}</ref>


== Contexto ==
O relatório da comissão foi favorável ao impedimento da presidente Dilma: 38 deputados aprovaram o relatório e 27 se manifestaram contrários.<ref>{{Citar web|autor= Fabiana Maranhão e Ricardo Marchesan |url= http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/11/comissao-vota-pela-abertura-de-processo-de-impeachment-contra-dilma-rousseff.htm |título= Parecer favorável ao impeachment de Dilma é aprovado em comissão da Câmara |publicado= UOl Notícias|data=12 de abril de 2016 |acessodata=12 de abril de 2016}}</ref> Em 17 de abril, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o relatório com 367 votos favoráveis e 137 contrários. O parecer da Câmara foi imediatamente enviado ao Senado, que também formou a sua comissão especial de admissibilidade, cujo relatório foi aprovado por 15 votos favoráveis e 5 contrários.<ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/05/06/votacao-do-impeachment-na-comissao-do-senado.htm|publicado=UOL|título=Por 15 votos a 5, comissão do Senado aprova relatório a favor de impeachment|data=6 de maio de 2016|acessodata=10 de maio de 2016|autor=Felipe Amorim}}</ref> Em 12 de maio o Senado aprovou, por 55 votos a 22, a abertura do processo, afastando Dilma da presidência até que o processo fosse concluído.<ref>{{citar web|URL=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/processo-de-impeachment-e-aberto-e-dilma-e-afastada-por-ate-180-dias.html|título=Processo de impeachment é aberto, e Dilma é afastada por até 180 dias|autor=|data=12 de maio de 2016|publicado=[[G1]]|acessodata=12 de maio de 2016}}</ref>Em 31 de agosto de 2016, Dilma Rousseff perdeu o cargo de Presidente da República, após três meses de tramitação do processo iniciado no Senado, que culminou com uma votação em plenário, resultando em 61 votos a favor e 20 contra o impedimento.<ref>{{Citar web |autor= Felipe Amorim, Leandro Prazeres e Ricardo Marchesan |url= http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/08/31/senado-aprova-impeachment-e-dilma-deixa-presidencia-em-definitivo.htm |título= Senado aprova impeachment de Dilma, e Temer será efetivado presidente do Brasil|publicado= UOL Notícias |data= 30 de agosto de 2016 |acessodata= 30 de agosto de 2016}}</ref>
{{Principal|Crise econômica brasileira de 2014|Operação Lava Jato}}
[[Imagem:Solenidades. Homenagens (16148943366).jpg|thumb|esquerda|[[Dilma Rousseff]] discursando na cerimônia de [[Posse de Dilma Rousseff em 2015|posse de seu segundo mandato]], em 1º de janeiro de 2015. Atrás dela estão o Presidente do Senado, [[Renan Calheiros]], e o Vice-presidente da República, [[Michel Temer]].]]


A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente [[Michel Temer]] foram reeleitos no segundo turno da [[Eleição presidencial no Brasil em 2014|eleição presidencial de 2014]] com 51,64% dos votos válidos, sendo esta a eleição presidencial mais acirrada da história do país até então,<ref>{{citar web|url=https://www.cnnbrasil.com.br/politica/disputa-entre-lula-e-bolsonaro-e-a-eleicao-para-presidente-mais-acirrada-da-historia/|título=Disputa entre Lula e Bolsonaro é a eleição para presidente mais acirrada da história|publicado=CNN BRASIL|autor=Carolina Cerqueira e Daniel Moliterno|data=30-10-2022|acessodata=21-12-2022}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Crise econômica e corrupção marcarão a nova presidência|url=https://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/26/politica/1414356634_215134.html|obra=EL PAÍS|data=2014-10-27|acessodata=2019-06-09|primeiro=Antonio Jiménez|ultimo=Barca}}</ref> o que gerou insatisfação entre os oposicionistas e parte da população. Em 2015, Dilma iniciou seu segundo mandato enfraquecida devido à [[Crise econômica brasileira de 2014|crise política e à e crise econômica]] que surgia. O desemprego começava a subir e uma forte [[recessão]] se avizinhava, cujos sinais já foram percebidos em 2014 devido ao baixo crescimento do [[Produto interno bruto do Brasil|produto interno bruto]] (PIB) naquele ano.<ref>{{citar web|título=Entenda o que a recessão técnica significa para a economia|url=https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,entenda-o-que-a-recessao-tecnica-significa-para-a-economia,384664|obra=Estadão|autor=Alessandra Corrêa|data=09-06-2009}}</ref> Devido a esses fatores, Dilma atingiu 9% de aprovação em uma pesquisa do [[Ibope]] realizada em julho de 2015, o mais baixo índice para um presidente até então.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/07/governo-dilma-tem-aprovacao-de-9-aponta-pesquisa-ibope.html|titulo=Governo Dilma tem aprovação de 9%, aponta pesquisa Ibope|publicado=G1|autor=Filipe Matoso|data=2015-07-01|acessodata=2015-12-05}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/08/1665135-reprovacao-de-dilma-cresce-e-supera-a-de-collor-em-1992.shtml|titulo=Reprovação de Dilma cresce e supera a de Collor em 1992|publicado=Folha de S.Paulo|autor=Alexandre Aragão|data=06-08-2015|acessodata=05-12-2015}}</ref> A partir de março, diversos [[Protestos contra o governo Dilma Rousseff|protestos contra o governo]] reuniam centenas de milhares de pessoas em todo o país para pedir, entre outras demandas, o ''impeachment'' ou a renúncia da presidente.<ref>{{citar periódico|ano=2017|título=A direita que saiu do armário: a cosmovisão dos formadores de opinião dos manifestantes de direita brasileiros|periódico=Sociedade e Estado|volume=32|páginas=621–648|doi=10.1590/s0102-69922017.3203004|issn=0102-6992|número=3|último=Messenberg|primeiro=Débora}}</ref><ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/08/manifestantes-protestam-contra-o-governo-dilma-em-cidades-do-brasil.html|titulo=Todos os estados e o DF têm protestos contra o governo Dilma|publicado=G1|data=16-08-2015|acessodata=05-12-2015}}</ref>
== Antecedentes ==
{{VT|Impeachment no Brasil}}
=== Pedaladas fiscais e corrupção na Petrobras ===
{{VT|Operação Lava Jato}}
As [[Pedalada fiscal|pedaladas fiscais]] são um termo usado pela mídia para descrever uma manobra contábil do governo, que serviu para passar a impressão de que ele arrecadava mais do que gastava, enquanto a realidade era exatamente o contrário.<ref>{{citar web |url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/07/em-infografico-entenda-o-que-sao-as-pedaladas-fiscais-do-governo-dilma-4803915.html |titulo=Em infográfico, entenda o que são as pedaladas fiscais do governo Dilma |publicado=Zero Hora |data=17 de julho de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://mercadopopular.org/2015/10/o-que-e-pedalada-fiscal-um-manual-para-nao-economistas/ |titulo=O que é pedalada fiscal? Um manual para não-economistas |publicado=Ig |autor=Carlos Góes |data=8 de outubro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://infograficos.estadao.com.br/public/economia/pedaladas-fiscais/ |titulo=As 'pedaladas fiscais' do governo Dilma |publicado=Estadão |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> O governo não estava pagando os bancos públicos e privados que financiavam programas sociais como o [[Bolsa Família]].<ref name="Pedalada fiscal">{{citar web |url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/entenda-pedaladas-fiscais-e-o-que-o-tcu-avalia-nas-contas-do-governo.html |titulo=Entenda as 'pedaladas fiscais' e o que o TCU avalia nas contas do governo |publicado=G1 |autor=Alexandre Martello e Fábio Amato |data=17 de junho de 2015 |acessodata=5 de dezembro de 2015}}</ref> Então, para que os beneficiários não deixassem de receber, os bancos arcavam com as despesas sozinhos, sem receberem a compensação governamental.<ref>{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/noticia/economia/o-governo-fez-bancos-do-estado-pagarem-as-suas-despesas-e-isso-nao-e-pedalada/ |titulo="O governo fez bancos do Estado pagarem as suas despesas — e isso não é pedalada" |publicado=Veja |autor=Ana Clara Costa |data=22 de abril de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> Entretanto, o [[Tribunal de Contas da União]], em decisão unânime, considerou essa operação um empréstimo dos bancos, não pago pelo governo, e que feria a [[Lei de Responsabilidade Fiscal]].<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,tcu-rejeita-contas-de-dilma-por-pedaladas-fiscais,1776349 |título=Em decisão unânime, TCU rejeita contas do governo Dilma e 2014 |publicado=Estadão |autor=Bernardo Caram |data=7 de outubro de 2015 |acessodata=20 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/04/tcu-conclui-que-o-governo-infringiu-lei-de-responsabilidade-fiscal.html |titulo=TCU conclui que o governo infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal |publicado=Jornal da Globo |autor=Fernando Rêgo Barros |data=16 de abril de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm |titulo=LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000. |publicado=Palácio do Planalto |data=4 de maio de 2000 |acessodata=19 de março de 2016 |citacao=Artigo 36 da LRF : ''"É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo."''}}</ref> Embora o TCU seja um órgão auxiliar do Legislativo e não tenha poderes para condenar o chefe do Executivo, ele oferece um parecer prévio, que pode ou não ser acatado pelo [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]], abrindo até mesmo a possibilidade de um processo de impedimento da Presidente da República.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/10/tcu-recomenda-ao-congresso-reprovar-contas-do-governo-de-2014.html |titulo=TCU recomenda ao Congresso reprovar contas do governo de 2014 |publicado=G1 |autor=Débora Cruz e Filipe Matoso |data=7 de outubro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://portal.tcu.gov.br/comunidades/congresso-nacional/controle-externo/ |titulo=O TCU e o Controle Externo |publicado=Tribunal de Contas da União |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


Contudo, as razões para a abertura do processo de ''impeachment'' de Dilma iam além. O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, era investigado na [[Operação Lava Jato]] da Polícia Federal, sob denúncias de ter recebido propinas da Petrobras e de manter contas secretas na [[Suíça]]. Consequentemente, Cunha corria o risco de perder o seu mandato, pois o [[Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados do Brasil|Conselho de Ética da Câmara]] movia um processo contra ele. Surgiram boatos sobre tentativas de acordo entre o deputado e os petistas, a fim de encerrar esse processo, os quais ele desmentia vigorosamente. Quando os petistas anunciaram o seu apoio à perda do mandato de Cunha no Conselho de Ética, ele teria aceitado o pedido de ''impeachment'' como instrumento de chantagem.<ref name="Cunha diz que Dilma mentiu à nação ao negar barganha política">{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/cunha-diz-que-dilma-mentiu-nacao-ao-negar-barganha-politica|titulo=Cunha diz que Dilma mentiu à nação ao negar barganha política|publicado=Agência Brasil|autor=Carolina Gonçalves|data=05-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref> Por sua vez, Dilma negou tentativas de acordo para salvar Cunha e se livrar do ''impeachment'', assim como negou acordos para interferir no Conselho de Ética em troca da aprovação da volta da [[Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira|CPMF]], que era uma grande necessidade do governo para recuperar a economia.<ref>{{Citar web|titulo=Dilma afirma que CPMF é a 'melhor solução disponível' para a economia|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/01/dilma-diz-que-cpmf-e-melhor-solucao-disponivel-para-economia.html|data=2016-01-28|autor=Laís Alegretti, Filipe Matoso e Alexandro Martello|obra=G1}}</ref> Nas palavras dela, em entrevista coletiva no mesmo dia da aceitação do pedido:
Havia também o esquema de corrupção na [[Petrobras]]. Era uma operação ilegal, com desvio de dinheiro da estatal para empresas e políticos, funcionando como um esquema de propinas<ref>{{citar web |url=http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso |titulo=Caso Lava Jato: Entenda o caso |publicado=Ministério Público Federal |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> e também como um provável abastecimento de campanhas da presidente Dilma.<ref>{{citar web|url=http://www.infomoney.com.br/mercados/na-real/noticia/4318380/indicios-dinheiro-petrolao-eleicao-dilma-propina-governo-lula|publicado=InfoMoney|acessodata=20 de março de 2016|data=1 de outubro de 2015|título=PF vê indícios de dinheiro do petrolão na eleição de Dilma e propina no governo Lula|autor=José Márcio Mendonça}}</ref><ref>{{citar web|url=http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2015/09/fernando-baiano-palocci-pediu-dinheiro-do-petrolao-para-campanha-de-dilma-e-o-dinheiro-foi-entregue.html|publicado=O Globo|acessodata=20 de março de 2016|título=Fernando Baiano: Palocci pediu dinheiro do petrolão para a campanha de Dilma – e o dinheiro foi entregue|data=19 de setembro de 2015|autor=Robson Bonin}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.oantagonista.com/posts/dinheiro-do-petrolao-na-campanha-de-dilma|publicado=O Antagonista|acessodata=20 de março de 2016|data=15 de agosto de 2015|título=Dinheiro do Petrolão na campanha de Dilma|autor=Diogo Mainardi, Mário Sabino e Cláudio Dantas}}</ref> No total, foram acusados cinquenta políticos de seis partidos e dez empresas, das quais a mais importante foi a [[Construtora Norberto Odebrecht|Odebrecht]]. O juiz federal do [[Paraná]] — onde a operação teve início — [[Sérgio Moro]], especialista em crimes financeiros, ficou responsável pelos processos que não envolveram políticos, pois estes possuem [[foro especial por prerrogativa de função]] e devem ser investigados no [[Supremo Tribunal Federal]] (STF).<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/11/1548049-entenda-a-operacao-lava-jato-da-policia-federal.shtml |titulo=Entenda a Operação Lava Jato, da Polícia Federal |publicado=Folha de S.Paulo |data=14 de novembro de 2014 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/07/o-juiz-sergio-moro-lidera-uma-revolucao-no-combate-corrupcao-no-brasil.html |titulo=O juiz Sergio Moro lidera uma revolução no combate à corrupção no Brasil |publicado=Época |autor=Thiago Bronzatto, Leandro Loyola e Diego Escosteguy |data=4 de julho de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> A investigação ficou conhecida como [[Operação Lava Jato]] e contou com várias [[delação premiada|delações premiadas]] para chegar a nomes como [[Eduardo Cunha]].<ref>{{citar web |url=http://arte.folha.uol.com.br/poder/operacao-lava-jato/ |titulo=Operação Lava Jato |publicado=Folha de S.Paulo |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> Contudo, a presidente [[Dilma Rousseff]] não era alvo de acusações formais nessa operação.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2015/03/dilma-e-aecio-ficam-fora-dos-pedidos-de-investigacao.html |titulo=Dilma e Aécio ficam fora dos pedidos de investigação |publicado=G1 |autor=Renan Ramalho e Nathalia Passarinho |data=6 de março o de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>


{{Quote|Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública.|autor=Dilma Rousseff<ref name="UOL_1">{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/02/dilma-de-diz-indignada-com-pedido-de-impeachment.htm|titulo=Dilma diz estar "indignada" com pedido de impeachment|publicado=Uol|data=02-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref>}}
=== Contexto político ===
{{Principal|Eleição presidencial no Brasil em 2014|Governo Dilma Rousseff|Protestos antigovernamentais no Brasil em 2015}}
[[Imagem:Solenidades. Homenagens (16148943366).jpg|thumb|245px|[[Dilma Rousseff]] discursando na cerimônia de [[Posse de Dilma Rousseff em 2015|posse de seu segundo mandato]], em 1º de janeiro de 2015. Atrás dela estão o Presidente do Senado, [[Renan Calheiros]], e o Vice-presidente da República, [[Michel Temer]].]]


Após o pronunciamento da presidente, Cunha afirmou que ela mentiu à nação quando disse que não participaria de qualquer barganha e que o governo tinha muito que explicar à sociedade. O deputado reiterou que não tinha conhecimento de negociações, que não atendeu o telefonema do ministro [[Jaques Wagner]] (que seria o intermediário), que seus aliados não estavam negociando a salvação de seu mandato e que se recusou a aceitar a proposta do governo quando teve conhecimento desta. Declarando-se adversário do Partido dos Trabalhadores, ele disse que preferia não ter os três votos do partido no Conselho de Ética.<ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/quem-fez-barganha-foi-o-governo--nao-eu--alega-cunha-sobre-impeachment/|titulo='Quem fez barganha foi o governo, não eu', alega cunha sobre impeachment|publicado=Estadão|autor=Daniel Carvalho e Igor Gardelha|data=03-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref> A presidente [[Dilma Rousseff]] não era alvo de acusações formais na Lava Jato.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2015/03/dilma-e-aecio-ficam-fora-dos-pedidos-de-investigacao.html|titulo=Dilma e Aécio ficam fora dos pedidos de investigação|publicado=G1|autor=Renan Ramalho e Nathalia Passarinho|data=06-03-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref>
A presidente Dilma e o vice-presidente [[Michel Temer]] foram reeleitos, no segundo turno da [[Eleição presidencial no Brasil em 2014|eleição de 2014]], com 51,64% dos votos válidos, sendo esta a eleição presidencial mais acirrada da história do país.<ref>{{citar web |url=http://www.ebc.com.br/noticias/eleicoes-2014/2014/10/eleicao-presidencial-de-2014-foi-a-mais-acirrada-desde-1989 |titulo=Eleição presidencial de 2014 foi a mais acirrada após ditadura |publicado=EBC |autor=Noelle Oliveira |data=27 de outubro de 2014 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Após ter sido [[Posse de Dilma Rousseff em 2015|empossada]] em 1º de janeiro de 2015,<ref>{{citar web |url=http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2015/01/01/internas_polbraeco,464269/dilma-toma-posse-para-segundo-mandato-acompanhe-ao-vivo.shtml |titulo=Dilma toma posse para segundo mandato |publicado=Correio Braziliense |data=1º de janeiro de 2015 |acessodata=5 de dezembro de 2015}}</ref> Dilma iniciou seu segundo mandato enfraquecida, graças principalmente às crises econômica e política, o que a levou a atingir 9% de aprovação em uma pesquisa do [[Ibope]] realizada em julho daquele ano, o mais baixo índice de aprovação para um Presidente da República.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/07/governo-dilma-tem-aprovacao-de-9-aponta-pesquisa-ibope.html |titulo=Governo Dilma tem aprovação de 9%, aponta pesquisa Ibope |publicado=G1 |autor=Filipe Matoso |data=1º de julho de 2015 |acessodata=5 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/08/1665135-reprovacao-de-dilma-cresce-e-supera-a-de-collor-em-1992.shtml |titulo=Reprovação de Dilma cresce e supera a de Collor em 1992 |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Alexandre Aragão |data=6 de agosto de 2015 |acessodata=5 de dezembro de 2015}}</ref> Além disso, segundo [[Pesquisas de opinião sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff|pesquisas]] conduzidas por institutos independentes, a maioria da população apoiava a abertura do processo ou até mesmo o impedimento da presidente. Desde 15 de março de 2015, diversos [[Protestos antigovernamentais no Brasil em 2015–2016|protestos]] reuniram centenas de milhares de pessoas em todo o país para pedir, entre outras demandas, o ''impeachment'' ou a renúncia da presidente.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/08/manifestantes-protestam-contra-o-governo-dilma-em-cidades-do-brasil.html |titulo=Todos os estados e o DF têm protestos contra o governo Dilma |publicado=G1 |data=16 de agosto de 2015 |acessodata=5 de dezembro de 2015}}</ref>


== Argumentos do pedido ==
Contudo, a complexidade política do processo ia além da violação da lei orçamentária. O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, era investigado na [[Operação Lava Jato]], sob denúncias de ter recebido propinas da Petrobras e de manter contas secretas na [[Suíça]]. Consequentemente, Cunha corria o risco de perder o seu mandato, pois o [[Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados do Brasil|Conselho de Ética da Câmara]] movia um processo contra ele. Surgiram boatos sobre tentativas de acordo entre o deputado e os petistas, a fim de encerrar esse processo, os quais ele desmentia vigorosamente. Quando os petistas anunciaram o seu apoio à perda do mandato de Cunha no Conselho de Ética, ele teria aceitado o pedido de ''impeachment'' como instrumento de chantagem.<ref name="Cunha diz que Dilma mentiu à nação ao negar barganha política">{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/cunha-diz-que-dilma-mentiu-nacao-ao-negar-barganha-politica |titulo=Cunha diz que Dilma mentiu à nação ao negar barganha política |publicado=Agência Brasil |autor=Carolina Gonçalves |data=5 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>
Até setembro de 2015, havia 37 pedidos de ''impeachment'' protocolados na [[Câmara dos Deputados do Brasil|Câmara dos Deputados]] contra Dilma Rousseff, mas o presidente da Câmara dos Deputados, [[Eduardo Cunha]], viria a acolher apenas o pedido redigido por [[Hélio Bicudo]] e pelos advogados [[Miguel Reale Júnior]] e [[Janaina Paschoal|Janaina Conceição Paschoal]].<ref>{{citar web|url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/12/o-que-diz-o-pedido-de-helio-bicudo-para-o-impeachment-da-presidente-dilma-rousseff.html|titulo=O que diz o pedido de Hélio Bicudo para o impeachment da presidente Dilma Rousseff|publicado=Época|autor=Rodrigo Capelo|data=04-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> Os movimentos sociais ''[[Protestos contra o governo Dilma Rousseff|pró-impeachment]]'' decidiram aderir ao requerimento de Bicudo,<ref>{{citar web|url=http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2015/09/movimentos-sociais-aderem-ao-requerimento-de-helio-bicudo-sobre|titulo=Movimentos sociais aderem ao requerimento de Hélio Bicudo sobre impeachment|publicado=EBC|autor=Bruno Bocchini|data=11-09-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> que contou também com o apoio de parlamentares e da sociedade civil, a qual organizou um abaixo-assinado em apoio ao ''impeachment'' da Presidente da República.<ref>{{citar web|url=http://noticias.r7.com/brasil/abaixo-assinado-pelo-impeachment-de-dilma-supera-2-mi-de-votos-e-bate-recorde-historico-18032016|titulo=Abaixo-assinado pelo impeachment de Dilma supera 2 mi de votos e bate recorde histórico|publicado=R7|data=18-03-2016|acessodata=19-03-2016}}</ref> Em resposta à abertura do processo, Dilma afirmou que os argumentos apresentados pelos juristas eram inconsistentes e improcedentes e que ela não havia praticado nenhum ato ilícito.<ref name="UOL_1"/>


=== Petrobras e Pasadena ===
Por sua vez, Dilma negou tentativas de acordo para salvar Cunha e se livrar do ''impeachment'', assim como acordos para interferir no Conselho de Ética em troca da aprovação da volta da [[Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira|CPMF]], que era outra grande necessidade do governo. Nas palavras dela, em entrevista coletiva no mesmo dia da aceitação do pedido: "Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública".<ref name="UOL_1">{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/02/dilma-de-diz-indignada-com-pedido-de-impeachment.htm |titulo=Dilma diz estar "indignada" com pedido de impeachment |publicado=Uol |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>
[[Imagem:Miguel Reale Jr. e Maria Bicudo entregam a Eduardo Cunha o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.jpg|thumb|O jurista [[Miguel Reale Jr.]] e a filha de [[Hélio Bicudo]], Maria Bicudo, entregam a Cunha o pedido de ''impeachment'' da presidente Dilma.]]


Para os juristas autores do pedido aceito, Dilma não agiu como deveria para punir as irregularidades que existiam na Petrobras. Eles disseram textualmente que a presidente agiu como se nada soubesse, como se nada tivesse ocorrido, mantendo seus assistentes intocáveis e operantes na máquina de poder instituída, à revelia da lei e da [[Constituição brasileira de 1988|Constituição]]. Segundo o texto do pedido, houve uma maquiagem deliberadamente orientada a passar para a nação a sensação de que o Brasil estaria economicamente saudável.<ref>{{citar web|url=http://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2015/12/cunha-nao-fez-mais-do-que-a-obrigacao-diz-helio-bicudo.html|titulo=Cunha não fez mais do que a obrigação, diz Hélio Bicudo|publicado=Época Negócios|data=02-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref><ref name="g1.globo.com">{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/pedido-de-impeachment-de-dilma-os-argumentos-ponto-ponto.html|titulo=Pedido de impeachment de Dilma: os argumentos ponto a ponto|publicado=G1|autor=Rosanne D'Agostino|data=03-12-2015|acessodata=07-12-2015}}</ref>
Após o pronunciamento da presidente, Cunha afirmou que ela mentiu à nação quando disse que não participaria de qualquer barganha e que o governo tinha muito que explicar à sociedade. O deputado reiterou que não tinha conhecimento de negociações, que não atendeu o telefonema do ministro [[Jaques Wagner]] (que seria o intermediário), que seus aliados não estavam negociando a salvação de seu mandato e que se recusou a aceitar a proposta do governo quando teve conhecimento desta. Declarando-se adversário do Partido dos Trabalhadores, ele disse que preferia não ter os três votos do partido no Conselho de Ética.<ref>{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,quem-fez-barganha-foi-o-governo--nao-eu--alega-cunha-sobre-impeachment,10000003744 |titulo='Quem fez barganha foi o governo, não eu', alega cunha sobre impeachment |publicado=Estadão |autor=Daniel Carvalho e Igor Gardelha |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>


Assim, conforme o documento, durante todo o processo eleitoral de 2014, Dilma negou que a situação da Petrobras, tanto do ponto de vista moral quanto do econômico, era muito grave.<ref name="g1.globo.com" /><ref name="El País">{{citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/03/politica/1449161619_984402.html|titulo=Leia a íntegra do pedido de impeachment de Dilma Rousseff|publicado=El País|data=03-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> Ainda nas palavras dos autores, a máscara da competência fora primeiramente arranhada no episódio envolvendo a compra da refinaria em [[Pasadena Refinery System Inc|Pasadena]] pela estatal. Os juristas declararam que Dilma era presidente do Conselho da Estatal e deu como desculpa um equívoco relativo a uma cláusula contratual.<ref>{{citar web|url=http://epoca.globo.com/tempo/expresso/noticia/2015/12/lei-foi-cumprida-diz-helio-bicudo.html|titulo="A lei foi cumprida", diz Hélio Bicudo|publicado=Época|autor=Nonato Viegas|data=02-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref>
== Processo na Câmara dos Deputados ==
{{VT|Linha de tempo do processo de impeachment contra Dilma Rousseff}}
=== Aceitação do pedido ===
[[Imagem:Entrevistas Diversas (23181337800).jpg|thumb|230px|[[Eduardo Cunha]] declara que aceitou a abertura do processo, em 2 de dezembro de 2015.]]


Segundo o documento, a presidente foi omissa em relação à compra da refinaria de Pasadena. Ou seja, eles asseguraram que, ainda que a presidente não estivesse ativamente envolvida nessa situação, restaria sua responsabilidade omissiva. Conforme os juristas, a presidente sabia de todos os fatos e era diretamente responsável pela corrupção que ocorreu na empresa pública. Dessa forma, na tese deles, a responsabilidade da denunciada quanto à corrupção sistêmica de seu governo era inegável.<ref name="noticias.uol.com.br">{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/21/veras-que-um-filho-teu-nao-foge-a-luta-veja-frases-do-pedido-de-impeachment.htm|titulo=Verás que um filho teu não foge à luta: veja frases do pedido de impeachment|publicado=Uol|autor=Fernanda Calgaro|data=21-10-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref>
Até setembro de 2015, houve 37 pedidos de ''impeachment'' protocolados na [[Câmara dos Deputados do Brasil|Câmara dos Deputados]] contra Dilma Rousseff, mas o presidente da Casa acolheu apenas o pedido redigido por [[Hélio Bicudo]] e pelos advogados [[Miguel Reale Júnior]] e [[Janaina Paschoal|Janaina Conceição Paschoal]].<ref>{{citar web |url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/12/o-que-diz-o-pedido-de-helio-bicudo-para-o-impeachment-da-presidente-dilma-rousseff.html |titulo=O que diz o pedido de Hélio Bicudo para o impeachment da presidente Dilma Rousseff |publicado=Época |autor=Rodrigo Capelo |data=4 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/certas-palavras/conheca-os-autores-dos-37-pedidos-de-impeachment-contra-dilma/ |titulo=Conheça os autores dos 37 pedidos de impeachment contra Dilma |publicado=Gazeta do Povo |autor=Célio Martins |data=16 de setembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Os [[movimentos sociais]] ''pró-impeachment'' (como o [[Movimento Brasil Livre]] e o [[Movimento Vem Pra Rua]]) decidiram aderir ao requerimento de Bicudo,<ref>{{citar web |url=http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2015/09/movimentos-sociais-aderem-ao-requerimento-de-helio-bicudo-sobre |titulo=Movimentos sociais aderem ao requerimento de Hélio Bicudo sobre impeachment |publicado=EBC |autor=Bruno Bocchini |data=11 de setembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> que contou também com o apoio de parlamentares e da sociedade civil, a qual organizou um abaixo-assinado em apoio ao ''impeachment'' da Presidente da República.<ref>{{citar web |url=http://noticias.r7.com/brasil/abaixo-assinado-pelo-impeachment-de-dilma-supera-2-mi-de-votos-e-bate-recorde-historico-18032016 |titulo=Abaixo-assinado pelo impeachment de Dilma supera 2 mi de votos e bate recorde histórico |publicado=R7 |data=18 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


Os autores citaram ainda a corrupção desvendada pela Operação Lava Jato e sustentaram no documento que a ação da [[Departamento de Polícia Federal|Polícia Federal]] realizou uma devassa em todos os negócios feitos pela Petrobras, constatando, a partir de colaborações premiadas intentadas por [[Paulo Roberto Costa]] e [[Alberto Youssef]], que as obras e realizações anunciadas como grandes conquistas do Governo Dilma eram na verdade um meio para sangrar a estatal, que, no momento, encontrava-se descapitalizada e desacreditada.<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/cunha-aceita-pedido-de-impeachment-de-dilma-rousseff/|titulo=Cunha aceita pedido de impeachment de Dilma Rousseff|publicado=Veja|autor=Marcela Mattos|data=02-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> Tal acusação, contudo, não foi alvo de julgamento no parecer final votado pelo Senado. Ao acatar a o pedido de impeachment, Eduardo Cunha havia descartado o trecho por entender que se tratavam de ilações.<ref>{{Citar web|titulo=Do que Dilma é (e não é) acusada no parecer votado no Senado nesta quarta|url=https://brasil.elpais.com/brasil/2016/03/31/politica/1459453388_280149.html|obra=EL PAÍS|data=2016-05-12|acessodata=2020-05-27}}</ref>
Os advogados tentaram, no documento apresentado à Câmara, associar Dilma à Operação Lava Jato, à omissão em casos de corrupção, à investigação de [[tráfico de influência]] contra o ex-presidente [[Luís Inácio Lula da Silva]] e às [[pedaladas fiscais]].<ref>{{citar web |url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/10/suspeitas-de-corrupcao-pressionam-dilma-e-lula-4861057.html |titulo=Suspeitas de corrupção pressionam Dilma e Lula |publicado=Zero Hora |autor=Guilherme Mazui |data=2 de outubro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref name="El País">{{citar web |url=http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/03/politica/1449161619_984402.html |titulo=Leia a íntegra do pedido de impeachment de Dilma Rousseff |publicado=El País |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Além disso, contribuíram para sustentar o pedido os seis decretos assinados pela presidente no exercício financeiro de 2015, em desacordo com a [[lei de diretrizes orçamentárias]], e que foram publicados sem a autorização do Congresso Nacional.<ref>{{citar web |url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/decretos-e-pedalada-baseiam-decisao-de-cunha/ |titulo=Decretos e pedalada baseiam decisão de Cunha |publicado=Congresso em Foco |autor=Edson Sardinha |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


=== Decretos sem autorização ===
Para justificar a sua decisão, Cunha declarou que proferiu a mesma com o acolhimento da denúncia dos juristas e que o pedido de impedimento assim aberto acusava a edição de decretos editados em descumprimento com a lei. Consequentemente, mesmo a votação do PLN 5 não supriria essa irregularidade.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/eduardo-cunha-informa-que-autorizou-processo-de-impeachment-de-dilma.html |título=Eduardo Cunha autoriza abrir processo de impeachment de Dilma |autor=Nathalia Passarinho |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Em resposta à abertura do processo, Dilma afirmou que os argumentos apresentados pelos juristas eram inconsistentes e improcedentes e que ela não havia praticado nenhum ato ilícito.<ref name="UOL_1"/><ref>{{citar web |url=http://www.vermelho.org.br/noticia/273619-1 |titulo=Dilma: “Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim” |publicado=Portal Vermelho |autor=Carolina Gonçalves |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://brasileiros.com.br/2015/12/dilma-rousseff-nao-existe-nenhum-ato-ilicito-praticado-por-mim/ |titulo=Dilma Rousseff: “Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim” |publicado=Brasileiros |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>
Segundo o pedido, Dilma fez editar, nos anos de 2014 e 2015, uma série de decretos que resultaram na abertura de créditos suplementares, de valores muito elevados, sem a autorização do Congresso Nacional, na ordem de 18,4 bilhões de reais.<ref>{{citar web|url=http://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2015/12/02/decisao-de-cunha-sobre-impeachment-foi-baseada-em-suposta-violacao-da-lei-orcamentaria.htm|titulo=Decisão de Cunha sobre impeachment foi baseada em suposta violação da Lei Orçamentária|publicado=UOL|data=07-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> Segundo os autores, Dilma tinha conhecimento de que a meta de [[Saldo primário|''superavit'' primário]] prevista na [[lei de diretrizes orçamentárias]] não estava sendo cumprida desde 2014, pois foi o próprio governo quem apresentou o projeto de lei pedindo a revisão da meta, uma confissão, do ponto de vista deles, de que a meta não estava e não seria cumprida. Mas, mesmo assim, expediu os decretos sem a autorização prévia do Legislativo.<ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/02/eduardo-cunha-impeachment.htm|titulo=Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment da oposição contra Dilma|publicado=UOL|autor=Felipe Amorim e Marina Motomura|data=02-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref>


Então, conforme o texto do pedido, era clara a realização de [[crime de responsabilidade]] no caso em vista, diante da literalidade dos artigos supracitados, pois houve uma efetiva realização de abertura e operação de crédito, além de contração de empréstimo sem a observância da lei.<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151205_impeachment_decisao_cunha_rb|titulo=Impeachment: Decisão de Cunha é antiética mas lícita, diz jurista|publicado=BBC|autor=Mariana Schreiber|data=05-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref><ref name=entenda>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/entenda-o-que-cunha-alegou-para-aceitar-o-pedido-de-impeachment.html|titulo=Entenda o que Cunha alegou para aceitar o pedido de impeachment|publicado=G1|autor=Renan Ramalho|data=03-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> O documento alegava que, além do fato ocorrido no ano de 2014, a mesma conduta da denunciada foi praticada no ano de 2015. Segundo os juristas, os decretos de 2015 exibiam um ''superavit'' artificial, pois já se sabia que a lei de diretrizes orçamentárias não seria cumprida. Naquele contexto, houve uma revisão da meta fiscal por projeto de lei. A conclusão dos juristas foi que, sendo idênticas as condutas nos anos de 2014 e 2015, era inegável que a infringência às leis orçamentárias era patente, contumaz e reiterada.<ref name="noticias.uol.com.br"/><ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/pedido-de-impeachment-de-dilma-os-argumentos-ponto-ponto.html|titulo=Pedido de impeachment de Dilma: os argumentos ponto a ponto|publicado=G1|autor=Rosanne D'Agostino|data=03-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref>
=== Argumentos do pedido ===
==== Petrobras e Pasadena ====
[[Imagem:Miguel Reale Jr. e Maria Bicudo entregam a Eduardo Cunha o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.jpg|thumb|240px|O jurista [[Miguel Reale Jr.]] e a filha de [[Hélio Bicudo]], Maria Bicudo, entregam a Cunha o pedido de ''impeachment'' da presidente Dilma.]]


Em dezembro de 2022 após o [[Tribunal de Contas da União]] se posicionar pela rejeição das contas de 2014 e 2015 com argumentos que embasaram o processo de impeachment de Dilma Rousseff, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso aprovou as contas da ex-presidente deste período.<ref>{{citar web|url=https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2022/12/22/congresso-perdoa-contas-de-dilma-e-blinda-bolsonaro-de-ficar-inelegivel.htm|titulo=Congresso 'perdoa' contas de Dilma e blinda Bolsonaro de ficar inelegível|publicado=UOL|autor=Estadão|data=22/12/2022|acessodata=23/12/2022}}</ref>
Para os juristas autores do pedido aceito, Dilma não agiu como deveria para punir as irregularidades que existiam na Petrobras. Eles disseram textualmente que a presidente agiu como se nada soubesse, como se nada tivesse ocorrido, mantendo seus assistentes intocáveis e operantes na máquina de poder instituída, à revelia da lei e da [[Constituição brasileira de 1988|Constituição]]. Segundo o texto do pedido, houve uma maquiagem deliberadamente orientada a passar para a nação a sensação de que o Brasil estaria economicamente saudável.<ref>{{citar web |url=http://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2015/12/cunha-nao-fez-mais-do-que-a-obrigacao-diz-helio-bicudo.html |titulo=Cunha não fez mais do que a obrigação, diz Hélio Bicudo |publicado=Época Negócios |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref name="g1.globo.com">{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/pedido-de-impeachment-de-dilma-os-argumentos-ponto-ponto.html |titulo=Pedido de impeachment de Dilma: os argumentos ponto a ponto |publicado=G1 |autor=Rosanne D'Agostino |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=7 de dezembro de 2015}}</ref>


=== Pedaladas fiscais ===
Assim, conforme o documento, durante todo o processo eleitoral de 2014, Dilma negou que a situação da Petrobras, tanto do ponto de vista moral quanto do econômico, era muito grave.<ref name="El País" /><ref name="g1.globo.com" /> Ainda nas palavras dos autores, a máscara da competência fora primeiramente arranhada no episódio envolvendo a compra da refinaria em [[Pasadena Refinery System Inc|Pasadena]] pela estatal. Os juristas declararam que Dilma era presidente do Conselho da Estatal e deu como desculpa um equívoco relativo a uma cláusula contratual.<ref>{{citar web |url=http://epoca.globo.com/tempo/expresso/noticia/2015/12/lei-foi-cumprida-diz-helio-bicudo.html |titulo="A lei foi cumprida", diz Hélio Bicudo |publicado=Época |autor=Nonato Viegas |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/cunha-associa-dilma-maior-escandalo-de-corrupcao-do-mundo.html |titulo=Cunha associa Dilma a 'maior escândalo de corrupção do mundo' |publicado=G1 |autor=Fernanda Calgaro |data=4 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-12-03/pedido-de-impeachment-e-lido-na-camara-destacando-pasadena-e-lava-jato.html |titulo=Câmara dá início ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff |publicado=iG |autor=Fernanda Calgaro |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

Segundo o documento, a presidente foi omissa em relação à compra de Pasadena. Ou seja, eles asseguraram que, ainda que a presidente não estivesse ativamente envolvida nessa situação, restaria sua responsabilidade omissiva. Conforme os juristas, a presidente sabia de todos os fatos e era diretamente responsável pela corrupção que ocorreu na empresa pública. Dessa forma, na tese deles, a responsabilidade da denunciada quanto à corrupção sistêmica de seu governo era inegável.<ref name="noticias.uol.com.br">{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/21/veras-que-um-filho-teu-nao-foge-a-luta-veja-frases-do-pedido-de-impeachment.htm |titulo=Verás que um filho teu não foge à luta: veja frases do pedido de impeachment |publicado=Uol |autor=Fernanda Calgaro |data=21 de outubro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/veja-a-integra-do-pedido-de-impeachment-aceito-por-cunha |titulo=Veja a íntegra do pedido de impeachment aceito por Cunha |publicado=Exame |autor=Rita Azevedo |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

Os autores citaram ainda a corrupção desvendada pela Operação Lava Jato e sustentaram no documento que a ação da [[Departamento de Polícia Federal|Polícia Federal]] realizou uma devassa em todos os negócios feitos pela Petrobras, constatando, a partir de colaborações premiadas intentadas por [[Paulo Roberto Costa]] e [[Alberto Youssef]], que as obras e realizações anunciadas como grandes conquistas do Governo Dilma eram na verdade um meio para sangrar a estatal, que, no momento, encontrava-se descapitalizada e desacreditada.<ref>{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/cunha-aceita-pedido-de-impeachment-de-dilma-rousseff/ |titulo=Cunha aceita pedido de impeachment de Dilma Rousseff |publicado=Veja |autor=Marcela Mattos |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/listas/veja-argumentos-a-favor-e-contra-o-impeachment-de-dilma.htm |titulo=Veja 8 razões a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff |publicado=Uol |autor=Felipe Amorim |data=21 de outubro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

Dilma alegou que defendia as investigações da Operação Lava Jato e a punição exemplar dos envolvidos cuja culpa fosse comprovada. Ela disse que não se pode condenar a empresa Petrobras, mas sim as pessoas envolvidas, tanto os corruptos quanto os corruptores. E acrescentou que a questão da Petrobras era simbólica para o Brasil, uma vez que era a primeira investigação efetiva sobre a [[corrupção no Brasil|corrupção no país]] que envolvia segmentos privados e públicos.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2014/11/dilma-defende-petrobras-e-diz-que-o-que-deve-ser-condenado-sao-pessoas.html |titulo=Dilma diz que investigações da Lava Jato podem mudar país para sempre |publicado=G1 |data=16 de novembro de 2014 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

==== Decretos sem autorização ====
Segundo o pedido, Dilma fez editar, nos anos de 2014 e 2015, uma série de decretos que resultaram na abertura de créditos suplementares, de valores muito elevados, sem a autorização do Congresso Nacional, na ordem de R$ 18,4 bilhões.<ref>{{citar web |url=http://www.regiaonoroeste.com/portal/materias.php?id=130937 |titulo=Veja os principais pontos do pedido de impeachment |publicado=Região Noroeste |data=5 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2015/12/02/decisao-de-cunha-sobre-impeachment-foi-baseada-em-suposta-violacao-da-lei-orcamentaria.htm |titulo=Decisão de Cunha sobre impeachment foi baseada em suposta violação da Lei Orçamentária |publicado=Uol |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/oposicao-turbina-pedido-de-impeachment-com-decretos-de-2 |titulo=Oposição turbina pedido de impeachment com decretos de 2015; e Renan fracassa em proteger Dilma Rousseff |publicado=Veja |autor=Felipe Moura |data=21 de outubro de 2015 |acessodata=7 de dezembro de 2015}}</ref> Segundo os autores, Dilma tinha conhecimento de que a meta de [[Saldo primário|''superavit'' primário]] prevista na [[lei de diretrizes orçamentárias]] não estava sendo cumprida desde 2014, pois foi o próprio governo quem apresentou o projeto de lei pedindo a revisão da meta, uma confissão, do ponto de vista deles, de que a meta não estava e não seria cumprida. Mas, mesmo assim, expediu os decretos sem a autorização prévia do Legislativo.<ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/02/eduardo-cunha-impeachment.htm |titulo=Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment da oposição contra Dilma |publicado=Uol |autor=Felipe Amorim e Marina Motomura |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/12/processo-de-impeachment-contra-dilma-abre-debate-entre-juristas.html |titulo=Processo de impeachment contra Dilma abre debate entre juristas |publicado=Jornal Nacional |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/dilma-x-cunha-por-que-o-impeachment-esta-alem-desse-fogo-cruzado/ |titulo=Dilma x Cunha: por que o impeachment está além desse fogo cruzado |publicado=Veja |autor=Laryssa Borges |data=4 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

Então, conforme o texto do pedido, era clara a realização de [[crime de responsabilidade]] no caso em vista, diante da literalidade dos artigos supracitados, pois houve uma efetiva realização de abertura e operação de crédito, além de contração de empréstimo sem a observância da lei.<ref>{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151205_impeachment_decisao_cunha_rb |titulo=Impeachment: Decisão de Cunha é antiética mas lícita, diz jurista |publicado=BBC |autor=Mariana Schreiber |data=5 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref name=entenda>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/entenda-o-que-cunha-alegou-para-aceitar-o-pedido-de-impeachment.html |titulo=Entenda o que Cunha alegou para aceitar o pedido de impeachment |publicado=G1 |autor=Renan Ramalho |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.valor.com.br/politica/4341626/pedido-de-impeachment-de-bicudo-e-reale-cita-ate-pesquisa-de-opiniao |titulo=Pedido de impeachment de Bicudo e Reale cita até pesquisa de opinião |publicado=Valor Econômico |autor=Thiago Resende e Raphael Di Cunto |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> O documento alegava que, além do fato ocorrido no ano de 2014, a mesma conduta da denunciada foi praticada no ano de 2015. Segundo os juristas, os decretos de 2015 exibiam um ''superavit'' artificial, pois já se sabia que a lei de diretrizes orçamentárias não seria cumprida. Naquele contexto, houve uma revisão da meta fiscal por projeto de lei. A conclusão dos juristas foi que, sendo idênticas as condutas nos anos de 2014 e 2015, era inegável que a infringência às leis orçamentárias era patente, contumaz e reiterada.<ref name="noticias.uol.com.br"/><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/pedido-de-impeachment-de-dilma-os-argumentos-ponto-ponto.html |titulo=Pedido de impeachment de Dilma: os argumentos ponto a ponto |publicado=G1 |autor=Rosanne D'Agostino |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/a-integra-do-novo-pedido-de-impeachment-apoiado-pela-oposicao/ |titulo=A íntegra do novo pedido de impeachment apoiado pela oposição |publicado=Congresso em Foco |data=21 de outubro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

==== Pedaladas fiscais ====
{{VT|Pedaladas fiscais}}
{{VT|Pedaladas fiscais}}
[[Imagem:Entrevistas Diversas (16662348709).jpg|thumb|esquerda|De acordo com o então ministro da justiça [[Eduardo Cardozo]], as pedaladas fiscais são uma prática comum, havendo ocorrências dela desde o ano de 1994.]]
O pedido também citou as chamadas pedaladas fiscais, as quais permitiram que o Governo Dilma inflasse artificialmente os seus resultados e melhorasse o ''superavit'' primário em determinados períodos. Segundo os juristas, as "pedaladas" caracterizaram crime de responsabilidade e se serviram da premissa política de que os fins justificam os meios, pois o objetivo único e exclusivo das "pedaladas" era forjar uma situação fiscal do país que inexistia, sem o temor de afrontar a lei para chegar ao resultado esperado.<ref>{{citar web |url=http://www.jornaldeuberaba.com.br/cadernos/politica/26038/argumentos-do-pedido-de-impeachment |titulo=Argumentos do pedido de impeachment |publicado=Jornal de Uberaba |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/pedido-de-impeachment-acolhido-por-cunha-cita-pedaladas-em-2015.html |titulo=Pedido de impeachment acolhido por Cunha cita 'pedaladas' em 2015 |publicado=G1 |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/numeros-desmoralizam-versao-oficial-de-que-pedaladas-foram-so-para-programas-sociais/ |titulo=Números desmoralizam versão oficial de que pedaladas foram só para programas sociais |publicado=Veja |autor=Reinaldo Azevedo |data=26 de outubro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


As [[Pedalada fiscal|pedaladas fiscais]] são um termo usado para descrever uma manobra contábil do governo federal que serviu para passar a impressão de que ele arrecadava mais do que gastava, enquanto a realidade era exatamente o contrário.<ref>{{citar web|url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/07/em-infografico-entenda-o-que-sao-as-pedaladas-fiscais-do-governo-dilma-4803915.html|titulo=Em infográfico, entenda o que são as pedaladas fiscais do governo Dilma|publicado=Zero Hora|data=17-07-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref><ref>{{citar web|url=http://infograficos.estadao.com.br/public/economia/pedaladas-fiscais/|titulo=As 'pedaladas fiscais' do governo Dilma|publicado=Estadão|acessodata=19-03-2016}}</ref> O governo não estava pagando os bancos públicos e privados que financiavam programas sociais como o [[Bolsa Família]].<ref name="Pedalada fiscal">{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/entenda-pedaladas-fiscais-e-o-que-o-tcu-avalia-nas-contas-do-governo.html|titulo=Entenda as 'pedaladas fiscais' e o que o TCU avalia nas contas do governo|publicado=G1|autor=Alexandre Martello e Fábio Amato|data=17-06-2015|acessodata=05-12-2015}}</ref> Então, para que os beneficiários não deixassem de receber, os bancos arcavam com as despesas sozinhos, sem receberem a compensação governamental.<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/noticia/economia/o-governo-fez-bancos-do-estado-pagarem-as-suas-despesas-e-isso-nao-e-pedalada/|titulo="O governo fez bancos do Estado pagarem as suas despesas — e isso não é pedalada"|publicado=Veja|autor=Ana Clara Costa|data=22-04-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref> O [[Tribunal de Contas da União]], em decisão unânime, considerou essa operação um empréstimo dos bancos, não pago pelo governo, e que feria a [[Lei de Responsabilidade Fiscal]] (LRF).<ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/tcu-rejeita-contas-de-dilma-por-pedaladas-fiscais/|título=Em decisão unânime, TCU rejeita contas do governo Dilma e 2014|publicado=Estadão|autor=Bernardo Caram|data=07-10-2015|acessodata=20-03-2016}}</ref> Embora o TCU seja um órgão auxiliar do Legislativo e não tenha poderes para condenar o chefe do Executivo, ele oferece um parecer prévio, que pode ou não ser acatado pelo [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]], abrindo até mesmo a possibilidade de um processo de impedimento da Presidente da República.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/10/tcu-recomenda-ao-congresso-reprovar-contas-do-governo-de-2014.html|titulo=TCU recomenda ao Congresso reprovar contas do governo de 2014|publicado=G1|autor=Débora Cruz e Filipe Matoso|data=07-10-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref>
Conforme os juristas, os empréstimos foram concedidos em afronta ao artigo 36 da LRF, que proíbe a tomada de empréstimo pela [[União (Brasil)|União]] de entidade do sistema financeiro por ela controlada. No documento, eles sustentaram que caberia institucionalmente à presidente agir para que essa ilegalidade fosse cessada, o que não fez, apesar de ser alertada por várias autoridades sobre os riscos.<ref name=duas>{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151201_impeachment_2visoes_juristas_jp |titulo=Duas visões: juristas contra e a favor avaliam pedido de impeachment |publicado=BBC |autor=Renata Mendonça e Jefferson Puff |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/economia/20151203/entenda-processo-impeachment-pedaladas-fiscais/322895 |titulo=Entenda o processo do impeachment e as pedaladas fiscais |publicado=Isto É Dinheiro |autor=Carlos Dias |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11241704/artigo-36-lc-n-101-de-04-de-maio-de-2000 |titulo=Art. 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal — Lc 101/00 |publicado=JusBrasil |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Além disso, eles argumentaram que a presidente é economista e, durante o pleito eleitoral, assegurou que tais contas estavam hígidas. Assim, a situação restaria ainda mais grave quando se constatava que todo esse expediente fora intensificado durante o ano eleitoral, com o fim deliberado de iludir o eleitorado.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/10/governo-entrega-ao-tcu-pedido-para-afastar-relator-das-pedaladas.html |titulo=Governo entrega ao TCU pedido para afastar relator das 'pedaladas' |publicado=G1 |autor=Débora Cruz |data=5 de outubro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.valor.com.br/politica/4333874/oab-conclui-que-pedaladas-nao-sao-motivo-para-impeachment-de-dilma |titulo=OAB conclui que pedaladas não são motivo para impeachment de Dilma |publicado=Valor Econômico |obra=Folhapress |data=28 de novembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/4439522/confira-integra-pedido-impeachment-assinado-por-bicudo-janaina-reale |titulo=Confira a íntegra do pedido de impeachment assinado por Bicudo, Janaina e Reale Jr. |publicado=InfoMoney |autor=Marcos Mortari |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


Segundo uma matéria do jornal [[Valor Econômico]], os técnicos do Tesouro Nacional apresentaram um relatório em 2013, no qual alertaram o governo sobre os riscos das "pedaladas fiscais" e recomendaram interrompê-las imediatamente. Os técnicos avisaram que, por causa das "pedaladas", o Tesouro estaria com uma dívida de R$ 41 bilhões com bancos públicos no final de 2015, e que a "[[contabilidade criativa]]" afeta a credibilidade da política fiscal.<ref>{{citar web |url=http://www.valor.com.br/video/4655652527001/o-aviso-foi-dado-pedalar-faz-mal |titulo=O aviso foi dado: pedalar faz mal |publicado=Valor Econômico |data=11 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/12/tecnicos-do-tesouro-ja-tinham-avisado-sobre-riscos-das-pedaladas.html |titulo=Técnicos do Tesouro tinham avisado sobre riscos das pedaladas |publicado=Jornal Nacional |data=13 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/07/augusto-nardes-o-tribunal-ja-havia-alertado-para-pedaladas.html |titulo=Augusto Nardes: “O Tribunal havia alertado para as pedaladas” |publicado=Época |autor=Leonardo Loyola e Murilo Ramos |data=29 de julho de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>
Conforme os juristas, os empréstimos foram concedidos em afronta ao artigo 36 da LRF, que proíbe a tomada de empréstimo pela [[União (Brasil)|União]] de entidade do sistema financeiro por ela controlada. No documento, eles sustentaram que caberia institucionalmente à presidente agir para que essa ilegalidade fosse cessada, o que não fez, apesar de ser alertada por várias autoridades sobre os riscos.<ref name=duas>{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151201_impeachment_2visoes_juristas_jp|titulo=Duas visões: juristas contra e a favor avaliam pedido de impeachment |publicado=BBC |autor=Renata Mendonça e Jefferson Puff|data=02-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11241704/artigo-36-lc-n-101-de-04-de-maio-de-2000|titulo=Art. 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal Lc 101/00|publicado=JusBrasil|acessodata=19-03-2016}}</ref> Além disso, eles argumentaram que a presidente é economista e, durante o pleito eleitoral, assegurou que tais contas estavam saudáveis. Assim, a situação restaria ainda mais grave quando se constatava que todo esse expediente fora intensificado durante o ano eleitoral, com o fim deliberado de iludir o eleitorado.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/10/governo-entrega-ao-tcu-pedido-para-afastar-relator-das-pedaladas.html|titulo=Governo entrega ao TCU pedido para afastar relator das 'pedaladas'|publicado=G1|autor=Débora Cruz|data=05-10-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref>


Em setembro de 2022 foi arquivado por deliberação do Ministério Público Federal (MPF) o inquérito civil movido contra o ex-ministro da Fazenda [[Guido Mantega]], na investigação sobre supostas irregularidades em operações de crédito entre o Tesouro Nacional e bancos públicos como o BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal no ano de 2015. Segundo a decisão do MPF ficou clara a não existência e comprovação de crime, sendo que as alegadas pedaladas basearam e culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.<ref>{{citar web|url=https://www.conjur.com.br/2022-set-22/mpf-arquiva-inquerito-pedaladas-ligadas-impeachment-dilma|título=MPF arquiva inquérito sobre pedaladas que levaram ao impeachment de Dilma|autor=Eduardo Reina|data=22/09/2022|publicado=Consultor Jurídico|acessodata=26/09/2022}}</ref>
Em sua defesa no TCU, o governo reconheceu que os atrasos nos repasses aconteceram nos últimos anos, mas acrescentou que se tratava de uma prática antiga, registrada também no [[governo Fernando Henrique Cardoso|Governo FHC]], e defendeu que as "pedaladas fiscais" não eram operações de crédito.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/09/governo-entrega-novas-explicacoes-sobre-contas-de-2014-ao-tcu.html |titulo=Governo entrega novas explicações sobre contas de 2014 ao TCU |publicado=G1 |autor=Débora Cruz |data=11 de setembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/entenda-pedaladas-fiscais-e-o-que-o-tcu-avalia-nas-contas-do-governo.html |titulo=Entenda as 'pedaladas fiscais' e o que o TCU avalia nas contas do governo |publicado=G1 |autor=Alexandre Martello e Fábio Amato |data=17 de junho de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/07/tcu-vai-avaliar-defesa-de-dilma-no-caso-das-pedaladas-fiscais-entenda.html |titulo=TCU vai avaliar defesa de Dilma no caso das 'pedaladas fiscais'; entenda |publicado=G1 |autor=Taís Laporta |data=22 de julho de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Porém, o TCU decidiu por unanimidade negar o recurso do governo e reiterou que as "pedaladas" eram uma infração grave à LRF, tendo ocasionado o desequilíbrio das contas públicas em cerca de R$ 40 bilhões em 2014.<ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/07/tcu-contas-governo-dilma.htm |titulo=Em decisão unânime, TCU recomenda reprovação das contas de Dilma |publicado=Uol |autor=Leandro Prazeres |data=7 de outubro de 2015 |acessodata=15 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.istoe.com.br/reportagens/442584_POR+UNANIMIDADE+TCU+NEGA+RECURSO+DO+GOVERNO+EM+ANALISE+DAS+PEDALADAS |titulo=Por unanimidade, TCU nega recurso do governo em análise das pedaladas |publicado=Isto É |obra=Estadão |data=9 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


== Processo na Câmara dos Deputados ==
O governo também alegou que as "pedaladas fiscais" foram feitas para pagar programas sociais. Segundo a presidente, uma das razões para o julgamento a que ela estava submetida era a presunção de que o governo não deveria ter gastado da forma como gastou para fazer o [[Minha Casa, Minha Vida]]. Portanto, as "pedaladas" não representavam qualquer desvio de dinheiro. Dilma completou assegurando que não havia nenhum delito e nenhum crime apontado contra o governo.<ref name="jornaldebrasilia.com.br">{{citar web |url=http://www.jornaldebrasilia.com.br/noticias/politica-e-poder/657717/pedaladas-bancaram-mais-empresarios-do-que-programas-sociais/ |titulo="Pedaladas" bancaram mais empresários do que programas sociais |publicado=Jornal de Brasília |data=10 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/12/dilma-rousseff-se-defende-das-chamadas-pedaladas-fiscais.html |titulo=Dilma Rousseff se defende das chamadas 'pedaladas fiscais' |publicado=Jornal da Globo |autor=Giovana Teles |data=10 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-o-planalto/discursos/discursos-da-presidenta/discurso-da-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-durante-cerimonia-de-entrega-de-unidades-habitacionais-em-boa-vista-rr-e-entregas-simultaneas-no-maranhao-para-bahia-e-rio-de-janeiro-do-programa-minha-casa-minha-vida-boa-vista-rr |titulo=Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais em Boa Vista/RR e entregas simultâneas no Maranhão, Pará, Bahia e Rio de Janeiro, do Programa Minha Casa Minha Vida |publicado=Palácio do Planalto |data=9 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Todavia, a ONG Contas Abertas divulgou que a maior parcela dos recursos oriundos das manobras foi destinada ao pagamento de subsídios para empresas.<ref name="jornaldebrasilia.com.br"/><ref>{{citar web |url=http://www.contasabertas.com.br/website/arquivos/12311 |titulo=Pedaladas bancaram mais empresários do que programas sociais |publicado=Contas Abertas |autor=Dyelle Menezes |data=10 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Ademais, o governo elaborou cortes bilionários no orçamento de 2015, no qual os programas sociais foram duramente atingidos.<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-09/governo-vai-reduzir-r-48-bilhoes-do-programa-minha-casa-minha-vida |titulo=Governo vai reduzir R$ 4,8 bilhões do Programa Minha Casa, Minha Vida |publicado=Agência Brasil |autor=Luciano Nascimento |data=14 de setembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/07/governo-bloqueia-r-2-bilhoes-do-pac-e-recursos-da-saude-e-educacao.html |titulo=Governo bloqueia R$ 2 bilhões do PAC e recursos da Saúde e Educação |publicado=G1 |autor=Alexandro Martello |data=30 de julho de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>
{{VT|Linha do tempo do processo de impeachment de Dilma Rousseff}}
{{Imagem múltipla
| align = right
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| width = 220
| image1 = Entrevistas Diversas (23181337800).jpg
| caption1 = [[Eduardo Cunha]] declara que aceitou a abertura do processo, em 2 de dezembro de 2015.
| image2 = Sessão do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.jpg
| caption2 = Sessão do STF que julgou o rito do processo de ''impeachment'', em 16 de dezembro de 2015.
}}
O processo de destituição de Dilma teve início com a formação de uma comissão especial composta por 65 deputados, com representantes de todos os partidos, a qual deveria avaliar a adequação do pedido e a eventual remessa do processo ao plenário da Câmara dos Deputados.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/entenda-o-rito-do-processo-de-impeachment|titulo=Entenda o rito do processo de impeachment|publicado=Agência Brasil|autor=Mariana Tokarnia|data=02-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref><ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/bloco-do-pmdb-tera-maior-presenca-na-comissao-do-impeachment.html |titulo=Bloco do PMDB terá maior presença na comissão do impeachment|publicado=G1|autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro|data=03-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref> Depois da criação da comissão e de o pedido de ''impeachment'' ter sido lido em sessão da Câmara, a presidente foi notificada e passou a ter dez sessões para apresentar a sua defesa.<ref>{{citar web|url=http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2015/12/03/interna_politica,714064/em-plenario-esvaziado-cunha-le-parecer-sobre-pedido-de-impeachment.shtml|titulo=Em plenário esvaziado, Cunha lê parecer sobre pedido de impeachment e inicia rito|publicado=Estado de Minas|data=03-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref> Se a comissão emitisse parecer favorável ao ''impeachment'', haveria a continuação do processo com uma votação, que exigiria o apoio de dois terços dos deputados federais (342) para o afastamento temporário de Dilma, seguindo-se a posse do vice-presidente [[Michel Temer]] como [[presidente interino]], por um período de até 180 dias.<ref>{{citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/02/politica/1449093380_156718.html|titulo=O passo a passo do impeachment de Dilma em 9 pontos básicos|publicado=El País|data=03-12-2015|acessodata=06-12-2015}}</ref> Com a aprovação na Câmara dos Deputados, um segundo processo seria instaurado no [[Senado do Brasil|Senado]].<ref>{{citar web|url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-12-02/impeachment-veja-o-que-acontece-com-dilma-apos-abertura-de-processo.html|titulo=Impeachment: veja o que acontece com Dilma após abertura de processo|publicado=Ig|autor=Vitor Sorano|data=02-12-2015|acessodata=06-12-2015|wayb=20151205234913|urlmorta=sim}}</ref>


Porém, em 8 de dezembro, o ministro [[Luiz Edson Fachin]], do STF, suspendeu todo o processo de impedimento devido a questionamentos dos deputados sobre a forma que o processo deveria ser conduzido, fato que havia gerado tumultos. Assim, todo o rito ficou paralisado até que houvesse uma decisão do Supremo.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/ministro-do-stf-suspende-instalacao-da-comissao-especial-do-impeachment.html|titulo=Ministro do STF suspende instalação da comissão do impeachment|publicado=G1|autor=Mariana Oliveira e Renan Ramalho|data=08-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> Um dia depois, em 9 de dezembro, Fachin afirmou que iria "propor um rito que vai do começo ao final do julgamento do Senado (...)".<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/supremo-vai-definir-todo-o-rito-do-processo-de-impeachment-diz-fachin|titulo=Supremo vai definir todo o rito do processo de impeachment, diz Fachin|publicado=Agência Brasil|autor=André Richter|data=09-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2015/12/09/interna_politica,715739/fachin-ira-propor-rito-para-impeachment-em-sessao-da-corte-no-dia-16.shtml|titulo=Fachin irá propor rito para impeachment em sessão da Corte no dia 16|publicado=Estado de Minas|data=09-12-2015|acessodata=19-03-2016}}</ref> Isso causou discussões, pois Fachin era alvo de polêmicas levantadas pela oposição, que o considerava "progressista" por ser ligado a movimentos sociais. Além disso, ele também era alvo de suspeição por ter declarado seu voto em Dilma nas eleições de 2014.<ref>{{citar web|url=http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/senado-aprova-luiz-fachin-indicado-por-dilma-para-o-stf-5284.html|titulo=Senado aprova Luiz Fachin, indicado por Dilma, para o STF|publicado=Carta Capital|data=19-05-2015|acessodata=19-03-2016|wayb=20151225050103|urlmorta=sim}}</ref> Porém, ele surpreendeu na seção de 16 de dezembro, votando favoravelmente, por exemplo, ao afastamento da presidente do cargo por até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo, para então ser julgada pelo Senado.<ref name= BBC>{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151216_stf_nova_pai_ms|titulo=Supremo inicia análise de rito de impeachment com um voto desfavorável a Dilma|publicado=BBC|autor=Mariana Schreiber|data=16-12-2012|acessodata=19-03-2016}}</ref>
Em 14 de julho de 2016, o [[Ministério Público Federal]] concluiu que as "pedaladas fiscais" não configuraram [[Crime comum|crimes comuns]], inclusive as que embasavam o processo de ''impeachment''. Em parecer enviado à Justiça, o Procurador Ivan Marx pediu o arquivamento da investigação aberta para apurar uma possível infração penal de autoridades do governo Dilma. Ele concluiu, no entanto, que as manobras visaram a maquiar as contas públicas, principalmente no ano eleitoral de 2014, havendo [[improbidade administrativa]], ou seja, um delito civil. No despacho, ele concluiu que houve inadimplência contratual, ou seja, o governo não fez os pagamentos nas datas pactuadas, descumprindo os contratos com os bancos. Marx pontuou que, em alguns casos, os atrasos nos repasses tinham previsão legal e as autoridades não tinham a intenção de fazer empréstimos ilegais.<ref>{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,para-mp-pedaladas-do-governo-dilma-nao-sao-crime,10000062862 |título= Para Ministério Público, pedaladas do governo Dilma não são crime |data=14 de julho de 2016 |acessodata=19 de julho de 2016 |autor=Fábio Fabrini |editor=[[O Estado de S. Paulo]]}}</ref>


Além de Fachin, a maioria dos ministros do Supremo votou pela manutenção da decisão que mudava o rito do processo. As consequências seriam: a impossibilidade de chapas ou candidaturas avulsas, a votação aberta para a escolha dos membros da comissão, e a permissão de o Senado não instaurar um processo próprio, mesmo com a decisão da Câmara a favor da abertura. Dessa forma, o STF respondeu aos embargos de declaração da Câmara. O relatório dos ministros destravou o processo, que estava parado desde dezembro de 2015, e aumentou as chances de ''impeachment'' de Dilma.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/maioria-do-stf-rejeita-recurso-da-camara-sobre-rito-do-impeachment.html|titulo=Maioria do STF rejeita recurso da Câmara sobre rito do impeachment|publicado=G1|autor=Renan Ramalho e Nathalia Passarinho|data=16-03-2016|acessodata=19-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/entenda-o-julgamento-do-stf-que-deve-destravar-processo-de-impeachment,c63520ea63d8698dca2f82b84fe505dc79p3wp99.html|titulo=Entenda o julgamento do STF que deve destravar processo de impeachment|publicado=Terra|obra=BBC Brasil|data=16-03-2016|acessodata=19-03-2016}}</ref>
=== Litígios no início do rito ===
O processo de impedimento de Dilma teve início com a formação de uma comissão especial composta por 65 deputados, com representantes de todos os partidos, a qual deveria avaliar a adequação do pedido e a eventual remessa do processo ao plenário da Câmara dos Deputados.<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/entenda-o-rito-do-processo-de-impeachment |titulo=Entenda o rito do processo de impeachment |publicado=Agência Brasil |autor=Mariana Tokarnia |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/12/bloco-do-pmdb-tera-maior-presenca-na-comissao-do-impeachment.html |titulo=Bloco do PMDB terá maior presença na comissão do impeachment |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> Depois da criação da comissão e de o pedido de ''impeachment'' ter sido lido em sessão da Câmara, a presidente foi notificada e passou a ter dez sessões para apresentar a sua defesa.<ref>{{citar web |url=http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2015/12/03/interna_politica,714064/em-plenario-esvaziado-cunha-le-parecer-sobre-pedido-de-impeachment.shtml |titulo=Em plenário esvaziado, Cunha lê parecer sobre pedido de impeachment e inicia rito |publicado=Estado de Minas |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> Se a comissão emitisse parecer favorável ao ''impeachment'', haveria a continuação do processo com uma votação, que exigiria o apoio de dois terços dos deputados federais (342) para o afastamento temporário de Dilma, seguindo-se a posse do vice-presidente [[Michel Temer]] como presidente interino, por um período de até 180 dias.<ref>{{citar web |url=http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/02/politica/1449093380_156718.html |titulo=O passo a passo do impeachment de Dilma em 9 pontos básicos |publicado=El País |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>Com a aprovação na Câmara dos Deputados, um segundo processo seria instaurado no [[Senado do Brasil|Senado]]. <ref>{{citar web |url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-12-02/impeachment-veja-o-que-acontece-com-dilma-apos-abertura-de-processo.html |titulo=Impeachment: veja o que acontece com Dilma após abertura de processo |publicado=Ig |autor=Vitor Sorano |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>

==== Primeira comissão especial ====
Eduardo Cunha fechou um acordo com os líderes partidários, no dia 3 de dezembro, para que todos os partidos tivessem representação na comissão especial da Câmara. Após a indicação dos nomes, a comissão seria instaurada em sessão extraordinária e escolheria, por voto secreto, o presidente e o relator do processo. Cunha acabou adiando em um dia a indicação dos nomes porque a oposição e a ala contrária ao governo do PMDB, insatisfeitas com a chapa anterior, que era contrária ao ''impeachment'', lançaram uma chapa "alternativa", favorável ao impedimento da presidente.<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/comissao-especial-sobre-impeachment-sera-instalada-na-segunda-feira-na |titulo=Comissão especial sobre impeachment será instalada na segunda-feira na Câmara |publicado=Agência Brasil |autor=Carolina Gonçalves e Pedro Peduzzi |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/07/cunha-adia-instalacao-da-comissao-que-analisara-impeachment-para-terca.htm |titulo=Cunha adia indicação de nomes da comissão que analisa impeachment para terça |publicado=Uol |autor=Felipe Amorim |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/deputados-pro-impeachment-criam-chapa-alternativa-para-comissao/ |titulo=Duas chapas disputam comissão de impeachment |publicado=Congresso em Foco |autor=Luma Poletti |data=8 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

A chapa alternativa foi eleita na noite do dia 8, sendo composta por muitos deputados notoriamente contrários a Dilma. A votação foi tumultuada, em que deputados governistas, inconformados com o voto secreto e com a própria chapa alternativa, pediram o microfone para questionar a legalidade do procedimento. Mas Cunha os ignorou e cortou o som. A reação dos governistas foi tentar quebrar as urnas eletrônicas, entrando em confronto com a polícia legislativa da Câmara.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/chapa-alternativa-da-oposicao-e-eleita-para-comissao-do-impeachment.html |titulo=Chapa alternativa da oposição é eleita para comissão do impeachment |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro |data=8 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

==== Suspensão do processo ====
Em 8 de dezembro, o ministro [[Luiz Edson Fachin]], do STF, suspendeu todo o processo de impedimento a fim de evitar que futuramente novos atos e prazos fossem alvos de questionamentos. Assim, todo o rito ficou paralisado até que houvesse uma decisão do Supremo.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/ministro-do-stf-suspende-instalacao-da-comissao-especial-do-impeachment.html |titulo=Ministro do STF suspende instalação da comissão do impeachment |publicado=G1 |autor=Mariana Oliveira e Renan Ramalho |data=8 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> A causa da suspensão foi um requerimento de [[Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental]] encaminhado pelo [[Partido Comunista do Brasil|PCdoB]], segundo o qual a nomeação dos membros da comissão alternativa fora irregular, dado que os deputados concorreram às vagas sem a indicação dos líderes de seus partidos. Além disso, a ADPF questionava a votação secreta para a escolha da chapa e a divisão da comissão por blocos, e não por partidos. Fachin concluiu que a votação secreta não estava prevista no regimento interno da Câmara e na Constituição.<ref name=adpf>{{citar web |url=http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/adpf378.pdf |titulo=Arguição de descumprimento de preceito fundamental |publicado=Supremo Tribunal Federal |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

Um dia depois, em 9 de dezembro, Fachin afirmou que iria "propor um rito que vai do começo ao final do julgamento do Senado (...)".<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/supremo-vai-definir-todo-o-rito-do-processo-de-impeachment-diz-fachin |titulo=Supremo vai definir todo o rito do processo de impeachment, diz Fachin |publicado=Agência Brasil |autor=André Richter |data=9 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2015/12/09/interna_politica,715739/fachin-ira-propor-rito-para-impeachment-em-sessao-da-corte-no-dia-16.shtml |titulo=Fachin irá propor rito para impeachment em sessão da Corte no dia 16 |publicado=Estado de Minas |data=9 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Isso causou discussões, pois Fachin era alvo de polêmicas levantadas pela oposição, que o considerava "progressista" por ser ligado a movimentos sociais. Além disso, ele também era alvo de suspeição por ter declarado seu voto em Dilma nas eleições de 2014.<ref>{{citar web |url=http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/senado-aprova-luiz-fachin-indicado-por-dilma-para-o-stf-5284.html |titulo=Senado aprova Luiz Fachin, indicado por Dilma, para o STF |publicado=Carta Capital |data=19 de maio de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Porém, ele surpreendeu na seção de 16 de dezembro, votando favoravelmente, por exemplo, ao afastamento da presidente do cargo por até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo, para então ser julgada pelo Senado.<ref name= BBC>{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151216_stf_nova_pai_ms |titulo=Supremo inicia análise de rito de impeachment com um voto desfavorável a Dilma |publicado=BBC |autor=Mariana Schreiber |data=16 de dezembro de 2012 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

==== Pedido de anulação ====
No dia 11 de dezembro, Dilma enviou um documento ao STF solicitando a anulação do pedido aceito por Cunha e da votação que elegeu os membros da comissão. Era um texto de 23 páginas, que apresentava a defesa do governo na ação movida pelo PCdoB com o objetivo de questionar diversos pontos da lei que regula o impedimento por crimes de responsabilidade.<ref name=adpf /> A presidente também alegou que a Câmara seria responsável apenas pela autorização do processo, que seria realmente aberto no Senado. Assim, se acatado pela Corte, seria aberta a possibilidade de os senadores não instaurassem o processo mesmo autorizados pela Câmara.<ref name=lei>{{citar web |url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1079.htm |titulo=Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950 |publicado=Palácio do Planalto |data=10 de abril de 1950 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref>

[[Rodrigo Janot]], [[Procurador-Geral da República]], foi autor de um parecer semelhante. Ele era contra a defesa prévia da presidente, em relação ao acolhimento do pedido, sustentando que essa defesa não estava prevista na lei do impedimento. Janot também acreditava que a presidente teria o direito de se defender em qualquer fase do processo, até mesmo quanto à aceitação do pedido. Além disso, Janot colocou Cunha sob suspeição, acusando-o de falta de imparcialidade no processo de impedimento, pois era alvo de pedido de cassação do mandato na Câmara. E reforçou a tese de que somente o Senado poderia abrir o processo.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/janot-pedido-de-impeachment-pode-ser-aceito-sem-defesa-previa-de-dilma.html |titulo=Ao STF, Janot defende votações abertas no processo de impeachment |publicado=G1 |autor=Renan Ramalho |data=11 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

==== Defesa da legalidade do processo no STF ====
[[Imagem:Sessão do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.jpg|thumb|235px|Sessão do STF que julgou o rito do processo de ''impeachment'', em 16 de dezembro de 2015.]]

No dia 15, deputados da oposição entregaram a Fachin um documento no qual defendiam a legalidade do rito adotado na Câmara.<ref name=lei /><ref>{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/deputados-da-oposicao-levam-ao-stf-argumentos-favoraveis-ao-rito-do-impeachment,20f497f3ea1860f56dac930618a89aecuvlfr4up.html |titulo=Oposição leva ao STF argumentos favoráveis ao impeachment |publicado=Terra |data=15 de dezembro de 2015 |acessodata=6 de dezembro de 2015}}</ref> Na sessão de 16 de dezembro, Fachin julgou improcedente o pedido cautelar de incidência de suspeição sobre Cunha, que era um dos pontos principais da ação movida pelo PCdoB, dando parcial procedência aos pedidos cautelares requeridos.<ref name=adpf/> A ação sustentava que Cunha não tinha a imparcialidade necessária para conduzir o processo, mas Fachin entendeu que as regras que determinam o impedimento de juízes em processos do Judiciário não se aplicam ao processo de impedimento.

O ministro também decidiu que não cabia à presidente fazer uma defesa prévia ao ato de acolhimento do pedido de impedimento por Cunha, acrescentando que ela teria direito de defesa antes do parecer da comissão especial.<ref>{{citar web |url=http://s.conjur.com.br/dl/voto-fachin-adpf.pdf |titulo=Voto do Ministro Luiz Edson Fachin referente à Medida cautelar na arguição de descumprimento de preceito fundamental 378 Distrito Federal |publicado=Conjur |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Ele considerou válida a sessão que elegeu, por voto secreto, a chapa da oposição que ocuparia a maioria das vagas da comissão especial da Câmara e votou pelo afastamento de Dilma por até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo e encaminhamento ao Senado.<ref name= BBC/><ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/16/fachin-vota-sobre-impeachment-de-dilma.htm |titulo=Fachin nega pedido para afastar Cunha de comando de processo de impeachment |publicado=Uol |autor=Felipe Amorim |data=16 de dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

Em 17 de dezembro, o STF decidiu por maioria a favor da possibilidade de o Senado recusar a abertura de um processo de ''impeachment'' mesmo após a Câmara autorizar a instauração daquele. Os ministros também decidiram anular a eleição da chapa alternativa. Eles usaram como argumento a impossibilidade de haver candidatura avulsa para o colegiado, aceitando somente indicações de líderes partidários ou de blocos. E ainda votaram contra a necessidade de defesa prévia ao acolhimento do pedido de impedimento na Câmara, seguindo o voto de Fachin, e a favor do voto aberto na formação da comissão especial.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/maioria-do-stf-defende-poder-do-senado-para-recusar-impeachment.html |titulo=Maioria do STF defende poder do Senado para recusar impeachment |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho e Renan Ramalho |data=17 dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/supremo-decide-que-eleicao-da-comissao-de-impeachment-deve-ser-aberta |titulo=Supremo decide que eleição da comissão de impeachment deve ser aberta |publicado=Agência Brasil |autor=André Richter |data=17 dezembro de 2015 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

==== Decisão final do STF sobre o rito ====
Os especialistas do Congresso consideravam a intervenção do STF mais política do que regimental. Enquanto isso, as prioridades do Congresso para fevereiro de 2016 eram a lei antiterrorismo, considerada fundamental para os [[Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro]], várias medidas provisórias e o ajuste fiscal.<ref>{{citar web |url=http://www.brasilpost.com.br/2016/01/28/cunha-adia-impeachment_n_8982964.html |titulo=Medo de nova ação no STF faz Cunha paralisar impeachment |publicado=Huffpost Brasil |autor=Grasielle Castro |data=28 de janeiro de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/01/1734739-cunha-vai-questionar-no-stf-poder-do-senado-sobre-impeachment.shtml |titulo=Cunha vai questionar no STF poder do Senado sobre impeachment |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Débora Alves |data=28 de janeiro de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Em relação ao processo que Cunha enfrentava no Conselho de Ética, ele havia acionado a Comissão de Constituição e Justiça para tentar anular a decisão do colegiado, aceitando o relatório do novo relator e recusando dar vista aos deputados que apoiavam Cunha. Assim, o processo no Conselho de Ética, que estava inclinado a aceitar o recurso de Cunha, seria zerado.<ref>{{citar web |url=http://www.notibras.com/site/congresso-volta-dia-1o-em-meio-as-incertezas-do-impeachament/ |titulo=Congresso abre as portas na segunda, 1, em meio a muitas incertezas do impeachment |publicado=Notibras |autor=Cláudio Coletti |data=28 de janeiro de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

Em 1º de fevereiro, a Câmara enviou ao Supremo os embargos de declaração que questionavam as decisões tomadas pela Corte em 2015. Entre as dúvidas levantadas, estavam: a chapa avulsa na composição da comissão especial; a obrigatoriedade de os membros poderem somente ser indicados pelos líderes partidários; o poder dado ao Senado de encerrar o processo já autorizado pela Câmara; a possibilidade de Cunha indicar membros para a comissão especial na eventualidade de os nomes da chapa única indicada pelos líderes não serem aprovados pelo plenário; a forma da escolha do presidente e do relator da comissão especial, por votação secreta; e a possibilidade de Cunha indicar deputados para esses cargos em caso de também ser proibida a disputa de vários deputados para os mesmos.<ref name="Decisão final do STF sobre o rito 1">{{citar web |url=http://www.cartacapital.com.br/politica/rito-do-impeachment-entenda-o-que-vai-ser-julgado-pelo-stf |titulo=Rito do impeachment: entenda o que vai ser julgado pelo STF |publicado=Carta Capital |autor=Deutsche Welle e Fernando Caulyt |data=10 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref name="Decisão final do STF sobre o rito 2">{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/stf-divulga-acordao-da-decisao-sobre-rito-de-impeachment.html |titulo=STF divulga acórdão da decisão sobre rito de impeachment |publicado=G1 |data=7 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>

O STF apresentou um texto de acórdão em 7 de março. Não houve grandes alterações em relação ao que fora decidido anteriormente sobre o rito. O acórdão constava do resumo das decisões dos ministros, dos votos de cada um deles e dos debates sobre o tema ocorridos nas duas sessões. Contudo, a Câmara reapresentou os seus questionamentos e solicitou a revisão da decisão do STF que anulou o rito do processo de ''impeachment''. A Câmara alegou que os ministros do Supremo interpretaram de forma equivocada as normas internas da casa parlamentar. A expectativa era que o STF se retratasse e permitisse que a comissão especial formada por deputados fosse eleita em votação secreta e, ainda, com a participação de chapas avulsas. A partir da decisão final, Cunha daria continuidade ao rito com a instalação da comissão especial.<ref name="Decisão final do STF sobre o rito 1" /><ref name="Decisão final do STF sobre o rito 2" />

Em 16 de março, a maioria dos ministros do Supremo votou pela manutenção da decisão anterior que mudava o rito do processo. As consequências seriam: a impossibilidade de chapas ou candidaturas avulsas; a votação aberta para a escolha dos membros da comissão, com a opção de cada deputado votar pela aprovação ou rejeição da comissão formada por indicação dos líderes; e a permissão de o Senado não instaurar um processo próprio, mesmo com a decisão da Câmara a favor da abertura. Dessa forma, o STF respondeu aos embargos de declaração da Câmara. O relatório dos ministros destravou o processo, que estava parado desde dezembro de 2015, e aumentou as chances de ''impeachment'' de Dilma, o que era o objetivo de Cunha segundo os especialistas.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/maioria-do-stf-rejeita-recurso-da-camara-sobre-rito-do-impeachment.html |titulo=Maioria do STF rejeita recurso da Câmara sobre rito do impeachment |publicado=G1 |autor=Renan Ramalho e Nathalia Passarinho |data=16 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/entenda-o-julgamento-do-stf-que-deve-destravar-processo-de-impeachment,c63520ea63d8698dca2f82b84fe505dc79p3wp99.html |titulo=Entenda o julgamento do STF que deve destravar processo de impeachment |publicado=Terra |obra=BBC Brasil |data=16 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


=== Comissão especial definitiva ===
=== Comissão especial definitiva ===
{{Imagem dupla|left|Rogério Rosso em 28 de março de 2016.jpg|125|Jovair Arantes em 28 de março de 2016.jpg|125|[[Rogério Rosso]] (PSD-DF), ex-governador do [[Distrito Federal (Brasil)|Distrito Federal]], foi eleito presidente da comissão.|[[Jovair Arantes]] (PTB-GO), foi escolhido para a relatoria. Rosso e Arantes são aliados de Cunha.}}
==== Eleição e plano de trabalho ====
{{Imagem dupla|right|Rogério Rosso em 28 de março de 2016.jpg|125|Jovair Arantes em 28 de março de 2016.jpg|125|[[Rogério Rosso]] (PSD-DF), ex-governador, foi eleito presidente da comissão.|[[Jovair Arantes]] (PTB-GO), foi escolhido para a relatoria. Rosso e Arantes são aliados de Cunha.}}


Em 17 de março, a Câmara finalmente elegeu, por votação aberta, os 65 integrantes da comissão especial. Houve 433 votos a favor e apenas um contrário. Os partidos predominantes eram o PT e o PMDB, cada um com oito membros. O PSDB tinha seis membros. As demais 43 vagas foram preenchidas por outros 21 partidos. Em uma outra sessão, [[Rogério Rosso]], líder do PSD e aliado de Cunha, foi eleito presidente da comissão, enquanto [[Jovair Arantes]], líder do PTB e também aliado de Cunha, foi nomeado relator do processo. Cunha acreditava em um prazo de 45 dias para a conclusão dessa parte do processo, mas tal prazo dependia de sessões de segunda a sexta e quóruns de 51 deputados pelo menos.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/camara-elege-membros-de-comissao-que-analisara-impeachment-de-dilma.html |titulo=Câmara elege membros de comissão que analisará impeachment de Dilma |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro |data=17 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://maringa.odiario.com/politica/2016/03/um-dos-principais-aliados-de-cunha-relatara-impeachment-de-dilma/2109595/ |titulo=Um dos principais aliados de Cunha relatará impeachment de Dilma |publicado=O Diário |autor=Débora Álvares, Ranier Bragon e Gustavo Uribe |data=17 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>
Em 17 de março, a Câmara finalmente elegeu, por votação aberta, os 65 integrantes da comissão especial, com 433 votos a favor e apenas 1 contra. Os partidos predominantes eram o PT e o PMDB, cada um com 8 membros; O PSDB teve 6 membros; as demais 43 vagas foram repartidas entre 21 partidos.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/camara-elege-membros-de-comissao-que-analisara-impeachment-de-dilma.html|titulo=Câmara elege membros de comissão que analisará impeachment de Dilma|publicado=G1|autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro|data=17-03-2016|acessodata=19-03-2016}}</ref>


Em uma outra sessão, [[Rogério Rosso]], líder do PSD e aliado de Cunha, foi eleito presidente da comissão, enquanto [[Jovair Arantes]], líder do PTB e também aliado de Cunha, foi nomeado relator do processo. Cunha acreditava em um prazo de 45 dias para a conclusão dessa parte do processo, mas tal prazo dependia de sessões de segunda a sexta e quóruns de pelo menos 51 deputados.<ref>{{citar web|url=http://maringa.odiario.com/politica/2016/03/um-dos-principais-aliados-de-cunha-relatara-impeachment-de-dilma/2109595/|titulo=Um dos principais aliados de Cunha relatará impeachment de Dilma|publicado=O Diário|autor=Débora Álvares, Ranier Bragon e Gustavo Uribe|data=17-03-2016|acessodata=19-03-2016|wayb=20160322001904|urlmorta=sim}}</ref>
Em 21 de março, o relator do processo apresentou o plano de trabalho da comissão em breve documento. Ele disse que pretendia realizar reuniões internas para convidar os denunciantes. Ele também pretendia ouvir membros do TCU. O principal técnico convidado seria Júlio Marcelo de Oliveira, responsável por recomendar a rejeição das contas da presidente. Entretanto, Jovair não convidaria Dilma nem os seus ministros. Em vez disso, ele queria esperar a apresentação formal da defesa, na qual seria feita a escolha dos seus representantes.<ref>{{Citar web |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/relator-do-impeachment-diz-que-nao-convocara-dilma-ou-ministros.html |título= Relator do processo impeachment diz que não convocará Dilma ou ministros |autor= Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro |publicado=G1 |data=21 de março de 2016 |acessodata=21 de março de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/fator-delcidio-trava-1-reuniao-da-comissao-do-impeachment |título=Fator Delcídio trava 1ª reunião da comissão do impeachment |publicado=Veja |autor=Marcela Mattos e Felipe Frazão |data=22 de março de 2016 |acessodata=22 de março de 2016}}</ref>


;Manifestação dos autores do pedido
Durante essa reunião, surgiu uma discussão sobre a inclusão no processo das denúncias do ex-líder do governo, [[Delcídio do Amaral]], no acordo de delação premiada. Cunha as havia anexado ao processo na semana anterior, mas, no dia 22 de março, Rosso as retirou porque "não compete à comissão a produção de provas e que o julgamento do mérito caberá eventualmente ao Senado". A oposição concordou com a retirada para evitar a contestação judicial anunciada pelos governistas. O líder do PSDB, [[Antônio Imbassahy]], afirmou que o pedido original já tinha elementos suficientes para assegurar o ''impeachment'' da presidente. Porém, a oposição pretendia apresentar outro pedido de ''impeachment'', baseado no teor da delação do senador.<ref>{{citar web |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/comissao-nao-incluira-delacao-de-delcidio-no-pedido-de-impeachment.html |título=Comissão retira delação de Delcídio do pedido de impeachment |publicado=G1 |data=22 de março de 2016 |acessodata=22 de março de 2016}}</ref>


Em 30 de março, [[Miguel Reale Júnior]] depôs à comissão, dizendo que as pedaladas representavam crime devido a serem uma forma de mascarar o deficit fiscal, e por levar a União a contrair empréstimos com suas próprias entidades financeiras, o que é ilícito segundo a LRF. Segundo ele, esta ruptura do equilíbrio fiscal gerou uma cascata de eventos que culminaram em inflação, recessão, e desemprego, afetando sobretudo os mais pobres.<ref name="Juristas">{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/pedaladas-constituem-crime-grave-diz-miguel-reale-junior-em-comissao.html|título='Pedaladas constituem crime grave', diz autor de pedido de impeachment|publicado=G1|autor=Nathalia Passarinho|data=30-03-2016|acessodata=31-03-2016}}</ref>
==== Manifestação dos autores do pedido ====
[[Imagem:Janaina Paschoal e Miguel Reale Jr perante Comissao Impeachment.jpg|thumb|esquerda|260px|Os autores do pedido [[Janaina Paschoal]] e [[Miguel Reale Júnior]] depõem na Comissão Especial do processo de ''impeachment''.]]
[[Imagem:Janaina Paschoal e Miguel Reale Jr perante Comissao Impeachment.jpg|thumb|Os autores do pedido [[Janaina Paschoal]] e [[Miguel Reale Júnior]] depõem na Comissão Especial do processo de ''impeachment''.]]


Miguel Reale Júnior enfatizou também que o fato de tal manobra ter sido realizada por governos anteriores não a tornava menos ilícita segundo o Código Penal, onde é tipificado como crime de responsabilidade, e que as pedaladas no governo Dilma foram maiores e mais frequentes. Assim, esperava provar que tais operações de crédito não tinham sido simples fluxo de caixa. Rebateu a crítica de que não se deveria considerar fatos do 1º mandato, pois o STF tinha já definido que um agente público pode sim ser punido por fatos anteriores ao mandato.<ref name= "Juristas"/>
Miguel Reale Júnior compareceu ao Congresso para depor diante da comissão, em 30 de março. Ele disse que as pedaladas representavam um crime grave porque eram manobras contábeis feitas para esconder o ''deficit'' fiscal e porque levaram a União a contrair empréstimos com entidades financeiras por ela controladas, o que é um ato ilícito conforme a LRF. Com a ruptura do equilíbrio fiscal, houve uma cascata de eventos, culminando em inflação e recessão, que geraram desemprego no país, afetando especialmente as classes mais pobres.<ref name="Juristas">{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/pedaladas-constituem-crime-grave-diz-miguel-reale-junior-em-comissao.html |título='Pedaladas constituem crime grave', diz autor de pedido de impeachment |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho |data=30 de março de 2016|acessodata=31 de março de 2016}}</ref>


A seguir, depôs a advogada [[Janaina Paschoal]], concordando que "Impedimento sem crime é golpe", mas assegurando que havia crimes de responsabilidade de sobra, referindo-se aos decretos não autorizados que abriram créditos também não autorizados, e ao comportamento omissivo doloso da presidente na corrupção que envolvia a Petrobras. Então, do ponto de vista dela, o golpe foi tentar apresentar um ''superavit'' que não era real. Ainda contestando as insinuações governistas de golpe, ela declarou que o pedido de afastamento tinha base legal e continha denúncias de violações à legislação. E acrescentou que a falta de responsabilidade fiscal do governo criou uma situação financeira muito grave para os brasileiros.<ref name="Juristas"/>
Ele também enfatizou que a ocorrência dessas manobras em governos anteriores não lhes retirava o caráter criminoso e que as pedaladas do Governo Dilma eram maiores e mais frequentes. Mesmo interrompido por deputados governistas, Reale continuou a falar, citando o artigo do [[Código Penal brasileiro de 1940|Código Penal]] que caracterizava a operação financeira como um crime de responsabilidade, acrescentando diversos artigos da LRF que reforçavam a sua tese. Ele pretendia provar que as operações de crédito não foram um simples fluxo de caixa, que elas buscavam sustentar a existência de uma capacidade fiscal que o país não tinha. E rebateu a crítica de que o segundo mandato não poderia ser afetado por fatos do primeiro, pois o STF já fixara, em julgamentos, que, com base no princípio constitucional da moralidade, o agente público pode ser punido por fatos anteriores ao mandato e a própria Câmara já havia punido deputados que praticaram infrações em mandatos anteriores, em respeito ao princípio da moralidade.<ref name= "Juristas"/>


;Manifestações da defesa
Logo após, a advogada Janaina Paschoal também se manifestou. Ela concordou com os que afirmavam que "Impedimento sem crime é golpe", mas assegurou que havia crimes de responsabilidade "de sobra", referindo-se aos decretos não autorizados que abriram créditos também não autorizados e ao comportamento omissivo doloso da presidente na corrupção que envolvia a Petrobras. Então, do ponto de vista dela, o golpe foi tentar apresentar um ''superavit'' que não era real. Além disso, muitos prefeitos já haviam sido condenados por crimes muito menos significativos. Ainda contestando as insinuações governistas de golpe, ela declarou que o pedido de afastamento tinha base legal e continha denúncias de violações à legislação. E acrescentou que a falta de responsabilidade fiscal do governo criou uma situação financeira muito grave para os brasileiros. Janaína acusou o governo de se achar dono dos bancos públicos, o que causou um novo tumulto na sala.<ref name="Juristas"/>
[[Imagem:Nelson Barbosa e Ricardo Lod apresentam a defesa da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial do Impeachment.jpg|thumb|Ricardo Lodi Ribeiro e [[Nelson Barbosa]] apresentam a defesa da presidente Dilma, em 31 de março.]]


Em 31 de março de 2016, ocorreu a defesa de Dilma Rousseff perante a comissão. Foram escolhidos os Ministro da Fazenda [[Nelson Barbosa]], e o professor de Direito Tributário Ricardo Lodi Ribeiro para representá-la. Ambos sustentaram que os atos da presidente estavam de acordo com as exigências do TCU, sob a justificativa de que a prática foi referendada pelo mesmo e pelo Congresso em vários governos anteriores da República:<ref name= "Governo se defende"/>
Assim que terminou o pronunciamento dos advogados, o deputado [[Wadih Damous]] afirmou que o evento não foi uma defesa técnica do impedimento, mas sim um comício político, logo o que estava havendo era sim uma tentativa de golpe. Os dois autores do pedido foram convocados pelo deputado Jovair Arantes. Segundo ele, "As oitivas não servem para produzir provas contra ou a favor de Dilma, mas apenas para esclarecer pontos do pedido de ''impeachment''. Nesta fase de análise do processo, não cabe à comissão decidir sobre o mérito das acusações, mas apenas dar parecer pela instauração ou não do procedimento que pode resultar no afastamento da presidente". Os representantes petistas queriam adiar os depoimentos dos autores do pedido para depois da apresentação da defesa de Dilma, o que foi negado por Rosso.<ref name= "Juristas"/>
*O Ministro da Fazenda disse que só deveriam ser considerados no processo os fatos ocorridos desde o começo do 2º mandato, onde não tinham havido manobras fiscais, e ressaltou que os 6 créditos suplementares abertos no mandato anterior não modificaram o plano financeiro de 2015, nem o limite global de gasto discricionário do governo. Além disso, a maior parte dos decretos, segundo ele, haviam sido financiadas por meio da anulação de despesas, ou atendendo a pedidos.<ref name= " Governo se defende " >{{Citar web|url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/03/em-audiencia-barbosa-defende-que-nao-ha-base-legal-para-impeachment-5677394.html#|título=Em audiência, Barbosa defende que não há base legal para impeachment|publicado=ZH Notícias|data=2016-03-31|acessodata=2016-03-31|wayb=20160403103858|urlmorta=sim}}</ref>
*O professor de Direito Tributário também defendeu que a meta fiscal de 2015 foi cumprida, pois o Congresso aprovou a alteração. Também defendeu os créditos suplementares, e disse que era possível prever uma situação financeira ruim de acordo com os relatórios bimestrais, mas que o governo fez contingenciamentos ao longo de 2015. Portanto, não haveria crime de responsabilidade, e portanto, não poderia haver impeachment. Reiterou que a desaprovação popular não é um motivo legal para o impeachment.<ref name= "Governo se defende"/> Sua presença causou tumulto, por ele ser sócio do escritório do qual fez parte o Ministro do STF [[Luís Roberto Barroso]]. O advogado respondeu que não estava presente como sócio, mas sim como professor adjunto da [[UERJ]].<ref name= "Governo se defende"/>


[[Imagem:CEI2016 - Comissão Especial do Impeachment 2016 (26767136491).jpg|thumb|esquerda|[[José Eduardo Cardozo]], da Advocacia Geral da União, em defesa de Dilma.]]
==== Manifestações da defesa ====
===== Nelson Barbosa e Ricardo Lodi Ribeiro =====
[[Imagem:Nelson Barbosa e Ricardo Lod apresentam a defesa da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial do Impeachment.jpg|thumb|260px|Ricardo Lodi Ribeiro e [[Nelson Barbosa]] apresentam a defesa da presidente Dilma, em 31 de março.]]


Em 31 de março, ocorreu a defesa da presidente diante da comissão. O governo escolheu o Ministro da Fazenda, [[Nelson Barbosa]], e o professor de Direito Tributário Ricardo Lodi Ribeiro para realizarem a defesa de Dilma. Barbosa começou enfatizando que o processo deveria considerar somente os fatos ocorridos desde o começo do segundo mandato, no qual não houve manobras fiscais. Ele também ressaltou que os seis créditos suplementares abertos no mandato anterior não modificaram a programação financeira de 2015 nem o limite global do gasto discricionário do governo. Além disso, a maior parte dos decretos foi financiada por anulação de despesas ou atendendo a pedidos, como um do Poder Judiciário.<ref name= " Governo se defende " >{{Citar web |autor= Redação |url= http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/03/em-audiencia-barbosa-defende-que-nao-ha-base-legal-para-impeachment-5677394.html# |título= Em audiência, Barbosa defende que não base legal para impeachment |publicado= ZH Notícias |data= |acessodata= 31 de março de 2016.}}</ref>
Em 4 de abril, o presidente da comissão, [[Rogério Rosso]], decidiu que o [[Advocacia-Geral da União|Advogado Geral da União]], [[José Eduardo Cardozo]], também poderia fazer a defesa da presidente no processo, após questionado por deputados do PPS, PTB e PSB, muito embora outros parlamentares tenham argumentado que a AGU pode defender presidentes da República quando a ação é de interesse da União, enquanto o impeachment seria, segundo eles, de interesse pessoal da Dilma.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/rosso-decide-que-agu-pode-fazer-defesa-de-dilma-no-impeachment.html|título=AGU é autorizada a defender Dilma na comissão do impeachment|publicado=G1|autor=Nathalia Passarinho|data=04-04-2016|acessodata=04-04-2016}}</ref>


Então, na defesa que o advogado da União fez no mesmo dia, disse que o impeachment era inválido, e que feria a Constituição, por não haver crime de responsabilidade que o justificasse; sendo portanto, um golpe.<ref>{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/cardozo-faz-defesa-de-dilma-e-diz-que-impeachment-e-invalido,cc5090fa283a48852e5cbbbd8dcf87b75f924dth.html|título=Cardozo faz defesa de Dilma e diz que impeachment é inválido|publicado=Terra|autor=Maria Carolina Marcello|data=04-04-2016|acessodata=04-04-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/55a-legislatura/denuncia-contra-a-presidente-da-republica/documentos/outros-documentos/manifestacao-da-denunciada/ManifestaodaDenunciada.PDF|título=Defesa de Dilma na Integra|publicado=Câmara dos Deputados|autor=Advocacia Geral da União|data=04-04-2016|acessodata=04-04-2016}}</ref> Acrescentou que Eduardo Cunha desviou seu poder ao agir pelo desejo de vingança e retaliação, por os petistas não o terem apoiado no Conselho de Ética; logo, o processo foi contaminado e os resultados deviam ser nulos.<ref name="José Eduardo Cardozo-2">{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/processo-de-impeachment-e-golpe-a-constituicao-diz-jose-eduardo-cardozo,3fe3419ed9b3ef2815b0be6cb7c08984tv40ovjs.html|título=Processo de impeachment é golpe à Constituição, diz José Eduardo Cardozo|publicado=Terra|data=04-04-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref> Disse que as pedaladas fiscais não foram operações de crédito, mas sim atrasos nos contratos de prestação de serviços dos bancos públicos, e que tais operações só passaram a ser consideradas irregulares pelo TCU em 2015, não sendo válida uma "punição retroativa".<ref name="José Eduardo Cardozo-2" /> Quanto ao crédito suplementar, disse que todos foram respaldados por pareceres técnicos, seguindo a lei orçamentária, e por isto, não eram irregulares.<ref name="José Eduardo Cardozo-2" />
Por sua vez, Lodi sustentou que a meta fiscal de 2015 era cumprida, pois o Congresso aprovou o projeto de lei que a alterou. Ele também defendeu os créditos suplementares e lembrou que era possível prever uma situação financeira desfavorável conforme os relatórios bimestrais exigidos pela LRF, mas defendeu o governo ao afirmar que foram realizados contingenciamentos ao longo de 2015. Dessa forma, não houve crime de responsabilidade, consequentemente não poderia haver impedimento. Em relação às pedaladas, ele disse que a lei dos crimes de responsabilidade não tipifica a violação da LRF, o que se pune é o atentado à lei do orçamento. Completando, ele reiterou que a desaprovação popular não é um motivo legal para o impedimento da presidente.<ref name= "Governo se defende"/>


=== Votação do relatório da comissão ===
Ambos sustentaram que os atos da presidente estavam de acordo com as exigências do TCU, sob a justificativa de que a prática foi referendada pelo mesmo e pelo Congresso em vários governos anteriores da República. Houve tumulto novamente: os oposicionistas questionaram a presença de Lodi porque este era sócio do escritório do qual fez parte [[Luís Roberto Barroso]], Ministro do Supremo Tribunal Federal. O advogado respondeu que não estava presente como sócio, e sim como professor adjunto da [[UERJ]]; nem pretendia julgar a presidente, mas apenas colaborar na comissão.<ref name= "Governo se defende"/>
{{Principal|Votações no processo de impeachment de Dilma Rousseff#Na comissão especial, sobre a admissibilidade{{!}}Votação sobre a admissibilidade na comissão especial}}

Antes do início da sessão, o vice-líder do governo, [[Paulo Teixeira (político)|Paulo Teixeira]], pediu que houvesse nova notificação da presidente e novo prazo de defesa, uma vez que os termos da delação premiada do senador Delcídio foram retirados dos autos do processo, mas Rosso argumentou que Dilma já fora notificada duas vezes (em dezembro e em março) e que não caberia novo prazo. Teixeira insistiu, pedindo um novo prazo de dez sessões, a partir do final das atividades da comissão, com base na "falta de clareza da denúncia", e disse que iria recorrer ao plenário, não a Cunha, a quem chamou de "capitão do golpe".<ref name= "Governo se defende"/>

===== Advogado Geral da União =====
{{Rquote|right|O que é um golpe? É a ruptura da institucionalidade, golpe é o rompimento de uma Constituição, golpe é a negação do Estado de Direito. Não importa se ele é feito por armas, com canhões ou baionetas caladas, se ele é feito com o simples rasgar de uma Constituição, sem base fática – ele é golpe.|[[José Eduardo Cardozo]]| em 4 de abril de 2016.<ref name="José Eduardo Cardozo">{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/impeachment-sem-base-na-constituicao-e-golpe-de-estado-diz-advogado-da |título=Impeachment sem base na Constituição é golpe de Estado, diz advogado da União |publicado=Agência Brasil |autor=Ivan Richard |data=4 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref>}}

Em 4 de abril, após um questionamento de deputados do PPS, PTB e PSB, Rosso decidiu que o [[Advocacia-Geral da União|Advogado Geral da União]], [[José Eduardo Cardozo]], poderia fazer a defesa da presidente no processo de afastamento. Os parlamentares argumentaram que a AGU só pode atuar na defesa de presidente da República quando a ação é de interesse da União. Para eles, o processo de ''impeachment'' era de interesse pessoal de Dilma.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/rosso-decide-que-agu-pode-fazer-defesa-de-dilma-no-impeachment.html |título=AGU é autorizada a defender Dilma na comissão do impeachment |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho |data=4 de abril de 2016 |acessodata=4 de abril de 2016}}</ref> No mesmo dia, ao apresentar a defesa da presidente na comissão, Cardozo disse que o procedimento que pedia o impedimento de Dilma era inválido e alegou que não havia crime de responsabilidade que o justificasse.<ref>{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/cardozo-faz-defesa-de-dilma-e-diz-que-impeachment-e-invalido,cc5090fa283a48852e5cbbbd8dcf87b75f924dth.html |título=Cardozo faz defesa de Dilma e diz que impeachment é inválido |publicado=Terra |autor=Maria Carolina Marcello |data=4 de abril de 2016 |acessodata=4 de abril de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/55a-legislatura/denuncia-contra-a-presidente-da-republica/documentos/outros-documentos/manifestacao-da-denunciada/ManifestaodaDenunciada.PDF |título=Defesa de Dilma na Integra |publicado=Câmara dos Deputados |autor=Advocacia Geral da União |data=4 de abril de 2016 |acessodata=4 de abril de 2016}}</ref>

Durante a sua manifestação, Cardozo afirmou que o processo feria a Constituição e que deveria ser considerado nulo. Ele disse ainda que o afastamento de um presidente sem base constitucional é golpe. Cardozo também alegou que houve desvio de poder de Cunha ao aceitar o pedido, que teria agido pelo desejo de "vingança" e por "retaliação", devido ao fato de os petistas não o apoiarem no Conselho de Ética. Portanto, do ponto de vista dele, como o ato de abertura era viciado, o processo era nulo.<ref name="José Eduardo Cardozo" /><ref name="José Eduardo Cardozo-2">{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/processo-de-impeachment-e-golpe-a-constituicao-diz-jose-eduardo-cardozo,3fe3419ed9b3ef2815b0be6cb7c08984tv40ovjs.html |título=Processo de impeachment é golpe à Constituição, diz José Eduardo Cardozo |publicado=Terra |data=4 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref>

Em relação às manobras fiscais, conhecidas como "pedaladas fiscais", Cardozo alegou que foram atrasos em contratos de prestação de serviços celebrados com instituições financeiras públicas e não operações de crédito. Nesse escopo, lembrou que o TCU só passou a considerar essas práticas irregulares em 2015 e que não se poderia aplicar a Dilma uma "punição retroativa" por atos praticados antes de o TCU mudar a sua jurisprudência.<ref name="José Eduardo Cardozo" /><ref name="José Eduardo Cardozo-2" /> Sobre a emissão de decretos de crédito suplementar, ele disse que todos foram respaldados por pareceres técnicos e ressaltou que a lei orçamentária foi cumprida e aprovada pelo Congresso, razão pela qual não houve irregularidades.<ref name="José Eduardo Cardozo-2" />

===== Contestações do governo no STF =====
O STF convocou uma sessão extraordinária, no dia 14 de abril, para julgar cinco ações propostas por governistas sobre a votação no plenário. Os pedidos tentavam suspender ou alterar a ordem da votação estabelecida por Cunha e todos foram negados. O pedido de suspensão da votação foi feito pela AGU, que questionava a análise das acusações na comissão especial da Câmara. O deputado Paulo Teixeira, autor de outro pedido, queria não só a suspensão como também a anulação do parecer da comissão especial que recomendou a abertura do processo. As outras três ações queriam alterar a forma e a ordem definidas pelo Presidente da Câmara (alternância entre estados do Norte e do Sul), mas o Supremo validou o rito da votação, descartando a ordem alfabética.<ref name="Ações">{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/stf-rejeita-pedido-da-agu-e-mantem-votacao-do-impeachment-no-domingo.html |título=STF rejeita pedido da AGU e mantém votação do ''impeachment'' no domingo |publicado=G1 |autor=Renan Ramalho |data=15 de abril de 2016 |acessodata=15 de abril de 2016}}</ref>

Além disso, havia um mandado de segurança impetrado pela AGU, o qual alegava que a comissão analisou fatos que iam além das acusações recebidas pelo Presidente da Câmara ao aceitar o pedido de ''impeachment''. O mandado também sustentava que Dilma não foi notificada para se defender na audiência que ouviu os autores da denúncia e que o AGU substituto, Fernando Albuquerque, foi impedido de se manifestar para defendê-la durante a leitura do relatório do deputado Jovair. O mandado não foi acolhido pelo Supremo, por uma votação de 8 a 2.<ref name= "Ações"/>

==== Apresentação e votação do relatório ====
{{Principal|[[Votação sobre a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados do Brasil#Comissão especial|Votação sobre a admissibilidade na comissão especial]]}}

[[Imagem:Jovair Arantes faz a leitura do relatório final na comissão especial do impeachment de Dilma Rousseff.jpg|thumb|direita|260px|[[Jovair Arantes]] faz a leitura de seu relatório, em 6 de abril.]]

A imprensa especulou que a demissão do então diretor da [[Casa da Moeda do Brasil|Casa da Moeda]] foi uma consequência da pressão exercida pelo relator Arantes e pelo PTB sobre o governo. Assim, teria sido Arantes quem indicou o novo diretor da Casa da Moeda, de acordo com uma matéria do jornal ''[[O Globo]]''. Essa indicação deu a Arantes e ao seu partido o controle da entidade, e, consequentemente, o governo esperava que o seu relatório fosse favorável a Dilma.<ref>{{Citar web |url= http://www.opopular.com.br/editorias/noticias/politica/jovair-arantes-anuncia-parecer-favor%C3%A1vel-ao-impeachment-de-dilma-1.1064914 |título=Jovair Arantes anuncia parecer favorável ao impeachment de Dilma |publicado=O Popular |data=6 de abril de 2016 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/relator-do-impeachment-indica-novo-diretor-da-casa-da-moeda.html |título=Relator do impeachment indica novo diretor da Casa da Moeda |publicado= O Globo |autor=Lauro Jardim |data=1 de abril de 2016 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/demitido-por-mantega-da-casa-da-moeda-diz-que-era-alvo-do-ptb-3813920 |título=Demitido por Mantega da Casa da Moeda diz que era alvo do PTB |publicado=O Globo |data=31 de janeiro de 2012 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref> Porém, ele mudou de lado e aproximou-se de Cunha, o que fez com que passasse a ser cotado como o candidato de Cunha para comandar a Câmara a partir de 2017.<ref>{{Citar web |url=http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/eduardo-cunha-se-acerta-com-jovair.html |título=Eduardo Cunha se acerta com Jovair |publicado=O Globo |autor=Lauro Jardim |data=6 de abril de 2016 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref>

Nesse contexto, em 6 de abril, a presidente Dilma sofreu uma importante derrota na comissão, pois Arantes realizou a leitura de um parecer contrário a ela. Ele recomendou a seus colegas votar pela abertura de um processo contra a presidente. Arantes disse que estava convicto da existência de "indícios de gravíssimos e sistemáticos atentados à Constituição Federal" e o seu relatório assumiu a existência de um crime de responsabilidade. A análise enfatizou principalmente as acusações de irregularidades na gestão das contas públicas, como as "pedaladas fiscais", e seus efeitos na crise econômica.<ref name="Jovair">{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/relator-do-impeachment-diz-saber-que-sera-chamado-de-golpista.html |título=Relator do impeachment diz saber que será chamado de 'herói' ou 'golpista' |publicado=G1 |autor=Fernanda Calgaro e Nathalia Passarinho |data=7 de abril de 2016 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref><ref name="Parecer">{{Citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160322_relatorio_impeachment_pai_ms |título=Relatório na Câmara é favorável ao ''impeachment'': entenda argumentos |publicado=BBC Brasil |autor=Mariana Schreiber |data=7 de abril de 2016 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref> Ele sustentou ainda que os atrasos nos repasses foram empréstimos à União.<ref name= " Jovair " /><ref name= " Parecer " />

Em resposta, o ministro [[Ricardo Berzoini]] declarou que o relatório não apontava para um crime de responsabilidade. Por sua vez, Cardozo afirmou que o relatório era "viciado" e "nulo" porque ultrapassava a denúncia feita contra a presidente e porque não explicava com clareza o dolo de Dilma nas "pedaladas fiscais" e na edição dos decretos suplementares, necessário para configurar o crime de responsabilidade. Ainda conforme Berzoini, o parecer também não poderia citar fatos anteriores ao segundo mandato, como as "pedaladas fiscais" de 2014. Além disso, ele disse ser possível anular a sessão do dia 6 porque um advogado-geral substituto fora proibido de falar.<ref name="Ricardo Berzoini">{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/ministro-cardozo-diz-que-relatorio-do-impeachment-e-viciado-e-nulo.html |título=Ministro Cardozo diz que relatório do impeachment é 'viciado' e 'nulo' |publicado=G1 |autor=Filipe Matoso |data=7 de abril de 2016 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref>


[[Imagem:Jovair Arantes faz a leitura do relatório final na comissão especial do impeachment de Dilma Rousseff.jpg|thumb|[[Jovair Arantes]] faz a leitura de seu relatório, em 6 de abril.]]
{{Rquote|right|A profunda crise brasileira não é só econômica e financeira, mas também política, e, principalmente, moral. O governo perdeu sua credibilidade aos olhos de nossa sociedade e perante a comunidade internacional. (…) Tais atos justificam a abertura do excepcional mecanismo do ''impeachment''.|[[Jovair Arantes]]|em seu relatório sobre a admissibilidade do processo, em 6 de abril de 2016.<ref name="Parecer" />}}


O relator [[Jovair Arantes]] deu um parecer contrário a Dilma, recomendando seus colegas a votarem pela abertura de processo de impeachment. Disse estar convicto de "indícios de gravíssimos e sistemáticos atentados à Constituição Federal" e o seu relatório assumiu a existência de um crime de responsabilidade, enfatizando as pedaladas fiscais e seus efeitos na crise econômica.<ref name="Jovair">{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/relator-do-impeachment-diz-saber-que-sera-chamado-de-golpista.html|título=Relator do impeachment diz saber que será chamado de 'herói' ou 'golpista'|publicado=G1|autor=Fernanda Calgaro e Nathalia Passarinho|data=07-04-2016|acessodata=07-04-2016}}</ref><ref name="Parecer">{{Citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160322_relatorio_impeachment_pai_ms|título=Relatório na Câmara é favorável ao ''impeachment'': entenda argumentos|publicado=BBC Brasil|autor=Mariana Schreiber|data=07-04-2016|acessodata=07-04-2016}}</ref> Ele sustentou ainda que os atrasos nos repasses foram empréstimos à União.<ref name= " Jovair " /><ref name= " Parecer " />
As reações dos deputados foram turbulentas. O relatório acirrou ainda mais os ânimos entre os defensores e opositores do ''impeachment''. Os governistas acusaram o relator de abordar temas da denúncia que não foram aceitos. Do outro lado, os oposicionistas consideraram que o parecer "foi bem fundamentado e caracterizou os crimes cometidos por Dilma". O relatório seria submetido à votação dos 65 deputados, mas, independentemente do resultado, ele também deveria ser levado à análise do plenário nos dias seguintes.<ref name="Parecer"/><ref>{{Citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/relatorio-favoravel-ao-impeachment-acirra-ainda-mais-polarizacao-na |título=Relatório favorável ao impeachment acirra ainda mais polarização na comissão |publicado=Agência Brasil |autor=Ivan Richard e Iolando Lourenço |data=7 de abril de 2016 |acessodata=7 de abril de 2016}}</ref>


{{quote|A profunda crise brasileira não é só econômica e financeira, mas também política, e, principalmente, moral. O governo perdeu sua credibilidade aos olhos de nossa sociedade e perante a comunidade internacional. (…) Tais atos justificam a abertura do excepcional mecanismo do ''impeachment''.|[[Jovair Arantes]], em seu relatório sobre a admissibilidade do processo, em 6 de abril de 2016.<ref name="Parecer" />}}
A comissão do impedimento iniciou as discussões pós-relatório na tarde de 8 de abril, sexta-feira. A sessão iniciou às quinze horas, mas poderia se prolongar até o dia seguinte, com o objetivo de cumprir o prazo de cinco sessões de discussão após a defesa de Dilma. Assim, a votação da comissão poderia ocorrer segunda-feira, dia 11. Cunha pretendia realizar sessões todos os dias para apressar o processo, mas a reunião da sexta-feira era não deliberativa, isto é, haveria apenas discussões, sem votação de projetos.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/cunha-abre-sessao-para-contar-prazo-para-o-processo-de-impeachment.html|título=Cunha abre sessão para contar prazo no processo de impeachment|publicado=G1 Política|data=8 de abril de 2016|acessodata=8 de abril de 2016}}</ref>


Na noite de 11 de abril, a comissão aprovou o relatório de Arantes, por 38 votos a 27. A sessão durou nove horas e foi bastante tensa, com bate-bocas e provocações entre deputados do governo e da oposição. Arantes começou dizendo que "a população clama" pela continuidade do processo e que havia indícios de crime de responsabilidade. Logo depois, Cardozo acusou o parecer de conter "contradições" e "equívocos conceituais", além de afirmar que havia um "desejo político" pelo ''impeachment''. O PMDB, que liberou o voto de seus membros, e o PSD, cujos deputados fizeram discursos contra e a favor, ficaram divididos na hora da votação. O relatório ainda teria que ser lido no plenário no dia 12 e publicado no diário oficial, na manhã do dia 13 de abril. Depois, seria respeitado um prazo de 48 horas para a votação no plenário.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/comissao-da-camara-aprova-processo-de-impeachment-de-dilma.html |título=Comissão da Câmara aprova processo de impeachment de Dilma |publicado=G1|autor=Fernanda Calgaro, Gustavo Garcia e Nathalia Passarinho|data=10 de abril de 2016|acessodata=11 de abril de 2016}}</ref>
O relatório foi aprovado em 11 de abril de 2016, por 38 votos a 27, numa sessão tensa de 9 horas de duração, com bate-bocas e provocações entre deputados do governo e da oposição. O PMDB e o PSD liberaram os votos de seus membros, levando os votos desses partidos, e os discursos também, a ficarem divididos.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/comissao-da-camara-aprova-processo-de-impeachment-de-dilma.html|título=Comissão da Câmara aprova processo de impeachment de Dilma|publicado=G1|autor=Fernanda Calgaro, Gustavo Garcia e Nathalia Passarinho|data=10-04-2016|acessodata=11-04-2016}}</ref>


=== Votação no plenário da Câmara ===
=== Votação no plenário da Câmara ===
{{Principal|[[Votação sobre a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados do Brasil#Plenário|Votação sobre a admissibilidade no plenário da Câmara]]}}
{{Principal|Votações_no_processo_de_impeachment_de_Dilma_Rousseff#No_Plenário,_sobre_a_admissibilidade{{!}}Votação sobre a admissibilidade no plenário da Câmara}}
[[Imagem:Mapa do resultado da votação no plenário da Câmara dos Deputados sobre o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.png|thumb|210px|Resultado da votação no plenário da Câmara dos Deputados por unidade federativa:
[[Imagem:Mapa do resultado da votação no plenário da Câmara dos Deputados sobre o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.png|thumb|upright=1.2|esquerda|Resultado da votação na Câmara por unidade federativa:
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Na manhã de 15 de abril, os deputados abriram uma sessão para analisar a admissibilidade do processo. Haveria outra sessão no dia seguinte, sábado, e a votação ocorreria domingo, 17 de abril. O roteiro de sexta consistiu nestas fases: 25 minutos para os autores do pedido se pronunciarem; 25 minutos para a defesa da presidente se pronunciar; e uma hora para a manifestação aberta de cada partido com representação na Câmara. A sessão foi encerrada às 18 horas e 55 minutos do sábado (16 de abril), o que fez com que entrasse para a história como a maior sessão da história da Câmara dos Deputados.<ref>{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,sessao-do-impeachment--com-34-horas-de-duracao--foi-a-maior-da-historia-da-camara,10000026489 |título=Sessão do impeachment com 34 horas de duração foi a maior da história da Câmara |publicado=O Estado de S. Paulo |autor=Gustavo Porto e Daniel Carvalho |data=16 de abril de 2016 |acessodata=16 de abril de 2016}}</ref> Na mesma noite, começaram as manifestações individuais dos deputados que se inscreveram no dia anterior, com três minutos para cada um e com alternância de posições contra e a favor.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/camara-comeca-discutir-nesta-sexta-se-abre-processo-de-impeachment.html |título=Câmara começa a discutir nesta sexta se abre processo de impeachment |publicado=G1 |data=15 de abril de 2016 |acessodata=15 de abril de 2016}}</ref>


Na manhã dia 15 de abril (sexta-feira), foi aberta uma sessão na Câmara dos Deputados para determinar se o processo seria admitido. Esta foi a maior sessão da história, tendo encerrado-se somente na noite de sábado (16 de abril). O roteiro era: 25 minutos para os autores do pedidos, 25 minutos para a defesa da presidente, e 1 hora para cada partido com representação na Câmara.<ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/sessao-do-impeachment--com-34-horas-de-duracao--foi-a-maior-da-historia-da-camara/|título=Sessão do impeachment com 34 horas de duração foi a maior da história da Câmara|publicado=O Estado de S. Paulo|autor=Gustavo Porto e Daniel Carvalho|data=16-04-2016|acessodata=16-04-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/camara-comeca-discutir-nesta-sexta-se-abre-processo-de-impeachment.html|título=Câmara começa a discutir nesta sexta se abre processo de impeachment|publicado=G1|data=15-04-2016|acessodata=15-04-2016}}</ref>
A sessão definitiva da Câmara, no dia 17 de abril, tinha a seguinte agenda: abertura às 14 horas; manifestação dos líderes na Câmara; e votação dos deputados, com tempo previsto de dez segundos para cada voto. Cada deputado teria que ir ao microfone e responder: sim, para a aprovação do parecer que recomendava a abertura do processo contra Dilma; não, para a rejeição do parecer; ou abstenção. A abertura do processo no Senado só poderia ser autorizada com 342 votos favoráveis.<ref>{{Citar web |url=http://noticias.r7.com/brasil/camara-vota-hoje-segundo-impeachment-da-historia-17042016 |título=Câmara vota hoje segundo impeachment da história |publicado=R7 |data=17 de abril de 2016 |acessodata=17 de abril de 2016}}</ref>


Quebrando a tradição de neutralidade do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, Cunha votou favoravelmente ao ''impeachment''.<ref>{{Citar web |url=http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/04/03/eduardo-cunha-rompe-tradicao-do-cargo-e-decide-votar-no-impeachment/?from_rss=None |título=Eduardo Cunha rompe tradição do cargo e decide votar no impeachment |publicado=Jornal do Brasil |data=3 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2016/04/epoca-negocios-que-deus-tenha-misericordia-desta-nacao-diz-cunha-ao-votar-pelo-impeachment.html |título='Que Deus tenha misericórdia desta Nação', diz Cunha ao votar pelo impeachment |publicado=Época Negócios |data=18 de abril de 2016 |acessodata=18 de abril de 2016}}</ref> Às 23 horas e 8 minutos de 17 de abril, o deputado [[Bruno Araújo]] (PSDB-PE) emitiu o voto favorável de número 342. Nesse momento, a Câmara dos Deputados decidiu enviar o processo de impedimento ao Senado. A sessão durou 9 horas e 47 minutos e a votação durou seis horas e dois minutos. A vitória oposicionista ocorreu por 367 votos favoráveis contra 137 contrários. Houve sete abstenções e somente dois ausentes dentre os 513 deputados.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/camara-aprova-prosseguimento-do-processo-de-impeachment-no-senado.html |título=Câmara aprova prosseguimento do processo de impeachment no Senado |publicado=G1 |data=17 de abril de 2016 |acessodata=17 de abril de 2016}}</ref>
No domingo, 17 de abril, a sessão definitiva ocorreu, com previsão de 10 segundos para cada voto, que poderia ser "sim" (pela admissibilidade do processo de impeachment), "não" (contra a admissibilidade do processo de impeachment), ou abstenção. Eram necessários 342 votos a favor para abrir o processo no Senado.<ref>{{Citar web|url=http://noticias.r7.com/brasil/camara-vota-hoje-segundo-impeachment-da-historia-17042016|título=Câmara vota hoje segundo impeachment da história|publicado=R7|data=17-04-2016|acessodata=17-04-2016}}</ref> O Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, votou a favor do impeachment, o que é incomum, considerando-se a tradição de neutralidade do cargo de Presidente da Câmara.<ref>{{Citar web|url=http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/04/03/eduardo-cunha-rompe-tradicao-do-cargo-e-decide-votar-no-impeachment/?from_rss=None|título=Eduardo Cunha rompe tradição do cargo e decide votar no impeachment|publicado=Jornal do Brasil|data=03-04-2016|acessodata=10-04-2016|wayb=20160623175438|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2016/04/epoca-negocios-que-deus-tenha-misericordia-desta-nacao-diz-cunha-ao-votar-pelo-impeachment.html|título='Que Deus tenha misericórdia desta Nação', diz Cunha ao votar pelo impeachment|publicado=Época Negócios|data=18-04-2016|acessodata=18-04-2016}}</ref> Pouco depois das 11 da noite (após quase 10 horas), foi emitido o voto 342 a favor, enviando o processo ao Senado. Ao todo, foram 367 votos a favor do impeachment, e 137 contra.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/camara-aprova-prosseguimento-do-processo-de-impeachment-no-senado.html|título=Câmara aprova prosseguimento do processo de impeachment no Senado|publicado=G1|data=17-04-2016|acessodata=17-04-2016}}</ref>


No dia 9 de maio, com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, [[Processo de afastamento de Eduardo Cunha|afastado pelo STF]], o presidente interino da Câmara, [[Waldir Maranhão]] (PP), que tinha votado contra o impeachment, decidiu anular a sessão que aprovou a admissibilidade do impeachment de Dilma, a pedido de [[José Eduardo Cardozo]], advogado-geral da União. O presidente interino da Câmara marcou uma nova votação no plenário, a ocorrer depois da devolução do processo pelo Senado. Justificou alegando uma série de vícios que tornariam nula a decisão da Câmara.<ref>{{Citar web|autor=Nathalia Passarinho|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/presidente-em-exercicio-da-camara-anula-votacao-do-impeachment.html|título=Presidente em exercício da Câmara anula votação do impeachment|publicado=G1|data=09-05-2016|acessodata=09-05-2016}}</ref>
=== Tentativa de anulação da votação do plenário ===
Em 9 de maio, houve uma reviravolta no processo da Câmara. O presidente interino da Casa [[Waldir Maranhão]] decidiu anular a sessão que aprovou a admissibilidade do ''impeachment'' de Dilma. Ele acolheu um pedido feito por Cardozo. Maranhão estava na presidência da Casa desde que Cunha foi [[Processo de afastamento de Eduardo Cunha|afastado]] pelo STF. O deputado marcou uma nova votação no plenário, no prazo de cinco sessões a partir da devolução do processo pelo Senado. Ele alegou uma série de vícios que tornariam a decisão da Câmara nula.<ref>{{Citar web |autor= Nathalia Passarinho |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/presidente-em-exercicio-da-camara-anula-votacao-do-impeachment.html |título= Presidente em exercício da Câmara anula votação do impeachment |publicado= G1 |data= 9 de maio de 2016 |acessodata= 9 de maio de 2016}}</ref> A decisão de Waldir foi duramente criticada pela [[Ordem dos Advogados do Brasil]].<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/oab-ve-decisao-de-maranhao-com-extrema-preocupacao-e-diz-que-brasil-esta-na-uti-politica/|data=9 de maio de 2016|acessodata=10 de maio de 2016|título=OAB condena ‘vale-tudo’ e vai ao Supremo contra decisão de Waldir Maranhão|autor=Julia Affonso e Fausto Macedo}}</ref> Em resposta, Renan Calheiros ignorou Maranhão e disse que daria continuidade ao rito iniciado.<ref>{{Citar web |autor= Gustavo Garcia |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/renan-comunica-senadores-que-vai-dar-continuidade-ao-impeachment.html |título= Renan comunica a senadores que vai dar continuidade ao impeachment |publicado= G1 |data= 9 de maio de 2016}} |acessodata= 9 de maio de 2016}}</ref>


Na noite do mesmo dia, Maranhão revogou a própria decisão e desistiu de anular a votação no plenário da Câmara.<ref>{{citar web |url=http://epoca.globo.com/tempo/expresso/noticia/2016/05/waldir-maranhao-revoga-sua-propria-decisao-de-anular-sessoes-do-impeachment-na-camara.html |título=Waldir Maranhão revoga sua própria decisão de anular sessões do impeachment na Câmara |publicado=Época |autor=Murilo Ramos |data=10 de maio de 2016 |acessodata=10 de maio de 2016}}</ref>
A decisão de Waldir foi duramente criticada pela [[Ordem dos Advogados do Brasil]].<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/oab-ve-decisao-de-maranhao-com-extrema-preocupacao-e-diz-que-brasil-esta-na-uti-politica/|data=09-05-2016|acessodata=10-05-2016|título=OAB condena ‘vale-tudo’ e vai ao Supremo contra decisão de Waldir Maranhão|autor=Julia Affonso e Fausto Macedo}}</ref> Em resposta, Renan Calheiros ignorou Maranhão e disse que daria continuidade ao rito iniciado.<ref>{{Citar web|autor=Gustavo Garcia|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/renan-comunica-senadores-que-vai-dar-continuidade-ao-impeachment.html|título=Renan comunica a senadores que vai dar continuidade ao impeachment|publicado=G1|data=09-05-2016|acessodata=09-05-2016}}</ref> Na mesma noite em que decidiu anular a decisão da Câmara, Maranhão voltou atrás e manteve a decisão de dar prosseguimento ao impeachment.<ref>{{citar web|url=http://epoca.globo.com/tempo/expresso/noticia/2016/05/waldir-maranhao-revoga-sua-propria-decisao-de-anular-sessoes-do-impeachment-na-camara.html|título=Waldir Maranhão revoga sua própria decisão de anular sessões do impeachment na Câmara|publicado=Época|autor=Murilo Ramos|data=10-05-2016|acessodata=10-05-2016}}</ref>
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== Processo no Senado ==
== Processo no Senado Federal ==
{{VT|Linha de tempo do processo de impeachment contra Dilma Rousseff}}
{{VT|Linha do tempo do processo de impeachment de Dilma Rousseff}}
Segundo a legislação, o primeiro passo da tramitação do ''impeachment'' no [[Senado Federal do Brasil|Senado Federal]] seria a leitura em plenário do parecer da Câmara favorável à abertura do processo. Em seguida, Calheiros criaria a comissão especial para a análise do processo e pediria aos líderes partidários a indicação dos 42 senadores que iriam compor a comissão: 21 titulares e 21 suplentes. O rito prosseguiria com a eleição da comissão especial, que elegeria o seu presidente e o seu relator.<ref name="Rito no Senado">{{Citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/entenda-tramitacao-do-impeachment-no-senado|título=Entenda a tramitação do impeachment no Senado|publicado=Agência Brasil|autor=Iolando Lourenço|data=20-04-2016|acessodata=21-04-2016}}</ref>
=== Definição do rito ===
Segundo a legislação, o primeiro passo da tramitação do ''impeachment'' no [[Senado Federal do Brasil|Senado Federal]] seria a leitura em plenário do parecer da Câmara favorável à abertura do processo. Em seguida, Calheiros criaria a comissão especial para a análise do processo e pediria aos líderes partidários a indicação dos 42 senadores que iriam compor a comissão: 21 titulares e 21 suplentes. O rito prosseguiria com a eleição da comissão especial, que elegeria o seu presidente e o seu relator.<ref name="Rito no Senado">{{Citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/entenda-tramitacao-do-impeachment-no-senado |título=Entenda a tramitação do impeachment no Senado |publicado=Agência Brasil |autor=Iolando Lourenço |data=20 de abril de 2016 |acessodata=21 de abril de 2016}}</ref>

Após a instalação da comissão especial, começaria a contar o prazo de dez dias úteis para que o relator apresentasse o seu parecer sobre a admissibilidade da abertura do processo. Nessa fase, não haveria previsão de defesa da presidente. O parecer precisaria ser votado pelos integrantes do colegiado, com aprovação por maioria simples. Independentemente do resultado, a decisão final caberia ao plenário do Senado, que é soberano. No plenário, o parecer da comissão seria lido, e, após 48 horas, votado nominalmente. Para ser aprovado, seria necessário metade mais um dos votos dos senadores presentes, desde que votassem pelo menos 41 dos 81 senadores.<ref name="Rito no Senado"/>

[[Imagem:Visitas.Visitantes (26523289845).jpg|thumb|240px|esquerda|[[Renan Calheiros]] e [[Ricardo Lewandowski]] durante reunião em 18 de abril.]]


Se o parecer da comissão fosse pela admissibilidade do processo e o texto fosse aprovado pelo plenário, o processo contra a presidente seria instaurado e ela seria notificada e afastada do cargo por um período de até 180 dias. Com isso, Temer assumiria o governo. Se o parecer da comissão pela admissibilidade fosse rejeitado no plenário, a denúncia contra Dilma seria arquivada.<ref name="Rito no Senado" />
Se o parecer da comissão fosse pela admissibilidade do processo e o texto fosse aprovado pelo plenário, o processo contra a presidente seria instaurado e ela seria notificada e afastada do cargo por um período de até 180 dias. Com isso, Temer assumiria o governo. Se o parecer da comissão pela admissibilidade fosse rejeitado no plenário, a denúncia contra Dilma seria arquivada.<ref name="Rito no Senado" />

Se o processo de afastamento de Dilma fosse aberto, começaria a fase de produção de provas e a possível convocação dos autores da denúncia, da presidente e da defesa, até a conclusão das investigações e a votação do parecer da comissão especial. Para que a presidente perdesse o mandato, seriam necessários os votos de pelo menos 54 senadores, dois terços da Casa.<ref name="Rito no Senado"/>

A sessão final do julgamento seria presidida pelo presidente do STF. Em caso de absolvição, a presidente reassumiria o mandato imediatamente. Se condenada, a presidente seria automaticamente destituída e ficaria oito anos sem poder exercer um cargo público. Temer assumiria a Presidência da República até o fim do mandato, em 1º de janeiro de 2019.<ref name= " Rito no Senado" />

Lewandowski anunciou, como já havia sido definido em dezembro de 2015, que esse rito do Senado, consistindo de trinta etapas no seu roteiro completo, seria igual ao que foi utilizado no [[Impeachment de Fernando Collor|impedimento de Collor]], em 1992. A única mudança em relação ao processo anterior seria o momento do interrogatório da presidente. Naquela ocasião, o interrogatório da comissão especial do ''impeachment'' foi feito antes da coleta de provas.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/stf-envia-ao-senado-proposta-de-rito-para-o-processo-de-impeachment.html |título=Presidente do STF define proposta de rito para o processo de impeachment |publicado=G1 |autor=Mariana Oliveira |data=20 de abril de 2016 |acessodata=21 de abril de 2016}}</ref>


=== Comissão especial ===
=== Comissão especial ===
{{Imagem dupla|right|Foto oficial de Raimundo Lira.jpg|150|Foto oficial de Antonio Anastasia.jpg|150|[[Raimundo Lira]] (PMDB-PB) foi escolhido o presidente da Comissão Especial.|[[Antonio Anastasia]] (PSDB-MG) foi eleito para a relatoria do processo no Senado.}}
Em 19 de abril, o senador e Primeiro-Secretário [[Vicentinho Alves]] fez a leitura oficial da decisão da Câmara. Isso abriu o prazo de 48 horas para que os líderes partidários indicassem os integrantes da comissão especial que analisaria o processo.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/senado-le-decisao-da-camara-sobre-processo-de-impeachment-de-dilma.html |título= Senado lê decisão da Câmara sobre processo de impeachment de Dilma |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho e Gustavo Garcia |data=18 de abril de 2016 |acessodata=18 de abril de 2016}}</ref> Calheiros pretendia convidar Lewandowski para presidir as atividades do Senado antes da fase prevista na Constituição. Em vez de conduzir apenas a sessão que votaria o impedimento em última instância, ele queria que o presidente do STF ingressasse logo, após a fase de análise da admissibilidade, para evitar "questionamentos jurídicos", conduzindo as sessões e tomando as decisões.<ref>{{Citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/renan-quer-que-lewandowski-assuma-conducao-do-impeachment-apos-admissibilidade,d5a9744f8aa162666f17a0d229258ccfkh54um5j.html |título=Renan quer que Lewandowski assuma condução do impeachment |publicado=Terra |data=19 de abril de 2016 |acessodata=19 de abril de 2016}}</ref>


Em 19 de abril, foi lida no Senado a decisão da Câmara dos Deputados. [[Renan Calheiros]], presidente da Câmara, queria convidar [[Ricardo Lewandowski]], presidente do STF, para presidir as atividades no Senado, antes da fase prevista na Constituição, para assim evitar questionamentos jurídicos.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/senado-le-decisao-da-camara-sobre-processo-de-impeachment-de-dilma.html|título=Senado lê decisão da Câmara sobre processo de impeachment de Dilma|publicado=G1|autor=Nathalia Passarinho e Gustavo Garcia|data=18-04-2016|acessodata=18-04-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/renan-quer-que-lewandowski-assuma-conducao-do-impeachment-apos-admissibilidade,d5a9744f8aa162666f17a0d229258ccfkh54um5j.html|título=Renan quer que Lewandowski assuma condução do impeachment|publicado=Terra|data=19-04-2016|acessodata=19-04-2016}}</ref> No dia 21 de abril, o senador [[Raimundo Lira]] (PMDB-PB) foi escolhido como presidente da comissão, enquanto o senador [[Antônio Anastasia]] (PSDB-MG) foi escolhido como relator — conforme as normas do Senado, o partido com a 2ª maior representação possui a prerrogativa de indicar o relator.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/comissao-do-impeachment-tem-17-nomes-indicados-oficialmente.html|título=Comissão do impeachment tem 17 nomes indicados oficialmente|publicado=G1|data=20-04-2016|acessodata=21-04-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://extra.globo.com/noticias/brasil/comissao-do-impeachment-instalada-no-senado-confirma-tucano-na-relatoria-19170078.html|título=Comissão do impeachment é instalada no Senado e confirma tucano na relatoria|publicado=Jornal Extra|autor=Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy|data=26-04-2016|acessodata=26-04-2016}}</ref> Governistas da base de apoio contestaram e tentaram barrar, sem sucesso, a escolha do senador para relatoria.<ref>{{Citar web|titulo=Tucano é eleito relator do impeachment no Senado|url=https://www.estadao.com.br/politica/tucano-e-eleito-relator-do-impeachment-no-senado/|obra=Estadão|acessodata=2020-05-27}}</ref> Em diversos momentos, também questionaram a suposta ligação de Janaína Paschoal com o PSDB, devido ao seu recebimento de R$ 45 mil do partido. A jurista admitiu que foi paga para protocolar a denúncia, mas negou que a ação decorresse de motivações partidárias.<ref>{{Citar web|titulo=Análise do impeachment deve levar em conta Lava Jato, diz Janaína|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/analise-do-impeachment-deve-levar-em-conta-lava-jato-diz-janaina.html|obra=Processo de Impeachment de Dilma|data=2016-04-28|acessodata=2020-05-27|primeiro=Gustavo|ultimo=Garcia|primeiro2=Fernanda|ultimo2=Calgaro}}</ref> A comissão teve 22 membros ao todo.<ref>{{Citar web|url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-04-26/comissao-votara-relatorio-do-impeachment-em-6-de-maio-veja-as-datas.html|título=Comissão votará relatório do impeachment em 6 de maio; veja as datas|publicado=Último Segundo|data=26-04-2016|acessodata=26-04-2016|wayb=20160427064646|urlmorta=sim}}</ref>
{{Imagem dupla|right|Foto oficial de Raimundo Lira.jpg|150|Foto oficial de Antonio Anastasia.jpg|150|[[Raimundo Lira]] (PMDB-PB), foi escolhido o presidente da Comissão Especial.|[[Antonio Anastasia]] (PSDB-MG), foi eleito para a relatoria do processo no Senado.}}


Em 28 de abril, os autores do pedido de impeachment foram ouvidos pela comissão:<ref>{{Citar web|url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-04-28/relator-do-impeachment-recusa-requerimentos-e-e-atacado-por-governistas.html|título=Relator do impeachment recusa requerimentos e é atacado por governistas|publicado=Último Segundo|data=08-04-2016|acessodata=28-04-2016|wayb=20160429121803|urlmorta=sim}}</ref>
Em 21 de abril, o senador [[Raimundo Lira]] (PMDB-PB) foi escolhido para a presidência da comissão, enquanto o senador [[Antônio Anastasia]] (PSDB-MG) foi escolhido para a relatoria.<ref>{{Citar web |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/comissao-do-impeachment-tem-17-nomes-indicados-oficialmente.html |título=Comissão do impeachment tem 17 nomes indicados oficialmente |publicado=G1 |data=20 de abril de 2016 |acessodata=21 de abril de 2016}}</ref> Em 26 de abril, a comissão, oficialmente instalada com 22 membros, definiu seu cronograma. Entre os dias 27 de abril e 6 de maio, as fases seriam: votação de requerimentos; depoimentos da acusação; depoimentos da defesa; apresentação do relatório de Anastasia; discussão do relatório; e votação do relatório.<ref>{{Citar web |url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-04-26/comissao-votara-relatorio-do-impeachment-em-6-de-maio-veja-as-datas.html |título=Comissão votará relatório do impeachment em 6 de maio; veja as datas |publicado=Último Segundo |data=26 de abril de 2016 |acessodata=26 de abril de 2016}}</ref> Anastasia foi indicado pelo PSDB, conforme as regras do Senado, isto é, o partido com a segunda maior representação possui a prerrogativa de indicar o relator.<ref>{{Citar web |url=http://extra.globo.com/noticias/brasil/comissao-do-impeachment-instalada-no-senado-confirma-tucano-na-relatoria-19170078.html |título=Comissão do impeachment é instalada no Senado e confirma tucano na relatoria |publicado=Jornal Extra |autor=Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy |data=26 de abril de 2016 |acessodata= 26 de abril de 2016}}</ref>
* [[Miguel Reale Júnior]] disse que Dilma falhou ao provocar o descontrole das contas públicas, com as operações de crédito nos bancos estatais. Disse que Dilma tinha responsabilidade, pois sua personalidade centralizadora sempre tomava para si as decisões. E que as pedaladas eram como um "cheque especial", e também que Dilma sabia não haver condição para os créditos suplementares serem feitos.<ref>{{Citar web|url=http://www.correiodoestado.com.br/politica/dilma-sabia-da-gravidade-das-contas-diz-autor-do-pedido-de/276695/|título=Dilma sabia da gravidade das contas, diz autor do pedido de impeachment|publicado=Correio do Estado|obra=Agência Brasil|data=28-04-2016|acessodata=28-04-2016}}</ref>
* [[Janaina Paschoal]], logo depois, defendeu que havia crimes de responsabilidade e crimes comuns de sobra. Disse que houve sim dolo por Dilma a partir do momento que o governo optou por não registrar as operações de crédito com os bancos públicos, impedindo que estas ações fossem contabilizadas de forma transparente. Acusou o governo de ter usado um programa do BNDES destinado a pequenas empresas para realizar empréstimos a empresas de grande porte.<ref>{{Citar web|url=http://noticias.r7.com/brasil/jurista-chora-e-pede-impeachment-de-dilma-pelas-criancas-do-brasil-28042016|título=Depoimento de juristas tem bate-boca e tumulto em comissão do impeachment Jurista chora e pede impeachment de Dilma pelas crianças do Brasil|publicado=R7|data=28-04-2016|acessodata=28-04-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/analise-do-impeachment-deve-levar-em-conta-lava-jato-diz-janaina.html|título=Análise do impeachment deve levar em conta Lava Jato, diz Janaína|publicado=G1|autor=Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro|data=28-04-2016|acessodata=28-04-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/impeachment-advogada-pede-que-senadores-considerem-denuncias-de-corrupcao|título=Impeachment: advogada pede que senadores considerem denúncias de corrupção|publicado=Agência Brasil|autor=Mariana Jungmann|data=28-04-2016|acessodata=28-04-2016}}</ref>


Em 29 de abril, a defesa foi apresentada:<ref name= " Defesa no Senado " />
Em 28 de abril, os autores do pedido foram ouvidos pela comissão.<ref>{{Citar web |autor= Estadão |url= http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-04-28/relator-do-impeachment-recusa-requerimentos-e-e-atacado-por-governistas.html |título= Relator do impeachment recusa requerimentos e é atacado por governistas |publicado= Último Segundo |data= 8 de abril de 2016 |acessodata= 28 de abril de 2016}}</ref> Miguel Reale Júnior disse que Dilma falhou ao provocar o descontrole das contas públicas nas operações de crédito com bancos públicos. Ele contestou o argumento de que as operações de crédito não eram de responsabilidade da presidente, afirmando que esta, com sua personalidade centralizadora, sempre tomava para si as decisões. Reale classificou as pedaladas como um "cheque especial" e assegurou que Dilma sabia não haver condição para a edição de créditos suplementares.<ref>{{Citar web |url= http://www.correiodoestado.com.br/politica/dilma-sabia-da-gravidade-das-contas-diz-autor-do-pedido-de/276695/ |título= Dilma sabia da gravidade das contas, diz autor do pedido de impeachment |publicado=Correio do Estado |obra= Agência Brasil |data=28 de abril de 2016 |acessodata=28 de abril de 2016}}</ref>
* [[Nelson Barbosa]], Ministro da Fazenda, explicou que a [[Lei Orçamentária Anual]] (LOA) estabelece condições para decretos suplementares serem editados, e que os 6 decretos estavam de acordo com esta lei, pois todos se valeram de 3 fontes legais: remanejamento de recursos financeiros, sem aumento do orçamento; excesso de arrecadação; e ''superavit'' financeiro. Também, citou uma mudança de interpretação do TCU, onde havia-se decidido que não se poderiam mais editar decretos com base em excesso de recursos ou ''superavit'', porém que não poderia ser aplicada de modo retroativo. Também, disse que as pedaladas fiscais foram praticadas por outras pessoas, não por Dilma;<ref name= " Defesa no Senado " >{{Citar web|url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/politica/noticia/2016/04/veja-os-argumentos-apresentados-pela-defesa-de-dilma-na-comissao-do-impeachment-no-senado-5789545.html#|título=Veja os argumentos apresentados pela defesa de Dilma na comissão do impeachment no Senado|publicado=Zero Hora|autor=Vanessa Kannenberg|data=09-04-2016|acessodata=29-04-2016|wayb=20160430111633|urlmorta=sim}}</ref>
* [[José Eduardo Cardozo]], advogado-geral da União, declarou que o processo de impeachment era um ato político, por não ter seguido as fases de análise de contas legalmente previstas: deveria-se primeiro passar pelo TCU, depois para uma comissão no Congresso, depois pelo plenário. Lembrou que o Congresso aprovou a mudança fiscal, quando o governo previu que a meta vigente não se confirmaria. Segundo Cardozo, a operação de crédito não foi vedada pela lei, e não foi Dilma quem os praticou, e sim o Ministro da Fazenda.<ref name= " Defesa no Senado " />
* [[Kátia Abreu]], Ministra da Agricultura, também compôs a defesa.<ref name= " Defesa no Senado " />
[[Imagem:Leiturarelatorio.jpg|thumb|upright=1.2|Leitura do relatório na Comissão Especial do Senado, em 4 de maio.]]


Em 4 de maio, o relator, [[Antônio Anastasia]] apresentou parecer favorável ao impeachment. O documento contestou a versão de golpe, em razão da transparência e da observância da lei no processo. Refutou a ilegitimidade em função da aceitação por Cunha, um adversário do governo, pois a autorização da Câmara foi feita em plenário, e não só por Cunha. Anastasia defendeu o impeachment enquanto mecanismo de equilíbrio entre os poderes.<ref name= "Relatório de Anastasia">{{Citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/cinco-pontos-do-parecer-do-impeachment-no-senado,a6363e33e3dc3769af4a363c863a52cbovgpy4p7.html|título=Cinco pontos do parecer do impeachment no Senado|publicado=Terra|data=04-05-2016|acessodata=04-05-2016}}</ref>
Janaína Paschoal, logo a seguir, defendeu que cada um dos pilares da sua denúncia tinha crimes de responsabilidade e crimes comuns "de sobra". Ela rebateu a argumentação do governo de que não houve dolo da presidente ao praticar as manobras fiscais, citando que o dolo ficou comprovado a partir do momento em que o governo optou por não registrar as operações de crédito com bancos públicos, de forma que estas não foram contabilizadas de maneira transparente. Além disso, ela acusou o governo de ter usado o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), operado pelo BNDES, para obrigar esse banco público a emprestar dinheiro a juros baixos para empresas de grande porte, e não a pequenas empresas.<ref>{{Citar web |url=http://noticias.r7.com/brasil/jurista-chora-e-pede-impeachment-de-dilma-pelas-criancas-do-brasil-28042016 |título= Depoimento de juristas tem bate-boca e tumulto em comissão do impeachment Jurista chora e pede impeachment de Dilma pelas crianças do Brasil |publicado= R7 |data=28 de abril de 2016 |acessodata=28 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/analise-do-impeachment-deve-levar-em-conta-lava-jato-diz-janaina.html |título=Análise do impeachment deve levar em conta Lava Jato, diz Janaína |publicado=G1 |autor=Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro |data= 28 de abril de 2016 |acessodata= 28 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/impeachment-advogada-pede-que-senadores-considerem-denuncias-de-corrupcao |título=Impeachment: advogada pede que senadores considerem denúncias de corrupção |publicado=Agência Brasil |autor=Mariana Jungmann |data=28 de abril de 2016 |acessodata=28 de abril de 2016}}</ref>


O relator repetiu que as operações de crédito foram empréstimos disfarçados, sendo por isto crime de responsabilidade. A sua conclusão foi: "Os fatos criminosos estão devidamente descritos, com indícios suficientes de autoria e materialidade, há plausibilidade na denúncia e atendimento aos pressupostos formais, restando, portanto, atendidos os requisitos exigidos pela lei para que a denunciada responda ao processo de impeachment".<ref name= "Relatório de Anastasia"/>
Em 29 de abril, a defesa foi apresentada pelos ministros Barbosa e [[Kátia Abreu]], além de Cardozo. Barbosa explicou que a [[Lei Orçamentária Anual]] (LOA) estabelece condições para que decretos suplementares sejam editados e que todos os seis decretos editados estavam de acordo com a lei porque todos se valeram de três fontes legais: remanejamento de recursos financeiros, sem aumento do orçamento; excesso de arrecadação; e ''superavit'' financeiro. Ele também citou uma mudança de interpretação do TCU, decidindo que não mais se poderiam editar decretos com base em excesso de recursos ou ''superavit'', decisão que não poderia ser aplicada de modo retroativo; e ressaltou que os atos relativos às "pedaladas fiscais" foram praticados por outras pessoas, não por Dilma.<ref name= " Defesa no Senado " >{{Citar web |url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/politica/noticia/2016/04/veja-os-argumentos-apresentados-pela-defesa-de-dilma-na-comissao-do-impeachment-no-senado-5789545.html# |título=Veja os argumentos apresentados pela defesa de Dilma na comissão do impeachment no Senado |publicado=Zero Hora |autor=Vanessa Kannenberg |data= 9 de abril de 2016 |acessodata=29 de abril de 2016}}</ref>

Depois, Cardozo se manifestou declarando que o processo de impedimento era um ato político porque não seguiu as fases de análise de contas legalmente previstas: primeiro precisaria haver um parecer do TCU, que deveria ser mandado a uma comissão do Congresso e, depois, ao plenário. Ele lembrou que o Congresso aprovou a mudança de meta fiscal quando o governo previu que a meta vigente não se confirmaria. Segundo Cardozo, a operação de crédito não foi vedada pela lei e nem mesmo houve atos praticados pela presidente, pois eles ficaram a cargo do Ministério da Fazenda.<ref name= " Defesa no Senado " />

[[Imagem:Leiturarelatorio.jpg|thumb|250px|esquerda|Sessão da leitura do relatório na Comissão Especial do Senado, em 4 de maio.]]

Em 4 de maio, o senador Anastasia apresentou um parecer favorável ao impedimento. O documento contestou a versão de golpe em razão da transparência e da observância da lei no processo. Refutou também a ilegitimidade em função da sua aceitação por Cunha, um adversário do governo, pois a autorização da Câmara foi um ato colegiado do seu plenário. Anastasia defendeu o impedimento como um mecanismo de equilíbrio entre os poderes, sendo portanto legítimo no [[presidencialismo]].<ref name= "Relatório de Anastasia">{{Citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/cinco-pontos-do-parecer-do-impeachment-no-senado,a6363e33e3dc3769af4a363c863a52cbovgpy4p7.html |título=Cinco pontos do parecer do impeachment no Senado |publicado= Terra |data= 4 de maio de 2016 |acessodata=4 de maio de 2016}}</ref>

O relator repetiu as acusações de que as operações de crédito do governo foram empréstimos disfarçados, configurando o crime de responsabilidade. A conclusão do seu relatório foi que "Os fatos criminosos estão devidamente descritos, com indícios suficientes de autoria e materialidade, há plausibilidade na denúncia e atendimento aos pressupostos formais, restando, portanto, atendidos os requisitos exigidos pela lei para que a denunciada responda ao processo de impeachment".<ref name= "Relatório de Anastasia"/>


=== Votação do relatório da comissão ===
=== Votação do relatório da comissão ===
{{AP|Votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado Federal}}
{{AP|Votações_no_processo_de_impeachment_de_Dilma_Rousseff#No_Senado_Federal{{!}}Votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado Federal}}

Em 6 de maio, a comissão especial do ''impeachment'' do Senado aprovou, por quinze votos a favor e cinco contra, o relatório do senador Anastasia. O texto ainda seria submetido à votação no plenário. Para o relatório ser aprovado, eram necessários os votos da maioria simples dos 21 integrantes da comissão, portanto onze votos. Em 9 de maio, Calheiros declarou que iria desconsiderar a decisão de anulação da votação no plenário da Câmara, tomada por Maranhão no mesmo dia, e dar prosseguimento ao rito, isto é, com a votação do relatório aprovado.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/comissao-aprova-relatorio-que-recomenda-abertura-do-impeachment.html |título=Comissão aprova relatório favorável ao prosseguimento do impeachment |publicado=G1 |autor=Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro |data=6 de maio de 2016 |acessodata=6 de maio de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/05/09/senado-rebate-maranhao-e-anuncia-sequencia-ao-rito-de-impeachment-de-dilma.htm |título=Presidente do Senado mantém sequência ao rito de impeachment de Dilma |autor=Emanuel Colombari |publicado=UOL Notícias |data=9 de maio de 2016 |acessodata=9 de maio de 2016}}</ref>


[[Imagem:Mapa do resultado da votação no plenário do Senado sobre o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.png|thumb|200px|Resultado da votação no plenário do Senado por unidade federativa:
[[Imagem:Mapa do resultado da votação no plenário do Senado sobre o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.png|thumb|upright=1.2|Resultado da votação no plenário do Senado por unidade federativa:
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[[Ficheiro:Votos pela cassação do mandato de Dilma Rousseff, por UF.svg|miniatura|upright=1.2|Mapa do país colorido pela contagem de votos favoráveis à cassação lançados pelos senadores que representam cada UF:
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Em 11 de maio, às dez horas da manhã, começou a sessão que se destinava a votar o parecer da comissão no plenário, na qual discursaram 71 senadores.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/saiba-o-que-disseram-os-senadores-na-votacao-do-processo-de-impeachment.html |título=Saiba o que disseram os senadores na votação do processo de impeachment |publicado=G1 |data=12 de maio de 2016 |acessodata=12 de agosto de 2016}}</ref> Após vinte horas, portanto já na manhã do dia 12, os senadores aprovaram a abertura do processo de ''impeachment'' da presidente por 55 votos a favor e 22 contra. Assim, Dilma foi afastada e Temer passou a ocupar interinamente o cargo de Presidente da República. Durante esse período, haveria o julgamento de Dilma, que ainda manteria alguns direitos do cargo.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/processo-de-impeachment-e-aberto-e-dilma-e-afastada-por-ate-180-dias.html |título=Processo de impeachment é aberto, e Dilma é afastada por até 180 dias |publicado=G1 |data=12 de maio de 2016 |acessodata=12 de maio de 2016}}</ref>
Em 6 de maio, a comissão especial do ''impeachment'' do Senado aprovou, por quinze votos a favor e cinco contra, o relatório do senador Anastasia. O texto ainda seria submetido à votação no plenário. Para o relatório ser aprovado, eram necessários os votos da maioria simples dos 21 integrantes da comissão, portanto onze votos. Em 9 de maio, Calheiros declarou que iria desconsiderar a decisão de anulação da votação no plenário da Câmara, tomada por Maranhão no mesmo dia, e dar prosseguimento ao rito, isto é, com a votação do relatório aprovado.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/comissao-aprova-relatorio-que-recomenda-abertura-do-impeachment.html|título=Comissão aprova relatório favorável ao prosseguimento do impeachment|publicado=G1|autor=Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro|data=06-05-2016|acessodata=06-05-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/05/09/senado-rebate-maranhao-e-anuncia-sequencia-ao-rito-de-impeachment-de-dilma.htm|título=Presidente do Senado mantém sequência ao rito de impeachment de Dilma|autor=Emanuel Colombari|publicado=UOL Notícias|data=09-05-2016|acessodata=09-05-2016}}</ref>

Em 11 de maio, às dez horas da manhã, começou a sessão que se destinava a votar o parecer da comissão no plenário, na qual discursaram 71 senadores.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/saiba-o-que-disseram-os-senadores-na-votacao-do-processo-de-impeachment.html|título=Saiba o que disseram os senadores na votação do processo de impeachment|publicado=G1|data=12-05-2016|acessodata=12-08-2016}}</ref> Após vinte horas, portanto já na manhã do dia 12, os senadores aprovaram a abertura do processo de ''impeachment'' da presidente por 55 votos a favor e 22 contra. Assim, Dilma foi afastada e Temer passou a ocupar interinamente o cargo de Presidente da República. Durante esse período, haveria o julgamento de Dilma, que ainda manteria alguns direitos do cargo.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/05/processo-de-impeachment-e-aberto-e-dilma-e-afastada-por-ate-180-dias.html|título=Processo de impeachment é aberto, e Dilma é afastada por até 180 dias|publicado=G1|data=12-05-2016|acessodata=12-05-2016}}</ref>


=== Instauração e instrução do processo ===
=== Instauração e instrução do processo ===
Com o início do processo em si no Senado, haveria um julgamento oficial. Os senadores poderiam requerer perícias e auditorias, assim como chamar testemunhas e especialistas. A defesa e a acusação novamente iriam se manifestar e seria produzido um novo relatório, desta vez sobre o mérito do processo. Esse parecer seria votado no plenário. Por maioria simples, o Senado decidiria se aceitaria ou não a pronúncia. Caso a pronúncia fosse rejeitada, o processo seria arquivado e Dilma reassumiria a Presidência. Se a pronúncia fosse aceita, começaria a última fase do processo, o julgamento. Após notificação e nova defesa da presidente, seria marcada a sessão de julgamento, quando se daria a terceira e última votação no plenário, conduzida pelo presidente do Supremo.<ref>{{Citar web |autor= Reuters e Agência Senado |url= http://realidadeemfoco.com.br/senado-aprova-processo-de-impeachment-e-dilma-e-afastada/ |título= Senado aprova processo de impeachment, e Dilma é afastada|publicado= Realidade em Foco |data= 12 de maio de 2016 |acessodata= 12 de maio de 2016}}</ref>
Com o início do processo em si no Senado, haveria um julgamento oficial. Os senadores poderiam requerer perícias e auditorias, assim como chamar testemunhas e especialistas. A defesa e a acusação novamente iriam se manifestar e seria produzido um novo relatório, desta vez sobre o mérito do processo. Esse parecer seria votado no plenário. Por maioria simples, o Senado decidiria se aceitaria ou não a pronúncia. Caso a pronúncia fosse rejeitada, o processo seria arquivado e Dilma reassumiria a Presidência. Se a pronúncia fosse aceita, começaria a última fase do processo, o julgamento. Após notificação e nova defesa da presidente, seria marcada a sessão de julgamento, quando se daria a terceira e última votação no plenário, conduzida pelo presidente do Supremo.<ref>{{Citar web|autor=Reuters e Agência Senado|url=http://realidadeemfoco.com.br/senado-aprova-processo-de-impeachment-e-dilma-e-afastada/|título=Senado aprova processo de impeachment, e Dilma é afastada|publicado=Realidade em Foco|data=12-05-2016|acessodata=12-05-2016|wayb=20160513171827|urlmorta=sim}}</ref>


Em 1º de junho, Cardozo entregou a defesa de Dilma. A peça de 570 páginas incluía as gravações realizadas pelo ex-presidente da [[Transpetro]], [[Sérgio Machado (político e empresário)|Sérgio Machado]], que mostravam conversas entre este e [[Romero Jucá]], asseverando que o único motivo do pedido de impedimento era colocar um fim à Lava Jato e colocando em "arguição de suspeição" o relator do processo no Senado, Anastasia. Cardozo citou também depoimentos que corroborariam a tese de que não houve irregularidades na edição dos decretos suplementares. Para ele, as gravações seriam a prova de que não havia crime, e sim a preocupação da classe política com a investigação conduzida pelo juiz Moro, nunca obstaculizada por Dilma. De resto, Cardozo repetiu a tese de que as pedaladas não configuraram um crime de responsabilidade e de que o processo estava repleto de "flagrantes nulidades e óbvio cerceamento do direito de defesa."<ref>{{Citar web |autor= Gustavo Maia |url= http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/06/01/dilma-entrega-defesa-a-comissao-do-impeachment-no-senado.htm |título= Cardozo entrega defesa de Dilma no Senado; gravações de Jucá embasam texto |publicado= UOL Notícias |data= 1º de junho de 2016 |acessodata= 2 de junho de 2016}}</ref>
Em 1º de junho, Cardozo entregou a defesa de Dilma. A peça de 570 páginas incluía as gravações realizadas pelo ex-presidente da [[Transpetro]], [[Sérgio Machado (político e empresário)|Sérgio Machado]], que mostravam conversas entre este e [[Romero Jucá]], asseverando que o único motivo do pedido de impedimento era colocar um fim à Lava Jato e colocando em "arguição de suspeição" o relator do processo no Senado, Anastasia. Cardozo citou também depoimentos que corroborariam a tese de que não houve irregularidades na edição dos decretos suplementares. Para ele, as gravações seriam a prova de que não havia crime, e sim a preocupação da classe política com a investigação conduzida pelo juiz Moro, nunca obstaculizada por Dilma. De resto, Cardozo repetiu a tese de que as pedaladas não configuraram um crime de responsabilidade e de que o processo estava repleto de "flagrantes nulidades e óbvio cerceamento do direito de defesa".<ref>{{Citar web|autor=Gustavo Maia|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/06/01/dilma-entrega-defesa-a-comissao-do-impeachment-no-senado.htm|título=Cardozo entrega defesa de Dilma no Senado; gravações de Jucá embasam texto|publicado=UOL Notícias|data=01-06-2016|acessodata=02-06-2016}}</ref>


Em 8 de junho, a comissão ouviu durante horas testemunhas indicadas pela acusação. Estas acusaram o governo Dilma de causar uma grande crise no país com a maquiagem das contas públicas, enquanto os aliados da presidente sustentaram que ela não estava ciente das irregularidades e que o TCU mudou o seu entendimento sem alertar o Executivo.<ref>{{Citar web|autor=Estadão|url=https://www.noticiasaominuto.com.br/politica/236188/procurador-diz-a-comissao-do-impeachment-que-pedaladas-causaram-crise-economica|título=Procurador diz à comissão do impeachment que pedaladas causaram crise econômica|publicado=Política ao Minuto|data=08-06-2016|acessodata=09-06-2016}}</ref> Em 13 de junho, as oitivas continuaram com a defesa de Dilma. No entanto, a acusação decidiu abrir mão de quatro testemunhas, sob a justificativa de evitar a tentativa de prolongar excessivamente os trabalhos da comissão, causando indignação entre os aliados da presidente.<ref>{{Citar web|autor=Gustavo Garcia|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/06/grupo-pro-impeachment-quer-reduzir-numero-de-testemunhas-em-comissao.html|título=Dispensa de testemunhas gera bate-boca na comissão do impeachment|publicado=G1|data=13-06-2016|acessodata=13-06-2016}}</ref>
[[Imagem:José Eduardo Cardozo cumprimenta o relator Antônio Anastasia.jpg|thumb|250px|esquerda|Cardozo e Anastasia no início de agosto.]]


No dia 27 de junho, foi apresentada uma perícia elaborada, a pedido da defesa, por técnicos do Senado, apontando a existência de provas de que a presidente afastada agiu diretamente na edição de decretos de créditos suplementares, sem autorização do Congresso. Não foi identificada, entretanto, uma ação de Dilma no sentido de atrasar os pagamentos da União para bancos públicos — as chamadas "pedaladas fiscais" — nos subsídios concedidos a produtores rurais, por meio do Plano Safra.<ref name="G1-2016">{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/06/pericia-ve-acao-de-dilma-em-decretos-mas-nao-identifica-nas-pedaladas.html|título=Perícia vê ação de Dilma em decretos, mas não identifica nas pedaladas|data=27-06-2016|obra=[[G1]]|acessodata=11-07-2016}}</ref>
Em 8 de junho, a comissão ouviu durante horas testemunhas indicadas pela acusação. Estas acusaram o governo Dilma de causar uma grande crise no país com a maquiagem das contas públicas, enquanto os aliados da presidente sustentaram que ela não estava ciente das irregularidades e que o TCU mudou o seu entendimento sem alertar o Executivo.<ref>{{Citar web |autor= Estadão |url= https://www.noticiasaominuto.com.br/politica/236188/procurador-diz-a-comissao-do-impeachment-que-pedaladas-causaram-crise-economica |título= Procurador diz à comissão do impeachment que pedaladas causaram crise econômica |publicado= Política ao Minuto|data= 8 de junho de 2016 |acessodata= 9 de junho de 2016}}</ref> Em 13 de junho, as oitivas continuaram com a defesa de Dilma. No entanto, a acusação decidiu abrir mão de quatro testemunhas, sob justificativa de evitar a tentativa de prolongar excessivamente os trabalhos da comissão, causando indignação entre os aliados da presidente.<ref>{{Citar web |autor= Gustavo Garcia |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/06/grupo-pro-impeachment-quer-reduzir-numero-de-testemunhas-em-comissao.html |título= Dispensa de testemunhas gera bate-boca na comissão do impeachment |publicado= G1 |data= 13 de junho de 2016 |acessodata= 13 de junho de 2016}}</ref>
[[Imagem:José Eduardo Cardozo cumprimenta o relator Antônio Anastasia.jpg|thumb|esquerda|Cardozo e Anastasia no início de agosto.]]


Em 6 de julho, Dilma apresentou uma carta de defesa no Senado, que foi lida por Cardozo. O conteúdo da defesa foi o mesmo visto antes: a presidente alegou ter errado, porém sem cometer crimes, e acusou o Congresso de punir atos de rotina da gestão orçamentária. Sobre as pedaladas, Dilma afirmou que a gestão do Plano Safra, e portanto os pagamentos, eram de responsabilidade do Ministério da Fazenda. Segundo a presidente, os decretos que ampliaram créditos do orçamento não causaram impacto na obtenção da meta fiscal, pois tratavam apenas de uma previsão de gastos e não determinavam o pagamento de despesas, que estavam limitadas naquele momento por um contingenciamento no caixa do governo federal. Ela finalizou afirmando que o processo teve razões políticas, citando a tentativa de obstruir a Lava Jato com um novo governo. A manifestação de Dilma marcou a última etapa da fase de investigação da comissão.<ref>{{Citar web|autor=Felipe Amorim|url=https://www.facebook.com/groups/DBSuperOficial/permalink/1001097226671392/?comment_id=1001747753273006&notif_t=group_comment&notif_id=1467751286146747|título=Dilma diz que decretos eram "rotina" e vê razão "política" para impeachment|publicado=UOL Notícias|data=06-07-2016|acessodata=06-07-2016}}</ref>
No dia 27 de junho, foi apresentada uma perícia elaborada, a pedido da defesa, por técnicos do Senado, apontando a existência de provas de que a presidente afastada agiu diretamente na edição de decretos de créditos suplementares, sem autorização do Congresso. Não foi identificada, entretanto, uma ação de Dilma no sentido de atrasar os pagamentos da União para bancos públicos &ndash; as chamadas "pedaladas fiscais" &ndash; nos subsídios concedidos a produtores rurais, por meio do Plano Safra.<ref name="G1-2016">{{citar web|autor=Redação do G1|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/06/pericia-ve-acao-de-dilma-em-decretos-mas-nao-identifica-nas-pedaladas.html|título=Perícia vê ação de Dilma em decretos, mas não identifica nas pedaladas|data=27 de junho de 2016|publicado=''[[G1]]''|acessodata=11 de julho de 2016}}</ref>


Em 12 de julho, a acusação apresentou as suas alegações finais. Os autores do pedido voltaram a afirmar que Dilma cometeu crime ao editar decretos de créditos suplementares e ao praticar as "pedaladas fiscais". Essa fase é chamada de "pronúncia", uma fase intermediária em que o colegiado ouviu depoimentos de testemunhas, solicitou documentos para produção de provas, realizou perícias e acompanhou a leitura da defesa pessoal da presidente. "De todo modo, haja vista o entendimento que prevaleceu nesta comissão, os denunciantes asseveram que os crimes praticados no ano de 2015 são suficientes a ensejar o definitivo afastamento da denunciada", afirmaram os autores da denúncia nas alegações finais. Os juristas também afirmaram que a petista deveria ser afastada em definitivo "para o bem do país". Além disso, os citados autores disseram que os decretos e as "pedaladas" foram um "golpe eleitoral" que atingiu o povo brasileiro.<ref>{{Citar web|autor=Gustavo Garcia|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/07/em-alegacoes-finais-acusacao-reafirma-que-dilma-cometeu-crime.html|título=Em alegações finais, acusação reafirma que Dilma cometeu crime|publicado=G1|data=12-07-2016|acessodata=21-07-2016|wayb=20160713182207|urlmorta=não}}</ref>
Em 6 de julho, Dilma apresentou uma carta de defesa no Senado, que foi lida por Cardozo. O conteúdo da defesa foi o mesmo visto antes: a presidente alegou ter errado, porém sem cometer crimes, e acusou o Congresso de punir atos de rotina da gestão orçamentária. Sobre as pedaladas, Dilma afirmou que a gestão do Plano Safra, e portanto os pagamentos, são de responsabilidade do Ministério da Fazenda. Segundo a presidente, os decretos que ampliaram créditos do Orçamento não causaram impacto na obtenção da meta fiscal, pois tratavam apenas de uma previsão de gastos e não determinavam o pagamento das despesas, que estavam limitadas naquele momento por um contingenciamento no caixa do governo federal. Ela finalizou afirmando que o processo teve razões políticas, citando a tentativa de obstruir a Lava Jato com um novo governo. A manifestação de Dilma marcou a última etapa da fase de investigação da comissão.<ref>{{Citar web |autor= Felipe Amorim |url= https://www.facebook.com/groups/DBSuperOficial/permalink/1001097226671392/?comment_id=1001747753273006&notif_t=group_comment&notif_id=1467751286146747 |título= Dilma diz que decretos eram "rotina" e vê razão "política" para impeachment |publicado= UOL Notícias |data= 6 de julho de 2016 |acessodata= 6 de julho de 2016}}</ref>


Em 12 de julho, a acusação apresentou as suas alegações finais. Os autores do pedido voltaram a afirmar que Dilma cometeu crime ao editar decretos de créditos suplementares e ao praticar as pedaladas fiscais. Essa fase é chamada de pronúncia, uma fase intermediária em que o colegiado ouviu os depoimentos de testemunhas, solicitou documentos para produção de provas, realizou perícias e acompanhou a leitura da defesa pessoal da presidente. "De todo modo, haja vista o entendimento que prevaleceu nesta comissão, os denunciantes asseveram que os crimes praticados no ano de 2015 são suficientes a ensejar o definitivo afastamento da denunciada", afirmaram os autores da denúncia nas alegações finais. Os juristas também afirmaram que a petista deveria ser afastada em definitivo "para o bem do país". Além disso, os autores da denúncia disseram que os decretos e as "pedaladas" foram um "golpe eleitoral" que atingiu o povo brasileiro.<ref>{{Citar web |autor= Gustavo Garcia |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/07/em-alegacoes-finais-acusacao-reafirma-que-dilma-cometeu-crime.html |título= Em alegações finais, acusação reafirma que Dilma cometeu crime |publicado=G1 Política |data=12 de julho de 2016 |acessodata=21 de julho de 2016 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20160713182207/http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/07/em-alegacoes-finais-acusacao-reafirma-que-dilma-cometeu-crime.html |arquivodata=13/07/2016}}</ref>
Em 28 de julho, Cardozo entregou as alegações finais de Dilma na fase intermediária. O documento de 524 páginas repetiu a tese de que não houve crime de responsabilidade nas "pedaladas fiscais" e na edição de decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso. A defesa incluiu o pedido do Ministério Público do Distrito Federal para que a Justiça Federal arquivasse uma investigação aberta a fim de apurar se houve crime em operações de crédito feitas por autoridades do governo da presidente Dilma. Além disso, a defesa alegou que o processo de ''impeachment'', que foi classificado como "golpe", foi aberto em um ato de "vingança" e desvio de poder de Cunha. Por fim, alegou que a edição de decretos complementares sem a autorização prévia do Congresso faz parte da "rotina" de presidentes da República e não possui irregularidades.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/07/defesa-de-dilma-entrega-alegacoes-finais-da-2-fase-do-impeachment.html|título=Defesa de Dilma entrega alegações finais da fase do impeachment|publicado=G1|autor=Gustavo Garcia|data=28-07-2016|acessodata=29-07-2016}}</ref>


[[Imagem:Senadojulgamento.jpg|thumb|Sessão do Senado em que foi aprovado o relatório da Comissão Especial, em 10 de agosto.]]
Em 28 de julho, Cardozo entregou as alegações finais de Dilma na fase intermediária. O documento de 524 páginas repetiu a tese de que não houve crime de responsabilidade nas "pedaladas fiscais" e na edição de decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso. A defesa incluiu o pedido do Ministério Público do Distrito Federal para que a Justiça Federal arquivasse uma investigação aberta a fim de apurar se houve crime em operações de crédito feitas por autoridades do governo da presidente Dilma. Além disso, a defesa alegou que o processo de ''impeachment'', que foi classificado como "golpe", foi aberto em um ato de "vingança" e desvio de poder de Cunha. Por fim, alegou que a edição de decretos complementares sem a autorização prévia do Congresso faz parte da "rotina" de presidentes da República e não possui irregularidades.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/07/defesa-de-dilma-entrega-alegacoes-finais-da-2-fase-do-impeachment.html |título= Defesa de Dilma entrega alegações finais da 2ª fase do impeachment |publicado=G1 |autor=Gustavo Garcia |data=28 de julho de 2016 |acessodata=29 de julho de 2016}}</ref>


Em 2 de agosto, Anastasia apresentou um parecer favorável ao processo de ''impeachment'' de Dilma. Ele apontou no relatório que havia provas de que Dilma teve responsabilidade sobre as ações de governo que configuraram crimes de responsabilidade. O relatório considerou que houve ilegalidade nos dois pontos da denúncia do ''impeachment'': a edição de decretos que ampliaram a previsão de gastos do governo e as chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra. Em 4 de agosto, os senadores integrantes da comissão aprovaram o relatório em votação vencida por 14 votos a 5. Assim, foi encerrada a segunda fase do processo, chamada "juízo de pronúncia", e o passo seguinte seria a votação do parecer no plenário do Senado. Se aprovado, os senadores decidiriam se havia elementos que justificassem o julgamento da presidente.<ref>{{Citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/08/02/relator-apresenta-parecer-favoravel-a-impeachment-de-dilma.htm|título=Relatório favorável a impeachment de Dilma diz que houve 'atentado à Constituição'|publicado=UOL Notícias|autor=Felipe Amorim |data=02-08-2016|acessodata=03-08-2016}}</ref><ref>{{Citar web|autor=Cristiane Jungblut e Simone Iglesias|url=http://oglobo.globo.com/brasil/por-14-5-comissao-do-impeachment-aprova-impeachment-de-dilma-19852029|título=Por 14 a 5, comissão do impeachment aprova impeachment de Dilma|publicado=O Globo|data=04-08-2016|acessodata=04-08-2016}}</ref>
[[Imagem:Senadojulgamento.jpg|thumb|240px|Sessão do Senado em que foi aprovado o relatório da Comissão Especial, em 10 de agosto.]]


Na madrugada de 10 de agosto, o Senado aprovou, por 59 votos a 21, o texto principal do relatório, que recomendava a condução a julgamento da presidente afastada na Casa. Consequentemente, a presidente passou à condição de [[Réu|ré]] no processo. Comandada por Lewandowski, a sessão teve início às 9h44min do dia 9. A previsão inicial era a de que duraria pelo menos vinte horas e o relatório só fosse votado de madrugada. No entanto, a sessão foi encurtada depois de vários senadores inscritos, principalmente do PSDB e do PMDB, abrirem mão dos dez minutos a que cada um teria direito para discursar. Além dos discursos pró e contra Dilma, houve um pedido de suspensão e um questionamento de legitimidade do Senado e do relator, ambos rejeitados; e uma etapa de manifestações finais da acusação e da defesa. Com a conclusão da votação do relatório, o processo deveria ir a julgamento final no plenário do Senado, no fim do mês.<ref>{{Citar web|autor=Gustavo Garcia, Fernanda Calgaro e Nathalia Passarinho|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/senadores-aprovam-parecer-dilma-vira-re-e-vai-julgamento-em-plenario.html|título=Senadores aprovam parecer, Dilma vira ré e vai a julgamento em plenário|publicado=G1|data=10-08-2016|acessodata=10-08-2016}}</ref>
Em 2 de agosto, Anastasia apresentou um parecer favorável ao processo de ''impeachment'' de Dilma. Ele apontou no relatório que havia provas de que Dilma teve responsabilidade sobre as ações de governo que configuraram crimes de responsabilidade. O relatório considerou que houve ilegalidade nos dois pontos da denúncia do ''impeachment'': a edição de decretos que ampliaram a previsão de gastos do governo e as chamadas pedaladas fiscais no Plano Safra. Em 4 de agosto, os senadores integrantes da comissão aprovaram o relatório em votação vencida por 14 votos a 5. Assim, foi encerrada a segunda fase do processo, chamada "juízo de pronúncia", e o passo seguinte seria a votação do parecer no plenário do Senado. Se aprovado, os senadores decidiriam se havia elementos que justificassem o julgamento da presidente.<ref>{{Citar web |url= http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/08/02/relator-apresenta-parecer-favoravel-a-impeachment-de-dilma.htm |título=Relatório favorável a impeachment de Dilma diz que houve 'atentado à Constituição' |publicado=UOL Notícias |autor=Felipe Amorim |data=2 de agosto de 2016 |acessodata=3 de agosto de 2016}}</ref><ref>{{Citar web|autor= Cristiane Jungblut e Simone Iglesias |url= http://oglobo.globo.com/brasil/por-14-5-comissao-do-impeachment-aprova-impeachment-de-dilma-19852029|título= Por 14 a 5, comissão do impeachment aprova impeachment de Dilma |publicado= O Globo |data= 4 de agosto de 2016 |acessodata= 4 de agosto de 2016}}</ref>

Na madrugada de 10 de agosto, o Senado aprovou, por 59 votos a 21, o texto principal do relatório que recomendava a condução a julgamento da presidente afastada na Casa. Consequentemente, a presidente passou à condição de [[Réu|ré]] no processo. Comandada por Lewandowski, a sessão teve início às 9h44min do dia 9. A previsão inicial era a de que duraria pelo menos vinte horas e o relatório só fosse votado de madrugada. No entanto, a sessão foi encurtada depois de vários senadores inscritos, principalmente do PSDB e do PMDB, abrirem mão dos dez minutos a que cada um teria direito para discursar. Além dos discursos pró e contra Dilma, houve um pedido de suspensão e um questionamento da legitimidade do Senado e do relator, ambos rejeitados; e uma etapa de manifestações finais da acusação e da defesa. Com a conclusão da votação do relatório, o processo deveria ir a julgamento final no plenário do Senado, no fim do mês.<ref>{{Citar web |autor= Gustavo Garcia, Fernanda Calgaro e Nathalia Passarinho |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/senadores-aprovam-parecer-dilma-vira-re-e-vai-julgamento-em-plenario.html |título= Senadores aprovam parecer, Dilma vira ré e vai a julgamento em plenário |publicado= G1 |data= 10 de agosto de 2016 |acessodata=10 de agosto de 2016}}</ref>


=== Julgamento ===
=== Julgamento ===
[[Imagem:Entrevistas Diversas (26457201301).jpg|thumb|esquerda|Os presidentes [[Ricardo Lewandowski]], do STF, e [[Renan Calheiros]], do Senado, em abril de 2016. Conforme previsão constitucional, Lewandowski presidiu o julgamento de Dilma.]]
Em 10 de agosto, a acusação apresentou o chamado libelo acusatório, que continha as acusações finais contra a presidente Dilma. Embora houvesse o prazo de 48 horas para apresentar esse documento, os juristas responsáveis pelo pedido de impedimento se anteciparam para acelerar o julgamento. Além disso, Miguel Reale Júnior informou que a acusação iria abrir mão de três das seis testemunhas a que teria direito no processo e sinalizou que, no dia do julgamento final, poderia até dispensar outras. A defesa também escalou as suas testemunhas, as mesmas que já haviam sido ouvidas pela comissão especial.<ref>{{Citar web |url=http://gaz.com.br/conteudos/politica/2016/08/10/78283-acusacao_entrega_alegacoes_finais_contra_dilma_no_processo_de_impeachment.html.php |título=Acusação entrega alegações finais contra Dilma no processo de impeachment |publicado=Gaz |obra=Agência Brasil |data=10 de agosto de 2016 |acessodata=10 de agosto de 2016}}</ref> Após a entrega das peças acusatória e defensiva, Lewandowski marcou para o dia 25 de agosto de 2016 o julgamento final do processo de ''impeachment''.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/defesa-e-informada-que-julgamento-de-dilma-iniciara-dia-25-de-agosto.html |titulo=Defesa é informada de que julgamento de Dilma começará dia 25 de agosto |data=12 de agosto de 2016 |acessodata=12 de agosto de 2016}}</ref> Em 12 de agosto, Cardozo entregou a defesa de Dilma, como uma resposta ao libelo, e foi definido o cronograma do julgamento, que se estenderia do dia 25 ao dia 30, podendo contar com o comparecimento da presidente.<ref>{{Citar web |autor= Gustavo Garcia |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/defesa-e-informada-que-julgamento-de-dilma-iniciara-dia-25-de-agosto.html |título= Defesa é informada de que julgamento de Dilma começará dia 25 de agosto |publicado= G1 |data= 12 de agosto de 2016 |acessodata=12 de agosto de 2016}}</ref>


Em 10 de agosto, a acusação apresentou o chamado libelo acusatório, que continha as acusações finais contra a presidente Dilma. Embora houvesse o prazo de 48 horas para apresentar esse documento, os juristas responsáveis pelo pedido de impedimento se anteciparam para acelerar o julgamento. Além disso, Miguel Reale Júnior informou que a acusação iria abrir mão de três das seis testemunhas a que teria direito no processo e sinalizou que, no dia do julgamento final, poderia até dispensar outras. A defesa também escalou as suas testemunhas, as mesmas que já haviam sido ouvidas pela comissão especial.<ref>{{Citar web|url=http://gaz.com.br/conteudos/politica/2016/08/10/78283-acusacao_entrega_alegacoes_finais_contra_dilma_no_processo_de_impeachment.html.php|título=Acusação entrega alegações finais contra Dilma no processo de impeachment|publicado=Gaz|obra=Agência Brasil|data=10-08-2016|acessodata=10-08-2016}}</ref> Após a entrega das peças acusatória e defensiva, Lewandowski marcou para o dia 25 de agosto de 2016 o julgamento final do processo de ''impeachment''.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/defesa-e-informada-que-julgamento-de-dilma-iniciara-dia-25-de-agosto.html|titulo=Defesa é informada de que julgamento de Dilma começará dia 25 de agosto|data=12-08-2016|acessodata=12-08-2016}}</ref> Em 12 de agosto, Cardozo entregou a defesa de Dilma, como uma resposta ao libelo, e foi definido o cronograma do julgamento, que se estenderia do dia 25 ao dia 30, podendo contar com o comparecimento da presidente.<ref>{{Citar web|autor=Gustavo Garcia|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/defesa-e-informada-que-julgamento-de-dilma-iniciara-dia-25-de-agosto.html|título=Defesa é informada de que julgamento de Dilma começará dia 25 de agosto|publicado=G1|data=12-08-2016|acessodata=12-08-2016}}</ref>
Em 25 de agosto, a etapa final teve início com uma tumultuada sessão que se estendeu da manhã da quinta-feira até o começo da madrugada do dia seguinte, consistindo apenas de inquirição de testemunhas.<ref>{{Citar web |url= http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/politica/noticia/2016/08/primeiro-dia-de-julgamento-do-impeachment-de-dilma-termina-apos-quase-15-horas-de-sessao-7332372.html# |título=Primeiro dia de julgamento do impeachment de Dilma termina após quase 15 horas de sessão |publicado= ZH Política |data= 25 de agosto de 2016 |acessodata=26 de agosto de 2016}}</ref> Em 27 de agosto, Nelson Barbosa usou mais uma vez o argumento de que os decretos de crédito suplementar foram emitidos de acordo com a lei e que a mudança de entendimento do Tribunal de Contas da União não poderia ser usada de forma retroativa para condenar a presidente afastada. Ele também contestou a caracterização das pedaladas como operações de crédito, citando documentos do próprio TCU e de outros órgãos oficiais. Portanto, do seu ponto de vista, não se poderia falar em crime de responsabilidade.<ref>{{Citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/impeachment-barbosa-diz-que-decretos-foram-emitidos-de-acordo-com-lei-20004545 |título=Impeachment: Barbosa diz que decretos foram emitidos de acordo com a lei |publicado=O Globo |autor=Cristiane Jungblut e Eduardo Bresciani |data=27 de agosto de 2016 |acessodata=27 de agosto de 2016}}</ref>


Em 25 de agosto, a etapa final teve início com uma tumultuada sessão que se estendeu da manhã da quinta-feira até o começo da madrugada do dia seguinte, consistindo apenas de inquirição de testemunhas.<ref>{{Citar web|url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/politica/noticia/2016/08/primeiro-dia-de-julgamento-do-impeachment-de-dilma-termina-apos-quase-15-horas-de-sessao-7332372.html#|título=Primeiro dia de julgamento do impeachment de Dilma termina após quase 15 horas de sessão|publicado=ZH Política|data=25-08-2016|acessodata=26-08-2016}}</ref> Em 27 de agosto, Nelson Barbosa usou mais uma vez o argumento de que os decretos de crédito suplementar foram emitidos de acordo com a lei e que a mudança de entendimento do Tribunal de Contas da União não poderia ser usada de forma retroativa para condenar a presidente afastada. Ele também contestou a caracterização das pedaladas como operações de crédito, citando documentos do próprio TCU e de outros órgãos oficiais. Portanto, do seu ponto de vista, não se poderia falar em crime de responsabilidade.<ref>{{Citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/impeachment-barbosa-diz-que-decretos-foram-emitidos-de-acordo-com-lei-20004545|título=Impeachment: Barbosa diz que decretos foram emitidos de acordo com a lei|publicado=O Globo|autor=Cristiane Jungblut e Eduardo Bresciani|data=27-08-2016|acessodata=27-08-2016}}</ref>
[[Imagem:Dilma faz sua defesa no plenário do Senado 1040657-df 25.08.2016 mcag-0446.jpg|thumb|240px|esquerda|Dilma Rousseff defendendo-se no julgamento de seu processo de ''impeachment'', em 30 de agosto de 2016.]]


[[Imagem:Plenário_do_Senado_(29282811456).jpg|upright|thumb|Dilma Rousseff defendendo-se no julgamento de seu processo de ''impeachment'', em 30 de agosto de 2016.]]
Em 29 de agosto, Dilma compareceu ao Senado para se defender pessoalmente. Ela afirmou que não cometeu crimes de responsabilidade e que era vítima de um golpe de Estado. Disse também que só o povo pode afastar um presidente pelo que ela chamou de "conjunto da obra", visto que o presidencialismo não prevê a destituição do presidente quando este perde a maioria no Congresso. O discurso se estendeu das 9h53min às 10h39min. Seu conteúdo incluiu: referências à tortura sofrida durante a ditadura militar; sua convicção na democracia; a suposta ilegitimidade de Temer, a quem chamou de "usurpador"; a condição de "golpe" do processo de impedimento; e o medo de uma ruptura democrática no país. Dilma asseverou que não estava em jogo o seu mandato, mas sim as conquistas sociais dos últimos treze anos e atribuiu a Cunha a autoria do assim considerado golpe. Ela finalizou pedindo aos senadores que votassem pela democracia, esquecendo seus sentimentos pessoais.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/dilma-discursa-no-julgamento-final-do-processo-de-impeachment-no-senado.html |título= Dilma aponta 'golpe' e diz que 'só o povo' afasta pelo conjunto da obra |publicado=G1 |autor=Filipe Matoso, Laís Lis, Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro |data=29 de agosto de 2016 |acessodata=29 de agosto de 2016}}</ref>


Em 29 de agosto, Dilma compareceu ao Senado para se defender pessoalmente. Ela afirmou que não cometeu crimes de responsabilidade e que era vítima de um golpe de Estado. Disse também que só o povo pode afastar um presidente pelo que ela chamou de "conjunto da obra", visto que o presidencialismo não prevê a destituição do presidente quando este perde a maioria no Congresso. O discurso se estendeu das 9h53min às 10h39min. Seu conteúdo incluiu: referências à tortura sofrida durante a ditadura militar; sua convicção na democracia; a suposta ilegitimidade de Temer, a quem chamou de "usurpador"; a condição de "golpe" do processo de impedimento; e o medo de uma ruptura democrática no país. Dilma asseverou que não estava em jogo o seu mandato, mas sim as conquistas sociais dos últimos treze anos e atribuiu a Cunha a autoria do assim considerado golpe. Ela finalizou pedindo aos senadores que votassem pela democracia, esquecendo seus sentimentos pessoais.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/dilma-discursa-no-julgamento-final-do-processo-de-impeachment-no-senado.html|título=Dilma aponta 'golpe' e diz que 'só o povo' afasta pelo conjunto da obra|publicado=G1|autor=Filipe Matoso, Laís Lis, Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro|data=29-08-2016|acessodata=29-08-2016}}</ref>
A sessão continuou com respostas da presidente às perguntas dos 48 senadores inscritos. Sobre os decretos, ela respondeu que eles não descumpriam a legislação, pois a necessária autorização do Congresso já estava contida na lei orçamentária. Segundo Dilma, o entendimento de que a prática seria um tipo ilegal de operação de crédito só foi fixado pelo TCU no final de 2015 e os atrasos aos bancos já ocorriam em governos anteriores. Ela também afirmou que o Plano Safra do Banco do Brasil não era administrado diretamente por ela, o que excluiria a possibilidade de ser condenada pelas pedaladas fiscais. Ao ser confrontada por senadores com o argumento de que o seu governo agravou a crise econômica, Dilma mencionou os impactos da crise internacional no país e disse ter feito "o impossível" para que os efeitos negativos não fossem sentidos no Brasil. A respeito da Petrobras, ela rebateu as críticas de que o seu governo teria destruído a empresa e afirmou que os investimentos em pesquisa e produção no pré-sal na verdade resgataram a estatal.<ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/08/30/dilma-depoe-por-13-horas-defende-mandato-e-reafirma-que-condenacao-e-golpe-parlamentar.htm |título=Dilma fala por 13 horas, defende mandato e diz que é vítima de golpe parlamentar|publicado= UOL Notícias |autor=Felipe Amorim |data=30 de agosto de 2016 |acessodata=30 de agosto de 2016}}</ref>


A sessão continuou com respostas da presidente às perguntas dos 48 senadores inscritos. Sobre os decretos, ela respondeu que eles não descumpriam a legislação, pois a necessária autorização do Congresso já estava contida na lei orçamentária. Segundo Dilma, o entendimento de que a prática seria um tipo ilegal de operação de crédito só foi fixado pelo TCU no final de 2015 e os atrasos aos bancos já ocorriam em governos anteriores. Ela também afirmou que o Plano Safra do Banco do Brasil não era administrado diretamente por ela, o que excluiria a possibilidade de ser condenada pelas "pedaladas fiscais". Ao ser confrontada por senadores com o argumento de que o seu governo agravou a crise econômica, Dilma mencionou os impactos da crise internacional no país e disse ter feito "o impossível" para que os efeitos negativos não fossem sentidos no Brasil. A respeito da Petrobras, ela rebateu as críticas de que o seu governo teria destruído a empresa e afirmou que os investimentos em pesquisa e produção no pré-sal, na verdade, resgataram a estatal.<ref>{{Citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/08/30/dilma-depoe-por-13-horas-defende-mandato-e-reafirma-que-condenacao-e-golpe-parlamentar.htm|título=Dilma fala por 13 horas, defende mandato e diz que é vítima de golpe parlamentar|publicado=UOL Notícias|autor=Felipe Amorim|data=30-08-2016|acessodata=30-08-2016}}</ref>
No dia 30 de agosto, houve debates dos advogados de defesa e acusação, além de discursos dos senadores; 43 fizeram discursos favoráveis ao ''impeachment'' e 17 fizeram discursos contrários a ele.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/sessao-desta-terca-tera-debate-entre-advogados-e-discursos-de-senadores.html |título=Sessão desta terça terá debate entre advogados e discursos de senadores |data=30 de agosto de 2016 |acessodata=30 de agosto de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/impeachment-no-senado-veja-discursos-finais.html |título=Impeachment no Senado: veja discursos finais |publicado=G1 |data=30 de agosto de 2016 |acessodata=31 de agosto de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/votacao-do-impeachment-de-dilma-deve-ficar-para-quarta-feira-diz-senado.html |título=Votação final do impeachment deve ficar para quarta, diz Lewandowski |publicado=G1 |data=30 de agosto de 2016 |acessodata=30 de agosto de 2016}}</ref> Em 31 de agosto, quarta-feira, o plenário do Senado condenou Dilma Rousseff à perda de seu cargo por 61 votos a 20, sob a acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal. Houve uma segunda votação para decidir se Dilma deveria perder seus direitos políticos, com placar de 42 votos favoráveis e 36 desfavoráveis. Como houve três abstenções e seriam necessários 54 votos a favor, consequentemente ela não perdeu os direitos e ainda poderia se candidatar a cargos públicos. A condenação ocorreu após seis dias de julgamento no Senado, contando-se no total sete votações, desde 11 de abril de 2016, quando a Câmara aprovou o parecer da comissão especial.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/senado-aprova-impeachment-dilma-perde-mandato-e-temer-assume.html |título=Senado aprova impeachment, Dilma perde mandato e Temer assume |publicado=G1 |autor=Gustavo Garcia, Fernanda Calgaro, Filipe Matoso e Laís Lis |data=31 de agosto de 2016 |acessodata=31 de agosto de 2016}}</ref>
[[Ficheiro:Dilma Rousseff faz pronunciamento após votação final do impeachment.webm|miniaturadaimagem|esquerda|Pronunciamento de Rousseff após a votação final no Senado em 31 de agosto de 2016.]]


No dia 30 de agosto, houve debates dos advogados de defesa e acusação, além de discursos dos senadores; 43 fizeram discursos favoráveis ao ''impeachment'' e dezessete fizeram discursos contrários a ele.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/sessao-desta-terca-tera-debate-entre-advogados-e-discursos-de-senadores.html|título=Sessão desta terça terá debate entre advogados e discursos de senadores|data=30-08-2016|acessodata=30-08-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/impeachment-no-senado-veja-discursos-finais.html|título=Impeachment no Senado: veja discursos finais|publicado=G1|data=30-08-2016|acessodata=31-08-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/votacao-do-impeachment-de-dilma-deve-ficar-para-quarta-feira-diz-senado.html|título=Votação final do impeachment deve ficar para quarta, diz Lewandowski|publicado=G1|data=30-08-2016|acessodata=30-08-2016}}</ref> Em 31 de agosto, quarta-feira, o plenário do Senado condenou Dilma Rousseff à perda de seu cargo por 61 votos a 20, sob a acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal. Houve uma segunda votação para decidir se Dilma deveria perder seus direitos políticos, com placar de 42 votos favoráveis e 36 desfavoráveis. Como houve três abstenções e seriam necessários 54 votos a favor, consequentemente ela não perdeu os direitos e ainda poderia se candidatar a cargos públicos. A condenação ocorreu após seis dias de julgamento no Senado, contando-se no total sete votações, desde 11 de abril de 2016, quando a Câmara aprovou o parecer da comissão especial.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/senado-aprova-impeachment-dilma-perde-mandato-e-temer-assume.html|título=Senado aprova impeachment, Dilma perde mandato e Temer assume|publicado=G1|autor=Gustavo Garcia, Fernanda Calgaro, Filipe Matoso e Laís Lis|data=31-08-2016|acessodata=31-08-2016}}</ref>
== Eventos relacionados ==


O chamado "fatiamento" da condenação, que consistiu em aplicar a pena de perda do cargo, mas afastar a pena de inabilitação para o exercício de função pública, gerou enorme controvérsia no meio político e jurídico, o que levou ao questionamento perante o Supremo Tribunal Federal da decisão do Ministro Ricardo Lewandowski de admitir o requerimento de destaque para votação em separado da segunda parte da pena. Os Secretários-Gerais do Senado Federal, Luiz Fernando Bandeira de Mello, escrivão do processo, e do Supremo Tribunal Federal, Fabiane Duarte, responsáveis por assessorar o Ministro na Presidência das sessões no Senado, deram entrevistas e publicaram artigos buscando defender o posicionamento do Presidente do STF.<ref>{{Citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/com-estilos-diferentes-secretarios-auxiliam-lewandowski-em-questoes-tecnicas-do-processo-20016167|titulo=Com estilos diferentes, secretários auxiliam Lewandowski em questões técnicas do processo|acessodata=2016-09-22}}</ref><ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/globo-news/entre-aspas/videos/t/entre-aspas/v/entre-aspas-secretarios-do-stf-e-da-mesa-do-senado-comentam-bastidores-do-impeachment/5287595/|titulo=Secretários do STF e da mesa do Senado comentam bastidores do impeachment|data=06/09/2016|obra=GloboNews}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.conjur.com.br/2016-set-22/impedimento-inabilitacao-politica-sao-penas-principais-independentes|titulo=Impedimento e inabilitação política são penas principais e independentes|data=22/09/2016|obra=Consultor Jurídico}}</ref>
<!--- Seção imprecisa. Qual comissão? === Disputa política entre governo e oposição ===
A batalha pelos votos foi acirrada. Contava com mapas de bancadas atualizados dia a dia, ofertas de cargos, cerco aos indecisos, cortejo ao PMDB e pressão das ruas para manter ou destituir Dilma Rousseff. O governo e a oposição não tinham os votos necessários na primeira semana de trabalho da comissão. Cada grupo precisava de pelo menos sessenta parlamentares para obter vitória na votação no plenário.<ref>{{Citar web |url= http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/03/governo-e-oposicao-batalham-votos-no-processo-de-impeachment-5159689.html# |título=Governo e oposição batalham votos no processo de impeachment |publicado=Zero Hora |autor=Guilherme Mazui |data=21 de março de 2016 |acessodata=25 de março de 2016}}</ref> --->


Seis dias após o impeachment, Dilma deixou o Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência; e foi morar em [[Porto Alegre]].<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/09/dilma-deixa-o-palacio-da-alvorada-e-voltara-para-porto-alegre.html|titulo=Dilma deixa o Palácio da Alvorada para morar em Porto Alegre|data=06/09/2016|publicado=G1}}</ref> Antes de deixar o Palácio, a agora ex-presidente entrou com uma ação no STF pedindo que o tribunal anulasse a votação final do impeachment no Senado. Na ação, Dilma alegou que as pedaladas fiscais e que os decretos sem autorização do Congresso não eram crimes de responsabilidade e que, portanto, o Senado não poderia tê-la condenado. Dois dias depois, o ministro do STF [[Teori Zavascki]] negou essa ação porque, pela Constituição, cabe ao Senado analisar os aspectos do mérito do impeachment e o Senado é soberano para decidir a questão.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/09/teori-nega-liminar-para-anular-votacao-do-impeachment-no-senado.html|titulo=Teori nega liminar para anular votação do impeachment de Dilma no Senado|data=08/09/2016|publicado=G1}}</ref><ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/09/teori-nega-liminar-pedida-por-dilma-para-anular-impeachment.html|titulo=Teori nega liminar pedida por Dilma para anular impeachment|data=08/09/2016|publicado=G1}}</ref>
==== Estratégia governista ====
[[Imagem:Lula em 20 de novembro de 2015.jpg|thumb|upright|O ex-presidente Lula é o principal negociador do governo junto aos congressistas.<ref>{{Citar web |url=http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/09/politica/1460166122_568182.html |título=O negociador Lula que tenta salvar o Governo Dilma do impeachment |publicado=El País |autor=Afonso Benites |data=9 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/lula-volta-ao-comando-para-salvar-dilma-e-a-si-mesmo |título=Lula volta ao comando para salvar Dilma e a si mesmo |publicado=Exame |obra=Bloomberg |autor=Anna Edgerton e Raymond Colitt |data=9 de outubro de 2015 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref>]]


== Outros acontecimentos durante o processo ==
Dilma criou uma estratégia que consistia em judicializar o processo no STF,<ref name="diariodepernambuco.com.br">{{Citar web |url=http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2016/04/10/interna_politica,637788/contra-impeachment-dilma-negocia-cargos-com-verbas-de-r-38-bi.shtml |título=Contra impeachment, Dilma negocia cargos com verbas de R$ 38 bi |publicado=Diário de Pernambuco |obra=Agência Estado |data=10 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1752576-governo-prepara-acao-no-stf-caso-impeachment-seja-aprovado.shtml |título=Governo prepara ação no STF caso impeachment seja aprovado |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Valdo Cruz, Gustavo Uribe e Mariana Haubert |data=22 de março de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref> apoiar os aliados, afastar os rebeldes, abrir os cofres públicos e principalmente rachar o PMDB, cujos votos seriam o diferencial.<ref name="Batalha por votos">{{Citar web |url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/dilma-afirma-que-aguenta-pressao-e-analisa-alternativas-para-evitar-impeachment |título=Dilma analisa alternativas para evitar impeachment |publicado=Exame |autor=Vera Rosa |data=27 de março de 2016 |acessodata=27 de março de 2016}}</ref> Ela mirava sua ofensiva no comando de Temer no PMDB, atraindo com cargos quem desafiasse o vice-presidente e ficasse do lado dela, assim como tirando os cargos governamentais dos aliados dele. Além disso, o governo tentava atrair o apoio de partidos médios e pequenos, como o PP, PSD e PR.<ref name="diariodepernambuco.com.br"/><ref>{{Citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,assediados--partidos-docentrao-ainda-nao-fecharam-questao,10000025745 |título=Assediados, partidos do 'centrão' ainda não fecharam questão |publicado=Estado de S. Paulo |obra=Adriano Ceolin |data=10 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref> Dilma também tentava vincular sua queda ao fim de programas sociais, como o Bolsa Família, e até mesmo ameaçou recorrer à [[Organização dos Estados Americanos]] (OEA).<ref name= "Batalha por votos"/>
=== Estratégia governista ===
[[Imagem:Lula em 20 de novembro de 2015.jpg|thumb|upright|O ex-presidente Lula atuou como o principal negociador do governo junto aos congressistas.<ref>{{Citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/09/politica/1460166122_568182.html|título=O negociador Lula que tenta salvar o Governo Dilma do impeachment|publicado=El País|autor=Afonso Benites|data=09-04-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/lula-volta-ao-comando-para-salvar-dilma-e-a-si-mesmo|título=Lula volta ao comando para salvar Dilma e a si mesmo|publicado=Exame|obra=Bloomberg|autor=Anna Edgerton e Raymond Colitt|data=09-10-2015|acessodata=10-04-2016}}</ref>]]


Dilma criou uma estratégia que consistia em judicializar o processo no STF,<ref name="diariodepernambuco.com.br">{{Citar web|url=http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2016/04/10/interna_politica,637788/contra-impeachment-dilma-negocia-cargos-com-verbas-de-r-38-bi.shtml|título=Contra impeachment, Dilma negocia cargos com verbas de R$ 38 bi|publicado=Diário de Pernambuco|obra=Agência Estado|data=10-04-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1752576-governo-prepara-acao-no-stf-caso-impeachment-seja-aprovado.shtml|título=Governo prepara ação no STF caso impeachment seja aprovado|publicado=Folha de S.Paulo|autor=Valdo Cruz, Gustavo Uribe e Mariana Haubert|data=22-03-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref> apoiar os aliados, afastar os rebeldes, abrir os cofres públicos e principalmente rachar o PMDB, cujos votos seriam o diferencial.<ref name="Batalha por votos">{{Citar web|url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/dilma-afirma-que-aguenta-pressao-e-analisa-alternativas-para-evitar-impeachment|título=Dilma analisa alternativas para evitar impeachment|publicado=Exame|autor=Vera Rosa|data=27-03-2016|acessodata=27-03-2016}}</ref> Ela mirava sua ofensiva no comando de Temer no PMDB, atraindo com cargos quem desafiasse o vice-presidente e ficasse do lado dela, assim como tirando os cargos governamentais dos aliados dele. Além disso, o governo tentava atrair o apoio de partidos médios e pequenos, como o PP, PSD e PR.<ref name="diariodepernambuco.com.br"/><ref>{{Citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/assediados--partidos-docentrao-ainda-nao-fecharam-questao/|título=Assediados, partidos do 'centrão' ainda não fecharam questão|publicado=Estado de S. Paulo|obra=Adriano Ceolin|data=10-04-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref> Dilma também tentava vincular sua queda ao fim de programas sociais, como o Bolsa Família, e até mesmo ameaçou recorrer à [[Organização dos Estados Americanos]] (OEA).<ref name= "Batalha por votos"/>
===== Denúncia de compra de votos =====
Segundo a revista ''[[IstoÉ]]'', o governo lançou mão de toda forma de compra de votos para assegurar a sua vitória na Câmara. A negociação envolvia desde [[Emenda constitucional|emendas constitucionais]] e cargos públicos até dinheiro em caixa, lembrando o caso do [[Mensalão]]. Entretanto, aquela compra de votos era feita com o desvio de verbas públicas e a lavagem de dinheiro por meio de agências de publicidade. Agora, o dinheiro negociado com os deputados vinha diretamente do orçamento federal, dos impostos.<ref name="Negociatas">{{Citar web |url=http://www.istoe.com.br/reportagens/450532_O+MENSALAO+DE+DILMA |título=O mensalão de Dilma |publicado=IstoÉ |autor=Marcelo Rocha e Mel Bleil Gallo |data=8 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref>


=== Estratégia oposicionista e virada do PMDB ===
[[Silvio Costa]] (PT do B-PE) era o responsável por negociar pessoalmente com os seus colegas os votos contra o impedimento, o que ele fazia até mesmo sob os olhos da imprensa. O governo abordava até os deputados que declararam apoio ao processo, como [[Heitor Schuch]] e [[José Luiz Stedile|José Stédille]], ambos do PSB gaúcho, os quais teriam recebido a proposta de R$ 2 milhões pelo voto favorável a Dilma.<ref name="Negociatas"/><ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1757616-deputado-acusa-governo-de-oferecer-r-2-mi-para-voto-contra-impeachment.shtml |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Isabel Fleck e Ranier Bragon |título=Deputado acusa governo de oferecer R$ 2 mi para voto contra impeachment |data=5 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>
A oposição também tinha uma estratégia para vencer Dilma no plenário. Uma das medidas era estimular as pessoas a se reunirem nas ruas, em grandes protestos por todo o país, o que foi feito com grande êxito por meio da internet. Outra arma era pressionar diretamente os parlamentares que não declaravam explicitamente o seu posicionamento a respeito do processo. Um dos grupos oposicionistas mais atuantes, o movimento [[Vem Pra Rua]], mapeou declarações públicas contra e a favor do ''impeachment'' feitas por parlamentares em suas [[redes sociais]] e páginas oficiais e criou uma ferramenta virtual chamada ''Mapa do Impeachment'', que contabilizava os votos a cada momento e encorajava os internautas a pressionarem os deputados indecisos nas redes sociais.<ref name="Placar">{{Citar web|url=http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/03/22/grupo-vem-pra-rua-cria-placar-do-impeachment.htm|título=Grupo Vem Pra Rua cria placar do impeachment|publicado=UOL Notícias|obra=Estadão|data=22-03-2016|acessodata=09-04-2016}}</ref>


Em dezembro de 2015, o jornal ''[[O Estado de S.Paulo]]'' informou que um movimento pró-''impeachment'' estava sendo articulado pelo vice-presidente Temer, colocando-se francamente ao lado da oposição. Ele pretendia primeiro unificar seu partido para depois conseguir o apoio de vários outros e então pressionar os ministros da sigla. Temer havia dito que convocaria uma convenção para consolidar o rompimento com o governo se Dilma insistisse em [[Leonardo Picciani]] para a liderança do PMDB na Câmara.<ref>{{citar web|url=http://economia.terra.com.br/temer-ignora-dilma-e-busca-apoio-para-impeachment-diz-estadao,5b10c8966293fedc663b8b896eca464c9h6lr6ht.html|titulo=Temer ignora Dilma e busca apoio por impeachment, diz jornal|publicado=Terra|data=15-12-2015|acessodata=10-03-2016}}</ref>
Ainda conforme a revista, Lula, auxiliado por [[Jaques Wagner]] e [[Ricardo Berzoini]], mantinha um escritório dentro de um hotel de luxo em Brasília, no qual recebia políticos e oferecia cargos e emendas, de uma forma totalmente pragmática: quem oferecesse mais votos receberia mais vantagens. Em uma visita domiciliar, o PT ofertou a [[Helder Barbalho|Helder]] e [[Jader Barbalho]] uma série de benefícios, como R$ 3,2 bilhões para obras portuárias no Pará, com vistas à campanha pelo governo do estado. A partir de então, Hélder se tornou um dos mais ativos articuladores, dentro do PMDB, a favor de Dilma.<ref name="Negociatas "/><ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1759387-lula-monta-qg-em-hotel-de-brasilia-para-tentar-salvar-dilma.shtml |título=Lula monta 'QG' em hotel de Brasília para tentar salvar Dilma |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Marina Dias |data=10 de abril de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref>


Em 27 de março, Temer já tinha oitenta por cento dos votos do diretório nacional. Além disso, havia um esforço para que os outros partidos da base aliada se unissem ao PMDB. O governo fazia tentativas desesperadas para manter a base, mas muitos consideravam que era tarde demais. Dois dias depois, Temer obteve uma grande vitória, pois o diretório nacional, em reunião de apenas três minutos, decidiu romper com o governo e determinou que todos os seus seis ministros deveriam abandonar os respectivos cargos. A reunião foi comandada pelo senador [[Romero Jucá]], o primeiro vice-presidente. A decisão, além de enfraquecer a presidente, gerou a expectativa de que outros partidos da base aliada abandonassem o governo.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/por-aclamacao-pmdb-oficializa-rompimento-com-governo-dilma.html|título=Por aclamação, PMDB oficializa rompimento com governo Dilma|publicado=Portal G1|autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro|data=29-03-2016|acessodata=09-04-2016}}</ref>
Outro aliado que o PT conquistou foi [[Ciro Nogueira]], presidente do [[Partido Progressista (Brasil)|Partido Progressista]], cuja missão era conseguir os votos de sua bancada. Dentro da Câmara, o deputado [[Aguinaldo Ribeiro]], o Ministro de Transportes, [[Antonio Carlos Rodrigues]], o ex-ministro [[Alfredo Nascimento]], o ex-prefeito de São Paulo, [[Gilberto Kassab]], e o líder do governo na Câmara, [[José Guimarães]], eram articuladores do governo na casa. Havia também uma investida em deputados do interior, menos suscetíveis às pressões do eleitorado e mais presos às conveniências locais, sendo portanto mais sedentos de emendas e cargos.<ref name="Negociatas "/>
[[Imagem:PMDB anuncia decisão de sair do governo Dilma Rousseff (2).jpg|thumb|esquerda|Reunião do PMDB que decidiu romper com o governo Dilma, em 29 de março.]]


Além de comandar o desembarque do PMDB, Temer já começava a construir o seu possível governo. O senador Jucá assumiu as funções de porta-voz e de articulador político para garantir o sucesso dessa potencial gestão. Ele negociava cargos com os mesmos partidos que Dilma tentava trazer para o seu lado: PP, PR, PSD e PTB. A única diferença era a forma de pressão: Jucá perguntava aos parlamentares se eles queriam ficar nos cargos de um governo que poderia cair em breve ou se preferiam aderir a Temer pelos próximos dois anos e meio.<ref name="Jucá">{{Citar web|url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ex-lider-de-governo-juca-ja-negocia-cargos-em-nome-de-temer|título=Presidente do PMDB já negocia cargos para compor eventual governo Temer|publicado=Veja|data=08-04-2016|acessodata=09-04-2016|wayb=20160411021059|urlmorta=sim}}</ref> Dessa forma, Jucá foi o principal operador do grupo de Temer na busca dos votos necessários para a aprovação do pedido de ''impeachment'' no plenário da Câmara, oferecendo cargos no futuro governo Temer a partidos políticos.<ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/ex-lider-de-governo--juca-ja-negocia-cargos-em-nome-do-vice/|título=Ex-líder de governo, Jucá já negocia cargos em nome do vice|publicado=Estadão|acessodata=31-08-2016}}</ref>
A versão de compra de votos foi contestada pelo ministro Berzoini. Ele disse que o governo estava conversando com os deputados, casa a caso, corpo a corpo, procurando pessoas que ouvissem seus argumentos. Segundo o ministro, o propósito do governo era buscar demonstrar que o pedido de ''impeachment'' era improcedente com base em argumentos, os quais procuravam provar que não havia configuração de crime de responsabilidade e que o relatório de Jovair estava politizando um exame que era fundamentalmente um exame de mérito.<ref name= "Argumentos do Planalto" >{{citar web |url=http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/04/13/berzoini-governo-tem-mais-de-200-votos-para-barrar-impeachment-na-camara/?from_rss=None |título=Berzoini: Governo tem mais de 200 votos para barrar impeachment na Câmara |publicado=Jornal do Brasil |obra=Agência Brasil |data=13 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>

Ainda nas palavras de Berzoini, a ação do governo era absolutamente direta, transparente, no sentido de mostrar que não se pode brincar com a democracia, e que era hora de ter um juízo absolutamente desprovido de paixões. Não se tratava de gostar ou não do governo, de apoiar ou não a presidente, mas sim de cuidar da democracia, que é um bem fundamental de todo o povo brasileiro. Naquele momento, Dilma estava se reunindo com líderes partidários favoráveis a ela, incluindo membros do PMDB. Depois do encontro, ela fez um discurso em que propôs um "grande pacto" e um "diálogo nacional" com todos os segmentos da sociedade, caso o ''impeachment'' fosse derrotado.<ref name= "Argumentos do Planalto"/>

==== Estratégia oposicionista e virada do PMDB ====
[[Imagem:PMDB anuncia decisão de sair do governo Dilma Rousseff (2).jpg|thumb|250px|Reunião do PMDB que decidiu romper com o governo Dilma, em 29 de março.]]

A oposição também tinha uma estratégia para vencer Dilma no plenário. Uma das medidas era estimular as pessoas a se reunirem nas ruas, em grandes protestos por todo o país, o que foi feito com grande êxito por meio da internet. Outra arma era pressionar diretamente os parlamentares que não declaravam explicitamente o seu posicionamento a respeito do processo. Um dos grupos oposicionistas mais atuantes, o movimento [[Vem Pra Rua]], mapeou declarações públicas contra e a favor do ''impeachment'' feitas por parlamentares em suas [[redes sociais]] e páginas oficiais e criou uma ferramenta virtual chamada ''Mapa do Impeachment'', que contabilizava os votos a cada momento e encorajava os internautas a pressionarem os deputados indecisos nas redes sociais.<ref name="Placar">{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/03/22/grupo-vem-pra-rua-cria-placar-do-impeachment.htm |título=Grupo Vem Pra Rua cria placar do impeachment |publicado=UOL Notícias |obra=Estadão |data=22 de março de 2016 |acessodata=9 de abril de 2016}}</ref>

Em dezembro de 2015, o jornal ''[[O Estado de S.Paulo]]'' informou que um movimento pró-''impeachment'' estava sendo articulado pelo vice-presidente Temer, colocando-se francamente ao lado da oposição. Ele pretendia primeiro unificar seu partido para depois conseguir o apoio de vários outros e então pressionar os ministros da sigla. Temer havia dito que convocaria uma convenção para consolidar o rompimento com o governo se Dilma insistisse em [[Leonardo Picciani]] para a liderança do PMDB na Câmara.<ref>{{citar web |url=http://economia.terra.com.br/temer-ignora-dilma-e-busca-apoio-para-impeachment-diz-estadao,5b10c8966293fedc663b8b896eca464c9h6lr6ht.html |titulo=Temer ignora Dilma e busca apoio por impeachment, diz jornal |publicado=Terra |data=15 de dezembro de 2015 |acessodata=10 de março de 2016}}</ref>

Em 27 de março, Temer já tinha oitenta por cento dos votos do diretório nacional. Além disso, havia um esforço para que os outros partidos da base aliada se unissem ao PMDB. O governo fazia tentativas desesperadas para manter a base, mas muitos consideravam que era tarde demais. Dois dias depois, Temer obteve uma grande vitória, pois o diretório nacional, em reunião de apenas três minutos, decidiu romper com o governo e determinou que todos os seus seis ministros deveriam abandonar os respectivos cargos. A reunião foi comandada pelo senador [[Romero Jucá]], o primeiro vice-presidente. A decisão, além de enfraquecer a presidente, gerou a expectativa de que outros partidos da base aliada abandonassem o governo.<ref>{{Citar web |url= http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/por-aclamacao-pmdb-oficializa-rompimento-com-governo-dilma.html |título=Por aclamação, PMDB oficializa rompimento com governo Dilma |publicado=Portal G1 |autor=Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro |data=29 de março de 2016 |acessodata= 9 de abril de 2016}}</ref>

Além de comandar o desembarque do PMDB, Temer já começava a construir o seu possível governo. O senador Jucá assumiu as funções de porta-voz e de articulador político para garantir o sucesso dessa potencial gestão. Ele negociava cargos com os mesmos partidos que Dilma tentava trazer para o seu lado: PP, PR, PSD e PTB. A única diferença era a forma de pressão: Jucá perguntava aos parlamentares se eles queriam ficar nos cargos de um governo que poderia cair em breve ou se preferiam aderir a Temer pelos próximos dois anos e meio.<ref name="Jucá">{{Citar web |url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ex-lider-de-governo-juca-ja-negocia-cargos-em-nome-de-temer |título= Presidente do PMDB já negocia cargos para compor eventual governo Temer |publicado=Veja |data=8 de abril de 2016 |acessodata= 9 de abril de 2016}}</ref>Dessa forma, Jucá foi o principal operador do grupo de Temer na busca dos votos necessários para a aprovação do pedido de ''impeachment'' no plenário da Câmara, oferecendo cargos no futuro governo Temer a partidos políticos.<ref>[http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ex-lider-de-governo--juca-ja-negocia-cargos-em-nome-do-vice,10000025507 Ex-líder de governo, Jucá já negocia cargos em nome do vice], acesso em 31 de agosto de 2016.</ref>.


A missão que Temer confiara a Jucá era dupla. A primeira era defender o vice-presidente dos ataques que ele vinha sofrendo de integrantes da cúpula do PT e do Planalto desde o desembarque do partido. A segunda, considerada internamente como a mais relevante, era contrabalançar as manobras de Lula para manter a integridade da base aliada e conter o avanço do processo contra Dilma. Para melhor atingir suas metas, ele se encontrava com líderes partidários que queriam se manter ao lado da presidente e buscava aproximação com Cunha. Entretanto, ele também sofria críticas dos ministros do partido que permaneciam no governo.<ref name= "Jucá"/>
A missão que Temer confiara a Jucá era dupla. A primeira era defender o vice-presidente dos ataques que ele vinha sofrendo de integrantes da cúpula do PT e do Planalto desde o desembarque do partido. A segunda, considerada internamente como a mais relevante, era contrabalançar as manobras de Lula para manter a integridade da base aliada e conter o avanço do processo contra Dilma. Para melhor atingir suas metas, ele se encontrava com líderes partidários que queriam se manter ao lado da presidente e buscava aproximação com Cunha. Entretanto, ele também sofria críticas dos ministros do partido que permaneciam no governo.<ref name= "Jucá"/>


Em 11 de abril, Temer enviou um áudio a parlamentares do PMDB, praticamente se assumindo como o novo presidente. Ele disse que esperaria a decisão do Senado, no qual tinha plena confiança, mas já começava a falar de uma eventual gestão, enfatizando que não iria acabar com os programas sociais, mas iria exigir sacrifício da população. Para ele, o fundamental seria a unificação do país e o apoio de todos os partidos para que pudesse haver um governo de "salvação nacional". A participação da iniciativa privada também seria fundamental na recuperação do país. Pela versão oficial, o áudio foi equivocadamente divulgado por Temer em um grupo do ''[[Whatsapp]]''. De qualquer forma, o vice-presidente assumiu a autoria do discurso, que foi visto como um "ensaio" de seu primeiro pronunciamento à nação se o ''impeachment'' fosse concretizado.<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1759725-temer-divulga-audio-em-que-fala-como-se-impeachment-estivesse-aprovado.shtml |título=Temer divulga áudio em que fala como se impeachment estivesse aprovado |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Daniela Lima |data=11 de abril de 2016 |acessodata=12 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/e-preciso-um-governo-de-salvacao-nacional-afirma-vice-michel-temer.html |título=Em áudio, Temer fala como se Câmara já tivesse aprovado impeachment |publicado=G1 |autor=Andreia Sadi e Filipe Matoso |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/temer-se-atrapalhou-com-o-whatsapp.html |título=Temer se atrapalhou com o WhatsApp |publicado=O Globo |autor=Lauro Jardim |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>
Em 11 de abril, Temer enviou um áudio a parlamentares do PMDB, praticamente se assumindo como o novo presidente. Ele disse que esperaria a decisão do Senado, no qual tinha plena confiança, mas já começava a falar de uma eventual gestão, enfatizando que não iria acabar com os programas sociais, mas iria exigir sacrifício da população. Para ele, o fundamental seria a unificação do país e o apoio de todos os partidos para que pudesse haver um governo de "salvação nacional". A participação da iniciativa privada também seria fundamental na recuperação do país. Pela versão oficial, o áudio foi equivocadamente divulgado por Temer em um grupo do ''[[WhatsApp]]''. De qualquer forma, o vice-presidente assumiu a autoria do discurso, que foi visto como um "ensaio" de seu primeiro pronunciamento à nação se o ''impeachment'' fosse concretizado.<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1759725-temer-divulga-audio-em-que-fala-como-se-impeachment-estivesse-aprovado.shtml |título=Temer divulga áudio em que fala como se impeachment estivesse aprovado |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Daniela Lima |data=11 de abril de 2016 |acessodata=12 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/e-preciso-um-governo-de-salvacao-nacional-afirma-vice-michel-temer.html |título=Em áudio, Temer fala como se Câmara já tivesse aprovado impeachment |publicado=G1 |autor=Andreia Sadi e Filipe Matoso |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/temer-se-atrapalhou-com-o-whatsapp.html |título=Temer se atrapalhou com o WhatsApp |publicado=O Globo |autor=Lauro Jardim |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>


O áudio de Temer recebeu ampla repercussão. No governo, o impacto foi bastante negativo:<ref>{{Citar web |url=http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/04/temer-5613.html |título=Vazamento de áudio de Temer repercute mal no governo e entre parlamentares |publicado=Rede Brasil Atual |autor=Hylda Cavalcanti |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref> enquanto Dilma acusou Temer de chefiar uma conspiração contra ela, ministros governistas defenderam que o vice deveria renunciar caso o ''impeachment'' fosse derrotado.<ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/12/dilma-encontro-da-educacao.htm |título=Dilma chama Temer e Cunha de 'chefes conspiradores' em discurso no Planalto |publicado=Uol |autor=Leandro Prazeres |data=12 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/planalto-defende-que-vice-michel-temer-renuncie-19063165 |título=Planalto defende que vice Michel Temer renuncie |publicado=O Globo |autor=Catarina Alencastro, Jeferson Ribeiro e Simone Iglesias |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref> Nos dias seguintes, Temer passou a receber, no [[Palácio do Jaburu]], visitas de parlamentares favoráveis ao ''impeachment'' e articular pessoalmente a aprovação do afastamento da presidente.<ref>{{Citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/aliados-de-temer-engarrafam-entrada-do-palacio-do-jaburu-19081621 |título=Aliados de Temer engarrafam entrada do Palácio do Jaburu |publicado=O Globo |autor=Tiago Dantas |data=14 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://odia.ig.com.br/brasil/2016-04-13/dilma-perde-aliados-e-impeachment-avanca-no-congresso.html |título=Dilma perde aliados e impeachment avança no Congresso |publicado=O Dia |data=13 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>
O áudio de Temer recebeu ampla repercussão. No governo, o impacto foi bastante negativo:<ref>{{Citar web |url=http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/04/temer-5613.html |título=Vazamento de áudio de Temer repercute mal no governo e entre parlamentares |publicado=Rede Brasil Atual |autor=Hylda Cavalcanti |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref> enquanto Dilma acusou Temer de chefiar uma conspiração contra ela, ministros governistas defenderam que o vice deveria renunciar caso o ''impeachment'' fosse derrotado.<ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/12/dilma-encontro-da-educacao.htm |título=Dilma chama Temer e Cunha de 'chefes conspiradores' em discurso no Planalto |publicado=Uol |autor=Leandro Prazeres |data=12 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/planalto-defende-que-vice-michel-temer-renuncie-19063165 |título=Planalto defende que vice Michel Temer renuncie |publicado=O Globo |autor=Catarina Alencastro, Jeferson Ribeiro e Simone Iglesias |data=11 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref> Nos dias seguintes, Temer passou a receber, no [[Palácio do Jaburu]], visitas de parlamentares favoráveis ao ''impeachment'' e articular pessoalmente a aprovação do afastamento da presidente.<ref>{{Citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/aliados-de-temer-engarrafam-entrada-do-palacio-do-jaburu-19081621 |título=Aliados de Temer engarrafam entrada do Palácio do Jaburu |publicado=O Globo |autor=Tiago Dantas |data=14 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://odia.ig.com.br/brasil/2016-04-13/dilma-perde-aliados-e-impeachment-avanca-no-congresso.html |título=Dilma perde aliados e impeachment avança no Congresso |publicado=O Dia |data=13 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>


=== Posições partidárias ===
=== Denúncias de compra de votos ===
Segundo a revista ''[[IstoÉ]]'', o governo lançou mão de toda forma de compra de votos para assegurar a sua vitória na Câmara. A negociação envolvia desde [[Emenda constitucional|emendas constitucionais]] e cargos públicos até dinheiro em caixa, lembrando o caso do [[Mensalão]]. Entretanto, aquela compra de votos era feita com o desvio de verbas públicas e a lavagem de dinheiro por meio de agências de publicidade. Agora, o dinheiro negociado com os deputados vinha diretamente do orçamento federal, dos impostos.<ref name="Negociatas">{{Citar web|url=http://www.istoe.com.br/reportagens/450532_O+MENSALAO+DE+DILMA|título=O mensalão de Dilma|publicado=IstoÉ|autor=Marcelo Rocha e Mel Bleil Gallo|data=08-04-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref> [[Silvio Costa]] (PTdoB-PE) era o responsável por negociar pessoalmente com os seus colegas os votos contra o impedimento, o que ele fazia até mesmo sob os olhos da imprensa. O governo abordava até os deputados que declararam apoio ao processo, como [[Heitor Schuch]] e [[José Luiz Stedile|José Stédille]], ambos do PSB gaúcho, os quais teriam recebido a proposta de R$ 2 milhões pelo voto favorável a Dilma.<ref name="Negociatas"/><ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1757616-deputado-acusa-governo-de-oferecer-r-2-mi-para-voto-contra-impeachment.shtml|publicado=Folha de S.Paulo|autor=Isabel Fleck e Ranier Bragon|título=Deputado acusa governo de oferecer R$ 2 mi para voto contra impeachment|data=05-04-2016|acessodata=14-04-2016}}</ref>
A tabela abaixo indica as posições que as executivas de cada partido anunciaram, bem como o número da bancada de cada partido na Câmara dos Deputados e no Senado.

{{Imagem dupla|right|Câmara dos Deputados (Brasil) - atual.svg|250|Senado Federal (Brasil) - atual.svg|250|Composição da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2016:{{Legenda|#FFD300|PMDB}}{{Legenda|#CC0000|PT}}{{Legenda|#0000CC|PSDB}}{{Legenda|#7DC9FF|PP}}{{Legenda|#8585FF|PR}}{{Legenda|#8F7700|PSD}} {{Legenda|#FF9200|PSB}}{{Legenda|#000052|DEM}}{{Legenda|#0070C5|PRB}}{{Legenda|#FF0000|PDT}}{{Legenda|#646464|PTB}} {{Legenda|#CC7400|SD}}{{Legenda|#AFB908|PTN}}{{Legenda|#8F0000|PCdoB}}{{Legenda|#00CC00|PSC}}{{Legenda|#FF4747|PPS}} {{Legenda|#FFB478|PHS}}|Composição do Senado em fevereiro de 2016:{{Legenda|#FFD300|PMDB}}{{Legenda|#CC0000|PT}}{{Legenda|#0000CC|PSDB}}{{Legenda|#FF9200|PSB}}{{Legenda|#7DC9FF|PP}}{{Legenda|#FF0000|PDT}}{{Legenda|#000052|DEM}}{{Legenda|#8585FF|PR}}{{Legenda|#8F7700|PSD}}{{Legenda|#646464|PTB}}{{Legenda|#7847BE|PMB}}{{Legenda|#00CC00|PSC}}{{Legenda|#0070C5|PRB}}{{Legenda|#8F0000|PCdoB}}{{Legenda|#FF4747|PPS}}{{Legenda|#00B2B2|REDE}}{{Legenda|#006400|PV}}{{Legenda|#C8C8C8|Sem partido}}}}

{| class="wikitable"
|-
! colspan="2" rowspan="2" | Posição
! rowspan="2" style="width:70px;" | Partidos políticos
! colspan="2" | Bancadas
! rowspan="2"| Ref
|-
! Câmara<ref>{{Citar web |url=http://www.camara.leg.br/Internet/Deputado/bancada.asp |título=Bancada dos partidos |publicado=Câmara dos Deputados do Brasil |acessodata=1º de abril de 2016}}</ref>
! Senado<ref>{{Citar web |url=https://www.senado.gov.br/senadores/senadoresPorPartido.asp |título=Senadoras e Senadores em exercício, ordenados por Partidos |publicado=Senado do Brasil |acessodata=1º de abril de 2016}}</ref>
|-
| rowspan=15 |'''A favor'''<br>(15)
| style="background-color: green" |
| [[Partido do Movimento Democrático Brasileiro|PMDB]]
| 68
| 18
| <ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/pmdb-decide-orientar-voto-favor-do-processo-de-impeachment-de-dilma.html |título=PMDB decide orientar voto a favor do processo de impeachment de Dilma |publicado=G1 |autor=Nathalia Passarinho |data=14 de abril de 2016 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido da Social Democracia Brasileira/meta/cor}}" |
| [[Partido da Social Democracia Brasileira|PSDB]]
| 51
| 11
| <ref>{{Citar web |url=http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/psdb-unifica-discurso-a-favor-do-impeachment-de-dilma-5td7iby5wj0muhz2vnsk6aktm |título=PSDB unifica discurso a favor do impeachment de Dilma |publicado=Gazeta do Povo |obra=Agência O Globo |data=10 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido Progressista/meta/cor}} |
| [[Partido Progressista (Brasil)|PP]]
| 47
| 6
| <ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/04/bancada-do-pp-decide-votar-favor-do-impeachment-de-dilma.html |título=Bancada do PP decide votar a favor do impeachment de Dilma |publicado=G1 |data=12 de abril de 2016 |acessodata=13 de abril de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Democratas (Brasil)/meta/cor}}" |
| [[Democratas (Brasil)|DEM]]
| 28
| 4
| <ref>{{Citar web |url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/233382/ |título=DEM anuncia que votará em peso a favor do impeachment |publicado=Congresso em Foco |data=22 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: #ed1c24" |
| [[Partido Socialista Brasileiro|PSB]]
| 31
| 7
| <ref>{{citar web|url=http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/bancada-do-psb-declara-apoio-ao-impeachment-de-dilma|publicado=Exame|data=7 de abril de 2016|acessodata=8 de abril de 2016|título=Bancada do PSB declara apoio ao impeachment de Dilma|autor=Estadão conteúdo}}</ref>
|-
| style="background-color: #999933" |
| [[Partido Social Democrático (2011)|PSD]]
| 36
| 3
| <ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1760476-por-30-votos-a-8-psd-vai-orientar-posicao-favoravel-ao-impeachment.shtml|publicado=Folha de S.Paulo|data=13 de abril de 2016|acessodata=13 de abril de 2016|título=Por 30 votos a 8, PSD vai orientar posição favorável ao impeachment|autor=Folha de S.Paulo}}</ref>
|-
| style="background-color: #4DBCE7" |
| [[Partido Republicano Brasileiro|PRB]]
| 22
| 1
| <ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pro-impeachment--russomanno-mantem-indicado-no-esporte,10000024656|publicado=Estadão|data=4 de abril de 2016|acessodata=7 de abril de 2016|título=Pró-impeachment, Russomano mantém indicado no Esporte|autor=Adriano Ceolin}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido Trabalhista Brasileiro/meta/cor}}" |
| [[Partido Trabalhista Brasileiro|PTB]]
| 19
| 2
| <ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1751586-contrario-ao-impeachment-de-dilma-collor-se-desfilia-do-ptb.shtml|título=Contrário ao impeachment de Dilma, Collor se desfilia do PTB |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Mariana Haubert |data=18 de março de 2016 |acessodata=24 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: #FBF405" |
| [[Partido Trabalhista Nacional|PTN]]
| 13
| 0
| <ref>{{citar web |url=http://www.ptn.org.br/2013/noticiasDet.asp?x=585 |título=Executiva Nacional do PTN divulga nota oficial sobre o impeachment |publicado=Partido Trabalhista Nacional |data=31 de março de 2016 |acessodata=1º de abril de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: #ff8c00" |
| [[Solidariedade (partido político)|SDD]]
| 14
| 0
| <ref>{{Citar web |url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/solidariedade-lanca-oficialmente-campanha-para-impeachment-de-dilma-rousseff/ |título=Solidariedade lança campanha para impeachment de Dilma |publicado=Congresso em Foco |data=12 de março de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: #009038" |
| [[Partido Social Cristão|PSC]]
| 9
| 1
| <ref>{{Citar web |url=http://www.psc.org.br/site/comunicacao-psc/todas-as-noticias/1503-psc-coordena-movimento-pr%C3%B3-impeachment-da-dilma.html |título=PSC coordena movimento pró-impeachment da Dilma |publicado=PSC |data=10 de setembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido Popular Socialista/meta/cor}}" |
| [[Partido Popular Socialista|PPS]]
| 8
| 1
| <ref>{{Citar web |url=http://www.bahianoticias.com.br/noticia/178280-pps-apoiara-pedido-de-impeachment-de-dilma-rousseff-feito-por-helio-bicudo.html |título=PPS apoiará pedido de impeachment de Dilma Rousseff feito por Hélio Bicudo |publicado=Bahia Notícias |data=5 de setembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido Verde (Brasil)/meta/cor}}" |
| [[Partido Verde (Brasil)|PV]]
| 6
| 1
| <ref>{{citar web|url=http://www.valedopianconoticias.com.br/noticias/exibir/partidos-e-entidades-apoiam-manifestacoes-pelo-impeachment-de-dilma |título=Partidos e entidades apoiam manifestações pelo impeachment de Dilma |data=13 de março de 2016 |acessodata=24 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: #0000cd |
| [[Partido Humanista da Solidariedade|PHS]]
| 7
| 0
| <ref>{{citar web|url=http://www.valor.com.br/politica/4523785/bloco-dos-nanicos-diz-apoiar-impeachment-mas-adesao-e-incerta|publicado=Valor Econômico|data=14 de abril de 2016|acessodata=16 de abril de 2016|título=Bruno Peres, Thiago Resende e Raphael Di Cunto}}</ref>
|-
| style="background-color: #20b2aa |
| [[Rede Sustentabilidade|REDE]]
| 5
| 1
| <ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/impeachment/rede-fecha-questao-pro-impeachment-mas-libera-deputados/|publicado=Estado de Minas|data=11 de abril de 2016|acessodata=15 de abril de 2016|título=Rede fecha questão pró-impeachment, mas libera deputados|autor=Severino Motta}}</ref>
|-
| rowspan=5 |'''Contra'''<br>(5)
| style="background-color: {{Partido dos Trabalhadores/meta/cor}}" |
| [[Partido dos Trabalhadores|PT]]
| 57
| 11
| <ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/03/pt-vai-ao-stf-contra-impeachment.htm |título=PT entra com 2º recurso no STF contra impeachment de Dilma |publicado=Uol |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido da República/meta/cor}}" |
|[[Partido da República|PR]]
| 40
| 4
| <ref>{{citar web|url=http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2015/10/pr-de-valdemar-costa-neto-votara-contra-o-impeachment.html|publicado=O Globo|acessodata=24 de março de 2016|data=6 de outubro de 2015|título=PR, de Valdemar Costa Neto, votará contra o impeachment|autor=Ricardo Noblat}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido Democrático Trabalhista/meta/cor}}" |
| [[Partido Democrático Trabalhista|PDT]]
| 20
| 3
| <ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/01/pdt-fecha-posicao-contra-o-impeachment-de-dilma.html |título=PDT fecha posição contra o impeachment de Dilma |publicado=G1 |data=22 de janeiro de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido Comunista do Brasil/meta/cor}}" |
| [[Partido Comunista do Brasil|PCdoB]]
| 12
| 1
| <ref>{{Citar web |url=http://www.pcdob.org.br/noticia.php?id_noticia=274167&id_secao=3 |título=Senadores reforçam discurso contra impeachment de Dilma |publicado=PC do B |data=15 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
| style="background-color: {{Partido Socialismo e Liberdade/meta/cor}}" |
| [[Partido Socialismo e Liberdade|PSOL]]
| 6
| 0
| <ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/12/04/apos-rede-psol-tambem-assume-posicao-contra-o-impeachment-de-dilma.htm |título=Após Rede, PSOL e PDT se posicionam contra o impeachment de Dilma |publicado=Uol |autor=Felipe Amorim |data=4 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>
|-
|}

=== Manifestações favoráveis de pessoas e entidades ===
[[Imagem:Manifestação em São Paulo contra corrupção e o governo Dilma em 13 de março de 2016 (4).jpg|thumb|250px|Manifestação em São Paulo contra corrupção e o governo Dilma, em 13 de março de 2016.]]
{{AP|Protestos antigovernamentais no Brasil em 2015–2016}}

Durante o processo de impedimento, houve manifestações populares. Em 13 de dezembro de 2015, ocorreu um ato em Brasília, que durou três horas e reuniu seis mil pessoas. A convocação foi feita pelas [[redes sociais]] e pedia não só o impedimento de Dilma como também a cassação do mandato de Eduardo Cunha. Atos semelhantes ocorreram em outras cem cidades, incluindo todas as capitais. Entretanto, esse evento foi menor que os anteriores (como o de maio), embora igualmente distribuído pelo país. Havia pessoas de variadas inclinações políticas, mas o objetivo comum era protestar contra o governo e a corrupção.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/12/manifestacao-pro-impeachment-de-dilma-fecha-centro-de-brasilia.html |titulo=Ato pró-impeachment de Dilma no DF termina com queima de 'caixão do PT' |publicado=G1 |autor=Lara Rizerio |data=13 de dezembro de 2015 |acessodata=15 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/domingo-de-protestos-anti-governo-e-termometro-para-impeachment,562db7d1229471eb54ef00fbf8f7da1ackpbhvh3.html |titulo=Dia de protestos anti-governo é termômetro para impeachment |publicado=Terra |obra=BBC Brasil |data=13 de dezembro de 2015 |acessodata=13 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,atos-perdem-publico-e-oposicao-espera-levar-processo-de-impeachment-ate-marco,10000004760 |titulo=Atos perdem público e oposição espera levar processo de impeachment até março |publicado=O Estado de S. Paulo |data=14 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref>

Todavia, em março de 2016, vários fatos agitaram a opinião pública a favor do ''impeachment'' e contra o governo do Partido dos Trabalhadores: a prisão, pela Operação Lava Jato, do publicitário [[João Santana]], marqueteiro das duas campanhas que elegeram Dilma; o vazamento da delação premiada do senador [[Delcídio do Amaral]], a qual continha graves acusações de que a presidente tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras e de que teria tentado obstruir as investigações da Justiça; e o pedido de prisão do [[Ministério Público de São Paulo]] contra o ex-presidente Lula, que se tornou o alvo principal da [[Operação Aletheia]] e foi acusado dos crimes de [[falsidade ideológica]], [[corrupção passiva]] e [[lavagem de dinheiro]].<ref>{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160311_protestos_analise_ms |titulo=Cinco visões: como os protestos vão impactar o processo de impeachment? |publicado=BBC Brasil |autor=Mariana Schreiber |data=14 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/09/mp-denuncia-lula-pelo-crime-de-lavagem-de-dinheiro-no-caso-do-triplex.htm |titulo=MP denuncia Lula pelo crime de lavagem de dinheiro no caso do tríplex |publicado=Uol |autor=Flávio Costa e Guilherme Azevedo |data=9 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Além disso, Lula estaria sendo cotado para assumir um ministério, com o objetivo declarado de evitar o ''impeachment'', além da vantagem, cogitada pela imprensa e oposição, de obter o [[foro privilegiado]].<ref>{{citar web |url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/03/dilma-aceita-oferecer-ministerio-a-lula-para-evitar-prisao-na-lava-jato-mas-ex-presidente-descarta-4993585.html |titulo=Dilma aceita oferecer ministério a Lula para evitar prisão na Lava-Jato, mas ex-presidente descarta |publicado=Zero Hora |data=9 de março de 2016 |acessodata=10 de março de 2016}}</ref>

Diante desse quadro, no dia 13 de março, os movimentos a favor do ''impeachment'' realizaram [[Protestos antigovernamentais no Brasil em 2016|protestos]] em todo o país, tendo como principais objetivos protestar contra o governo Dilma, a favor da Operação Lava Jato e em apoio à destituição da mandatária, além de apoiar o juiz federal [[Sérgio Moro]].<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2016/03/manifestantes-fazem-ato-contra-dilma-lula-e-o-pt-em-belo-horizonte.html |titulo=Manifestantes fazem ato contra Dilma, Lula e o PT em Belo Horizonte |publicado=G1 |data=13 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/03/manifestacoes-de-13-de-marco-em-todo-o-brasil-acompanhe.html |titulo=As manifestações de 13 de março em todo o Brasil |publicado=Época |data=13 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> O protesto foi considerado o maior ato político da história do país, superando as [[Diretas já]] de 1984.<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/manifestacoes-contra-governo-dilma-ocorrem-pelo-pais.html |titulo=Manifestantes fazem maior protesto nacional contra o governo Dilma |publicado=G1 |data=13 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Segundo os organizadores, eram 6,9 milhões de pessoas nas ruas, em 460 municípios de todos os estados do país e no Distrito Federal. Já de acordo com as polícias militares, esse número foi de 3,6 milhões.<ref>{{citar web |url=http://especiais.g1.globo.com/politica/mapa-manifestacoes-no-brasil/13-03-2016/contra/ |titulo=Mapa das manifestações contra Dilma, 13/03 |publicado=G1 |data=13 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref>

[[Imagem:Brazil protest 16 March 2016.jpg|thumb|250px|esquerda|Protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como Ministro da Casa Civil, em 16 de março de 2016.]]

Após a divulgação de [[Luiz Inácio Lula da Silva#Quebra de sigilo telefônico de Lula|gravações entre Lula e a presidente Dilma]], o conteúdo de [[Protestos antigovernamentais no Brasil em 2016#Conversa telefônica entre Dilma e Lula|uma das conversas]] gerou dúvidas sobre a real intenção de Dilma, e sugeriu-se que a presidente estava tentando obstruir a justiça com a nomeação.<ref>{{citar web |url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/grampos-indicam-que-dilma-agiu-para-tentar-evitar-prisao-de-lula |titulo=Grampos indicam que Dilma agiu para tentar evitar prisão de Lula |publicado=Veja |data=16 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/dialogo-com-lula-ameaca-dilma-traz-indicios-de-obstrucao-justica-18895072 |titulo=Diálogo com Lula ameaça Dilma e traz indícios de obstrução à Justiça |publicado=O Globo |autor=Maiá Menezes |data=17 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.financista.com.br/noticias/jota-nomeacao-de-lula-como-ministro-e-vista-como-obstrucao-da-justica-e-violacao-de-convencao-da-onu |titulo=JOTA: Nomeação de Lula como ministro é vista como obstrução da Justiça e violação de convenção da ONU |publicado=O Financista |data=16 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref>
<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750906-especialistas-citam-obstrucao-da-justica-outros-contestam-gravacao.shtml |titulo=Especialistas citam obstrução da Justiça; outros contestam gravação |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Thais Arbex, Guilherme Magalhães, Márcio Falcão e Mônica Bergamo |data=17 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> A confirmação da posse de Lula como [[Casa Civil (Brasil)|Ministro da Casa Civil]] causou grande indignação pública,<ref>{{citar web |url=https://www.washingtonpost.com/world/brazilians-protest-as-lula-under-investigation-gets-cabinet-position/2016/03/17/4e3dccf2-ebf0-11e5-bc08-3e03a5b41910_story.html |titulo=A ploy involving two of Brazil’s presidents ignites popular fury |publicado=The Washington Post |autor=Dom Phillips |data=17 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.ft.com/fastft/2016/03/17/lula-legal-challenge-fuels-brazil-market-rally/ |titulo=Lula legal challenge fuels Brazil market rally |publicado=Financial Times |data=17 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.nytimes.com/2016/03/19/opinion/brazils-political-crisis-deepens.html?_r=0 |titulo=Brazil’s Political Crisis Deepens |publicado=The New York Times |data=18 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> com protestos em muitas cidades do país.<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-03/oab-nacional-lamenta-teor-de-conversas-gravadas-e-seccionais-criticam |titulo=OAB nacional lamenta teor de conversas gravadas e seccionais criticam vazamento |publicado=Agência Brasil |autor=Alex Rodrigues |data=17 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.dn.pt/mundo/interior/oito-mil-pessoas-protestam-em-frente-ao-congresso-5083231.html |titulo=Noite de protestos. Mais de oito mil pessoas em frente ao Congresso |publicado=DN e Lusa |data=18 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Os eventos da quebra do sigilo e da posse de Lula agravaram a crise política e, consequentemente, os riscos de o pedido de ''impeachment'' ser levado até o fim, com a perda do cargo de Dilma.<ref>{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-trechos-polemicos-do-grampo-do-telefone-de-lula/ |titulo=Os trechos polêmicos do grampo do telefone de Lula |publicado=Estadão |data=17 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1751201-bolsa-sobe-66-e-dolar-cai-4-com-quadro-politico-e-exterior-favoravel.shtml |titulo=Bolsa sobe 6,6% e dólar cai 4% com risco de impeachment e cenário externo |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Eulina Oliveira |data=17 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref>

Além disso, houve manifestações de especialistas. [[Gustavo Franco]], que foi Presidente do [[Banco Central do Brasil|Banco Central]] no [[governo de Fernando Henrique Cardoso]], declarou que a recessão pela qual o país passava podia ser a pior desde 1900, quando os números passaram a ser confiáveis. Ele teorizou que o erro do governo foi começar a gastar demais depois da descoberta do [[pré-sal]], como se o Brasil fosse uma nova [[Venezuela]], rico em petróleo, e como se não houvesse mais limites para os gastos públicos. Ainda nas suas palavras, a solução econômica moderna para os países era conter gastos e a dívida interna do país estava fora da capacidade de pagamento do governo. Ele também citou a corrupção e disse que as pedaladas fiscais, que eram uma manobra para pagar programas sociais, foram uma confissão de crime.<ref>{{citar web |url=http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/442763_O+IMPEACHMENT+SERA+UM+RECOMECO+ |titulo=GUSTAVO FRANCO: "O IMPEACHMENT SERÁ UM RECOMEÇO" |publicado=Isto É |data=12 de dezembro de 2015 |acessodata=10 de março de 2016}}</ref>

As entidades e organizações da sociedade também se pronunciaram. A [[Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]] (FIESP), após uma pesquisa segundo a qual os empresários de São Paulo eram majoritariamente a favor do impedimento, aderiu ao movimento favorável ao processo, no que foi apoiada pelo [[Centro das Indústrias do Estado de São Paulo]] (CIESP) e pelas principais entidades empresariais paulistas. A decisão foi tomada em conselho, por unanimidade.<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/skaf-anuncia-apoio-da-fiesp-processo-de-impeachment-da-presidenta-dilma |titulo=Skaf anuncia apoio da Fiesp a processo de impeachment da presidenta Dilma |publicado=Agência Brasil |autor=Elaine Patricia Cruz |data=14 de dezembro de 2015 |acessodata=10 de março de 2016}}</ref>
<ref>{{citar web |url=http://www.clebertoledo.com.br/politica/2015/12/15/74485-apos-pesquisa-com-industriais-fiesp-e-ciesp-defendem-pro |titulo=Após pesquisa com industriais, Fiesp e Ciesp defendem processo de impeachment |publicado=CT |data=15 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Outra entidade, a [[Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro]] (FIRJAN), decidiu, em dezembro de 2015, posicionar-se favoravelmente ao pedido de ''impeachment'' da presidente Dilma.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/economia/fiesp-firjan-defendem-impeachment-de-dilma-18902113|publicado=O Globo|acessodata=25 de março de 2016|título=Fiesp e Firjan defendem impeachment de Dilma|autor=João Sorima Neto e Eliane Oliveira|data=17 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://extra.globo.com/noticias/extra-extra/firjan-se-pinta-de-verde-amarelo-favor-do-impeachment-de-dilma-rousseff-18932442.html|publicado=Globo|acessodata=25 de março de 2016|autor=Berenice Seara, Extra|data=22 de março de 2016|título=Firjan se pinta de verde e amarelo a favor do impeachment de Dilma Rousseff}}</ref>


Ainda conforme a revista, Lula, auxiliado por [[Jaques Wagner]] e [[Ricardo Berzoini]], mantinha um escritório dentro de um hotel de luxo em Brasília, no qual recebia políticos e oferecia cargos e emendas, de uma forma totalmente pragmática: quem oferecesse mais votos receberia mais vantagens. Em uma visita domiciliar, o PT ofertou a [[Helder Barbalho|Helder]] e [[Jader Barbalho]] uma série de benefícios, como R$ 3,2 bilhões para obras portuárias no Pará, com vistas à campanha pelo governo do estado. A partir de então, Hélder se tornou um dos mais ativos articuladores, dentro do PMDB, a favor de Dilma.<ref name="Negociatas "/><ref>{{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1759387-lula-monta-qg-em-hotel-de-brasilia-para-tentar-salvar-dilma.shtml|título=Lula monta 'QG' em hotel de Brasília para tentar salvar Dilma|publicado=Folha de S.Paulo|autor=Marina Dias|data=10-04-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref> Outro aliado que o PT conquistou foi [[Ciro Nogueira]], presidente do [[Partido Progressista (Brasil)|Partido Progressista]], cuja missão era conseguir os votos de sua bancada. Dentro da Câmara, o deputado [[Aguinaldo Ribeiro]], o Ministro de Transportes, [[Antonio Carlos Rodrigues]], o ex-ministro [[Alfredo Nascimento]], o ex-prefeito de São Paulo, [[Gilberto Kassab]], e o líder do governo na Câmara, [[José Guimarães]], eram articuladores do governo na Casa. Havia também uma investida em deputados do interior, menos suscetíveis às pressões do eleitorado e mais presos às conveniências locais, sendo portanto mais sedentos de emendas e cargos.<ref name="Negociatas "/>
=== Manifestações contrárias de pessoas e entidades ===
[[Imagem:Dilma reúne-se com governadores contrários ao impeachment.jpg|thumb|260px|Dilma durante reunião com governadores contrários ao ''impeachment'', em 8 de dezembro de 2015.]]


A versão de compra de votos foi contestada pelo ministro Berzoini. Ele disse que o governo estava conversando com os deputados, caso a caso, corpo a corpo, procurando pessoas que ouvissem seus argumentos. Segundo o ministro, o propósito do governo era buscar demonstrar que o pedido de ''impeachment'' era improcedente com base em argumentos, os quais procuravam provar que não havia configuração de crime de responsabilidade e que o relatório de Jovair estava politizando um exame que era fundamentalmente um exame de mérito.<ref name= "Argumentos do Planalto" >{{citar web|url=http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/04/13/berzoini-governo-tem-mais-de-200-votos-para-barrar-impeachment-na-camara/?from_rss=None|título=Berzoini: Governo tem mais de 200 votos para barrar impeachment na Câmara|publicado=Jornal do Brasil|obra=Agência Brasil|data=13-04-2016|acessodata=14-04-2016|wayb=20160701071313|urlmorta=sim}}</ref> Ainda nas palavras de Berzoini, a ação do governo era absolutamente direta, transparente, no sentido de mostrar que não se pode brincar com a democracia, e que era hora de ter um juízo absolutamente desprovido de paixões. Não se tratava de gostar ou não do governo, de apoiar ou não a presidente, mas sim de cuidar da democracia, que é um bem fundamental de todo o povo brasileiro. Naquele momento, Dilma estava se reunindo com líderes partidários favoráveis a ela, incluindo membros do PMDB. Depois do encontro, ela fez um discurso em que propôs um "grande pacto" e um "diálogo nacional" com todos os segmentos da sociedade, caso o ''impeachment'' fosse derrotado.<ref name= "Argumentos do Planalto"/>
Assim como houve manifestações favoráveis, houve também manifestações contrárias. O [[Conselho Nacional de Igrejas Cristãs]] e a [[Conferência Nacional dos Bispos do Brasil]] se postaram oficialmente contra o processo de impedimento.<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1715879-liderancas-catolicas-e-evangelicas-condenam-pedido-de-impeachment.shtml |titulo=Lideranças católicas e evangélicas condenam pedido de impeachment |publicado=Folha de S.Paulo |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Algumas universidades também protestaram. Em 10 de dezembro, reitores e pró-reitores de 41 universidades e institutos técnicos federais entregaram uma carta de manifestação contra o pedido.<ref name="Movimentos sociais contra o impeachment">{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/reitores-e-movimentos-sociais-entregam-a-berzoini-carta-contra-o-impeachment,8ccb2e1ddd065dd743d5e93a89e67fc6tro3bj1c.html |titulo=Movimentos sociais entregam carta contra impeachment |publicado=Terra |obra=Agência Brasil |data=10 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Além disso, diversas entidades de trabalhadores se uniram ao grupo contrário ao processo: a [[Central Única dos Trabalhadores]], o [[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]], a [[União Nacional dos Estudantes]], a [[Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura]] e a [[Marcha Mundial das Mulheres]].<ref name="Movimentos sociais contra o impeachment" />


Mais tarde, após o fim do processo de ''impeachment'', de acordo com a delação de [[Joesley Batista]], ele teria sido procurado por parlamentares a favor do [[Governo Dilma Rousseff|governo Dilma]] para comprar 30 votos contra o ''impeachment'', mas não teria condições financeiras de arcar com todos os pagamentos e teria negociado a compra de cinco,<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/joesley-diz-que-pagou-cinco-deputados-para-votarem-contra-impeachment-de-dilma/|publicado=Estadão|acessodata=26-10-2017|título=Joesley diz que 'comprou' cinco deputados para votarem contra impeachment de Dilma}}</ref> em um valor total de 35 milhões de reais.<ref>{{citar web|url=https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/05/19/dono-da-jbs-pagou-r-35-mi-por-compra-de-deputados-para-barrar-impeachment-de-dilma.htm|publicado=Uol|título=Dono da JBS pagou R$ 3,5 mi por 'compra' de deputados para barrar impeachment de Dilma|autor=Gustavo Maia}}</ref> Segundo o delator, o dinheiro era distribuído pelo deputado federal [[João Carlos Bacelar Filho|João Bacelar]].<ref>{{citar web|url=http://odia.ig.com.br/brasil/2017-05-19/presidente-da-jbs-comprou-voto-de-deputados-a-favor-do-impeachment-de-dilma.html|publicado=iG|obra=O Dia|data=19-05-2017|acessodata=26-10-2017|título=Presidente da JBS comprou voto de deputados a favor do impeachment de Dilma}}</ref>
Além dessas instituições, dezesseis governadores, durante um encontro com Dilma, assinaram a "Carta pela Legalidade", contrária ao processo.<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/dilma-conversa-com-governadores-sobre-impeachment |titulo=Dilma conversa com governadores sobre impeachment |publicado=Agência Brasil |autor=Paulo Victor Chagas |data=8 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Mais tarde, dezesseis prefeitos de capitais se uniram aos governadores nesse protesto.<ref>{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/prefeitos-se-reunem-com-dilma-e-repudiam-pedido-de-abertura-de-impeachment,a54c514a8a19e6fd7942fc3fc5a2f4f4pte1n6zd.html |titulo=Prefeitos se reúnem com Dilma e repudiam impeachment |publicado=Terra |data=14 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> A presidente também recebeu o apoio de trinta juristas, que se reuniram com ela no dia 7 de dezembro.<ref>{{citar web |url=http://radioagencianacional.ebc.com.br/politica/audio/2015-12/grupo-de-juristas-partem-em-defesa-de-dilma-rousseff |titulo=Juristas defendem Dilma e criticam argumentos para impeachment |publicado=Agência Brasil |autor=Danyele Soares |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Um deles, o professor Luiz Moreira Gomes Júnior, questionou a base constitucional do pedido e a credibilidade de Cunha para conduzi-lo.<ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/pedido-de-impeachment-e-golpe-parlamentar-aceito-por-capricho-diz-jurista |titulo=Pedido de impeachment é golpe parlamentar aceito por "capricho", diz jurista |publicado=Agência Brasil |autor=Paulo Victor Chagas |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref>


Segundo Lúcio Funaro, delator na [[Operação Lava Jato]], em depoimento em agosto de 2017, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, [[Eduardo Cunha]], teria recebido um milhão de reais para comprar votos a favor do ''impeachment'' de Dilma Rousseff.<ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1927138-cunha-recebeu-r-1-mi-para-comprar-votos-do-impeachment-de-dilma-diz-funaro.shtml|publicado=Uol|obra=Folha de S.Paulo|título=Cunha recebeu R$ 1 mi para 'comprar' votos do impeachment de Dilma, diz Funaro|data=14-10-2017|acessodata=26-10-2017}}</ref> Funaro disse que recebeu as mensagem de Cunha dias antes da votação do ''impeachment''. "Ele me pergunta se eu tinha disponibilidade de dinheiro, que ele pudesse ter algum recurso disponível pra comprar algum voto ali favorável ao impeachment da Dilma. E eu falei que ele podia contar com até R$ 1 milhão e que eu liquidaria isso para ele em duas semanas no máximo", disse Funaro em depoimento à justiça.<ref>{{citar web|url=http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/10/15/cunha-recebeu-r-1-milhao-para-comprar-impeachment-de-dilma-diz-funaro/|publicado=Jornal do Brasil|título=Cunha recebeu R$ 1 milhão para comprar impeachment de Dilma, diz Funaro|acessodata=26-10-2017}}</ref>
O jurista Marcello Lavenére, que era presidente da [[Ordem dos Advogados do Brasil|OAB]] em 1992 e que foi o autor do [[Impeachment de Fernando Collor|pedido de ''impeachment'' de Fernando Collor]], afirmou que o caso de Dilma era diferente porque ela não era alvo de acusações de prática de atos ilícitos.<ref>{{citar web |url=http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/08/noticias/a_gazeta/politica/1348385-se-pt-deu-motivo-vai-pagar-o-preco.html |titulo=Marcelo Lavenère, que foi o presidente da OAB na época de Collor, faz análise sobre mensalão |publicado=A Gazeta |autor=Ednalva Andrade |data=16 de agosto de 2012 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref name="Marcello Lavenére">{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1715482-pedalada-fiscal-e-desculpa-diz-autor-de-pedido-de-impeachment-de-collor.shtml |titulo=Pedalada fiscal é desculpa', diz autor de pedido de impeachment de Collor |publicado=Folha de S.Paulo |autor=Thiago Amâncio |data=6 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Na visão de Lavenére, seria na verdade um caso de disputa política; ele repudiou a controvérsia sobre a meta fiscal, defendendo a impossibilidade de um mandato ser afetado por atos do mandato anterior (as pedaladas).<ref name="Marcello Lavenére" /> Segundo esse raciocínio, os atos da presidente no primeiro mandato poderiam ser usados contra ela na esfera judicial, mas não poderiam barrar o segundo mandato.<ref name="Marcello Lavenére" />


== Reações e repercussão ==
[[Ficheiro:Atos pró e contra o impeachment na Esplanada.jpg|thumb|esquerda|240px|Manifestantes a favor do ''impeachment'' (que estão no lado direito) e contra o ''impeachment'' (que estão no lado esquerdo) ocupam a Esplanada dos Ministérios durante o processo de votação na Câmara dos Deputados.]]
{{VT|Pesquisas de opinião sobre o impeachment de Dilma Rousseff}}


=== Manifestações favoráveis ===
Outras lideranças políticas nacionais também se manifestaram. [[Flávio Dino]] (PCdoB-MA), [[Ciro Gomes]] (PDT-CE) e [[Carlos Lupi]] (PDT-RJ) lançaram um movimento chamado "Rede da Legalidade contra o ''impeachment'' da presidente Dilma Rousseff".<ref>{{citar web |url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/politicos-lancam-nova-rede-da-legalidade-contra-impeachment-de-dilma/ |titulo=Lançada “rede da legalidade” contra o ''impeachment'' |publicado=Congressoemfoco |autor=Luma Poletti |data=6 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Os líderes políticos pretendiam usar a Internet, mais precisamente as redes sociais, para defender sua oposição ao pedido. Eles criaram a página "Golpe nunca mais" no ''Facebook''. O nome era uma referência ao projeto "Brasil nunca mais", que denunciou os crimes cometidos pela ditadura militar contra os seus opositores políticos. Segundo os políticos citados, o ''impeachment'' era um golpe porque o processo feria a Constituição. Dilma não teve, segundo eles, participação direta em crimes de responsabilidade.<ref>{{citar web |url=http://noticias.r7.com/brasil/politicos-classificam-como-golpe-tentativa-de-impeachment-e-lancam-rede-da-legalidade-06122015 |titulo=Políticos classificam como golpe tentativa de impeachment e lançam "Rede da Legalidade" |publicado=R7 |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-12-06/michel-temer-e-o-capitao-do-golpe-afirma-ciro-gomes.html |titulo="Michel Temer é o capitão do golpe", afirma Ciro Gomes |publicado=iG |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/contra-impeachment-16-governadores-entregam-dilma-carta-pela-legalidade |titulo=Contra impeachment, 16 governadores entregam a Dilma Carta pela Legalidade |publicado=Agência Brasil |autor=Paulo Victor Chagas |data=8 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref>
{{AP|Protestos contra o governo Dilma Rousseff}}
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| image1 = Manifestação em São Paulo contra corrupção e o governo Dilma em 13 de março de 2016 (4).jpg
| caption1 = Manifestação em São Paulo contra a corrupção e o governo Dilma, em 13 de março de 2016.
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| caption2 = Protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como Ministro da Casa Civil, em 16 de março de 2016.
}}
Em 13 de dezembro de 2015, um ato convocado através de sites de rede social reuniu 6 mil pessoas em Brasília, de diversas inclinações políticas, pedindo impeachment da Dilma e cassação do mandato de Eduardo Cunha; atos semelhantes ocorreram em outras 100 cidades, incluídas todas as capitais.<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/12/manifestacao-pro-impeachment-de-dilma-fecha-centro-de-brasilia.html|titulo=Ato pró-impeachment de Dilma no DF termina com queima de 'caixão do PT'|publicado=G1|autor=Lara Rizerio|data=13-12-2015|acessodata=15-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/domingo-de-protestos-anti-governo-e-termometro-para-impeachment,562db7d1229471eb54ef00fbf8f7da1ackpbhvh3.html|titulo=Dia de protestos anti-governo é termômetro para impeachment|publicado=Terra|obra=BBC Brasil|data=13-12-2015|acessodata=13-12-2015}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/atos-perdem-publico-e-oposicao-espera-levar-processo-de-impeachment-ate-marco/|titulo=Atos perdem público e oposição espera levar processo de impeachment até março|publicado=O Estado de S. Paulo|data=14-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref>


Em março de 2016, vários fatos agitaram a opinião pública a favor do impeachment: [[João Santana]], marqueteiro das duas campanhas presidenciais de Dilma, é preso pela Operação Lava-Jato; a delação premiada de [[Delcídio do Amaral]] vaza, espalhando as graves acusações de que Dilma sabia do esquema de corrupção da Petrobrás e tentava obstruir as investigações; e o pedido de prisão, pelo [[Ministério Público de São Paulo]], do ex-presidente Lula,<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160311_protestos_analise_ms|titulo=Cinco visões: como os protestos vão impactar o processo de impeachment?|publicado=BBC Brasil|autor=Mariana Schreiber|data=14-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/09/mp-denuncia-lula-pelo-crime-de-lavagem-de-dinheiro-no-caso-do-triplex.htm|titulo=MP denuncia Lula pelo crime de lavagem de dinheiro no caso do tríplex|publicado=Uol|autor=Flávio Costa e Guilherme Azevedo|data=09-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref> seguido de Lula estar cotado para assumir um ministério, o que lhe traria [[foro privilegiado]].<ref>{{citar web|url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/03/dilma-aceita-oferecer-ministerio-a-lula-para-evitar-prisao-na-lava-jato-mas-ex-presidente-descarta-4993585.html|titulo=Dilma aceita oferecer ministério a Lula para evitar prisão na Lava-Jato, mas ex-presidente descarta|publicado=Zero Hora|data=09-03-2016|acessodata=10-03-2016}}</ref>
Quanto às manifestações populares, movimentos sociais e sindicais, professores e estudantes fizeram passeatas nas ruas, no dia 16 de dezembro, em 23 cidades, incluindo dezoito capitais, defendendo o Partido dos Trabalhadores e a democracia, manifestando-se contra o pedido de abertura de ''impeachment'' da presidente Dilma Rousseff e pedindo a saída de Eduardo Cunha da Câmara.<ref name="Protesto contra o impeachment em 16 de dezembro">{{citar web |url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/sao-paulo-movimentos-sociais-e-sindicais-se-unem-em-ato-contra-impeachment,bea56220f349db2d10955a7cac17d624syphto7w.html |titulo=#DilmaFica: atos em todo Brasil se unem contra impeachment |publicado=Terra |data=16 de dezembro de 2015 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Participaram do ato integrantes da [[Central Única dos Trabalhadores|CUT]], da [[Intersindical]], do [[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]] (MST), do [[Movimento dos Trabalhadores Sem Teto]] (MTST), da [[Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil]] (CTB), da [[União Nacional dos Estudantes]] (UNE), entre outras entidades.<ref name="Protesto contra o impeachment em 16 de dezembro" />


Diante deste quadro, em 13 de março, os protestos pelo impeachment de Dilma<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2016/03/manifestantes-fazem-ato-contra-dilma-lula-e-o-pt-em-belo-horizonte.html|titulo=Manifestantes fazem ato contra Dilma, Lula e o PT em Belo Horizonte|publicado=G1|data=13-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/03/manifestacoes-de-13-de-marco-em-todo-o-brasil-acompanhe.html|titulo=As manifestações de 13 de março em todo o Brasil|publicado=Época|data=13-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref> obtiveram adesão tamanha a ponto de ser considerado o maior ato político da história do país, superando mesmo as [[Diretas já]] de 1984:<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/manifestacoes-contra-governo-dilma-ocorrem-pelo-pais.html|titulo=Manifestantes fazem maior protesto nacional contra o governo Dilma|publicado=G1|data=13-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref> as estimativas ficaram entre 3,6 milhões (pelas polícias militares) e 6,9 milhões (pelos organizadores), em 337 municípios.<ref>{{citar web|url=http://especiais.g1.globo.com/politica/mapa-manifestacoes-no-brasil/13-03-2016/contra/|titulo=Mapa das manifestações contra Dilma, 13/03|data=13-03-2016|acessodata=18-09-2018|publicado=G1}}</ref>
Logo após a formação da comissão de impedimento na Câmara dos Deputados, houve uma série de manifestações pró-Dilma em todo o país. Os 26 estados e o Distrito Federal tiveram protestos na sexta-feira, 18 de março, com gritos de "não vai ter golpe" e faixas "em defesa da democracia".<ref name="Protesto contra o impeachment em 18 de março">{{citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160318_protesto_anti_impeachment_ab |titulo=Entrei para ajudar Dilma', diz Lula; manifestantes contra impeachment se reúnem em diversas cidades |publicado=BBC |data=18 de março de 2016 |acessodata=18 de março de 2016}}</ref> Os atos foram convocados por movimentos sociais e pelas entidades CUT e UNE. Lula fez um discurso na manifestação da [[Avenida Paulista]], em São Paulo. Ele disse que "entrou no governo para fazer a coisa que tem que fazer" e que o restante do mandato de Dilma "é tempo suficiente para a gente virar esse país".<ref name="Protesto contra o impeachment em 18 de março" />


Após a divulgação de [[Luiz Inácio Lula da Silva#Quebra de sigilo telefônico de Lula|gravações entre Lula e a presidente Dilma]]{{quando}}, o conteúdo de [[Operação Aletheia#Conversa telefônica entre Dilma e Lula|uma das conversas]] gerou dúvidas sobre a real intenção de Dilma, e sugeriu-se que a presidente estava tentando obstruir a justiça com a nomeação.<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/grampos-indicam-que-dilma-agiu-para-tentar-evitar-prisao-de-lula|titulo=Grampos indicam que Dilma agiu para tentar evitar prisão de Lula|publicado=Veja|data=16-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/dialogo-com-lula-ameaca-dilma-traz-indicios-de-obstrucao-justica-18895072|titulo=Diálogo com Lula ameaça Dilma e traz indícios de obstrução à Justiça|publicado=O Globo|autor=Maiá Menezes|data=17-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.financista.com.br/noticias/jota-nomeacao-de-lula-como-ministro-e-vista-como-obstrucao-da-justica-e-violacao-de-convencao-da-onu|titulo=JOTA: Nomeação de Lula como ministro é vista como obstrução da Justiça e violação de convenção da ONU|publicado=O Financista|data=16-03-2016|acessodata=18-03-2016|wayb=20160318193302|urlmorta=sim}}</ref>
Durante o processo, muitos atos públicos contra e a favor continuaram acontecendo. Em 31 de março, no momento da efervescência da comissão especial, milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades, protestando contra o pedido de impedimento e se posicionando "a favor da democracia". Esse evento foi convocado pela [[Frente Brasil Popular]] e pela Frente Povo Sem Medo. Responsáveis por reunir mais de sessenta movimentos sociais e sindicatos, as entidades também protestaram contra o ajuste fiscal e a reforma da Previdência. Os outros partidos de esquerda aderiram ao movimento, apesar das divergências com o governo.<ref name= "Protestos"/> Na [[Praça da Sé (São Paulo)|Praça da Sé]], cerca de cinquenta mil pessoas se reuniram com o bordão "Em Defesa da Democracia, Golpe Nunca Mais". Reuniões populares semelhantes aconteceram por todo o país.<ref name="Protestos">{{Citar web |autor= Redação |url=http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/milhares-saem-as-ruas-em-defesa-da-democracia-e-contra-o-impeachment |título=Milhares saem às ruas contra o impeachment de Dilma Rousseff |publicado=Carta Capital |data=31 de março de 2016 |acessodata=1º de abril de 2016}}</ref> De acordo com as estimativas, entre 159 mil (segundo as polícias militares) e 824 mil (segundo os organizadores) estiveram presentes.<ref>{{citar web |url=http://especiais.g1.globo.com/politica/mapa-manifestacoes-no-brasil/31-03-2016/pro/ |titulo=MAPA DAS MANIFESTAÇÕES PRÓ-DILMA, 31/03 |publicado=G1 |data=31 de março de 2016 |acessodata=1º de abril de 2016}}</ref>
<ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750906-especialistas-citam-obstrucao-da-justica-outros-contestam-gravacao.shtml|titulo=Especialistas citam obstrução da Justiça; outros contestam gravação|publicado=Folha de S.Paulo|autor=Thais Arbex, Guilherme Magalhães, Márcio Falcão e Mônica Bergamo|data=17-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref> A confirmação da posse de Lula como [[Casa Civil (Brasil)|Ministro da Casa Civil]] causou grande indignação pública,<ref>{{citar web|url=https://www.washingtonpost.com/world/brazilians-protest-as-lula-under-investigation-gets-cabinet-position/2016/03/17/4e3dccf2-ebf0-11e5-bc08-3e03a5b41910_story.html|titulo=A ploy involving two of Brazil’s presidents ignites popular fury|publicado=The Washington Post|autor=Dom Phillips|data=17-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.ft.com/fastft/2016/03/17/lula-legal-challenge-fuels-brazil-market-rally/|titulo=Lula legal challenge fuels Brazil market rally|publicado=Financial Times|data=17-03-2016|acessodata=18-03-2016|wayb=20160319030029|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.nytimes.com/2016/03/19/opinion/brazils-political-crisis-deepens.html?_r=0|titulo=Brazil’s Political Crisis Deepens|publicado=The New York Times|data=18-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref> com protestos em muitas cidades do país.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-03/oab-nacional-lamenta-teor-de-conversas-gravadas-e-seccionais-criticam|titulo=OAB nacional lamenta teor de conversas gravadas e seccionais criticam vazamento|publicado=Agência Brasil|autor=Alex Rodrigues|data=17-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.dn.pt/mundo/interior/oito-mil-pessoas-protestam-em-frente-ao-congresso-5083231.html|titulo=Noite de protestos. Mais de oito mil pessoas em frente ao Congresso|publicado=DN e Lusa|data=18-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref> Os eventos da quebra do sigilo e da posse de Lula agravaram a crise política e, consequentemente, os riscos de o pedido de ''impeachment'' ser levado até o fim, com a perda do cargo de Dilma.<ref>{{citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-trechos-polemicos-do-grampo-do-telefone-de-lula/|titulo=Os trechos polêmicos do grampo do telefone de Lula|publicado=Estadão|data=17-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1751201-bolsa-sobe-66-e-dolar-cai-4-com-quadro-politico-e-exterior-favoravel.shtml|titulo=Bolsa sobe 6,6% e dólar cai 4% com risco de impeachment e cenário externo|publicado=Folha de S.Paulo|autor=Eulina Oliveira|data=17-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref>


[[Gustavo Franco]], ex-presidente do [[Banco Central do Brasil|Banco Central]] durante o [[governo de Fernando Henrique Cardoso]], teorizou{{quando}} que o erro do governo foi começar a gastar demais depois da descoberta do [[pré-sal]], como se o Brasil fosse uma nova [[Venezuela]], rico em petróleo, e como se não houvesse mais limites para os gastos públicos. Ainda nas suas palavras, a solução econômica moderna para os países era conter gastos e a dívida interna do país estava fora da capacidade de pagamento do governo. Ele também citou a corrupção e disse que as "pedaladas fiscais", que eram uma manobra para pagar programas sociais, foram uma confissão de crime.<ref>{{citar web|url=http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/442763_O+IMPEACHMENT+SERA+UM+RECOMECO+|titulo=GUSTAVO FRANCO: "O IMPEACHMENT SERÁ UM RECOMEÇO"|publicado=Isto É|data=12-12-2015|acessodata=10-03-2016}}</ref> A [[Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]] (FIESP) aderiu aos apoiadores do impeachment, após uma pesquisa de opinião com os empresários de São Paulo confirmar esta posição.<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/skaf-anuncia-apoio-da-fiesp-processo-de-impeachment-da-presidenta-dilma|titulo=Skaf anuncia apoio da Fiesp a processo de impeachment da presidenta Dilma|publicado=Agência Brasil|autor=Elaine Patricia Cruz|data=14-12-2015|acessodata=10-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.clebertoledo.com.br/politica/2015/12/15/74485-apos-pesquisa-com-industriais-fiesp-e-ciesp-defendem-pro|titulo=Após pesquisa com industriais, Fiesp e Ciesp defendem processo de impeachment|publicado=CT|data=15-12-2015|acessodata=18-03-2016|wayb=20151222142958|urlmorta=sim}}</ref> Em dezembro de 2015, a [[Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro]] (FIRJAN) também posicionou-se a favor.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/economia/fiesp-firjan-defendem-impeachment-de-dilma-18902113|publicado=O Globo|acessodata=25-03-2016|título=Fiesp e Firjan defendem impeachment de Dilma|autor=João Sorima Neto e Eliane Oliveira|data=17-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://extra.globo.com/noticias/extra-extra/firjan-se-pinta-de-verde-amarelo-favor-do-impeachment-de-dilma-rousseff-18932442.html|publicado=Globo|acessodata=25-03-2016|autor=Berenice Seara, Extra|data=22-03-2016|título=Firjan se pinta de verde e amarelo a favor do impeachment de Dilma Rousseff}}</ref>
===Manifestações internacionais===


==== Imprensa estrangeira ====
=== Manifestações contrárias ===
{{Imagem múltipla
[[Imagem:Capa do jornal Página 12 sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff.jpeg|thumb|upright|Capa do ''[[Página/12]]'' sobre o processo contra Dilma. Para o jornal argentino, o afastamento da presidente seria um "golpe institucional."]]
| align = left
| direction = vertical
| width = 220
| image1 = Dilma reúne-se com governadores contrários ao impeachment.jpg
| caption1 = Dilma durante reunião com governadores contrários ao ''impeachment'', em 8 de dezembro de 2015.
| image2 = Atos pró e contra o impeachment na Esplanada.jpg
| caption2 = Manifestantes a favor do ''impeachment'' (no lado direito) e contra o ''impeachment'' (no lado esquerdo) ocupam a Esplanada dos Ministérios durante o processo de votação na Câmara dos Deputados.
}}
Posicionaram-se contra o ''impeachment'' o [[Conselho Nacional de Igrejas Cristãs]], [[Conferência Nacional dos Bispos do Brasil]],<ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1715879-liderancas-catolicas-e-evangelicas-condenam-pedido-de-impeachment.shtml|titulo=Lideranças católicas e evangélicas condenam pedido de impeachment|publicado=Folha de S.Paulo|data=07-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref> reitores e pró-reitores de 41 universidades e institutos técnicos federais,<ref name="Movimentos sociais contra o impeachment">{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/reitores-e-movimentos-sociais-entregam-a-berzoini-carta-contra-o-impeachment,8ccb2e1ddd065dd743d5e93a89e67fc6tro3bj1c.html|titulo=Movimentos sociais entregam carta contra impeachment|publicado=Terra|obra=Agência Brasil|data=10-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref> a [[Central Única dos Trabalhadores]], o [[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]], a [[União Nacional dos Estudantes]], a [[Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura]], a [[Marcha Mundial das Mulheres]],<ref name="Movimentos sociais contra o impeachment" /> 16 governadores,<ref>{{citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/dilma-conversa-com-governadores-sobre-impeachment|titulo=Dilma conversa com governadores sobre impeachment|publicado=Agência Brasil|autor=Paulo Victor Chagas|data=08-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref> 16 prefeitos de capitais,<ref>{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/prefeitos-se-reunem-com-dilma-e-repudiam-pedido-de-abertura-de-impeachment,a54c514a8a19e6fd7942fc3fc5a2f4f4pte1n6zd.html|titulo=Prefeitos se reúnem com Dilma e repudiam impeachment|publicado=Terra|data=14-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref>


O jurista Marcello Lavenére, que era presidente da [[Ordem dos Advogados do Brasil|OAB]] em 1992 e que foi o autor do [[Impeachment de Fernando Collor|pedido de ''impeachment'' de Fernando Collor]], afirmou que o caso de Dilma era diferente porque ela não era alvo de acusações de prática de atos ilícitos.<ref>{{citar web|url=http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/08/noticias/a_gazeta/politica/1348385-se-pt-deu-motivo-vai-pagar-o-preco.html|titulo=Marcelo Lavenère, que foi o presidente da OAB na época de Collor, faz análise sobre mensalão|publicado=A Gazeta|autor=Ednalva Andrade|data=16-08-2012|acessodata=18-03-2016|wayb=20160304071738|urlmorta=sim}}</ref><ref name="Marcello Lavenére">{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1715482-pedalada-fiscal-e-desculpa-diz-autor-de-pedido-de-impeachment-de-collor.shtml|titulo=Pedalada fiscal é desculpa', diz autor de pedido de impeachment de Collor|publicado=Folha de S.Paulo|autor=Thiago Amâncio|data=06-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref> Na visão de Lavenére, seria na verdade um caso de disputa política; ele repudiou a controvérsia sobre a meta fiscal, defendendo a impossibilidade de um mandato ser afetado por atos do mandato anterior (as pedaladas).<ref name="Marcello Lavenére" /> Segundo esse raciocínio, os atos da presidente no primeiro mandato poderiam ser usados contra ela na esfera judicial, mas não poderiam barrar o segundo mandato.<ref name="Marcello Lavenére" />
Até meados de agosto de 2015, a imprensa internacional colocou-se majoritariamente contrária ao ''impeachment'' de Dilma. Nesse sentido, o ''[[The New York Times]]'', o ''[[The Financial Times]]'', o ''[[El País]]'' e o ''[[France Presse]]'' divulgaram editoriais ou notícias contrárias à medida.<ref>{{Citar web |url=http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2015/08/18/em-editoriais-imprensa-estrangeira-se-coloca-contra-impeachment-no-brasil/ |título=Em editoriais, imprensa estrangeira se coloca contra impeachment no Brasil |publicado=Uol |autor=Daniel Buarque |data=18 de agosto de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> Na opinião do ''Financial Times'', se fosse destituída, Dilma "provavelmente seria substituída por outro político medíocre." Na avaliação do ''France Presse'', o ''impeachment'' colocava em risco a democracia no país,<ref>{{Citar web |url=https://uk.news.yahoo.com/impeaching-rousseff-could-imperil-brazilian-democracy-200745424.html |título=Impeaching Rousseff could imperil Brazilian democracy |publicado=Yahoo |obra=France Presse |autor=Laura Bonilla Cal |data=17 de agosto de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> enquanto o ''The New York Times'' expôs que a presidente "admiravelmente não demonstrou esforços para constranger ou influenciar as investigações [da Operação Lava Jato]."<ref>{{Citar web |url=http://www.nytimes.com/2015/08/18/opinion/brazils-rising-turbulence.html?_r=0 |título=Brazil’s Rising Turbulence |publicado=The New York Times |data=17 de agosto de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>


Quanto às manifestações populares, movimentos sociais e sindicais, professores e estudantes fizeram passeatas nas ruas, no dia 16 de dezembro, em 23 cidades, incluindo dezoito capitais, defendendo o Partido dos Trabalhadores e a democracia, manifestando-se contra o pedido de abertura de ''impeachment'' da presidente Dilma Rousseff e pedindo a saída de Eduardo Cunha da Câmara.<ref name="Protesto contra o impeachment em 16 de dezembro">{{citar web|url=http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/impeachment/sao-paulo-movimentos-sociais-e-sindicais-se-unem-em-ato-contra-impeachment,bea56220f349db2d10955a7cac17d624syphto7w.html|titulo=#DilmaFica: atos em todo Brasil se unem contra impeachment|publicado=Terra|data=16-12-2015|acessodata=18-03-2016}}</ref> Participaram do ato integrantes da [[Central Única dos Trabalhadores|CUT]], da Intersindical, do [[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]] (MST), do [[Movimento dos Trabalhadores Sem Teto]] (MTST), da [[Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil]] (CTB), da [[União Nacional dos Estudantes]] (UNE), entre outras entidades.<ref name="Protesto contra o impeachment em 16 de dezembro" /> Logo após a formação da comissão de impedimento na Câmara dos Deputados, houve uma série de manifestações pró-Dilma em todo o país. Os 26 estados e o Distrito Federal tiveram protestos na sexta-feira, 18 de março, com gritos de "não vai ter golpe" e faixas "em defesa da democracia".<ref name="Protesto contra o impeachment em 18 de março">{{citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160318_protesto_anti_impeachment_ab|titulo=Entrei para ajudar Dilma', diz Lula; manifestantes contra impeachment se reúnem em diversas cidades|publicado=BBC|data=18-03-2016|acessodata=18-03-2016}}</ref> Os atos foram convocados por movimentos sociais e pelas entidades CUT e UNE. Lula fez um discurso na manifestação da [[Avenida Paulista]], em São Paulo. Ele disse que "entrou no governo para fazer a coisa que tem que fazer" e que o restante do mandato de Dilma "é tempo suficiente para a gente virar esse país".<ref name="Protesto contra o impeachment em 18 de março" />
Logo após a aceitação do pedido, o jornal francês ''[[Le Figaro]]'' declarou que "A decisão de abrir o processo de ''impeachment'' arrisca afundar o Brasil em uma gravíssima crise política que pode paralisar por meses o gigante da [[América Latina]] (...)."<ref>{{Citar web |url=http://www.lefigaro.fr/flash-actu/2015/12/02/97001-20151202FILWWW00402-bresil-le-president-de-l-assemblee-veut-destituer-rousseff.php |título=Brésil: une procédure de destitution lancée contre Rousseff |publicado=Le Figaro |data=2 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> O italiano ''[[La Repubblica]]'' relatou que o processo era um confronto entre o Presidente da Câmara e a Presidente da República.<ref>{{Citar web |url=http://www.repubblica.it/esteri/2015/12/03/news/brasile_ok_a_impeachment_rousseff_la_presidente_e_indignata_-128675077/?refresh_ce |título=Brasile, ok a impeachment Rousseff. La presidente è "indignata" |publicado=La Repubblica |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> Da mesma forma, o ''[[Le Monde]]'' citou que a abertura do processo era um ato de vingança pessoal de Eduardo Cunha.<ref>{{Citar web |url=http://www.lemonde.fr/ameriques/article/2015/12/03/au-bresil-dilma-rousseff-menacee-par-une-procedure-de-destitution_4822632_3222.html |título=La présidente du Brésil visée par une procédure de destitution |publicado=Le Monde |autor=Claire Gatinois |data=3 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>


Durante o processo, muitos atos públicos contra e a favor continuaram acontecendo. Em 31 de março, no momento da efervescência da comissão especial, milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades, protestando contra o pedido de impedimento e se posicionando "a favor da democracia". Esse evento foi convocado pela [[Frente Brasil Popular (2015)|Frente Brasil Popular]] e pela [[Frente Povo sem Medo]]. Responsáveis por reunir mais de sessenta movimentos sociais e sindicatos, as entidades também protestaram contra o ajuste fiscal e a reforma da Previdência. Os outros partidos de esquerda aderiram ao movimento, apesar das divergências com o governo.<ref name= "Protestos"/> Na [[Praça da Sé (São Paulo)|Praça da Sé]], cerca de cinquenta mil pessoas se reuniram com o bordão "Em Defesa da Democracia, Golpe Nunca Mais". Reuniões populares semelhantes aconteceram por todo o país.<ref name="Protestos">{{Citar web|url=http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/milhares-saem-as-ruas-em-defesa-da-democracia-e-contra-o-impeachment|título=Milhares saem às ruas contra o impeachment de Dilma Rousseff|publicado=Carta Capital|data=2016-03-31|acessodata=2016-04-01|wayb=20160404035005|urlmorta=sim}}</ref> De acordo com as estimativas, entre 159 mil (segundo as polícias militares) e 824 mil (segundo os organizadores) pessoas estiveram presentes.<ref>{{citar web|url=http://especiais.g1.globo.com/politica/mapa-manifestacoes-no-brasil/31-03-2016/pro/|titulo=MAPA DAS MANIFESTAÇÕES PRÓ-DILMA, 31/03|publicado=G1|data=2016-03-31|acessodata=2016-04-01}}</ref> Horas após a cassação, a [[Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos]] expressou insegurança diante do precedente criado pela decisão. "O precedente do impeachment de um governante por não atendimento à lei fiscal, nos leva a considerar que os demais governantes, sejam prefeitos ou governadores, também estão com seus mandatos ameaçados", declarou o secretário-executivo da entidade.<ref name="Arbex2016">{{citar web|primeiro=Thais|último=Arbex|url=http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/08/1808659-impeachment-leva-inseguranca-a-prefeitos-diz-dirigente-da-fnp.shtml|título="Impeachment leva insegurança a prefeitos", diz dirigente da FNP|data=2016-08-31|acessodata=2016-09-01}}</ref>
Em 18 de março de 2016, um editorial do ''The New York Times'' afirmou que Dilma estava "lutando por sobrevivência política" no momento em que o clamor por seu ''impeachment'' aumentava e classificou como "ridículos" os motivos apresentados para nomear Lula.<ref>{{Citar web |url=http://www.nytimes.com/2016/03/19/opinion/brazils-political-crisis-deepens.html |título=Brazil’s Political Crisis Deepens |publicado=The New York Times |data=18 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> A ''[[Bloomberg]]'' igualmente criticou a nomeação de Lula, dizendo que "Dilma Rousseff zomba da Justiça brasileira."<ref>{{Citar web |url=http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/4769329/dilma-rousseff-zomba-justica-brasileira-diz-editorial-bloomberg |título=Dilma Rousseff zomba da Justiça brasileira, diz editorial da Bloomberg |publicado=InfoMoney |obra=Bloomberg |data=18 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> Em 20 de março, o ''[[The Guardian]]'', também em editorial, declarou que, se Dilma não conseguisse restaurar a calma, deveria convocar novas eleições ou renunciar. O jornal também disse que a crise poderia levar a uma intervenção militar e evidenciava mais um exemplo de reversão da "[[guinada à esquerda]]."<ref>{{Citar web |url=http://www.theguardian.com/commentisfree/2016/mar/20/observer-view-on-brazil-olympic-games-corruption |título=The Observer view on Brazil |publicado=The Guardian |data=20 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>


=== Imprensa estrangeira ===
[[Imagem:Capa da The Economist sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff.jpeg|thumb|upright|esquerda|Capa da ''[[The Economist]]'' que abordou o processo contra Dilma. Nesta edição, a publicação considerou que era a "hora de ir" da presidente.]]


Até meados de agosto de 2015, a imprensa internacional colocou-se majoritariamente contrária ao ''impeachment'' de Dilma. Nesse sentido, o ''[[The New York Times]]'', o ''[[The Financial Times]]'', o ''[[El País]]'' e o ''[[France Presse]]'' divulgaram editoriais ou notícias contrários à medida.<ref>{{Citar web|url=http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2015/08/18/em-editoriais-imprensa-estrangeira-se-coloca-contra-impeachment-no-brasil/|título=Em editoriais, imprensa estrangeira se coloca contra impeachment no Brasil|publicado=Uol|autor=Daniel Buarque|data=18-08-2015|acessodata=23-03-2016}}</ref> Na opinião do ''Financial Times'', se fosse destituída, Dilma "provavelmente seria substituída por outro político medíocre". Na avaliação do ''France Presse'', o ''impeachment'' colocava em risco a democracia no país,<ref>{{Citar web|url=https://uk.news.yahoo.com/impeaching-rousseff-could-imperil-brazilian-democracy-200745424.html|título=Impeaching Rousseff could imperil Brazilian democracy|publicado=Yahoo|obra=France Presse|autor=Laura Bonilla Cal|data=17-08-2015|acessodata=23-03-2016|wayb=20160404201657|urlmorta=sim}}</ref> enquanto o ''The New York Times'' expôs que a presidente "admiravelmente não demonstrou esforços para constranger ou influenciar as investigações [da Operação Lava Jato]".<ref>{{Citar web|url=http://www.nytimes.com/2015/08/18/opinion/brazils-rising-turbulence.html?_r=0|título=Brazil’s Rising Turbulence|publicado=The New York Times|data=17-08-2015|acessodata=23-03-2016}}</ref>
Em 23 de março, a ''[[The Economist]]'' publicou uma matéria com o título ''Time to go'' (ou "hora de ir", em tradução livre). Segundo a matéria, a saída de Dilma "ofereceria ao Brasil a oportunidade de um novo começo."<ref name="The Economist">{{Citar web |url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/revista-britanica-traca-impeachment-como-solucao-para-retomada-do-crescimento-no-pais/ |título=Revista britânica diz que única opção de Dilma é o impeachment |publicado=Congresso em Foco |autor=Patrícia Cagni |data=23 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> Em relação a um potencial governo Temer, a revista disse que "Apesar de o mercado empresarial enxergar possível melhora da economia com Temer no comando do governo, os brasileiros não compartilham esse entusiasmo."<ref name="The Economist"/> A publicação também ressaltou que o próximo presidente iria herdar muitos conflitos políticos, retração do PIB, inflação alta, grande desemprego e outros problemas na economia.<ref name="The Economist"/>
{{Imagem múltipla
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| image1 = Capa do Página 12 de abril de 2016.jpeg
| caption1 = Capa do ''[[Página/12]]'' sobre o processo contra Dilma. Para o jornal argentino, o afastamento da presidente seria um "golpe institucional".
| image2 = Capa da The Economist (26-03-2016).jpeg
| caption2 = Capa da ''[[The Economist]]'' que abordou o processo contra Dilma. Nesta edição, a publicação considerou que era a "hora de ir" da presidente.
}}


Logo após a aceitação do pedido, o jornal francês ''[[Le Figaro]]'' declarou que "A decisão de abrir o processo de ''impeachment'' arrisca afundar o Brasil em uma gravíssima crise política que pode paralisar por meses o gigante da [[América Latina]] (...)".<ref>{{Citar web|url=http://www.lefigaro.fr/flash-actu/2015/12/02/97001-20151202FILWWW00402-bresil-le-president-de-l-assemblee-veut-destituer-rousseff.php|título=Brésil: une procédure de destitution lancée contre Rousseff|publicado=Le Figaro|data=02-12-2015|acessodata=23-03-2016}}</ref> O italiano ''[[La Repubblica]]'' relatou que o processo era um confronto entre o Presidente da Câmara e a Presidente da República.<ref>{{Citar web|url=http://www.repubblica.it/esteri/2015/12/03/news/brasile_ok_a_impeachment_rousseff_la_presidente_e_indignata_-128675077/?refresh_ce|título=Brasile, ok a impeachment Rousseff. La presidente è "indignata"|publicado=La Repubblica|data=03-12-2015|acessodata=23-03-2016}}</ref> Da mesma forma, o ''[[Le Monde]]'' citou que a abertura do processo era um ato de vingança pessoal de Eduardo Cunha.<ref>{{Citar web|url=http://www.lemonde.fr/ameriques/article/2015/12/03/au-bresil-dilma-rousseff-menacee-par-une-procedure-de-destitution_4822632_3222.html|título=La présidente du Brésil visée par une procédure de destitution|publicado=Le Monde|autor=Claire Gatinois|data=03-12-2015|acessodata=23-03-2016}}</ref>
As reações da imprensa europeia à votação no plenário da Câmara foram bastante negativas. O ''El País'' ridicularizou os argumentos dos deputados que votaram a favor da admissibilidade do ''impeachment'', afirmando que os motivos reais para o impedimento foram esquecidos.<ref>{{citar web |url=http://internacional.elpais.com/internacional/2016/04/18/actualidad/1460935957_433496.html |título=Dios tumba a la presidenta de Brasil |obra=El País |autor=Maria Martín |data=18 de abril de 2016 |acessodata=18 de abril de 2016}}</ref> A revista ''Der Spiegel'' afirmou que o Congresso mostrou "sua verdadeira cara" e que os oposicionistas cobrariam cargos no governo de Temer e esperavam extinguir a Operação Lava Jato. O semanário ''Die Zeit'' afirmou que a votação parecia um carnaval, citando "lembranças aos netos, xingamentos contra a educação sexual nas escolas, paz em [[Jerusalém]] (...)." O diário ''Süddeutsche Zeitung'' lembrou que não havia provas de corrupção contra Dilma e que muitos dos parlamentares eram alvos de processos por corrupção.<ref name="Reações posteriores">{{Citar web |url=http://www.cartacapital.com.br/internacional/imprensa-europeia-ve-insurreicao-de-hipocritas-no-impeachment?utm_content=bufferdefb2&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer |título=Imprensa europeia vê "insurreição de hipócritas" no impeachment |publicado=Carta Capital |autor=Karina Gomes |data=19 de abril de 2016 |acessodata= 19 de abril de 2016}}</ref>


Em 18 de março de 2016, um editorial do ''The New York Times'' afirmou que Dilma estava "lutando por sobrevivência política" no momento em que o clamor por seu ''impeachment'' aumentava e classificou como "ridículos" os motivos apresentados para nomear Lula.<ref>{{Citar web|url=http://www.nytimes.com/2016/03/19/opinion/brazils-political-crisis-deepens.html|título=Brazil’s Political Crisis Deepens|publicado=The New York Times|data=18-03-2016|acessodata=23-03-2016}}</ref> A ''[[Bloomberg]]'' igualmente criticou a nomeação de Lula, dizendo que "Dilma Rousseff zomba da Justiça brasileira".<ref>{{Citar web|url=http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/4769329/dilma-rousseff-zomba-justica-brasileira-diz-editorial-bloomberg|título=Dilma Rousseff zomba da Justiça brasileira, diz editorial da Bloomberg|publicado=InfoMoney|obra=Bloomberg|data=18-03-2016|acessodata=23-03-2016|wayb=20160320163508|urlmorta=sim}}</ref> Em 20 de março, o ''[[The Guardian]]'', também em editorial, declarou que, se Dilma não conseguisse restaurar a calma, deveria convocar novas eleições ou renunciar. O jornal também disse que a crise poderia levar a uma intervenção militar e evidenciava mais um exemplo de reversão da "[[guinada à esquerda]]".<ref>{{Citar web|url=http://www.theguardian.com/commentisfree/2016/mar/20/observer-view-on-brazil-olympic-games-corruption|título=The Observer view on Brazil|publicado=The Guardian|data=20-03-2016|acessodata=23-03-2016}}</ref>
Para o ''The Guardian'', o ponto mais baixo da votação da Câmara foi quando [[Jair Bolsonaro]] dedicou seu voto a [[Carlos Alberto Brilhante Ustra|Carlos Brilhante Ustra]], o coronel que comandou a tortura do [[DOI-CODI]] durante a ditadura militar, e levou uma cusparada do deputado [[Jean Wyllys]]. O ''El País'' também mencionou o tumulto e "cânticos um tanto ridículos às vezes", acusando a condução de Cunha de ser "um sintoma da estrutura moral de boa parte do Congresso brasileiro." O ''Le Monde'' destacou que o marketing do governo sobre a prática de "golpe" contra a presidente não teve sucesso, apesar de boa parte dos deputados favoráveis ao ''impeachment'' também serem acusados de corrupção, assegurando ainda que Dilma caiu devido a "erros econômicos, diplomáticos e políticos que ajudaram a fazer dela a chefe de Estado mais impopular da história da jovem democracia brasileira."<ref name="Reações posteriores"/>


Em 23 de março, a ''[[The Economist]]'' publicou uma matéria com o título ''Time to go'' (ou "hora de ir", em tradução livre). Segundo a matéria, a saída de Dilma "ofereceria ao Brasil a oportunidade de um novo começo".<ref name="The Economist">{{Citar web|url=http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/revista-britanica-traca-impeachment-como-solucao-para-retomada-do-crescimento-no-pais/|título=Revista britânica diz que única opção de Dilma é o impeachment|publicado=Congresso em Foco|autor=Patrícia Cagni|data=23-03-2016|acessodata=23-03-2016}}</ref> Em relação a um potencial governo Temer, a revista disse que "Apesar de o mercado empresarial enxergar possível melhora da economia com Temer no comando do governo, os brasileiros não compartilham esse entusiasmo".<ref name="The Economist"/> A publicação também ressaltou que o próximo presidente iria herdar muitos conflitos políticos, retração do PIB, inflação alta, grande desemprego e outros problemas na economia.<ref name="The Economist"/>
Após a votação da instauração do processo no Senado, o ''The Guardian'' e o ''The New York Times'' criticaram o processo em editoriais. Para o primeiro, o sistema político é que deveria ser julgado, e não Dilma. O segundo, por sua vez, afirmou que a presidente afastada pagou um preço "desproporcionalmente alto" por erros administrativos que cometeu, enquanto vários de seus maiores detratores foram acusados de crimes mais flagrantes. O ''Financial Times'' avaliou o afastamento como "longe de ser perfeito", mas ponderou que, se o governo substituto conseguisse colocar a economia de volta aos trilhos e continuasse com a luta contra a corrupção, deixaria um "legado considerável."<ref>{{Citar web |autor= Estadão Conteúdo |url= http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-05-14/jornais-the-guardian-e-the-new-york-times-criticam-impeachment-em-editoriais.html |título= 'The Guardian' e 'The New York Times' criticam impeachment em editoriais |publicado= Último Segundo |data= 14 de maio de 2016 |acessodata= 23 de maio de 2016}}</ref>


As reações da imprensa europeia à votação no plenário da Câmara foram bastante negativas. O ''El País'' ridicularizou os argumentos dos deputados que votaram a favor da admissibilidade do ''impeachment'', afirmando que os motivos reais para o impedimento foram esquecidos.<ref>{{citar web|url=http://internacional.elpais.com/internacional/2016/04/18/actualidad/1460935957_433496.html|título=Dios tumba a la presidenta de Brasil|obra=El País|autor=Maria Martín|data=18-04-2016|acessodata=18-04-2016}}</ref> A revista ''Der Spiegel'' afirmou que o Congresso mostrou "sua verdadeira cara" e que os oposicionistas cobrariam cargos no governo de Temer e esperavam extinguir a Operação Lava Jato. O semanário ''Die Zeit'' afirmou que a votação parecia um carnaval, citando "lembranças aos netos, xingamentos contra a educação sexual nas escolas, paz em [[Jerusalém]] (...)". O diário ''Süddeutsche Zeitung'' lembrou que não havia provas de corrupção contra Dilma e que muitos dos parlamentares eram alvos de processos por corrupção.<ref name="Reações posteriores">{{Citar web|url=http://www.cartacapital.com.br/internacional/imprensa-europeia-ve-insurreicao-de-hipocritas-no-impeachment?utm_content=bufferdefb2&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer|título=Imprensa europeia vê "insurreição de hipócritas" no impeachment|publicado=Carta Capital|autor=Karina Gomes|data=19-04-2016|acessodata=19-04-2016}}</ref>
Em 31 de agosto, dia da declaração de impedimento de Dilma, a imprensa estrangeira não se mostrou otimista quanto ao futuro do Brasil. Para o ''The Washington Post'', o processo serviu apenas para alienar mais ainda eleitores desencantados com o sistema político e expor as fraquezas do mesmo, além de desorganizar a esquerda brasileira e revelar um presidente interino tão impopular quanto Dilma. O ''Wall Street Journal'' afirmou que uma possível reforma da Previdência e um limite constitucional aos gastos públicos provavelmente não passariam no Congresso, enquanto as primeiras ações de Temer no cargo iam em sentido oposto: carência a estados endividados com a União e aumentos para servidores públicos muito bem pagos. A revista ''Fortune'' descreveu a permanência, no Brasil, de um cenário de "tempestade perfeita": economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de corrupção em curso e o usual embate político. O ''Clarín'', da Argentina, escreveu que todos eram culpados e que o erro institucional de ter tirado Dilma à força, além do precedente inquietante de fragilidade democrática que se derramava sobre a região, tinha o agravante de não ter aprofundado o caminho para convocar eleições antecipadas, que constituiriam um governo eleito para pilotar uma tempestade destinada a se agravar .<ref>{{Citar web |autor= BBC |url= http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/impeachment-de-dilma-nao-ira-salvar-brasil-diz-imprensa-estrangeira.html|título= Impeachment de Dilma não irá salvar Brasil, diz imprensa estrangeira |publicado= G1 |data= 31 de agosto de 2016 |acessodata= 31 de agosto de 2016}}</ref>


Para o ''The Guardian'', o ponto mais baixo da votação da Câmara foi quando [[Jair Bolsonaro]] dedicou seu voto a [[Carlos Alberto Brilhante Ustra|Carlos Brilhante Ustra]], o coronel que comandou a tortura do [[DOI-CODI]] durante a ditadura militar, e levou uma cusparada do deputado [[Jean Wyllys]]. O ''El País'' também mencionou o tumulto e "cânticos um tanto ridículos às vezes", acusando a condução de Cunha de ser "um sintoma da estrutura moral de boa parte do Congresso brasileiro". O ''Le Monde'' destacou que o marketing do governo sobre a prática de "golpe" contra a presidente não teve sucesso, apesar de boa parte dos deputados favoráveis ao ''impeachment'' também serem acusados de corrupção, assegurando ainda que Dilma caiu devido a "erros econômicos, diplomáticos e políticos que ajudaram a fazer dela a chefe de Estado mais impopular da história da jovem democracia brasileira".<ref name="Reações posteriores"/>
====Líderes estrangeiros e entidades internacionais====


Após a votação da instauração do processo no Senado, o ''The Guardian'' e o ''The New York Times'' criticaram o processo em editoriais. Para o primeiro, o sistema político é que deveria ser julgado, e não Dilma. O segundo, por sua vez, afirmou que a presidente afastada pagou um preço "desproporcionalmente alto" por erros administrativos que cometeu, enquanto vários de seus maiores detratores foram acusados de crimes mais flagrantes. O ''Financial Times'' avaliou o afastamento como "longe de ser perfeito", mas ponderou que, se o governo substituto conseguisse colocar a economia de volta aos trilhos e continuasse com a luta contra a corrupção, deixaria um legado considerável".<ref>{{Citar web|url=http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-05-14/jornais-the-guardian-e-the-new-york-times-criticam-impeachment-em-editoriais.html|título='The Guardian' e 'The New York Times' criticam impeachment em editoriais|publicado=Último Segundo|data=14-05-2016|acessodata=23-05-2016|wayb=20160515104018|urlmorta=sim}}</ref>
Em 22 de março, a [[Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe]] (CEPAL) das [[Nações Unidas]] enviou uma mensagem à presidente Dilma, respaldando o Estado Democrático de Direito e o exercício do Poder Executivo. A secretária desse organismo, Alicia Bárcena, citou os avanços sociais e políticos do Brasil na última década e manifestou sua preocupação com a estabilidade democrática do país. Ela enfatizou o compromisso de Dilma com a justiça e a igualdade: "Nunca, na história do Brasil, tantos e tantos de seus compatriotas conseguiram fugir da fome, da pobreza e da desigualdade". Ao reconhecer a cultura da corrupção, ela apoiou "a criação de nova legislação mais severa e instituições repressivas mais fortes". E completou, dizendo-se preocupada com os ataques midiáticos que visavam a "demolir a sua imagem e o seu legado, ao mesmo tempo em que se multiplicam os esforços para reduzir a autoridade presidencial e interromper o mandato que os cidadãos lhes deram nas urnas".<ref>{{Citar web |url=http://www.cepal.org/es/comunicados/cepal-manifiesta-su-preocupacion-amenazas-la-democracia-brasilena |título=CEPAL manifiesta su preocupación ante amenazas a la democracia brasileña |publicado=CEPAL |língua=es |data=22 de março de 2016 |acessodata=10 de abril de 2016}}</ref>


Em 31 de agosto, dia da declaração de impedimento de Dilma, a imprensa estrangeira não se mostrou otimista quanto ao futuro do Brasil. Para o ''The Washington Post'', o processo serviu apenas para alienar mais ainda eleitores desencantados com o sistema político e expor as fraquezas do mesmo, além de desorganizar a esquerda brasileira e revelar um presidente interino tão impopular quanto Dilma. O ''Wall Street Journal'' afirmou que uma possível reforma da Previdência e um limite constitucional aos gastos públicos provavelmente não passariam no Congresso, enquanto as primeiras ações de Temer no cargo iam em sentido oposto: carência a estados endividados com a União e aumentos para servidores públicos muito bem pagos. A revista ''Fortune'' descreveu a permanência, no Brasil, de um cenário de "tempestade perfeita": economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de corrupção em curso e o usual embate político. O ''Clarín'', da Argentina, escreveu que todos eram culpados e que o erro institucional de ter tirado Dilma à força, além do precedente inquietante de fragilidade democrática que se derramava sobre a região, tinha o agravante de não ter aprofundado o caminho para convocar eleições antecipadas, que constituiriam um governo eleito para pilotar uma tempestade destinada a se agravar.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/impeachment-de-dilma-nao-ira-salvar-brasil-diz-imprensa-estrangeira.html|título=Impeachment de Dilma não irá salvar Brasil, diz imprensa estrangeira|publicado=G1|data=31-08-2016|acessodata=31-08-2016}}</ref>
[[Imagem:Ban Ki-moon February 2016.jpg|thumb|upright|[[Ban Ki-moon]] afirmou que qualquer instabilidade política no Brasil era uma preocupação para a [[Organização das Nações Unidas|ONU]].]]


===Líderes estrangeiros e entidades internacionais===
Os presidentes [[Evo Morales]], da [[Bolívia]], e [[Nicolás Maduro]], da [[Venezuela]], alertaram para o risco de um "golpe de Estado" contra Dilma.<ref>{{Citar web |url=http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/13/internacional/1444765165_136748.html |título=Maduro e Morales alertam para risco de "golpe de Estado" contra Dilma |publicado=El País |data=13 de outubro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> O uruguaio [[Tabaré Vázquez]] também declarou ser contrário ao afastamento de Dilma.<ref>{{Citar web |url=http://www.opovo.com.br/app/opovo/mundo/2015/12/22/noticiasjornalmundo,3552575/presidentes-prestam-apoio-a-dilma-contra-impeachment.shtml |título=Presidentes prestam apoio a Dilma contra impeachment |publicado=O Povo |data=22 de dezembro de 2015 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> Morales foi além e pediu uma reunião de emergência da [[União de Nações Sul-Americanas|UNASUL]] com o objetivo de defender a presidente brasileira.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/bolivia-pede-cupula-da-unasul-no-brasil-para-defender-dilma-e-lula.html |título=Bolívia pede cúpula da Unasul no Brasil para defender Dilma e Lula |publicado=G1 |obra=France Presse |data=19 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> Em meados de março de 2016, a assessora de Segurança Nacional dos Estados Unidos, [[Susan Rice]], afirmou que "Os cidadãos estão levantando suas vozes em nome de princípios que estão na base das sociedades democráticas e justas, incluindo o Estado de Direito, o devido processo legal e [a necessidade de] prestação de contas".<ref>{{Citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-03/assessora-de-obama-diz-que-brasileiros-devem-contar-com-forca-das |título=Assessora de Obama diz que brasileiros devem contar com a força das instituições |publicado=Agência Brasil |obra=José Romildo |data=18 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref> Poucos dias depois, o presidente [[Barack Obama]] avaliou que o "Brasil tem uma democracia madura, vai superar a crise e sair fortalecido".<ref>{{Citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-03/obama-brasil-tem-democracia-madura-vai-superar-crise-e-sair |título=Obama: Brasil tem democracia madura, vai superar crise e sair fortalecido |publicado=Agência Brasil |obra=Monica Yanakiew |data=23 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>


Em 22 de março, a [[Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe]] (CEPAL) das [[Nações Unidas]] enviou uma mensagem à presidente Dilma, respaldando o Estado Democrático de Direito e o exercício do Poder Executivo. A secretária desse organismo, Alicia Bárcena, citou os avanços sociais e políticos do Brasil na última década e manifestou a sua preocupação com a estabilidade democrática do país. Ela enfatizou o compromisso de Dilma com a justiça e a igualdade: "Nunca, na história do Brasil, tantos e tantos de seus compatriotas conseguiram fugir da fome, da pobreza e da desigualdade". Ao reconhecer a cultura da corrupção, ela apoiou "a criação de nova legislação mais severa e instituições repressivas mais fortes". E completou, dizendo-se preocupada com os ataques midiáticos que visavam a "demolir a sua imagem e o seu legado, ao mesmo tempo em que se multiplicam os esforços para reduzir a autoridade presidencial e interromper o mandato que os cidadãos lhes deram nas urnas".<ref>{{Citar web|url=http://www.cepal.org/es/comunicados/cepal-manifiesta-su-preocupacion-amenazas-la-democracia-brasilena|título=CEPAL manifiesta su preocupación ante amenazas a la democracia brasileña|publicado=CEPAL|língua=es|data=22-03-2016|acessodata=10-04-2016}}</ref>
Em 12 de abril, a ONU voltou a se manifestar. Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, em uma conferência de imprensa em [[Genebra]], na Suíça, fez um apelo para que o Poder Judiciário fosse respeitado e para que a democracia brasileira, pela qual o país lutou tanto, não fosse minada no processo de impedimento. Na semana anterior, o Secretário-Geral [[Ban Ki-moon]] já havia dito que, embora o problema político ainda fosse doméstico, o Brasil era um país muito importante e que qualquer instabilidade política no país é uma preocupação social para a entidade, pedindo aos líderes nacionais a prevenção de um impacto internacional a partir da crise corrente.<ref>{{Citar web |autor= Estadão |url= http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/preocupada-com-tensao-no-brasil-onu-pede-que-o-poder-judiciario-seja-respeitado |título= ONU se diz "preocupada" com tensão no Brasil e pede respeito ao Judiciário |publicado= Veja |data= 12 de abril de 2016 |acessodata= 14 de abril de 2016.}}</ref>


[[Imagem:Ban Ki-moon February 2016.jpg|thumb|upright|esquerda|[[Ban Ki-moon]] afirmou que qualquer instabilidade política no Brasil era uma preocupação para a [[Organização das Nações Unidas|ONU]].]]
Em 19 de abril, a Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho alertou a comunidade internacional sobre o que foi definido como um golpe parlamentar em andamento contra Dilma. A associação reúne juízes trabalhistas da América Latina e do Caribe. A nota emitida destacou que o processo, quebrando a ordem constitucional, foi estritamente político e movido pelo partido derrotado nas eleições de 2014, lembrando que a tomada de poder por políticos derrotados vinha se tornando frequente na América Latina. Esses precedentes, segundo a associação, seriam "os golpes perpetrados contra os então presidentes de Honduras, [[Manuel Zelaya]], em 2009, e do Paraguai, [[Fernando Lugo]], em 2012."<ref>{{Citar web |autor= Redação |url= http://www.municipiosbaianos.com.br/noticia01.asp?tp=1&nID=27013&tema=politica |título= Comunidade internacional denuncia golpe. Obama se cala|publicado= Municípios Baianos |data= 26 de abril de 2016 |acessodata= 26 de abril de 2016}}</ref>


Os presidentes [[Evo Morales]], da [[Bolívia]], e [[Nicolás Maduro]], da [[Venezuela]], alertaram para o risco de um "golpe de Estado" contra Dilma.<ref>{{Citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/13/internacional/1444765165_136748.html|título=Maduro e Morales alertam para risco de "golpe de Estado" contra Dilma|publicado=El País|data=13-10-2015|acessodata=23-03-2016}}</ref> O uruguaio [[Tabaré Vázquez]] também declarou ser contrário ao afastamento de Dilma.<ref>{{Citar web|url=http://www.opovo.com.br/app/opovo/mundo/2015/12/22/noticiasjornalmundo,3552575/presidentes-prestam-apoio-a-dilma-contra-impeachment.shtml|título=Presidentes prestam apoio a Dilma contra impeachment|publicado=O Povo|data=22-12-2015|acessodata=23-03-2016|wayb=20160404040850|urlmorta=sim}}</ref> Morales foi além e pediu uma reunião de emergência da [[União de Nações Sul-Americanas|UNASUL]], com o objetivo de defender a presidente brasileira.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/bolivia-pede-cupula-da-unasul-no-brasil-para-defender-dilma-e-lula.html|título=Bolívia pede cúpula da Unasul no Brasil para defender Dilma e Lula|publicado=G1|obra=France Presse|data=19-03-2016|acessodata=23-03-2016}}</ref> Em meados de março de 2016, a assessora de Segurança Nacional dos Estados Unidos, [[Susan Rice]], afirmou que "Os cidadãos estão levantando suas vozes em nome de princípios que estão na base das sociedades democráticas e justas, incluindo o Estado de Direito, o devido processo legal e [a necessidade de] prestação de contas".<ref>{{Citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-03/assessora-de-obama-diz-que-brasileiros-devem-contar-com-forca-das|título=Assessora de Obama diz que brasileiros devem contar com a força das instituições|publicado=Agência Brasil|obra=José Romildo|data=18-03-2016|acessodata=23-03-2016}}</ref> Poucos dias depois, o presidente [[Barack Obama]] avaliou que o "Brasil tem uma democracia madura, vai superar a crise e sair fortalecido".<ref>{{Citar web|url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-03/obama-brasil-tem-democracia-madura-vai-superar-crise-e-sair|título=Obama: Brasil tem democracia madura, vai superar crise e sair fortalecido|publicado=Agência Brasil|obra=Monica Yanakiew|data=23-03-2016|acessodata=23-03-2016}}</ref>
Em 18 de maio, pela primeira vez, representantes dos Estados Unidos defenderam a legalidade do processo de impedimento. Em um debate na [[Organização dos Estados Americanos]], o representante norte-americano Michael Fitzpatrick disse que não havia um [[golpe branco]] no Brasil e que o processo estava respeitando a legislação e a democracia. Isso aconteceu logo após representantes da Venezuela, de Honduras e da Bolívia terem pedido para falar e denunciado um suposto golpe branco em andamento no Brasil. Da mesma forma que os norte-americanos, o representante da Argentina também rejeitou a tese de que o afastamento da presidente era um golpe.<ref>{{Citar web |autor= |url=http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/politica-economia/173565-na-oea-eua-e-argentina-rejeitam-tese-de-que-impeachment-e-golpe-em-o-globo.html#.Vz16GyGA9dg |título=Na OEA, EUA e Argentina rejeitam tese de que impeachment é golpe |publicado=Notícias Agrícolas |obra=O Globo |data= 19 de maio de 2016 |acessodata=19 de maio de 2016}}</ref>


Em 12 de abril, a ONU voltou a se manifestar. Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, em uma conferência de imprensa em [[Genebra]], na Suíça, fez um apelo para que o Poder Judiciário fosse respeitado e para que a democracia brasileira, pela qual o país lutou tanto, não fosse minada no processo de impedimento. Na semana anterior, o Secretário-Geral [[Ban Ki-moon]] já havia dito que, embora o problema político ainda fosse doméstico, o Brasil é um país muito importante e que qualquer instabilidade política no país é uma preocupação social para a entidade, pedindo aos líderes nacionais a prevenção de um impacto internacional a partir da crise corrente.<ref>{{Citar web|url=https://veja.abril.com.br/brasil/onu-se-diz-preocupada-com-tensao-no-brasil-e-pede-respeito-ao-judiciario/|título=ONU se diz "preocupada" com tensão no Brasil e pede respeito ao Judiciário|publicado=Veja|data=12-04-2016|acessodata=14-04-2016}}</ref>
=== Outros fatos relevantes ===
==== Posicionamento da Ordem dos Advogados ====
[[Imagem:CCS - Conselho de Comunicação Social (27231904970).jpg|thumb|230px|Carlos Lamachia, presidente da [[Ordem dos Advogados do Brasil|OAB]], em junho de 2016.]]


Em 18 de maio, pela primeira vez, representantes dos Estados Unidos defenderam a legalidade do processo de impedimento. Em um debate na [[Organização dos Estados Americanos]], o representante norte-americano Michael Fitzpatrick disse que não havia um [[golpe branco]] no Brasil e que o processo estava respeitando a legislação e a democracia. Isso aconteceu logo após representantes da Venezuela, de Honduras e da Bolívia terem pedido para falar e denunciado um suposto golpe branco em andamento no Brasil. Da mesma forma que os norte-americanos, o representante da Argentina também rejeitou a tese de que o afastamento da presidente era um golpe.<ref>{{Citar web|url=http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/politica-economia/173565-na-oea-eua-e-argentina-rejeitam-tese-de-que-impeachment-e-golpe-em-o-globo.html#.Vz16GyGA9dg|título=Na OEA, EUA e Argentina rejeitam tese de que impeachment é golpe|publicado=Notícias Agrícolas|obra=O Globo|data=19-05-2016|acessodata=19-05-2016}}</ref>
O advogado Erick Venâncio, relator de uma comissão que analisou o ''impeachment'' de Dilma na [[Ordem dos Advogados do Brasil|Ordem dos Advogados]], apresentou, no dia 18 de março, um relatório favorável ao processo de impedimento por suposto cometimento de crimes de responsabilidade. A conclusão do relatório da comissão foi que a presidente incorreu em crimes de responsabilidade em função de: ter autorizado as chamadas "pedaladas fiscais" ; ter praticado a renúncia fiscal concedida para a realização da [[Copa do Mundo FIFA de 2014|Copa do Mundo de 2014]]; e ter efetuado uma suposta interferência na Operação Lava Jato, a partir da [[delação premiada]] do senador Delcídio.<ref name="OAB" />


=== Ordem dos Advogados ===
Dessa forma, a presidente violou a Constituição e deveria passar pelo processo de impedimento. Venâncio também citou a nomeação do ministro [[Marcelo Navarro Ribeiro Dantas|Marcelo Navarro]] no [[Superior Tribunal de Justiça]], supostamente sob o compromisso de libertar empreiteiros presos por suspeita de corrupção, e considerou haver "indevida ingerência" de Dilma na nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, supostamente para transferir a investigação da primeira instância para o STF.<ref name="OAB" />
[[Imagem:CCS - Conselho de Comunicação Social (27231904970).jpg|thumb|[[Claudio Lamachia]], presidente da [[Ordem dos Advogados do Brasil|OAB]], em junho de 2016.]]


O advogado Erick Venâncio, relator de uma comissão que analisou o ''impeachment'' de Dilma na [[Ordem dos Advogados do Brasil|Ordem dos Advogados]], apresentou, no dia 18 de março, um relatório favorável ao processo de impedimento por suposto cometimento de crimes de responsabilidade. A conclusão do relatório da comissão foi que a presidente incorreu em crimes de responsabilidade em função de: ter autorizado as chamadas "pedaladas fiscais"; ter praticado a renúncia fiscal concedida para a realização da [[Copa do Mundo FIFA de 2014|Copa do Mundo de 2014]]; e ter efetuado uma suposta interferência na Operação Lava Jato, a partir da [[delação premiada]] do senador Delcídio.<ref name="OAB" />
Cardozo contestou o relatório. Ele disse que as pedaladas fiscais não poderiam ser usadas para uma interferência no segundo mandato e que as alegações do relatório deveriam ser investigadas. Nas palavras dele: "Collor teve direito a uma CPI que o investigasse. Nós pedimos só o direito a sermos investigados antes que esse colegiado tome decisão inclusive fazendo referência a provas que nós advogados sempre repudiamos."<ref name="OAB">{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/relator-na-oab-recomenda-apoio-impeachment-de-dilma.html |titulo=Relator na OAB recomenda apoio a impeachment de Dilma |publicado=G1 |autor=Renan Ramalho |data=18 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref>


Dessa forma, a presidente violou a Constituição e deveria passar pelo processo de impedimento. Venâncio também citou a nomeação do ministro [[Marcelo Navarro Ribeiro Dantas|Marcelo Navarro]] no [[Superior Tribunal de Justiça]], supostamente sob o compromisso de libertar empreiteiros presos por suspeita de corrupção, e considerou haver "indevida ingerência" de Dilma na nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, supostamente para transferir a investigação da primeira instância para o STF.<ref name="OAB" /> Cardozo contestou o relatório. Ele disse que as "pedaladas fiscais" não poderiam ser usadas para uma interferência no segundo mandato e que as alegações do relatório deveriam ser investigadas. Nas palavras dele: "Collor teve direito a uma CPI que o investigasse. Nós pedimos só o direito a sermos investigados antes que esse colegiado tome decisão inclusive fazendo referência a provas que nós advogados sempre repudiamos".<ref name="OAB">{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/relator-na-oab-recomenda-apoio-impeachment-de-dilma.html|titulo=Relator na OAB recomenda apoio a impeachment de Dilma|publicado=G1|autor=Renan Ramalho|data=18-03-2016|acessodata=19-03-2016}}</ref>
Em 18 de março de 2016, a OAB, por 26 votos a 2, decidiu apoiar o pedido de ''impeachment'', baseado no parecer de Venâncio.<ref>{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,oab-decide--por-27-votos-a-2--apoiar-o-pedido-de-impeachment-de-dilma-no-congresso,10000022109 |titulo=OAB decide, por 26 votos a 2, apoiar o pedido de impeachment de Dilma no Congresso |publicado=Estadão |autor=Gustavo Aguiar |data=18 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref><ref>{{citar web |url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/03/oab-decide-apoiar-processo-de-impeachment-de-dilma-5115652.html |titulo=OAB decide apoiar processo de impeachment de Dilma |publicado=Zero Hora |autor=Carlos Rollsing |data=18 de março de 2016 |acessodata=19 de março de 2016}}</ref> Em 23 de março, a entidade anunciou que, a partir do relatório, iria protocolar um novo pedido de impedimento. Em reunião do Conselho Federal da OAB, 26 das 27 bancadas estaduais da Ordem votaram a favor do apoio à instauração do processo; somente a do [[Pará]] votou contra.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/oab-vai-apresentar-novo-pedido-de-impeachment-de-dilma-no-congresso.html |título=OAB vai apresentar novo pedido de impeachment de Dilma no Congresso |publicado=G1 |data=23 de março de 2016 |acessodata=23 de março de 2016}}</ref>


Em 28 de março de 2016, a OAB enviou um novo pedido de ''impeachment'' à Câmara dos Deputados, apoiado por centenas de advogados, conselheiros federais e presidentes de seccionais. O presidente da Ordem, Claudio Lamachia, afirmou se tratar de uma decisão respaldada pelos dirigentes nacionais, os quais foram eleitos por quase um milhão de advogados do país. O presidente disse que a OAB não é do governo nem da oposição, tendo como norte os cidadãos.<ref name="OAB1">{{citar web |url=http://www.oab.org.br/noticia/29423/oab-protocola-pedido-de-impeachment-da-presidente-da-republica |título=OAB protocola pedido de impeachment da presidente da República |publicado=OAB |data=28 de março de 2016 |acessodata=30 de março de 2016}}</ref><ref name="OAB2">{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/oab-protocola-na-camara-novo-pedido-de-impeachment-de-dilma.html |título=OAB protocola novo pedido de impeachment de Dilma na Câmara |autor=Fernanda Calgaro e Nathalia Passarinho |publicado=O Globo |data=28 de março de 2016 |acessodata=30 de março de 2016}}</ref>
Em 18 de março de 2016, a OAB, por 26 votos a 2, decidiu apoiar o pedido de ''impeachment'', baseada no parecer de Venâncio.<ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/oab-decide--por-27-votos-a-2--apoiar-o-pedido-de-impeachment-de-dilma-no-congresso/|titulo=OAB decide, por 26 votos a 2, apoiar o pedido de impeachment de Dilma no Congresso|publicado=Estadão|autor=Gustavo Aguiar|data=18-03-2016|acessodata=19-03-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/03/oab-decide-apoiar-processo-de-impeachment-de-dilma-5115652.html|titulo=OAB decide apoiar processo de impeachment de Dilma|publicado=Zero Hora|autor=Carlos Rollsing|data=18-03-2016|acessodata=19-03-2016}}</ref> Em 23 de março, a entidade anunciou que, a partir do relatório, iria protocolar um novo pedido de impedimento. Em reunião do Conselho Federal da OAB, 26 das 27 bancadas estaduais da Ordem votaram a favor do apoio à instauração do processo; somente a do [[Pará]] votou contra.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/oab-vai-apresentar-novo-pedido-de-impeachment-de-dilma-no-congresso.html|título=OAB vai apresentar novo pedido de impeachment de Dilma no Congresso|publicado=G1|data=23-03-2016|acessodata=23-03-2016}}</ref> Em 28 de março de 2016, a OAB enviou um novo pedido de ''impeachment'' à Câmara dos Deputados, apoiado por centenas de advogados, conselheiros federais e presidentes de seccionais. O presidente da Ordem, [[Claudio Lamachia]], afirmou se tratar de uma decisão respaldada pelos dirigentes nacionais, os quais foram eleitos por quase um milhão de advogados do país. O presidente disse que a OAB não é do governo nem da oposição, tendo como norte os cidadãos.<ref name="OAB1">{{citar web|url=http://www.oab.org.br/noticia/29423/oab-protocola-pedido-de-impeachment-da-presidente-da-republica|título=OAB protocola pedido de impeachment da presidente da República|publicado=OAB|data=28-03-2016|acessodata=30-03-2016}}</ref><ref name="OAB2">{{citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/03/oab-protocola-na-camara-novo-pedido-de-impeachment-de-dilma.html|título=OAB protocola novo pedido de impeachment de Dilma na Câmara|autor=Fernanda Calgaro e Nathalia Passarinho|publicado=O Globo|data=28-03-2016|acessodata=30-03-2016}}</ref>


==== Manifestações de Dilma Rousseff ====
=== Dilma Rousseff ===
[[Imagem:Dilma Rousseff lendo sua mensagem de 2016 ao Congresso Nacional.jpg|thumb|upright|Dilma lendo sua mensagem de 2016 ao Congresso Nacional, em 2 de fevereiro de 2016.]]
[[Imagem:Dilma Rousseff lendo sua mensagem de 2016 ao Congresso Nacional.jpg|thumb|upright|esquerda|Dilma lendo sua mensagem de 2016 ao Congresso Nacional, em 2 de fevereiro de 2016.]]


No centro da crise, Dilma tentou construir a imagem de uma mulher guerreira, que enfrentou a ditadura militar e agora enfrentava um tipo de golpe de Estado.<ref name= "Batalha por votos" /> Ela também expressava inconformismo com a condução do processo por Cunha e por ser acusada de manobras econômicas que, segundo ela, nada tinham de criminoso.<ref name="Batalha por votos" /> Em mais de uma ocasião, a presidente negou enfaticamente que renunciaria à Presidência e acrescentou que os que pediam a sua renúncia reconheciam que não havia uma base real para o seu ''impeachment''.<ref name="Dilma se pronuncia em entrevista">{{Citar web |autor= Filipe Matoso |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/dilma-afirma-que-nao-renuncia-ao-mandato.html |título= Dilma afirma que não renuncia ao mandato |publicado=G1 |autor=Filipe Matoso |data=11 de março de 2016 |acessodata= 21 de março de 2016}}</ref>
No centro da crise, Dilma tentou construir a imagem de uma mulher guerreira, que enfrentou a ditadura militar e agora enfrentava um tipo de golpe de Estado.<ref name= "Batalha por votos" /> Ela também expressava inconformismo com a condução do processo por Cunha e por ser acusada de manobras econômicas que, segundo ela, nada tinham de criminoso.<ref name="Batalha por votos" /> Em mais de uma ocasião, a presidente negou enfaticamente que renunciaria à Presidência e acrescentou que aqueles os quais pediam a sua renúncia reconheciam que não havia uma base real para o seu ''impeachment''.<ref name="Dilma se pronuncia em entrevista">{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/03/dilma-afirma-que-nao-renuncia-ao-mandato.html|título=Dilma afirma que não renuncia ao mandato|publicado=G1|autor=Filipe Matoso|data=11-03-2016|acessodata=21-03-2016}}</ref>


Em 22 de março, Dilma voltou a declarar enfaticamente que não renunciaria e classificou o processo de impedimento como um crime contra a democracia. Segundo ela, o impedimento é um instrumento previsto na Constituição para afastar um presidente que cometeu crime de responsabilidade. Sem que exista esse crime, o processo de impedimento se torna um crime contra a democracia. E completou: "Pode-se descrever um golpe de Estado com muitos nomes, mas ele sempre será o que é: a cultura da ilegalidade, atentado à democracia. Não importa se a arma do golpe é um fuzil, uma vingança ou a vontade de alguns de chegar mais rápido ao poder".<ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/22/dilma-diz-que-jamais-renunciara-e-que-impeachment-sem-crime-e-golpe.htm |título=Dilma diz que jamais renunciará e que impeachment sem crime é golpe |publicado=Uol |data=22 de março de 2016 |acessodata=22 de março de 2016}}</ref> Dois dias depois, Dilma também prestigiou a nomeação de Lula e disse ter a convicção de que obteria os votos necessários na comissão de impedimento.<ref>{{Citar web |url=http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/a-jornais-internacionais-dilma-afirma-que-processo-de-impeachment-nao-tem-fundamentos-legais/?cHash=28a7005bc0b9f584e1e5dc72c4f4a15e |título=A jornais internacionais, Dilma afirma que processo de impeachment não tem fundamentos legais |publicado=Correio da Bahia |data=24 de março de 2016 |acessodata=24 de março de 2016}}</ref>
Em 22 de março, Dilma voltou a declarar enfaticamente que não renunciaria e classificou o processo de impedimento como um crime contra a democracia. Segundo ela, o impedimento é um instrumento previsto na Constituição para afastar um presidente que cometeu crime de responsabilidade. Sem que exista esse crime, o processo de impedimento se torna um crime contra a democracia. E completou: "Pode-se descrever um golpe de Estado com muitos nomes, mas ele sempre será o que é: a cultura da ilegalidade, atentado à democracia. Não importa se a arma do golpe é um fuzil, uma vingança ou a vontade de alguns de chegar mais rápido ao poder".<ref>{{Citar web|url=http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/22/dilma-diz-que-jamais-renunciara-e-que-impeachment-sem-crime-e-golpe.htm|título=Dilma diz que jamais renunciará e que impeachment sem crime é golpe|publicado=Uol|data=22-03-2016|acessodata=22-03-2016}}</ref> Dois dias depois, Dilma também prestigiou a nomeação de Lula e disse ter a convicção de que obteria os votos necessários na comissão de impedimento.<ref>{{Citar web|url=http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/a-jornais-internacionais-dilma-afirma-que-processo-de-impeachment-nao-tem-fundamentos-legais/?cHash=28a7005bc0b9f584e1e5dc72c4f4a15e|título=A jornais internacionais, Dilma afirma que processo de impeachment não tem fundamentos legais|publicado=Correio da Bahia|data=24-03-2016|acessodata=24-03-2016|wayb=20160329084045|urlmorta=sim}}</ref>


Após a votação do relatório da comissão, Dilma fez um discurso no Palácio do Planalto. Ela qualificou o relatório aprovado como uma fraude, a "maior fraude jurídica e política de nossa história", acrescentando que o documento seria tão frágil e sem fundamento que até mesmo confessava não haver indícios, provas suficientes das supostas irregularidades governamentais. Ela também chamou Temer e Cunha de chefes da conspiração, referindo-se amplamente ao vazamento de uma gravação do vice-presidente, em que ele praticamente se assumiu como o novo presidente. Segundo Dilma, esse áudio era um atentado à democracia e à Constituição.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/relatorio-do-impeachment-e-maior-fraude-da-historia-diz-dilma.html |título=Relatório do impeachment é 'maior fraude' da história, diz Dilma |publicado=G1 |autor=Filipe Matoso |data=12 de abril de 2016 |acessodata=12 de abril de 2016}}</ref>
Após a votação do relatório da comissão, Dilma fez um discurso no Palácio do Planalto. Ela qualificou o relatório aprovado como uma fraude, a "maior fraude jurídica e política de nossa história", acrescentando que o documento seria tão frágil e sem fundamento que até mesmo confessava não haver indícios, provas suficientes das supostas irregularidades governamentais. Ela também chamou Temer e Cunha de chefes da conspiração, referindo-se amplamente ao vazamento de uma gravação do vice-presidente, em que ele praticamente se assumiu como o novo presidente. Segundo Dilma, esse áudio era um atentado à democracia e à Constituição.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/04/relatorio-do-impeachment-e-maior-fraude-da-historia-diz-dilma.html|título=Relatório do impeachment é 'maior fraude' da história, diz Dilma|publicado=G1|autor=Filipe Matoso|data=12-04-2016|acessodata=12-04-2016}}</ref>


[[Imagem:Dilma Rousseff durante entrevista coletiva em 11 de março de 2016.jpg|thumb|upright|esquerda|Dilma durante entrevista coletiva, na qual negou que renunciaria, em 11 de março.]]
[[Imagem:Dilma Rousseff durante entrevista coletiva em 11 de março de 2016.jpg|thumb|upright|Dilma durante entrevista coletiva, na qual negou que renunciaria, em 11 de março de 2016.]]


No dia 18 de abril, Dilma concedeu a primeira entrevista após a votação na Câmara. Ela declarou que enfrentaria todo o processo e não desistiria de se defender no Senado, classificando o processo como "golpe", "injustiça" e "conspiração". Ela disse que não era o começo do fim, que era apenas o começo de uma luta longa e demorada e que a importância dessa luta residia no envolvimento não do mandato dela, mas da democracia. Além disso, nas suas palavras, ela não viu uma discussão sobre crime de responsabilidade no plenário.<ref name="primeira entrevista">{{Citar web |url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/04/dilma-vou-enfrentar-todo-o-processo-de-impeachment-e-me-defender-no-senado.html |título=Dilma: "Vou enfrentar todo o processo de impeachment e me defender no Senado" |publicado=Época |data=18 de abril de 2016 |acessodata=18 de abril de 2016}}</ref> Dilma também reclamou da falta de estabilidade política nos quinze meses anteriores, atribuindo-a a Cunha e às suas "pautas-bombas". Dilma disse que o diálogo com os senadores era diferente daquele feito com os deputados e que seria "muito qualificado". Se conseguisse parar o processo, ela pretendia começar um novo governo, contando com o apoio do Congresso para que isso ocorresse.<ref name="primeira entrevista"/>
No dia 18 de abril, Dilma concedeu a primeira entrevista após a votação na Câmara. Ela declarou que enfrentaria todo o processo e não desistiria de se defender no Senado, classificando o processo como "golpe", "injustiça" e "conspiração". Ela disse que não era o começo do fim, que era apenas o começo de uma luta longa e demorada e que a importância dessa luta residia no envolvimento não do mandato dela, mas da democracia. Além disso, nas suas palavras, ela não viu uma discussão sobre crime de responsabilidade no plenário.<ref name="primeira entrevista">{{Citar web|url=http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/04/dilma-vou-enfrentar-todo-o-processo-de-impeachment-e-me-defender-no-senado.html|título=Dilma: "Vou enfrentar todo o processo de impeachment e me defender no Senado"|publicado=Época|data=18-04-2016|acessodata=18-04-2016}}</ref> Dilma também reclamou da falta de estabilidade política nos quinze meses anteriores, atribuindo-a a Cunha e às suas "pautas-bombas". Dilma disse que o diálogo com os senadores era diferente daquele feito com os deputados e que seria "muito qualificado". Se conseguisse parar o processo, ela pretendia começar um novo governo, contando com o apoio do Congresso para que isso ocorresse.<ref name="primeira entrevista"/>


Em 22 de abril, a presidente fez um discurso na ONU, ao participar da cerimônia de assinatura do [[Acordo de Paris (2015)|Acordo de Paris]]. O discurso durou quarenta minutos, mas apenas quinze segundos foram usados para falar da crise brasileira. "O País soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia e, hoje, tem um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocesso. Sou grata a todos os líderes que expressaram a mim sua solidariedade", disse ela.<ref>{{Citar web |url=http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/dilma-leva-tema-do-impeachment-a-onu |título=Dilma leva tema do impeachment à ONU |publicado=Carta Capital |autor=André Barrocal |data= 22 de abril de 2016 |acessodata=22 de abril de 2016}}</ref> Após este pronunciamento, Dilma deu uma entrevista a jornalistas estrangeiros e classificou abertamente como golpe o processo que vinha sofrendo, na tentativa de obter apoio internacional. Ela disse que não havia base legal no processo e, caso perdesse seu cargo, pretendia recorrer à cláusula democrática do Mercosul.<ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2016/04/22/dilma-diz-em-ny-que-pode-recorrer-a-clausula-democratica-do-mercosul.htm |título=Dilma diz em NY que pode recorrer à cláusula democrática do Mercosul |publicado=UOL Notícias |autor=Luciana Lopez |data=23 de abril de 2016 |acessodata=23 de abril de 2016}}</ref>
Em 22 de abril, a presidente fez um discurso na ONU, ao participar da cerimônia de assinatura do [[Acordo de Paris (2015)|Acordo de Paris]]. O discurso durou quarenta minutos, mas apenas quinze segundos foram usados para falar da crise brasileira. "O País soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia e, hoje, tem um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocesso. Sou grata a todos os líderes que expressaram a mim sua solidariedade", disse ela.<ref>{{Citar web|url=http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/dilma-leva-tema-do-impeachment-a-onu|título=Dilma leva tema do impeachment à ONU|publicado=Carta Capital|autor=André Barrocal|data=22-04-2016|acessodata=22-04-2016|wayb=20160424041014|urlmorta=sim}}</ref> Após este pronunciamento, Dilma deu uma entrevista a jornalistas estrangeiros e classificou abertamente como golpe o processo que vinha sofrendo, na tentativa de obter apoio internacional. Ela disse que não havia base legal no processo e, caso perdesse seu cargo, pretendia recorrer à cláusula democrática do Mercosul.<ref>{{Citar web|url=http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2016/04/22/dilma-diz-em-ny-que-pode-recorrer-a-clausula-democratica-do-mercosul.htm|título=Dilma diz em NY que pode recorrer à cláusula democrática do Mercosul|publicado=UOL Notícias|autor=Luciana Lopez|data=23-04-2016|acessodata=23-04-2016}}</ref>


Em 12 de maio, após ser afastada do seu cargo pelos senadores, Dilma fez um discurso no Palácio do Planalto. Segundo ela, o processo envolvia o respeito às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição; e resultava de uma oposição inconformada com a derrota nas urnas, que passou a conspirar abertamente para impedi-la de governar. Ela considerou o processo um dos desafios mais dolorosos que já enfrentou, ao lado da tortura e do câncer, mas disse que iria lutar com todos os instrumentos legais para exercer seu mandato até o fim, acrescentando que o maior risco para o país era ser dirigido por um governo "sem voto, que não tem legitimidade". Dilma também frisou que os atos dos quais era acusada não eram crimes, sendo até mesmo corriqueiros.<ref>{{Citar web |url=http://www.bbc.com/portuguese/brasil/2016/05/160512_atualizacao_dia_d_impeachment_senado_lgb |título=Afastada, Dilma diz que impeachment é golpe; Temer assume como interino |publicado=BBC Brasil |data=12 de maio de 2016 |acessodata=15 de maio de 2016}}</ref>
Em 12 de maio, após ser afastada do seu cargo pelos senadores, Dilma fez um discurso no Palácio do Planalto. Segundo ela, o processo envolvia o respeito às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição; e resultava de uma oposição inconformada com a derrota nas urnas, que passou a conspirar abertamente para impedi-la de governar. Ela considerou o processo um dos desafios mais dolorosos que já enfrentou, ao lado da tortura e do câncer, mas disse que iria lutar com todos os instrumentos legais para exercer o seu mandato até o fim, acrescentando que o maior risco para o país era ser dirigido por um governo "sem voto, que não tem legitimidade". Dilma também frisou que os atos dos quais era acusada não eram crimes, sendo até mesmo corriqueiros.<ref>{{Citar web|url=http://www.bbc.com/portuguese/brasil/2016/05/160512_atualizacao_dia_d_impeachment_senado_lgb|título=Afastada, Dilma diz que impeachment é golpe; Temer assume como interino|publicado=BBC Brasil|data=12-05-2016|acessodata=15-05-2016}}</ref>


[[Imagem:Presidente Dilma Rousseff vai ao encontro de simpatizantes em frente ao Palácio do Planalto.jpg|thumb|240px|Dilma vai ao encontro de simpatizantes em frente ao Palácio do Planalto após ser afastada, em 12 de maio.]]
[[Imagem:Presidente Dilma Rousseff vai ao encontro de simpatizantes em frente ao Palácio do Planalto.jpg|thumb|esquerda|Dilma vai ao encontro de simpatizantes em frente ao Palácio do Planalto após ser afastada, em 12 de maio.]]


Em 8 de junho, a presidente enviou ao STF a resposta à interpelação judicial feita por um grupo de deputados no mês anterior. Eles questionaram as várias falas de Dilma em que ela classificou o processo de impedimento como um golpe, levando a ministra [[Rosa Weber]] a estipular um prazo para a manifestação da acusada. Dilma afirmou que a sua convicção se fundamentava nos escritos de juristas e cientistas políticos brasileiros e estrangeiros, bem como em artigos e editoriais de jornais de todo o mundo.<ref name= "Defesa no STF 1" >{{Citar web |url=http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/06/08/em-resposta-ao-stf-dilma-reitera-que-golpe-de-estado-esta-em-curso-no-pais/ |título=Em resposta ao STF, Dilma reitera que golpe de Estado está em curso no país |publicado=Jornal do Brasil |obra=Agência Brasil |data=8 de junho de 2016 |acessodata=9 de junho de 2016}}</ref><<ref name= "Defesa no STF 2" >{{citar web|url=http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/peca_11_pet_6126.pdf|título=Integra da Petição|publicado=Jornal GGN|acessodata=9 de junho de 2016}}</ref>
Em 8 de junho, a presidente enviou ao STF a resposta à interpelação judicial feita por um grupo de deputados no mês anterior. Eles questionaram as várias falas de Dilma em que ela classificou o processo de impedimento como um golpe, levando a ministra [[Rosa Weber]] a estipular um prazo para a manifestação da acusada. Dilma afirmou que a sua convicção se fundamentava nos escritos de juristas e cientistas políticos brasileiros e estrangeiros, bem como em artigos e editoriais de jornais de todo o mundo.<ref name= "Defesa no STF 1" >{{Citar web|url=http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/06/08/em-resposta-ao-stf-dilma-reitera-que-golpe-de-estado-esta-em-curso-no-pais/|título=Em resposta ao STF, Dilma reitera que golpe de Estado está em curso no país|publicado=Jornal do Brasil|obra=Agência Brasil|data=08-06-2016|acessodata=09-06-2016}}</ref><ref name= "Defesa no STF 2" >{{citar web|url=http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/peca_11_pet_6126.pdf|título=Integra da Petição|publicado=Jornal GGN|acessodata=09-06-2016|wayb=20160615105000|urlmorta=sim}}</ref>


Esse texto de defesa foi assinado por Cardozo e apresentou pontos de vista históricos e políticos como a motivação do golpe, além de citar o incômodo do governo interino ao ter que lidar com essa palavra, como se fosse uma verdade a ser ocultada. A presidente também mencionou as gravação de Machado, as quais teriam deixado claro que a intenção do processo sempre foi afastar um presidente que permitia as investigações sobre a corrupção "de forma autônoma e republicana". A resposta se completou declarando que a presidente não poderia negar a sua história de resistência à repressão e se submeter a intimidações.<ref name= " Defesa no STF 1 " /><ref name= " Defesa no STF 2 " /> No dia 16 de junho, a ministra Weber determinou o arquivamento do processo.<ref>{{citar web|url=http://extra.globo.com/noticias/brasil/stf-arquiva-pedido-de-explicacao-dilma-rousseff-sobre-uso-do-termo-golpe-19529982.html|título=STF arquiva pedido de explicação a Dilma Rousseff sobre uso do termo ‘golpe’|data=17 de junho de 2016|acessodata=17 de junho de 2016}}</ref>
Esse texto de defesa foi assinado por Cardozo e apresentou pontos de vista históricos e políticos como a motivação do golpe, além de citar o incômodo do governo interino ao ter que lidar com essa palavra, como se fosse uma verdade a ser ocultada. A presidente também mencionou as gravações de Machado, as quais teriam deixado claro que a intenção do processo sempre foi afastar um presidente que permitia as investigações sobre a corrupção "de forma autônoma e republicana". A resposta se completou declarando que a presidente não poderia negar a sua história de resistência à repressão e se submeter a intimidações.<ref name= " Defesa no STF 1 " /><ref name= " Defesa no STF 2 " /> No dia 16 de junho, a ministra Weber determinou o arquivamento do processo.<ref>{{citar web|url=http://extra.globo.com/noticias/brasil/stf-arquiva-pedido-de-explicacao-dilma-rousseff-sobre-uso-do-termo-golpe-19529982.html|título=STF arquiva pedido de explicação a Dilma Rousseff sobre uso do termo ‘golpe’|data=17-06-2016|acessodata=17-06-2016}}</ref>


Em 31 de agosto, após sofrer o impedimento e perder seu cargo em definitivo, Dilma classificou a decisão do Senado de "grande injustiça" e anunciou que iria recorrer da decisão em todas as instâncias possíveis. "Esta história não acaba assim. Estou certa de que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano", afirmou. Ela voltou a dizer que não cometeu crime de responsabilidade e que era inocente. Em sua fala, ela relembrou a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o golpe militar de 1964, quando era militante. Ao fim do discurso, Dilma não disse adeus. "Tenho certeza de que posso dizer até daqui a pouco!", completou.<ref>{{Citar web |url=http://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/apos-aprovacao-do-impeachment-dilma-se-pronuncia-e-diz-que-ira-recorrer/ |título=Após aprovação do impeachment, Dilma se pronuncia e diz que irá recorrer |publicado=O Estado de S. Paulo |autor=Mariana Diegas |data=30 de agosto de 2016 |acessodata=30 de agosto de 2016}}</ref>
Em 31 de agosto, após sofrer o impedimento e perder seu cargo em definitivo, Dilma classificou a decisão do Senado de "grande injustiça" e anunciou que iria recorrer da decisão em todas as instâncias possíveis. "Esta história não acaba assim. Estou certa de que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano", afirmou. Ela voltou a dizer que não cometeu crime de responsabilidade e que era inocente. Em sua fala, ela relembrou a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o golpe militar de 1964, quando era militante. Ao fim do discurso, Dilma não disse adeus. "Tenho certeza de que posso dizer até daqui a pouco!", completou.<ref>{{Citar web|url=http://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/apos-aprovacao-do-impeachment-dilma-se-pronuncia-e-diz-que-ira-recorrer/|título=Após aprovação do impeachment, Dilma se pronuncia e diz que irá recorrer|publicado=O Estado de S. Paulo|autor=Mariana Diegas|data=30-08-2016|acessodata=30-08-2016}}</ref>


Em 2023, o [[Tribunal Regional Federal da 1ª Região]] (TRF-1) arquivou um processo de improbidade administrativa contra Dilma Rousseff por causa das "pedaladas fiscais", que foram um dos motivos do impeachment. O relator do caso, juiz Saulo Casali Bahia, afirmou que, por lei, como Dilma era presidente na época dos fatos, ela não poderia responder por improbidade administrativa - no caso dela, caberia apenas um processo de impeachment, pelo qual já foi punida pelo Congresso Nacional.<ref>{{Citar web|url=https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/08/23/trf-1-mantem-arquivada-uma-acao-de-improbidade-administrativa-contra-a-ex-presidente-dilma-rousseff.ghtml|título=TRF-1 mantém arquivada uma ação de improbidade administrativa contra a ex-presidente Dilma Rousseff|publicado=Jornal Nacional|data=23-08-2023|acessodata=27-08-2023}}</ref> <ref>{{Citar web|url=https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/08/22/trf-1-mantem-arquivado-processo-contra-dilma-rousseff-pelas-pedaladas-fiscais.ghtml|título=TRF-1 mantém arquivado processo contra Dilma Rousseff pelas 'pedaladas fiscais|publicado=G1|autor=Márcio Falcão|data=22-08-2023|acessodata=27-08-2023}}</ref>
==== Quitação das pedaladas ====
Em 30 de dezembro de 2015, o governo pagou todas as dívidas que tinha com o [[Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]] (BNDES), o [[Fundo de Garantia por Tempo de Serviço]] (FGTS), a [[Caixa Econômica Federal]] e o [[Banco do Brasil]]; dívidas referentes às chamadas pedaladas fiscais. O valor total desse pagamento foi de R$ 72,4 bilhões. Assim, o desconto da meta fiscal seria de R$ 55,8 bilhões em 2015 e não de R$ 57 bilhões, como anunciado anteriormente; e o limite da meta fiscal de 2015 para as contas do governo federal passaria a ser de R$ 118,65 bilhões, em vez da previsão anterior de R$ 199,9 bilhões.<ref>Alexandro Martello, 30 de dezembro de 2015. [http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/12/tesouro-diz-que-pagou-r-724-bilhoes-de-pedaladas-devidas-em-2015.html Tesouro Nacional diz que quitou todas as pedaladas fiscais neste ano]. Portal G1, com acesso em 30 de dezembro de 2015.</ref>


==== Manifestações de ministros e ex-ministros do STF ====
=== Ministros e ex-ministros do STF ===
[[Imagem:Ministro Marco Aurélio STF.jpg|thumb|upright|[[Marco Aurélio Mello]] levantou dúvidas em relação ao processo de impedimento da presidente.]]


Em 23 de março de 2016, [[Dias Toffoli]], Ministro do Supremo Tribunal Federal e Presidente do [[Tribunal Superior Eleitoral]], afirmou que o processo de ''impeachment'' contra a presidente Dilma era previsto na Constituição e nas leis brasileiras. "Não se trata de um golpe. Todas as democracias têm mecanismos de controle e o processo de ''impeachment'' é um tipo de controle", explicou.<ref>{{citar web|url=http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/03/23/internas_polbraeco,523905/ministro-dias-toffoli-defende-a-legalidade-do-processo-de-impeachment.shtml|título=Ministro Dias Toffoli defende a legalidade do processo de impeachment |publicado=Correio Braziliense |data=23 de março de 2016 |acessodata=25 de março de 2016}}</ref>
Em 23 de março de 2016, [[Dias Toffoli]], Ministro do Supremo Tribunal Federal e Presidente do [[Tribunal Superior Eleitoral]], afirmou que o processo de ''impeachment'' contra a presidente Dilma era previsto na Constituição e nas leis brasileiras. "Não se trata de um golpe. Todas as democracias têm mecanismos de controle e o processo de ''impeachment'' é um tipo de controle", explicou.<ref>{{citar web|url=http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/03/23/internas_polbraeco,523905/ministro-dias-toffoli-defende-a-legalidade-do-processo-de-impeachment.shtml|título=Ministro Dias Toffoli defende a legalidade do processo de impeachment|publicado=Correio Braziliense|data=23-03-2016|acessodata=25-03-2016}}</ref> Na mesma data, a ministra [[Carmen Lúcia]] contestou a presidente Dilma Rousseff, a qual afirmou que o processo de ''impeachment'' contra ela era "ilegal" e "ilegítimo" e que havia um golpe em andamento. Segundo a ministra, o processo do ''impeachment'' não seria um golpe se a Constituição fosse respeitada. A ministra ainda defendeu a Operação Lava Jato ao afirmar que eram observadas rigorosamente a Constituição e as leis.<ref>{{citar web|url=http://blogs.oglobo.globo.com/faz-diferenca/post/ministra-carmen-lucia-defende-lava-jato.html|título=Ministra Cármen Lúcia afirma que Impeachment não é golpe|publicado=O Globo|data=23-03-2016|acessodata=25-03-2016}}</ref>


Para o ex-ministro [[Ayres Britto]], o ''impeachment'' é legal e está na Constituição.<ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1753516-impeachment-nao-e-golpe-diz-ex-ministro-do-stf-carlos-ayres-britto.shtml|título=Impeachment não é golpe, diz ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto|publicado=Folha de S.Paulo|data=23-03-2016|acessodata=25-03-2016}}</ref> De acordo com Ayres, "A presidente pode perder o cargo, por exemplo, em processo de ''impeachment'', em ação penal comum, em ação de improbidade administrativa. Nada disso é golpe. Segundo a Constituição, a legitimidade de um presidente depende de dois fatores: da sua investidura e do exercício do cargo. A investidura é a voz das urnas, mas ela não é suficiente. Há também o exercício, a presidente tem que se legitimar o tempo todo. Se se deslegitima, perde o cargo, nos casos dos artigos 85 e 86 da Constituição. Mas é fundamental não preterir o contraditório, a ampla defesa — que não é curta — o devido processo legal. A pureza dos fins e a pureza dos meios estão enlaçados umbilicalmente, não se pode romper o cordão umbilical nesses casos".<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/dias-toffoli-carmen-lucia-e-ayres-britto-impeachment-nao-e-golpe-porque-esta-na-constituicao-e-na-lei/|título=Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Ayres Britto: impeachment não é golpe porque está na Constituição e na lei|publicado=VEJA|data=24-03-2016|acessodata=25-03-2016|wayb=20160326132559|urlmorta=sim}}</ref>
Na mesma data, a ministra [[Carmen Lúcia]] contestou a presidente Dilma Rousseff, a qual afirmou que o processo de ''impeachment'' contra ela era "ilegal" e "ilegítimo" e que havia um golpe em andamento. Segundo a ministra, o processo do ''impeachment'' não seria um golpe se a Constituição fosse respeitada. A ministra ainda defendeu a Operação Lava Jato ao afirmar que eram observadas rigorosamente a Constituição e as leis.<ref>{{citar web|url=http://blogs.oglobo.globo.com/faz-diferenca/post/ministra-carmen-lucia-defende-lava-jato.html |título=Ministra Cármen Lúcia afirma que Impeachment não é golpe |publicado=O Globo |data=23 de março de 2016 |acessodata=25 de março de 2016}}</ref>


Em 24 de março, o ministro decano [[Celso de Mello]] defendeu que o ''impeachment'' não era um golpe e criticou as declarações do ex-presidente Lula sobre a Lava Jato. Ao ser questionado por uma ativista sobre o ''impeachment'', disse: "Essa resposta eu já dei no julgamento em dezembro de 2015, no Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que o ''impeachment'' não pode ser reduzido a um mero golpe de estado porque o ''impeachment'' é um instrumento previsto na Constituição, que estabelece regras básicas. Se essas regras foram respeitadas, obviamente o ''impeachment'' não pode ser considerado um ato de arbítrio político e violência política". "É um instrumento legítimo pelo qual se objetiva viabilizar a responsabilização política de qualquer presidente da República, não importa quem seja, não importa a qual partido esta pessoa esteja filiada", completou.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/em-depoimento-ativista-celso-de-mello-defende-impeachment-como-instrumento-legitimo-18961002|título=Em depoimento a ativista, Celso de Mello defende impeachment como instrumento legítimo|publicado=O Globo|data=26-03-2016|acessodata=26-03-2016}}</ref>
Para o ex-ministro [[Ayres Britto]], o ''impeachment'' é legal e está na Constituição.<ref>{{citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1753516-impeachment-nao-e-golpe-diz-ex-ministro-do-stf-carlos-ayres-britto.shtml |título=Impeachment não é golpe, diz ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto |publicado=Folha de S.Paulo |data=23 de março de 2016 |acessodata=25 de março de 2016}}</ref> De acordo com Ayres, "a presidente pode perder o cargo, por exemplo, em processo de ''impeachment'', em ação penal comum, em ação de improbidade administrativa. Nada disso é golpe. Segundo a Constituição, a legitimidade de um presidente depende de dois fatores: da sua investidura e do exercício do cargo. A investidura é a voz das urnas, mas ela não é suficiente. Há também o exercício, a presidente tem que se legitimar o tempo todo. Se se deslegitima, perde o cargo, nos casos dos artigos 85 e 86 da Constituição. Mas é fundamental não preterir o contraditório, a ampla defesa – que não é curta – o devido processo legal. A pureza dos fins e a pureza dos meios estão enlaçados umbilicalmente, não se pode romper o cordão umbilical nesses casos".<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/dias-toffoli-carmen-lucia-e-ayres-britto-impeachment-nao-e-golpe-porque-esta-na-constituicao-e-na-lei/ |título=Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Ayres Britto: impeachment não é golpe porque está na Constituição e na lei |publicado=VEJA |data=24 de março de 2016 |acessodata=25 de março de de 2016}}</ref>


{{quote|Apenas o delinquente esbraveja, grita, buscando encontrar apoio para evitar que a Constituição seja rigorosamente observada.|autor=[[Eros Grau]], em 26 de março de 2016.<ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/politica/ex-ministro-do-stf-defende-legalidade-do-impeachment/|título=Ex-ministro do STF defende legalidade no impeachment|publicado=Estadão|autor=Jamil Chade|data=26-03-2016|acessodata=28-03-2016}}</ref>}}
Em 24 de março, o ministro decano [[Celso de Mello]] defendeu que o ''impeachment'' não era um golpe e criticou as declarações do ex-presidente Lula sobre a Lava Jato. Ao ser questionado por uma ativista sobre o ''impeachment'', disse: "Essa resposta eu já dei no julgamento em dezembro de 2015, no Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que o ''impeachment'' não pode ser reduzido a um mero golpe de estado porque o ''impeachment'' é um instrumento previsto na Constituição, que estabelece regras básicas. Se essas regras foram respeitadas, obviamente o ''impeachment'' não pode ser considerado um ato de arbítrio político e violência política". "É um instrumento legítimo pelo qual se objetiva viabilizar a responsabilização política de qualquer presidente da República, não importa quem seja, não importa a qual partido esta pessoa esteja filiada", completou.<ref>{{citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/em-depoimento-ativista-celso-de-mello-defende-impeachment-como-instrumento-legitimo-18961002 |título=Em depoimento a ativista, Celso de Mello defende impeachment como instrumento legítimo |publicado=O Globo |data=26 de março de 2016 |acessodata=26 de março de 2016}}</ref>


Em 26 de março, o ex-ministro do STF, [[Eros Grau]], alertou que classificar o processo de ''impeachment'' como golpe seria uma agressão à Constituição brasileira, e defendeu a legalidade de um julgamento. Para o ex-ministro, "Quem não é criminoso enfrenta com dignidade o devido processo legal, exercendo o direito de provar não ter sido agente de comportamento delituoso". E continuou: "Quem procedeu corretamente não teme enfrentar o julgamento do Senado Federal. Já o delinquente faz de tudo procurando escapar do julgamento". Pela tese de Graus, o simples medo do julgamento é uma "evidência de delinquência".<ref>{{citar web|url=http://extra.globo.com/noticias/brasil/ex-ministro-do-stf-diz-que-reacao-de-dilma-ao-impeachment-evidencia-de-culpa-18960149.html|publicado=Globo|autor=Jailton de Carvalho|obra=Extra|data=26-03-2016|acessodata=28-03-2016|título=Ex-ministro do STF diz que reação de Dilma ao impeachment é evidência de culpa}}</ref>
{{Rquote|left|Apenas o delinquente esbraveja, grita, buscando encontrar apoio para evitar que a Constituição seja rigorosamente observada.|[[Eros Grau]], em 26 de março de 2016.<ref>{{citar web |url=http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ex-ministro-do-stf-defende-legalidade-do-impeachment,10000023261 |título=Ex-ministro do STF defende legalidade no impeachment |publicado=Estadão |autor=Jamil Chade |data=26 de março de 2016 |acessodata=28 de março de 2016}}</ref>}}


No dia 28 de março, o Presidente do STF, [[Ricardo Lewandowski]], ao lhe perguntarem se o ''impeachment'' se tratava de golpe, afirmou que "golpe é uma expressão que pertence ao mundo da política. Nós aqui usamos apenas expressões do mundo jurídico".<ref>{{citar web|url=http://radioagencianacional.ebc.com.br/politica/audio/2016-03/presidente-do-stf-diz-que-golpe-e-expressao-do-mundo-politico|título=Presidente do STF diz que "golpe" é expressão do mundo político|publicado=EBC|autor=Kariane Costa|data=29-03-2016|acessodata=29-03-2016|wayb=20190211052135|urlmorta=sim}}</ref> Para o ministro [[Luís Roberto Barroso]], "''Impeachment'' não é golpe, é um mecanismo previsto na Constituição para afastamento do presidente. Evidentemente, impõe-se o respeito à Constituição e às normas. Nesse fla-flu, o Supremo não tem lado. O Supremo é um árbitro".<ref>{{citar web|url=http://www.conjur.com.br/2016-mar-28/barroso-compara-stf-arbitro-corte-nao-lado-fla-flu|título=Barroso compara Supremo a árbitro e diz que corte não tem lado no "Fla-Flu"|publicado=Conjur|data=28-03-2016|acessodata=29-03-2016}}</ref> Por outro lado, em 30 de março, o ministro [[Marco Aurélio Mello]] afirmou: "Se não houver fato jurídico que respalde o processo de impedimento, esse processo não se enquadra em figurino legal e transparece como golpe".<ref>{{citar web|url=http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/impeachment-de-dilma-n%C3%A3o-resolve-crise-diz-marco-aur%C3%A9lio-1.1270513|título=Impeachment de Dilma não resolve crise, diz Marco Aurélio|publicado=O Tempo|data=30-03-2016|acessodata=30-03-2016}}</ref>
Em 26 de março, o ex-ministro do STF, [[Eros Grau]], alertou que classificar o processo de ''impeachment'' como golpe seria uma agressão à Constituição brasileira, e defendeu a legalidade de um julgamento. Para o ex-ministro, "Quem não é criminoso enfrenta com dignidade o devido processo legal, exercendo o direito de provar não ter sido agente de comportamento delituoso". E continuou: "Quem procedeu corretamente não teme enfrentar o julgamento do Senado Federal. Já o delinquente faz de tudo procurando escapar do julgamento". Pela tese de Graus, o simples medo do julgamento é uma "evidência de delinquência".<ref>{{citar web|url=http://extra.globo.com/noticias/brasil/ex-ministro-do-stf-diz-que-reacao-de-dilma-ao-impeachment-evidencia-de-culpa-18960149.html|publicado=Globo.com|autor=Jailton de Carvalho|obra=Extra|data=26 de março de 2016|acessodata=28 de março de 2016|título=Ex-ministro do STF diz que reação de Dilma ao impeachment é evidência de culpa}}</ref>


Em 20 de abril de 2016, os ministros se manifestaram repudiando os comentários de Dilma de que o ''impeachment'', da forma como ocorreu, era um "golpe". De acordo com os ministros Celso de Mello e [[Gilmar Mendes]], os processos foram legais. Celso e Gilmar observaram que o processo seguiu a [[Constituição brasileira de 1988|Constituição]] e as regras definidas pelo próprio STF. O ministro decano Celso chegou a dizer que era equívoco gravíssimo falar em golpe e que seria estranho se a presidente fosse ao exterior defender esse argumento.<ref name="repudio">{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/brasil/ministros-do-stf-dizem-que-impeachment-de-dilma-na-camara-nao-foi-golpe-19134087|título=Ministros do STF dizem que impeachment de Dilma na Câmara não foi golpe|publicado=O Globo|autor=André de Souza|data=20-04-2016|acessodata=20-04-2016}}</ref>
No dia 28 de março, o Presidente do STF, [[Ricardo Lewandowski]], ao lhe perguntarem se o ''impeachment'' se tratava de golpe, afirmou que "golpe é uma expressão que pertence ao mundo da política. Nós aqui usamos apenas expressões do mundo jurídico".<ref>{{citar web |url=http://radioagencianacional.ebc.com.br/politica/audio/2016-03/presidente-do-stf-diz-que-golpe-e-expressao-do-mundo-politico |título=Presidente do STF diz que "golpe" é expressão do mundo político |publicado=EBC |autor=Kariane Costa |data=29 de março de 2016 |acessodata=29 de março de 2016}}</ref> Para o ministro [[Luís Roberto Barroso]], "''Impeachment'' não é golpe, é um mecanismo previsto na Constituição para afastamento do presidente. Evidentemente, impõe-se o respeito à Constituição e às normas. Nesse Fla-Flu, o Supremo não tem lado. O Supremo é um árbitro".<ref>{{citar web |url=http://www.conjur.com.br/2016-mar-28/barroso-compara-stf-arbitro-corte-nao-lado-fla-flu |título=Barroso compara Supremo a árbitro e diz que corte não tem lado no "Fla-Flu" |publicado=Conjur |data=28 de março de 2016 |acessodata=29 de março de 2016}}</ref> Por outro lado, em 30 de março, o ministro [[Marco Aurélio Mello]] afirmou: "Se não houver fato jurídico que respalde o processo de impedimento, esse processo não se enquadra em figurino legal e transparece como golpe".<ref>{{citar web |url=http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/impeachment-de-dilma-n%C3%A3o-resolve-crise-diz-marco-aur%C3%A9lio-1.1270513 |título=Impeachment de Dilma não resolve crise, diz Marco Aurélio |publicado=O Tempo |data=30 de março de 2016 |acessodata=30 de março de 2016}}</ref>


Em 20 de abril de 2016, os ministros se manifestaram repudiando os comentários de Dilma de que o ''impeachment'', da forma como ocorreu, era um "golpe". De acordo com os ministros Celso de Mello e [[Gilmar Mendes]], os processos foram legais. Celso e Gilmar observaram que o processo seguiu a [[Constituição brasileira de 1988|Constituição]] e as regras definidas pelo próprio STF. O ministro decano Celso chegou a dizer que era equívoco gravíssimo falar em golpe e que seria estranho se a presidente fosse ao exterior defender esse argumento.<ref name="repudio">{{citar web |url=http://oglobo.globo.com/brasil/ministros-do-stf-dizem-que-impeachment-de-dilma-na-camara-nao-foi-golpe-19134087|título=Ministros do STF dizem que impeachment de Dilma na Câmara não foi golpe |publicado=O Globo |autor=André de Souza |data=20 de abril de 2016 |acessodata=20 de abril de 2016}}</ref>
Em 12 de maio de 2016, o ex-presidente do STF [[Joaquim Barbosa]] afirmou que os motivos apontados para a abertura do processo não justificavam o ''impeachment'' da Presidente da República. O ex-ministro também se manifestou favorável à realização de nova eleição presidencial no Brasil e comentou sobre a votação no Senado Federal que afastou a presidente Dilma Rousseff da seguinte forma: "...aquilo ali era pura encenação pra justificar a tomada do poder". Em seguida, manifestou sua preocupação com a instabilidade institucional gerada dizendo: "...meu temor é que seja fácil, banal e trivial daqui pra frente se tirar um presidente da república, basta que ele contrarie os interesses de meia dúzia de parlamentares poderosos".<ref>{{citar web|url=http://www.tvgazeta.com.br/videos/joaquim-barbosa-impeachment/|título=Joaquim Barbosa critica processo de Impeachment|publicado=TV Gazeta|data=12-05-2016|acessodata=12-05-2016}}</ref>


==Na cultura==
Em 12 de maio de 2016, o ex-presidente do STF [[Joaquim Barbosa]] afirmou que os motivos apontados para a abertura do processo não justificavam o ''impeachment'' da Presidente da República. O ex-ministro também se manifestou favorável à realização de nova eleição presidencial no Brasil e comentou sobre a votação no Senado Federal que afastou a presidente Dilma Rousseff da seguinte forma: "...aquilo ali era pura encenação pra justificar a tomada do poder". Em seguida, manifestou sua preocupação com a instabilidade institucional gerada dizendo: "...meu temor é que seja fácil, banal e trivial daqui pra frente se tirar um presidente da república, basta que ele contrarie os interesses de meia dúzia de parlamentares poderosos".<ref>{{citar web |url=http://www.tvgazeta.com.br/videos/joaquim-barbosa-impeachment/|título=Joaquim Barbosa critica processo de Impeachment |publicado=TV Gazeta |data=12 de maio de 2016 |acessodata=12 de maio de 2016}}</ref>
O ''impeachment'' foi tema de diversos filmes e documentários:
*''[[O Processo (documentário)|O Processo]]'' — dirigido por Maria Augusta Ramos, o documentário relata todo o processo de ''impeachment'' no Senado, após a Câmara dos Deputados ter aprovado o processo. O filme mostra mais detalhadamente os esforços da defesa de Dilma, isto é, dos senadores petistas e do advogado [[José Eduardo Cardozo]] para tentar evitar o impeachment.<ref>{{citar web|título=“Não existe documentário isento”, diz diretora de O Processo|url=https://www.brasildefato.com.br/2018/06/18/nao-existe-documentario-isento-diz-diretora-de-o-processo|obra=BrasildeFato}}</ref> Foi lançado em 2018.
*''[[Não vai ter golpe!]]'' — dirigido por Alexandre Santos e Fred Rauh, o documentário relata as manifestações populares em favor do impeachment, a atuação do [[Movimento Brasil Livre|MBL]] e os bastidores da protocolização do pedido.
* ''[[Democracia em Vertigem]]'' — Com estreia na [[Netflix]] em 19 de junho de 2019, o filme dirigido por [[Petra Costa]] narra a história recente da democracia brasileira, após o fim da ditadura militar e a ascensão e queda da esquerda no país. O filme mostra os governos Lula e Dilma, seguido pelo impeachment de Dilma, a denúncia contra Michel Temer, a prisão de Lula e a eleição de [[Jair Bolsonaro]] em 2018.<ref>{{citar web|título=Netflix divulga trailer de "Democracia em Vertigem", documentário sobre os governo Lula e Dilma|url=https://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/8377960/netflix-divulga-trailer-de-democracia-em-vertigem-documentario-sobre-os-governo-lula-e-dilma|obra=Infomoney|acessodata=12-06-2019}}</ref>
*''Alvorada'' - dirigido por [[Anna Muylaert]] e Lô Politi, o documentário mostra o dia-a-dia de Dilma no Palácio da Alvorada, após ter sido afastada provisoriamente da Presidência, enquanto aguarda o julgamento final do ''impeachment'' pelo Senado. Foi lançado em 2021.<ref>{{citar web|título=Filme sobre momentos finais de Dilma Roussef na Alvorada ganha data de estreia e trailer|url=https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2021/05/filme-sobre-momentos-finais-de-dilma-roussef-na-alvorada-ganha-data-de.html|obra=Diário de Pernambuco|acessodata=04-05-2021}}</ref>
*''[[8 Presidentes 1 Juramento - A História de um Tempo Presente]]'' - Dirigido por [[Carla Camuratti]] e Mário Andrada, o documentário mostra, através de imagens de arquivo nacionais e internacionais, a história da política no Brasil desde o movimento das [[Diretas Já]] até o início do governo de [[Jair Bolsonaro]]. O impeachment de Dilma é mostrado em parte do filme. Foi lançado no [[Globoplay]] em 2021.<ref>{{citar web|título=8 Presidentes 1 Juramento – A História De Um Tempo Presente|url=https://abcine.org.br/site/8-presidentes-1-juramento-a-historia-de-um-tempo-presente/|obra=Associação Brasileira de Cinematografia}}</ref>


== Ver também ==
====Gravações do ministro Jucá====
* [[Impeachment no Brasil]]
Em março de 2016, o então senador [[Romero Jucá]], numa conversa telefônica com o ex-presidente da [[Transpetro]] Sérgio Machado, sugeriu que uma mudança de governo poderia paralisar a [[Operação Lava Jato]], que investigava ambos. Essa interlocução ocorreu semanas ante da votação do processo de impedimento na Câmara. Jucá era um dos principais articuladores da oposição e teria convencido os deputados de que o afastamento de Dilma Rousseff, com um novo governo nas mãos de Temer, poderia ser a solução política para deter o processo conduzido por [[Sérgio Moro]]. Segundo Jucá, um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo", liberando todos os investigados. O senador citou diálogos com ministros do STF e afirmou que "eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato".<ref>{{Citar web |autor= Rubens Valente |url= http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1774018-em-dialogos-gravados-juca-fala-em-pacto-para-deter-avanco-da-lava-jato.shtml |título= Em diálogos gravados, Jucá fala em pacto para deter avanço da Lava Jato |publicado= Folha de S.Paulo |data= 23 de maio de 2016 |acessodata= 23 de maio de 2016}}</ref>
* [[Processo de cassação da chapa Dilma–Temer]]
* [[Pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro]]
* [[Pedidos de impeachment de Michel Temer]]
* [[Vaza Jato]]


{{Referências}}
==== Muro do Impeachment ====
O chamado Muro do Impeachment foi uma barreira de aço montada pelo governo do Distrito Federal na Esplanada dos Ministérios, para dividir manifestantes favoráveis e contrários ao ''impeachment''.<ref name="muro1">[http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/08/gdf-fecha-esplanada-pelo-2-dia-para-fase-final-do-impeachment-de-dilma.html g1.globo.com/] ''GDF fecha Esplanada pelo 2º dia para fase final do impeachment de Dilma''</ref> A justificativa para a montagem do muro foi a grande mobilização popular ocorrida “em virtude do cenário político atual”.<ref name="muro">[http://veja.abril.com.br/politica/senado-abre-pregao-para-muro-do-impeachment/ veja.abril.com.br/] ''Senado abre pregão para ‘muro do impeachment’''</ref> O material usado para sua construção consistiu de grades de alambrado, painel metálico e grade de barricada de contenção de público.


== Bibliografia ==
A divisão dos manifestantes na Esplanada dos Ministérios foi feita da seguinte forma: a partir da rodoviária do Plano Piloto, o grupo a favor do impedimento definitivo de Dilma ficou do lado da cúpula do Senado (do lado norte da Esplanada dos Ministérios); e o grupo contrário ficou do lado da Câmara dos Deputados (lado sul).<ref name="muro1"/> Os manifestantes, porém, não puderam ficar perto do muro. Dos dois lados, foram criadas faixas de segurança, com quarenta metros de largura cada uma. Nesse espaço, só puderam circular as equipes de segurança.<ref name="polemicamuro">[http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2016/04/muro-entre-manifestantes-na-votacao-do-impeachment-gera-polemica.html g1.globo.com/] ''Muro entre manifestantes na votação do impeachment gera polêmica''</ref>


;Artigos
Com a montagem desse muro, foi a primeira vez, na história de Brasília, que um corredor dividiu os excessos em manifestantes de posições políticas antagônicas. Por isso, o “muro do impeachment” foi tratado como a divisão – tanto literal quanto simbólica – do racha que tomou o Brasil nos meses deste processo. Sua construção gerou muita polêmica, sendo chamado de "muro da vergonha"<ref>[http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1759917-governo-gastou-r-8-mil-em-muro-que-divide-grupos-pro-e-anti-dilma.shtml folha.uol.com.br/] ''Governo gastou R$ 8 mil em "muro" que divide grupos pró e anti-Dilma''</ref>, e se tornando uma atração turística.<ref>[http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/16/muro-do-impeachment-vira-atracao-turistica-em-brasilia.htm noticias.uol.com.br/] ''"Muro do impeachment" vira atração turística em Brasília''</ref><ref>[http://www.osul.com.br/muro-do-impeachment-vira-atracao-turistica-em-brasilia/ osul.com.br/] ''Muro do impeachment vira atração turística em Brasília''</ref>
{{Refbegin|2}}
* {{citar periódico|doi=10.1590/198055272129|issn=1415-9848|volume=21|número=2|último=Bastos|primeiro=Pedro Paulo Zahluth|último2=Bastos|primeiro2=Pedro Paulo Zahluth|título=Ascensão e crise do Governo Dilma Roussef e o golpe de 2016: Poder estrutural, contradição e ideologia|periódico=Revista de Economia Contemporânea|ano=2017}}
* {{citar periódico|issn=1982-6672|volume=10|número=30|páginas=225–249|último=Chicarino|primeiro=Tathiana Senne|último2=Segurado|primeiro2=Rosemary|último3=Araújo|primeiro3=Rafael de Paula Aguiar|último4=Tavares|primeiro4=Luis Eduardo|último5=Malina|primeiro5=Pedro|último6=Lobo|primeiro6=Denis Carneiro|numero-autores=1|título=The Impeachment of Dilma Rousseff and the debate on Twitter|periódico=Aurora. Revista de Arte, Mídia e Política|data=2018-02-22|url=https://revistas.pucsp.br/index.php/aurora/article/view/36197}}
* {{citar periódico|doi=10.4000/bresils.3029|issn=2257-0543|número=1|último=Chirio|primeiro=Maud|título=Le rôle des militaires dans la déstabilisation de la démocratie brésilienne (2015-2018)|periódico=Brésil(s). Sciences humaines et sociales|data=2018-06-27}}
* {{citar periódico|doi=10.1215/07402775-3903724|issn=0740-2775|volume=34|número=1|páginas=82–91|último=Encarnación|primeiro=Omar G.|título=The Patriarchy’s Revenge: How Retro-Macho Politics Doomed Dilma Rousseff|periódico= World Policy Journal|ano=2017|idioma=en|formato=requer pagamento}}
* {{citar periódico|doi=10.25160/v6.i1/d5|issn=2245-4373|volume=6|número=1|páginas=85–104|último=Ferreira|primeiro=Carolin Overhoff|título=Reflecting on hard and soft coups: a comparison of Aquarius by Kleber Mendonça Filho and Land in Anguish by Glauber Rocha|periódico=Brasiliana - Journal for Brazilian Studies|ano=2018}}
* {{citar periódico|doi=10.18617/liinc.v13i2.4089|issn=1808-3536|volume=13|número=2|último=Malini|primeiro=Fabio|último2=Ciarelli|primeiro2=Patrick|último3=Medeiros|primeiro3=Jean|título=O sentimento político em redes sociais: big data, algoritmos e as emoções nos tweets sobre o impeachment de Dilma Rousseff|periódico=Liinc em Revista|ano=2017}}
* {{citar periódico|issn=2176-4883|último=Penteado|primeiro=Claudio Luis de Camargo|último2=Lerner|primeiro2=Celina|título=A direita na rede: mobilização online no impeachment de Dilma Rousseff|ano=2018|periódico=Em Debate|volume=10|número=1|páginas=12-24}}
* {{citar periódico|doi=10.17666/339603/2018|issn=0102-6909|volume=33|número=96|último=Prandi|primeiro=Reginaldo|último2=Carneiro|primeiro2=João Luiz|título=EM NOME DO PAI: Justificativas do voto dos deputados federais evangélicos e não evangélicos na abertura do impeachment de Dilma Rousseff|periódico=Revista Brasileira de Ciências Sociais|ano=2018}}
* {{citar periódico|doi=10.22409/contracampo.v0i0.1137|issn=2238-2577|volume=0|número=0|último1=Prudencio|primeiro1=Kelly|último2=Rizzotto|primeiro2=Carla|último3=Sampaio|primeiro3=Rafael Cardoso|título=A normalização do golpe: o esvaziamento da política na cobertura jornalística do “impeachment” de Dilma Rousseff|periódico=Revista Contracampo|ano=2018}}
* {{citar periódico|doi=10.20873/uft.2447-4266.2017v3n6p612|issn=2447-4266|volume=3|número=6|páginas=612–635|último=Santos|primeiro=Ebida Rosa dos|último2=Guazina|primeiro2=Liziane Soares|título=O USO DAS FONTES NAS NOTÍCIAS SOBRE O PROCESSO DE IMPEACHMENT: uma análise da cobertura realizada pelos jornais Folha de S. Paulo e a Tarde (BA)|periódico=Revista Observatório|ano=2017}}
* {{citar periódico|doi=10.1111/tla.12181|issn=1557-203X|volume=62|número=1|páginas=55–79|último=Snider|primeiro=Colin M.|título=“The Perfection of Democracy Cannot Dispense with Dealing with the Past:” Dictatorship, Memory, and the Politics of the Present in Brazil|periódico=The Latin Americanist|data=2018-03-01}}
* {{Citar Q|Q104721777}}
* {{citar periódico|doi=10.24261/2183-816x0727|issn=2183-816X|número=27|páginas=123–140|último=Wink|primeiro=Georg|título=Humor golpista: memes sobre Dilma Rousseff durante o “impeachment”|periódico=Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas|ano=2017}}
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;Teses
Questionada pela revista Época, de onde surgiu a ideia do muro, Márcia de Alencar, secretária de Estado da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal, disse que "Esse muro é mais simbólico, não real. O alambrado não é uma estrutura física. São três alambrados, com a finalidade de serem corredores de circulação dos serviços de segurança pública. Em local nenhum do mundo a gente aproxima as pessoas com interesses antagônicos."<ref>[http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/04/o-muro-na-esplanada-representa-simbolicamente-divisao-do-brasil.html epoca.globo.com/] ''“O muro na Esplanada representa simbolicamente a divisão do Brasil”''</ref>
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* {{Citar tese|último=Coimbra|primeiro=Mayra Regina|título=A disputa de sentidos sobre a imagem de Dilma Rousseff: as estratégias de construção de imagem da ex-presidente versus o enquadramento noticioso da Folha de S. Paulo no período do impeachment|ano=2018|url=https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6950|publicado=Universidade Federal de Juiz de Fora|local=Juiz de Fora|grau=Mestrado em Comunicação}}
* {{Citar tese|ultimo=Lins|primeiro=Camila de Barros|título=Impeachment de 2016: uma análise crítica discursiva dos jornais de Pernambuco|ano=2018|url=http://tede2.unicap.br:8080/tede/handle/tede/952|publicado=Universidade Católica de Pernambuco|local=Recife|grau=Mestrado em Ciências da Linguagem}}
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;Livros
{{Referências|col=3}}
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* {{citar livro|publicado=Canal 6 Editora|isbn=978-85-7917-459-9|último=Alves|primeiro=Giovanni|último2=Gonçalves|primeiro2=Mirian|último3=Tonelli|primeiro3=Maria Luiza Quaresma|último4=Filho|primeiro4=Wilson Ramos|último5=Teles|primeiro5=Barbara Caramuru|numero-autores=1|título=Enciclopédia do golpe: ...|ano=2017|url=https://books.google.com.br/books?id=o5cAtAEACAAJ|local=Bauru}}
* {{citar livro|publicado=Canal 6 Editora|isbn=978-85-7917-472-8|último=Nassif|primeiro=Maria Inês|último2=Rosario|primeiro2=Miguel|título=Enciclopédia do golpe: O papel da mídia|ano=2017|url=https://books.google.com.br/books?id=jCLNtQEACAAJ|local=Bauru}}
* {{citar livro|autorlink=Jessé Souza|url=https://books.google.com.br/books?id=gKVYDwAAQBAJ|publicado=LEYA|isbn=978-85-441-0447-7|último=Souza|primeiro=Jessé|título=A radiografia do Golpe: Entenda como e por que você foi enganado|ano=2016|local=Rio de Janeiro|ref=radiografia}}
* {{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=rwJDDwAAQBAJ|publicado=LEYA|isbn=978-85-441-0538-2|último=Souza|primeiro=Jessé|título=A elite do atraso: Da escravidão à Lava Jato|ano=2017|local=Rio de Janeiro|ref=elite}}
* {{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/A_resist%C3%AAncia_ao_Golpe_de_2016.html?id=P7JsDQAAQBAJ&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=[[A Resistência ao Golpe de 2016]]|ultimo=Proner|primeiro=Carol|ultimo2=Cittadino|primeiro2=Gisele|ultimo3=Tenenbaum|primeiro3=Marcio|ultimo4=Filho|primeiro4=Wilson Ramos|numero-autores=1|data=2016-08-30|editora=Canal 6 Editora LTDA|local=Bauru|isbn=9788579173790}}
* {{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/%C3%80_sombra_do_poder.html?id=QRjlDQAAQBAJ&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=À sombra do poder: Bastidores da crise que derrubou Dilma Rousseff|ultimo=Almeida|primeiro=Rodrigo de|data=2017-01-01|editora=Leya|local=Rio de Janeiro|isbn=9788544104996}}
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* Moreno, Jorge Bastos (24 de março de 2017). [https://books.google.com.br/books?id=9ELeDgAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=Ascens%C3%A3o+e+queda+de+Dilma+Rousseff&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwj1_-b66L_jAhXWF7kGHTh6A4IQ6AEIKTAA#v=onepage&q=Ascens%C3%A3o%20e%20queda%20de%20Dilma%20Rousseff&f=false Ascensão e queda de Dilma Rousseff]. Globo Livros. ISBN 8525063398
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* {{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/O_lulismo_em_crise.html?id=t1FWDwAAQBAJ&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y|título=O lulismo em crise: Um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016)|ultimo=Singer|primeiro=André|data=2018-05-19|editora=Companhia das Letras|local=São Paulo|isbn=9788554511616}}
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== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
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*[http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/128811/lei-do-impeachment-lei-1079-50 Lei do ''impeachment'' no Brasil]
*{{Link|pt-br|2=http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/128811/lei-do-impeachment-lei-1079-50|3=Lei do ''impeachment'' no Brasil}}
*{{citar web|url=https://aosfatos.org/noticias/dilma-omite-ter-pedalado-mais-que-lula-e-fhc/|título=''Dilma omite ter 'pedalado' mais que Lula e FHC juntos''|autor=Tai Nalon|obra=Aos Fatos|data=16-08-2016|acessodata=20-04-2018|wayb=20180420221312}}


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Edição atual tal como às 12h39min de 21 de junho de 2024

Impeachment de Dilma Rousseff
Acusada Dilma Rousseff
Proponentes Hélio Bicudo, Janaína Paschoal, Miguel Reale Júnior
Período 2 de dezembro de 2015 a 31 de agosto de 2016
Acusações Crimes de responsabilidade por pedaladas fiscais e por créditos suplementares sem autorização legislativa.
Principais votações
Na Câmara quanto à admissibilidade
Placar
  • 367 favoráveis
  • 137 contrários
  • 7 abstenções
  • 2 ausentes
Resultado Processo enviado para o Senado Federal
No Senado quanto à admissibilidade
Placar
  • 55 favoráveis
  • 22 contrários
  • 2 faltas
Resultado Dilma fica afastada do mandato por até 180 dias

Temer assume como presidente interino

No Senado quanto à cassação
Placar
  • 61 favoráveis
  • 20 contrários
Resultado Cassado o mandato de Dilma Rousseff como presidente da República

Vice, Michel Temer, definitivamente empossado presidente

No Senado quanto à inelegibilidade
Placar
  • 42 favoráveis
  • 36 contrários
  • 3 abstenções
Resultado Dilma ainda pode assumir cargos públicos, inclusive eletivos

O impeachment de Dilma Rousseff consistiu em um processo iniciado com vistas ao impedimento da continuidade do mandato de Dilma Rousseff como presidente da República Federativa do Brasil.[1] O processo iniciou-se com a aceitação, em 2 de dezembro de 2015, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de uma denúncia por crime de responsabilidade oferecida em 15 de outubro de 2015[2] pelo procurador de justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal,[3][4][5] e se encerrou no dia 31 de agosto de 2016, resultando na cassação do mandato de Dilma. Assim, Dilma Rousseff tornou-se a quarta pessoa a exercer o cargo de Presidente da República a sofrer impeachment no Brasil, depois de Fernando Collor, Café Filho e Carlos Luz.

As acusações versaram sobre desrespeito à lei orçamentária e à lei de improbidade administrativa por parte da presidente, além de lançarem suspeitas de envolvimento em atos de corrupção na Petrobras, que eram objeto de investigação pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato.[6] Havia, no entanto, juristas que contestavam a denúncia dos três advogados, afirmando que as chamadas "pedaladas fiscais" não caracterizaram improbidade administrativa e que não existia qualquer prova de envolvimento da presidente em crime doloso que pudesse justificar o impeachment.[7][8][9][10][11]

A partir da aceitação do pedido, formou-se uma comissão especial na Câmara dos Deputados, a fim de decidir sobre a sua admissibilidade. O roteiro começou com os depoimentos dos autores do pedido e teve seguimento com a apresentação da defesa de Dilma. Enquanto isso, manifestações de rua a favor e contra o impedimento ocorriam periodicamente em todo o país.[12][13]

O relatório da comissão foi favorável ao impedimento da presidente Dilma: 38 deputados aprovaram o relatório e 27 se manifestaram contrários.[14] Em 17 de abril, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o relatório com 367 votos favoráveis e 137 contrários. O parecer da Câmara foi imediatamente enviado ao Senado, que também formou a sua comissão especial de admissibilidade, cujo relatório foi aprovado por 15 votos favoráveis e 5 contrários.[15] Em 12 de maio o Senado aprovou por 55 votos a 22 a abertura do processo, afastando Dilma da presidência até que o processo fosse concluído. Neste momento, o vice-presidente Michel Temer assumiu interinamente o cargo de presidente.[16] Em 31 de agosto de 2016, Dilma Rousseff foi afastada do cargo de Presidente da República após três meses de tramitação do processo iniciado no Senado, que culminou com uma votação em plenário resultando em 61 votos a favor e 20 contra o impedimento.[17] Porém, em seguida, o Senado rejeitou, por 42 votos a 36, a inabilitação de Dilma para exercer cargos públicos por oito anos, conforme previa a constituição.[18][19]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Dilma Rousseff discursando na cerimônia de posse de seu segundo mandato, em 1º de janeiro de 2015. Atrás dela estão o Presidente do Senado, Renan Calheiros, e o Vice-presidente da República, Michel Temer.

A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer foram reeleitos no segundo turno da eleição presidencial de 2014 com 51,64% dos votos válidos, sendo esta a eleição presidencial mais acirrada da história do país até então,[20][21] o que gerou insatisfação entre os oposicionistas e parte da população. Em 2015, Dilma iniciou seu segundo mandato enfraquecida devido à crise política e à e crise econômica que surgia. O desemprego começava a subir e uma forte recessão se avizinhava, cujos sinais já foram percebidos em 2014 devido ao baixo crescimento do produto interno bruto (PIB) naquele ano.[22] Devido a esses fatores, Dilma atingiu 9% de aprovação em uma pesquisa do Ibope realizada em julho de 2015, o mais baixo índice para um presidente até então.[23][24] A partir de março, diversos protestos contra o governo reuniam centenas de milhares de pessoas em todo o país para pedir, entre outras demandas, o impeachment ou a renúncia da presidente.[25][26]

Contudo, as razões para a abertura do processo de impeachment de Dilma iam além. O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, era investigado na Operação Lava Jato da Polícia Federal, sob denúncias de ter recebido propinas da Petrobras e de manter contas secretas na Suíça. Consequentemente, Cunha corria o risco de perder o seu mandato, pois o Conselho de Ética da Câmara movia um processo contra ele. Surgiram boatos sobre tentativas de acordo entre o deputado e os petistas, a fim de encerrar esse processo, os quais ele desmentia vigorosamente. Quando os petistas anunciaram o seu apoio à perda do mandato de Cunha no Conselho de Ética, ele teria aceitado o pedido de impeachment como instrumento de chantagem.[27] Por sua vez, Dilma negou tentativas de acordo para salvar Cunha e se livrar do impeachment, assim como negou acordos para interferir no Conselho de Ética em troca da aprovação da volta da CPMF, que era uma grande necessidade do governo para recuperar a economia.[28] Nas palavras dela, em entrevista coletiva no mesmo dia da aceitação do pedido:

Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública.
— Dilma Rousseff[29]

Após o pronunciamento da presidente, Cunha afirmou que ela mentiu à nação quando disse que não participaria de qualquer barganha e que o governo tinha muito que explicar à sociedade. O deputado reiterou que não tinha conhecimento de negociações, que não atendeu o telefonema do ministro Jaques Wagner (que seria o intermediário), que seus aliados não estavam negociando a salvação de seu mandato e que se recusou a aceitar a proposta do governo quando teve conhecimento desta. Declarando-se adversário do Partido dos Trabalhadores, ele disse que preferia não ter os três votos do partido no Conselho de Ética.[30] A presidente Dilma Rousseff não era alvo de acusações formais na Lava Jato.[31]

Argumentos do pedido[editar | editar código-fonte]

Até setembro de 2015, havia 37 pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados contra Dilma Rousseff, mas o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, viria a acolher apenas o pedido redigido por Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Conceição Paschoal.[32] Os movimentos sociais pró-impeachment decidiram aderir ao requerimento de Bicudo,[33] que contou também com o apoio de parlamentares e da sociedade civil, a qual organizou um abaixo-assinado em apoio ao impeachment da Presidente da República.[34] Em resposta à abertura do processo, Dilma afirmou que os argumentos apresentados pelos juristas eram inconsistentes e improcedentes e que ela não havia praticado nenhum ato ilícito.[29]

Petrobras e Pasadena[editar | editar código-fonte]

O jurista Miguel Reale Jr. e a filha de Hélio Bicudo, Maria Bicudo, entregam a Cunha o pedido de impeachment da presidente Dilma.

Para os juristas autores do pedido aceito, Dilma não agiu como deveria para punir as irregularidades que existiam na Petrobras. Eles disseram textualmente que a presidente agiu como se nada soubesse, como se nada tivesse ocorrido, mantendo seus assistentes intocáveis e operantes na máquina de poder instituída, à revelia da lei e da Constituição. Segundo o texto do pedido, houve uma maquiagem deliberadamente orientada a passar para a nação a sensação de que o Brasil estaria economicamente saudável.[35][36]

Assim, conforme o documento, durante todo o processo eleitoral de 2014, Dilma negou que a situação da Petrobras, tanto do ponto de vista moral quanto do econômico, era muito grave.[36][37] Ainda nas palavras dos autores, a máscara da competência fora primeiramente arranhada no episódio envolvendo a compra da refinaria em Pasadena pela estatal. Os juristas declararam que Dilma era presidente do Conselho da Estatal e deu como desculpa um equívoco relativo a uma cláusula contratual.[38]

Segundo o documento, a presidente foi omissa em relação à compra da refinaria de Pasadena. Ou seja, eles asseguraram que, ainda que a presidente não estivesse ativamente envolvida nessa situação, restaria sua responsabilidade omissiva. Conforme os juristas, a presidente sabia de todos os fatos e era diretamente responsável pela corrupção que ocorreu na empresa pública. Dessa forma, na tese deles, a responsabilidade da denunciada quanto à corrupção sistêmica de seu governo era inegável.[39]

Os autores citaram ainda a corrupção desvendada pela Operação Lava Jato e sustentaram no documento que a ação da Polícia Federal realizou uma devassa em todos os negócios feitos pela Petrobras, constatando, a partir de colaborações premiadas intentadas por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que as obras e realizações anunciadas como grandes conquistas do Governo Dilma eram na verdade um meio para sangrar a estatal, que, no momento, encontrava-se descapitalizada e desacreditada.[40] Tal acusação, contudo, não foi alvo de julgamento no parecer final votado pelo Senado. Ao acatar a o pedido de impeachment, Eduardo Cunha havia descartado o trecho por entender que se tratavam de ilações.[41]

Decretos sem autorização[editar | editar código-fonte]

Segundo o pedido, Dilma fez editar, nos anos de 2014 e 2015, uma série de decretos que resultaram na abertura de créditos suplementares, de valores muito elevados, sem a autorização do Congresso Nacional, na ordem de 18,4 bilhões de reais.[42] Segundo os autores, Dilma tinha conhecimento de que a meta de superavit primário prevista na lei de diretrizes orçamentárias não estava sendo cumprida desde 2014, pois foi o próprio governo quem apresentou o projeto de lei pedindo a revisão da meta, uma confissão, do ponto de vista deles, de que a meta não estava e não seria cumprida. Mas, mesmo assim, expediu os decretos sem a autorização prévia do Legislativo.[43]

Então, conforme o texto do pedido, era clara a realização de crime de responsabilidade no caso em vista, diante da literalidade dos artigos supracitados, pois houve uma efetiva realização de abertura e operação de crédito, além de contração de empréstimo sem a observância da lei.[44][45] O documento alegava que, além do fato ocorrido no ano de 2014, a mesma conduta da denunciada foi praticada no ano de 2015. Segundo os juristas, os decretos de 2015 exibiam um superavit artificial, pois já se sabia que a lei de diretrizes orçamentárias não seria cumprida. Naquele contexto, houve uma revisão da meta fiscal por projeto de lei. A conclusão dos juristas foi que, sendo idênticas as condutas nos anos de 2014 e 2015, era inegável que a infringência às leis orçamentárias era patente, contumaz e reiterada.[39][46]

Em dezembro de 2022 após o Tribunal de Contas da União se posicionar pela rejeição das contas de 2014 e 2015 com argumentos que embasaram o processo de impeachment de Dilma Rousseff, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso aprovou as contas da ex-presidente deste período.[47]

Pedaladas fiscais[editar | editar código-fonte]

De acordo com o então ministro da justiça Eduardo Cardozo, as pedaladas fiscais são uma prática comum, havendo ocorrências dela desde o ano de 1994.

As pedaladas fiscais são um termo usado para descrever uma manobra contábil do governo federal que serviu para passar a impressão de que ele arrecadava mais do que gastava, enquanto a realidade era exatamente o contrário.[48][49] O governo não estava pagando os bancos públicos e privados que financiavam programas sociais como o Bolsa Família.[50] Então, para que os beneficiários não deixassem de receber, os bancos arcavam com as despesas sozinhos, sem receberem a compensação governamental.[51] O Tribunal de Contas da União, em decisão unânime, considerou essa operação um empréstimo dos bancos, não pago pelo governo, e que feria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).[52] Embora o TCU seja um órgão auxiliar do Legislativo e não tenha poderes para condenar o chefe do Executivo, ele oferece um parecer prévio, que pode ou não ser acatado pelo Congresso Nacional, abrindo até mesmo a possibilidade de um processo de impedimento da Presidente da República.[53]

Conforme os juristas, os empréstimos foram concedidos em afronta ao artigo 36 da LRF, que proíbe a tomada de empréstimo pela União de entidade do sistema financeiro por ela controlada. No documento, eles sustentaram que caberia institucionalmente à presidente agir para que essa ilegalidade fosse cessada, o que não fez, apesar de ser alertada por várias autoridades sobre os riscos.[8][54] Além disso, eles argumentaram que a presidente é economista e, durante o pleito eleitoral, assegurou que tais contas estavam saudáveis. Assim, a situação restaria ainda mais grave quando se constatava que todo esse expediente fora intensificado durante o ano eleitoral, com o fim deliberado de iludir o eleitorado.[55]

Em setembro de 2022 foi arquivado por deliberação do Ministério Público Federal (MPF) o inquérito civil movido contra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, na investigação sobre supostas irregularidades em operações de crédito entre o Tesouro Nacional e bancos públicos como o BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal no ano de 2015. Segundo a decisão do MPF ficou clara a não existência e comprovação de crime, sendo que as alegadas pedaladas basearam e culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.[56]

Processo na Câmara dos Deputados[editar | editar código-fonte]

Eduardo Cunha declara que aceitou a abertura do processo, em 2 de dezembro de 2015.
Sessão do STF que julgou o rito do processo de impeachment, em 16 de dezembro de 2015.

O processo de destituição de Dilma teve início com a formação de uma comissão especial composta por 65 deputados, com representantes de todos os partidos, a qual deveria avaliar a adequação do pedido e a eventual remessa do processo ao plenário da Câmara dos Deputados.[57][58] Depois da criação da comissão e de o pedido de impeachment ter sido lido em sessão da Câmara, a presidente foi notificada e passou a ter dez sessões para apresentar a sua defesa.[59] Se a comissão emitisse parecer favorável ao impeachment, haveria a continuação do processo com uma votação, que exigiria o apoio de dois terços dos deputados federais (342) para o afastamento temporário de Dilma, seguindo-se a posse do vice-presidente Michel Temer como presidente interino, por um período de até 180 dias.[60] Com a aprovação na Câmara dos Deputados, um segundo processo seria instaurado no Senado.[61]

Porém, em 8 de dezembro, o ministro Luiz Edson Fachin, do STF, suspendeu todo o processo de impedimento devido a questionamentos dos deputados sobre a forma que o processo deveria ser conduzido, fato que havia gerado tumultos. Assim, todo o rito ficou paralisado até que houvesse uma decisão do Supremo.[62] Um dia depois, em 9 de dezembro, Fachin afirmou que iria "propor um rito que vai do começo ao final do julgamento do Senado (...)".[63][64] Isso causou discussões, pois Fachin era alvo de polêmicas levantadas pela oposição, que o considerava "progressista" por ser ligado a movimentos sociais. Além disso, ele também era alvo de suspeição por ter declarado seu voto em Dilma nas eleições de 2014.[65] Porém, ele surpreendeu na seção de 16 de dezembro, votando favoravelmente, por exemplo, ao afastamento da presidente do cargo por até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo, para então ser julgada pelo Senado.[66]

Além de Fachin, a maioria dos ministros do Supremo votou pela manutenção da decisão que mudava o rito do processo. As consequências seriam: a impossibilidade de chapas ou candidaturas avulsas, a votação aberta para a escolha dos membros da comissão, e a permissão de o Senado não instaurar um processo próprio, mesmo com a decisão da Câmara a favor da abertura. Dessa forma, o STF respondeu aos embargos de declaração da Câmara. O relatório dos ministros destravou o processo, que estava parado desde dezembro de 2015, e aumentou as chances de impeachment de Dilma.[67][68]

Comissão especial definitiva[editar | editar código-fonte]

Rogério Rosso (PSD-DF), ex-governador do Distrito Federal, foi eleito presidente da comissão.
Jovair Arantes (PTB-GO), foi escolhido para a relatoria. Rosso e Arantes são aliados de Cunha.

Em 17 de março, a Câmara finalmente elegeu, por votação aberta, os 65 integrantes da comissão especial, com 433 votos a favor e apenas 1 contra. Os partidos predominantes eram o PT e o PMDB, cada um com 8 membros; O PSDB teve 6 membros; as demais 43 vagas foram repartidas entre 21 partidos.[69]

Em uma outra sessão, Rogério Rosso, líder do PSD e aliado de Cunha, foi eleito presidente da comissão, enquanto Jovair Arantes, líder do PTB e também aliado de Cunha, foi nomeado relator do processo. Cunha acreditava em um prazo de 45 dias para a conclusão dessa parte do processo, mas tal prazo dependia de sessões de segunda a sexta e quóruns de pelo menos 51 deputados.[70]

Manifestação dos autores do pedido

Em 30 de março, Miguel Reale Júnior depôs à comissão, dizendo que as pedaladas representavam crime devido a serem uma forma de mascarar o deficit fiscal, e por levar a União a contrair empréstimos com suas próprias entidades financeiras, o que é ilícito segundo a LRF. Segundo ele, esta ruptura do equilíbrio fiscal gerou uma cascata de eventos que culminaram em inflação, recessão, e desemprego, afetando sobretudo os mais pobres.[71]

Os autores do pedido Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior depõem na Comissão Especial do processo de impeachment.

Miguel Reale Júnior enfatizou também que o fato de tal manobra ter sido realizada por governos anteriores não a tornava menos ilícita segundo o Código Penal, onde é tipificado como crime de responsabilidade, e que as pedaladas no governo Dilma foram maiores e mais frequentes. Assim, esperava provar que tais operações de crédito não tinham sido simples fluxo de caixa. Rebateu a crítica de que não se deveria considerar fatos do 1º mandato, pois o STF tinha já definido que um agente público pode sim ser punido por fatos anteriores ao mandato.[71]

A seguir, depôs a advogada Janaina Paschoal, concordando que "Impedimento sem crime é golpe", mas assegurando que havia crimes de responsabilidade de sobra, referindo-se aos decretos não autorizados que abriram créditos também não autorizados, e ao comportamento omissivo doloso da presidente na corrupção que envolvia a Petrobras. Então, do ponto de vista dela, o golpe foi tentar apresentar um superavit que não era real. Ainda contestando as insinuações governistas de golpe, ela declarou que o pedido de afastamento tinha base legal e continha denúncias de violações à legislação. E acrescentou que a falta de responsabilidade fiscal do governo criou uma situação financeira muito grave para os brasileiros.[71]

Manifestações da defesa
Ricardo Lodi Ribeiro e Nelson Barbosa apresentam a defesa da presidente Dilma, em 31 de março.

Em 31 de março de 2016, ocorreu a defesa de Dilma Rousseff perante a comissão. Foram escolhidos os Ministro da Fazenda Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário Ricardo Lodi Ribeiro para representá-la. Ambos sustentaram que os atos da presidente estavam de acordo com as exigências do TCU, sob a justificativa de que a prática foi referendada pelo mesmo e pelo Congresso em vários governos anteriores da República:[72]

  • O Ministro da Fazenda disse que só deveriam ser considerados no processo os fatos ocorridos desde o começo do 2º mandato, onde não tinham havido manobras fiscais, e ressaltou que os 6 créditos suplementares abertos no mandato anterior não modificaram o plano financeiro de 2015, nem o limite global de gasto discricionário do governo. Além disso, a maior parte dos decretos, segundo ele, haviam sido financiadas por meio da anulação de despesas, ou atendendo a pedidos.[72]
  • O professor de Direito Tributário também defendeu que a meta fiscal de 2015 foi cumprida, pois o Congresso aprovou a alteração. Também defendeu os créditos suplementares, e disse que era possível prever uma situação financeira ruim de acordo com os relatórios bimestrais, mas que o governo fez contingenciamentos ao longo de 2015. Portanto, não haveria crime de responsabilidade, e portanto, não poderia haver impeachment. Reiterou que a desaprovação popular não é um motivo legal para o impeachment.[72] Sua presença causou tumulto, por ele ser sócio do escritório do qual fez parte o Ministro do STF Luís Roberto Barroso. O advogado respondeu que não estava presente como sócio, mas sim como professor adjunto da UERJ.[72]
José Eduardo Cardozo, da Advocacia Geral da União, em defesa de Dilma.

Em 4 de abril, o presidente da comissão, Rogério Rosso, decidiu que o Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, também poderia fazer a defesa da presidente no processo, após questionado por deputados do PPS, PTB e PSB, muito embora outros parlamentares tenham argumentado que a AGU só pode defender presidentes da República quando a ação é de interesse da União, enquanto o impeachment seria, segundo eles, de interesse pessoal da Dilma.[73]

Então, na defesa que o advogado da União fez no mesmo dia, disse que o impeachment era inválido, e que feria a Constituição, por não haver crime de responsabilidade que o justificasse; sendo portanto, um golpe.[74][75] Acrescentou que Eduardo Cunha desviou seu poder ao agir pelo desejo de vingança e retaliação, por os petistas não o terem apoiado no Conselho de Ética; logo, o processo foi contaminado e os resultados deviam ser nulos.[76] Disse que as pedaladas fiscais não foram operações de crédito, mas sim atrasos nos contratos de prestação de serviços dos bancos públicos, e que tais operações só passaram a ser consideradas irregulares pelo TCU em 2015, não sendo válida uma "punição retroativa".[76] Quanto ao crédito suplementar, disse que todos foram respaldados por pareceres técnicos, seguindo a lei orçamentária, e por isto, não eram irregulares.[76]

Votação do relatório da comissão[editar | editar código-fonte]

Jovair Arantes faz a leitura de seu relatório, em 6 de abril.

O relator Jovair Arantes deu um parecer contrário a Dilma, recomendando seus colegas a votarem pela abertura de processo de impeachment. Disse estar convicto de "indícios de gravíssimos e sistemáticos atentados à Constituição Federal" e o seu relatório assumiu a existência de um crime de responsabilidade, enfatizando as pedaladas fiscais e seus efeitos na crise econômica.[77][78] Ele sustentou ainda que os atrasos nos repasses foram empréstimos à União.[77][78]

A profunda crise brasileira não é só econômica e financeira, mas também política, e, principalmente, moral. O governo perdeu sua credibilidade aos olhos de nossa sociedade e perante a comunidade internacional. (…) Tais atos justificam a abertura do excepcional mecanismo do impeachment.
Jovair Arantes, em seu relatório sobre a admissibilidade do processo, em 6 de abril de 2016.[78]

O relatório foi aprovado em 11 de abril de 2016, por 38 votos a 27, numa sessão tensa de 9 horas de duração, com bate-bocas e provocações entre deputados do governo e da oposição. O PMDB e o PSD liberaram os votos de seus membros, levando os votos desses partidos, e os discursos também, a ficarem divididos.[79]

Votação no plenário da Câmara[editar | editar código-fonte]

Resultado da votação na Câmara por unidade federativa:
  Sim—90-100%
  Sim—80-89,99%
  Sim—70-79,99%
  Sim—60-69,99%
  Sim—50-59,99%
  Empate
  Não—40-49,99%

Na manhã dia 15 de abril (sexta-feira), foi aberta uma sessão na Câmara dos Deputados para determinar se o processo seria admitido. Esta foi a maior sessão da história, tendo encerrado-se somente na noite de sábado (16 de abril). O roteiro era: 25 minutos para os autores do pedidos, 25 minutos para a defesa da presidente, e 1 hora para cada partido com representação na Câmara.[80][81]

No domingo, 17 de abril, a sessão definitiva ocorreu, com previsão de 10 segundos para cada voto, que poderia ser "sim" (pela admissibilidade do processo de impeachment), "não" (contra a admissibilidade do processo de impeachment), ou abstenção. Eram necessários 342 votos a favor para abrir o processo no Senado.[82] O Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, votou a favor do impeachment, o que é incomum, considerando-se a tradição de neutralidade do cargo de Presidente da Câmara.[83][84] Pouco depois das 11 da noite (após quase 10 horas), foi emitido o voto nº 342 a favor, enviando o processo ao Senado. Ao todo, foram 367 votos a favor do impeachment, e 137 contra.[85]

No dia 9 de maio, com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afastado pelo STF, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP), que tinha votado contra o impeachment, decidiu anular a sessão que aprovou a admissibilidade do impeachment de Dilma, a pedido de José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União. O presidente interino da Câmara marcou uma nova votação no plenário, a ocorrer depois da devolução do processo pelo Senado. Justificou alegando uma série de vícios que tornariam nula a decisão da Câmara.[86]

A decisão de Waldir foi duramente criticada pela Ordem dos Advogados do Brasil.[87] Em resposta, Renan Calheiros ignorou Maranhão e disse que daria continuidade ao rito iniciado.[88] Na mesma noite em que decidiu anular a decisão da Câmara, Maranhão voltou atrás e manteve a decisão de dar prosseguimento ao impeachment.[89]

Processo no Senado Federal[editar | editar código-fonte]

Segundo a legislação, o primeiro passo da tramitação do impeachment no Senado Federal seria a leitura em plenário do parecer da Câmara favorável à abertura do processo. Em seguida, Calheiros criaria a comissão especial para a análise do processo e pediria aos líderes partidários a indicação dos 42 senadores que iriam compor a comissão: 21 titulares e 21 suplentes. O rito prosseguiria com a eleição da comissão especial, que elegeria o seu presidente e o seu relator.[90]

Se o parecer da comissão fosse pela admissibilidade do processo e o texto fosse aprovado pelo plenário, o processo contra a presidente seria instaurado e ela seria notificada e afastada do cargo por um período de até 180 dias. Com isso, Temer assumiria o governo. Se o parecer da comissão pela admissibilidade fosse rejeitado no plenário, a denúncia contra Dilma seria arquivada.[90]

Comissão especial[editar | editar código-fonte]

Raimundo Lira (PMDB-PB) foi escolhido o presidente da Comissão Especial.
Antonio Anastasia (PSDB-MG) foi eleito para a relatoria do processo no Senado.

Em 19 de abril, foi lida no Senado a decisão da Câmara dos Deputados. Renan Calheiros, presidente da Câmara, queria convidar Ricardo Lewandowski, presidente do STF, para presidir as atividades no Senado, antes da fase prevista na Constituição, para assim evitar questionamentos jurídicos.[91][92] No dia 21 de abril, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) foi escolhido como presidente da comissão, enquanto o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) foi escolhido como relator — conforme as normas do Senado, o partido com a 2ª maior representação possui a prerrogativa de indicar o relator.[93][94] Governistas da base de apoio contestaram e tentaram barrar, sem sucesso, a escolha do senador para relatoria.[95] Em diversos momentos, também questionaram a suposta ligação de Janaína Paschoal com o PSDB, devido ao seu recebimento de R$ 45 mil do partido. A jurista admitiu que foi paga para protocolar a denúncia, mas negou que a ação decorresse de motivações partidárias.[96] A comissão teve 22 membros ao todo.[97]

Em 28 de abril, os autores do pedido de impeachment foram ouvidos pela comissão:[98]

  • Miguel Reale Júnior disse que Dilma falhou ao provocar o descontrole das contas públicas, com as operações de crédito nos bancos estatais. Disse que Dilma tinha responsabilidade, pois sua personalidade centralizadora sempre tomava para si as decisões. E que as pedaladas eram como um "cheque especial", e também que Dilma sabia não haver condição para os créditos suplementares serem feitos.[99]
  • Janaina Paschoal, logo depois, defendeu que havia crimes de responsabilidade e crimes comuns de sobra. Disse que houve sim dolo por Dilma a partir do momento que o governo optou por não registrar as operações de crédito com os bancos públicos, impedindo que estas ações fossem contabilizadas de forma transparente. Acusou o governo de ter usado um programa do BNDES destinado a pequenas empresas para realizar empréstimos a empresas de grande porte.[100][101][102]

Em 29 de abril, a defesa foi apresentada:[103]

  • Nelson Barbosa, Ministro da Fazenda, explicou que a Lei Orçamentária Anual (LOA) estabelece condições para decretos suplementares serem editados, e que os 6 decretos estavam de acordo com esta lei, pois todos se valeram de 3 fontes legais: remanejamento de recursos financeiros, sem aumento do orçamento; excesso de arrecadação; e superavit financeiro. Também, citou uma mudança de interpretação do TCU, onde havia-se decidido que não se poderiam mais editar decretos com base em excesso de recursos ou superavit, porém que não poderia ser aplicada de modo retroativo. Também, disse que as pedaladas fiscais foram praticadas por outras pessoas, não por Dilma;[103]
  • José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União, declarou que o processo de impeachment era um ato político, por não ter seguido as fases de análise de contas legalmente previstas: deveria-se primeiro passar pelo TCU, depois para uma comissão no Congresso, depois pelo plenário. Lembrou que o Congresso aprovou a mudança fiscal, quando o governo previu que a meta vigente não se confirmaria. Segundo Cardozo, a operação de crédito não foi vedada pela lei, e não foi Dilma quem os praticou, e sim o Ministro da Fazenda.[103]
  • Kátia Abreu, Ministra da Agricultura, também compôs a defesa.[103]
Leitura do relatório na Comissão Especial do Senado, em 4 de maio.

Em 4 de maio, o relator, Antônio Anastasia apresentou parecer favorável ao impeachment. O documento contestou a versão de golpe, em razão da transparência e da observância da lei no processo. Refutou a ilegitimidade em função da aceitação por Cunha, um adversário do governo, pois a autorização da Câmara foi feita em plenário, e não só por Cunha. Anastasia defendeu o impeachment enquanto mecanismo de equilíbrio entre os poderes.[104]

O relator repetiu que as operações de crédito foram empréstimos disfarçados, sendo por isto crime de responsabilidade. A sua conclusão foi: "Os fatos criminosos estão devidamente descritos, com indícios suficientes de autoria e materialidade, há plausibilidade na denúncia e atendimento aos pressupostos formais, restando, portanto, atendidos os requisitos exigidos pela lei para que a denunciada responda ao processo de impeachment".[104]

Votação do relatório da comissão[editar | editar código-fonte]

Resultado da votação no plenário do Senado por unidade federativa:
  Sim—3 senadores
  Sim—2 senadores; Não—1 senador
  Sem maioria—1 sim, 1 não, 1 abstenção
  Não—3 senadores
  Não—2 senadores; Sim—1 senador
Mapa do país colorido pela contagem de votos favoráveis à cassação lançados pelos senadores que representam cada UF:
  Três
  Dois
  Um
  Nenhum

Em 6 de maio, a comissão especial do impeachment do Senado aprovou, por quinze votos a favor e cinco contra, o relatório do senador Anastasia. O texto ainda seria submetido à votação no plenário. Para o relatório ser aprovado, eram necessários os votos da maioria simples dos 21 integrantes da comissão, portanto onze votos. Em 9 de maio, Calheiros declarou que iria desconsiderar a decisão de anulação da votação no plenário da Câmara, tomada por Maranhão no mesmo dia, e dar prosseguimento ao rito, isto é, com a votação do relatório aprovado.[105][106]

Em 11 de maio, às dez horas da manhã, começou a sessão que se destinava a votar o parecer da comissão no plenário, na qual discursaram 71 senadores.[107] Após vinte horas, portanto já na manhã do dia 12, os senadores aprovaram a abertura do processo de impeachment da presidente por 55 votos a favor e 22 contra. Assim, Dilma foi afastada e Temer passou a ocupar interinamente o cargo de Presidente da República. Durante esse período, haveria o julgamento de Dilma, que ainda manteria alguns direitos do cargo.[108]

Instauração e instrução do processo[editar | editar código-fonte]

Com o início do processo em si no Senado, haveria um julgamento oficial. Os senadores poderiam requerer perícias e auditorias, assim como chamar testemunhas e especialistas. A defesa e a acusação novamente iriam se manifestar e seria produzido um novo relatório, desta vez sobre o mérito do processo. Esse parecer seria votado no plenário. Por maioria simples, o Senado decidiria se aceitaria ou não a pronúncia. Caso a pronúncia fosse rejeitada, o processo seria arquivado e Dilma reassumiria a Presidência. Se a pronúncia fosse aceita, começaria a última fase do processo, o julgamento. Após notificação e nova defesa da presidente, seria marcada a sessão de julgamento, quando se daria a terceira e última votação no plenário, conduzida pelo presidente do Supremo.[109]

Em 1º de junho, Cardozo entregou a defesa de Dilma. A peça de 570 páginas incluía as gravações realizadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que mostravam conversas entre este e Romero Jucá, asseverando que o único motivo do pedido de impedimento era colocar um fim à Lava Jato e colocando em "arguição de suspeição" o relator do processo no Senado, Anastasia. Cardozo citou também depoimentos que corroborariam a tese de que não houve irregularidades na edição dos decretos suplementares. Para ele, as gravações seriam a prova de que não havia crime, e sim a preocupação da classe política com a investigação conduzida pelo juiz Moro, nunca obstaculizada por Dilma. De resto, Cardozo repetiu a tese de que as pedaladas não configuraram um crime de responsabilidade e de que o processo estava repleto de "flagrantes nulidades e óbvio cerceamento do direito de defesa".[110]

Em 8 de junho, a comissão ouviu durante horas testemunhas indicadas pela acusação. Estas acusaram o governo Dilma de causar uma grande crise no país com a maquiagem das contas públicas, enquanto os aliados da presidente sustentaram que ela não estava ciente das irregularidades e que o TCU mudou o seu entendimento sem alertar o Executivo.[111] Em 13 de junho, as oitivas continuaram com a defesa de Dilma. No entanto, a acusação decidiu abrir mão de quatro testemunhas, sob a justificativa de evitar a tentativa de prolongar excessivamente os trabalhos da comissão, causando indignação entre os aliados da presidente.[112]

No dia 27 de junho, foi apresentada uma perícia elaborada, a pedido da defesa, por técnicos do Senado, apontando a existência de provas de que a presidente afastada agiu diretamente na edição de decretos de créditos suplementares, sem autorização do Congresso. Não foi identificada, entretanto, uma ação de Dilma no sentido de atrasar os pagamentos da União para bancos públicos — as chamadas "pedaladas fiscais" — nos subsídios concedidos a produtores rurais, por meio do Plano Safra.[113]

Cardozo e Anastasia no início de agosto.

Em 6 de julho, Dilma apresentou uma carta de defesa no Senado, que foi lida por Cardozo. O conteúdo da defesa foi o mesmo visto antes: a presidente alegou ter errado, porém sem cometer crimes, e acusou o Congresso de punir atos de rotina da gestão orçamentária. Sobre as pedaladas, Dilma afirmou que a gestão do Plano Safra, e portanto os pagamentos, eram de responsabilidade do Ministério da Fazenda. Segundo a presidente, os decretos que ampliaram créditos do orçamento não causaram impacto na obtenção da meta fiscal, pois tratavam apenas de uma previsão de gastos e não determinavam o pagamento de despesas, que estavam limitadas naquele momento por um contingenciamento no caixa do governo federal. Ela finalizou afirmando que o processo teve razões políticas, citando a tentativa de obstruir a Lava Jato com um novo governo. A manifestação de Dilma marcou a última etapa da fase de investigação da comissão.[114]

Em 12 de julho, a acusação apresentou as suas alegações finais. Os autores do pedido voltaram a afirmar que Dilma cometeu crime ao editar decretos de créditos suplementares e ao praticar as "pedaladas fiscais". Essa fase é chamada de "pronúncia", uma fase intermediária em que o colegiado ouviu depoimentos de testemunhas, solicitou documentos para produção de provas, realizou perícias e acompanhou a leitura da defesa pessoal da presidente. "De todo modo, haja vista o entendimento que prevaleceu nesta comissão, os denunciantes asseveram que os crimes praticados no ano de 2015 são suficientes a ensejar o definitivo afastamento da denunciada", afirmaram os autores da denúncia nas alegações finais. Os juristas também afirmaram que a petista deveria ser afastada em definitivo "para o bem do país". Além disso, os citados autores disseram que os decretos e as "pedaladas" foram um "golpe eleitoral" que atingiu o povo brasileiro.[115]

Em 28 de julho, Cardozo entregou as alegações finais de Dilma na fase intermediária. O documento de 524 páginas repetiu a tese de que não houve crime de responsabilidade nas "pedaladas fiscais" e na edição de decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso. A defesa incluiu o pedido do Ministério Público do Distrito Federal para que a Justiça Federal arquivasse uma investigação aberta a fim de apurar se houve crime em operações de crédito feitas por autoridades do governo da presidente Dilma. Além disso, a defesa alegou que o processo de impeachment, que foi classificado como "golpe", foi aberto em um ato de "vingança" e desvio de poder de Cunha. Por fim, alegou que a edição de decretos complementares sem a autorização prévia do Congresso faz parte da "rotina" de presidentes da República e não possui irregularidades.[116]

Sessão do Senado em que foi aprovado o relatório da Comissão Especial, em 10 de agosto.

Em 2 de agosto, Anastasia apresentou um parecer favorável ao processo de impeachment de Dilma. Ele apontou no relatório que havia provas de que Dilma teve responsabilidade sobre as ações de governo que configuraram crimes de responsabilidade. O relatório considerou que houve ilegalidade nos dois pontos da denúncia do impeachment: a edição de decretos que ampliaram a previsão de gastos do governo e as chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra. Em 4 de agosto, os senadores integrantes da comissão aprovaram o relatório em votação vencida por 14 votos a 5. Assim, foi encerrada a segunda fase do processo, chamada "juízo de pronúncia", e o passo seguinte seria a votação do parecer no plenário do Senado. Se aprovado, os senadores decidiriam se havia elementos que justificassem o julgamento da presidente.[117][118]

Na madrugada de 10 de agosto, o Senado aprovou, por 59 votos a 21, o texto principal do relatório, que recomendava a condução a julgamento da presidente afastada na Casa. Consequentemente, a presidente passou à condição de no processo. Comandada por Lewandowski, a sessão teve início às 9h44min do dia 9. A previsão inicial era a de que duraria pelo menos vinte horas e o relatório só fosse votado de madrugada. No entanto, a sessão foi encurtada depois de vários senadores inscritos, principalmente do PSDB e do PMDB, abrirem mão dos dez minutos a que cada um teria direito para discursar. Além dos discursos pró e contra Dilma, houve um pedido de suspensão e um questionamento de legitimidade do Senado e do relator, ambos rejeitados; e uma etapa de manifestações finais da acusação e da defesa. Com a conclusão da votação do relatório, o processo deveria ir a julgamento final no plenário do Senado, no fim do mês.[119]

Julgamento[editar | editar código-fonte]

Os presidentes Ricardo Lewandowski, do STF, e Renan Calheiros, do Senado, em abril de 2016. Conforme previsão constitucional, Lewandowski presidiu o julgamento de Dilma.

Em 10 de agosto, a acusação apresentou o chamado libelo acusatório, que continha as acusações finais contra a presidente Dilma. Embora houvesse o prazo de 48 horas para apresentar esse documento, os juristas responsáveis pelo pedido de impedimento se anteciparam para acelerar o julgamento. Além disso, Miguel Reale Júnior informou que a acusação iria abrir mão de três das seis testemunhas a que teria direito no processo e sinalizou que, no dia do julgamento final, poderia até dispensar outras. A defesa também escalou as suas testemunhas, as mesmas que já haviam sido ouvidas pela comissão especial.[120] Após a entrega das peças acusatória e defensiva, Lewandowski marcou para o dia 25 de agosto de 2016 o julgamento final do processo de impeachment.[121] Em 12 de agosto, Cardozo entregou a defesa de Dilma, como uma resposta ao libelo, e foi definido o cronograma do julgamento, que se estenderia do dia 25 ao dia 30, podendo contar com o comparecimento da presidente.[122]

Em 25 de agosto, a etapa final teve início com uma tumultuada sessão que se estendeu da manhã da quinta-feira até o começo da madrugada do dia seguinte, consistindo apenas de inquirição de testemunhas.[123] Em 27 de agosto, Nelson Barbosa usou mais uma vez o argumento de que os decretos de crédito suplementar foram emitidos de acordo com a lei e que a mudança de entendimento do Tribunal de Contas da União não poderia ser usada de forma retroativa para condenar a presidente afastada. Ele também contestou a caracterização das pedaladas como operações de crédito, citando documentos do próprio TCU e de outros órgãos oficiais. Portanto, do seu ponto de vista, não se poderia falar em crime de responsabilidade.[124]

Dilma Rousseff defendendo-se no julgamento de seu processo de impeachment, em 30 de agosto de 2016.

Em 29 de agosto, Dilma compareceu ao Senado para se defender pessoalmente. Ela afirmou que não cometeu crimes de responsabilidade e que era vítima de um golpe de Estado. Disse também que só o povo pode afastar um presidente pelo que ela chamou de "conjunto da obra", visto que o presidencialismo não prevê a destituição do presidente quando este perde a maioria no Congresso. O discurso se estendeu das 9h53min às 10h39min. Seu conteúdo incluiu: referências à tortura sofrida durante a ditadura militar; sua convicção na democracia; a suposta ilegitimidade de Temer, a quem chamou de "usurpador"; a condição de "golpe" do processo de impedimento; e o medo de uma ruptura democrática no país. Dilma asseverou que não estava em jogo o seu mandato, mas sim as conquistas sociais dos últimos treze anos e atribuiu a Cunha a autoria do assim considerado golpe. Ela finalizou pedindo aos senadores que votassem pela democracia, esquecendo seus sentimentos pessoais.[125]

A sessão continuou com respostas da presidente às perguntas dos 48 senadores inscritos. Sobre os decretos, ela respondeu que eles não descumpriam a legislação, pois a necessária autorização do Congresso já estava contida na lei orçamentária. Segundo Dilma, o entendimento de que a prática seria um tipo ilegal de operação de crédito só foi fixado pelo TCU no final de 2015 e os atrasos aos bancos já ocorriam em governos anteriores. Ela também afirmou que o Plano Safra do Banco do Brasil não era administrado diretamente por ela, o que excluiria a possibilidade de ser condenada pelas "pedaladas fiscais". Ao ser confrontada por senadores com o argumento de que o seu governo agravou a crise econômica, Dilma mencionou os impactos da crise internacional no país e disse ter feito "o impossível" para que os efeitos negativos não fossem sentidos no Brasil. A respeito da Petrobras, ela rebateu as críticas de que o seu governo teria destruído a empresa e afirmou que os investimentos em pesquisa e produção no pré-sal, na verdade, resgataram a estatal.[126]

Pronunciamento de Rousseff após a votação final no Senado em 31 de agosto de 2016.

No dia 30 de agosto, houve debates dos advogados de defesa e acusação, além de discursos dos senadores; 43 fizeram discursos favoráveis ao impeachment e dezessete fizeram discursos contrários a ele.[127][128][129] Em 31 de agosto, quarta-feira, o plenário do Senado condenou Dilma Rousseff à perda de seu cargo por 61 votos a 20, sob a acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal. Houve uma segunda votação para decidir se Dilma deveria perder seus direitos políticos, com placar de 42 votos favoráveis e 36 desfavoráveis. Como houve três abstenções e seriam necessários 54 votos a favor, consequentemente ela não perdeu os direitos e ainda poderia se candidatar a cargos públicos. A condenação ocorreu após seis dias de julgamento no Senado, contando-se no total sete votações, desde 11 de abril de 2016, quando a Câmara aprovou o parecer da comissão especial.[130]

O chamado "fatiamento" da condenação, que consistiu em aplicar a pena de perda do cargo, mas afastar a pena de inabilitação para o exercício de função pública, gerou enorme controvérsia no meio político e jurídico, o que levou ao questionamento perante o Supremo Tribunal Federal da decisão do Ministro Ricardo Lewandowski de admitir o requerimento de destaque para votação em separado da segunda parte da pena. Os Secretários-Gerais do Senado Federal, Luiz Fernando Bandeira de Mello, escrivão do processo, e do Supremo Tribunal Federal, Fabiane Duarte, responsáveis por assessorar o Ministro na Presidência das sessões no Senado, deram entrevistas e publicaram artigos buscando defender o posicionamento do Presidente do STF.[131][132][133]

Seis dias após o impeachment, Dilma deixou o Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência; e foi morar em Porto Alegre.[134] Antes de deixar o Palácio, a agora ex-presidente entrou com uma ação no STF pedindo que o tribunal anulasse a votação final do impeachment no Senado. Na ação, Dilma alegou que as pedaladas fiscais e que os decretos sem autorização do Congresso não eram crimes de responsabilidade e que, portanto, o Senado não poderia tê-la condenado. Dois dias depois, o ministro do STF Teori Zavascki negou essa ação porque, pela Constituição, cabe ao Senado analisar os aspectos do mérito do impeachment e o Senado é soberano para decidir a questão.[135][136]

Outros acontecimentos durante o processo[editar | editar código-fonte]

Estratégia governista[editar | editar código-fonte]

O ex-presidente Lula atuou como o principal negociador do governo junto aos congressistas.[137][138]

Dilma criou uma estratégia que consistia em judicializar o processo no STF,[139][140] apoiar os aliados, afastar os rebeldes, abrir os cofres públicos e principalmente rachar o PMDB, cujos votos seriam o diferencial.[141] Ela mirava sua ofensiva no comando de Temer no PMDB, atraindo com cargos quem desafiasse o vice-presidente e ficasse do lado dela, assim como tirando os cargos governamentais dos aliados dele. Além disso, o governo tentava atrair o apoio de partidos médios e pequenos, como o PP, PSD e PR.[139][142] Dilma também tentava vincular sua queda ao fim de programas sociais, como o Bolsa Família, e até mesmo ameaçou recorrer à Organização dos Estados Americanos (OEA).[141]

Estratégia oposicionista e virada do PMDB[editar | editar código-fonte]

A oposição também tinha uma estratégia para vencer Dilma no plenário. Uma das medidas era estimular as pessoas a se reunirem nas ruas, em grandes protestos por todo o país, o que foi feito com grande êxito por meio da internet. Outra arma era pressionar diretamente os parlamentares que não declaravam explicitamente o seu posicionamento a respeito do processo. Um dos grupos oposicionistas mais atuantes, o movimento Vem Pra Rua, mapeou declarações públicas contra e a favor do impeachment feitas por parlamentares em suas redes sociais e páginas oficiais e criou uma ferramenta virtual chamada Mapa do Impeachment, que contabilizava os votos a cada momento e encorajava os internautas a pressionarem os deputados indecisos nas redes sociais.[143]

Em dezembro de 2015, o jornal O Estado de S.Paulo informou que um movimento pró-impeachment estava sendo articulado pelo vice-presidente Temer, colocando-se francamente ao lado da oposição. Ele pretendia primeiro unificar seu partido para depois conseguir o apoio de vários outros e então pressionar os ministros da sigla. Temer havia dito que convocaria uma convenção para consolidar o rompimento com o governo se Dilma insistisse em Leonardo Picciani para a liderança do PMDB na Câmara.[144]

Em 27 de março, Temer já tinha oitenta por cento dos votos do diretório nacional. Além disso, havia um esforço para que os outros partidos da base aliada se unissem ao PMDB. O governo fazia tentativas desesperadas para manter a base, mas muitos consideravam que era tarde demais. Dois dias depois, Temer obteve uma grande vitória, pois o diretório nacional, em reunião de apenas três minutos, decidiu romper com o governo e determinou que todos os seus seis ministros deveriam abandonar os respectivos cargos. A reunião foi comandada pelo senador Romero Jucá, o primeiro vice-presidente. A decisão, além de enfraquecer a presidente, gerou a expectativa de que outros partidos da base aliada abandonassem o governo.[145]

Reunião do PMDB que decidiu romper com o governo Dilma, em 29 de março.

Além de comandar o desembarque do PMDB, Temer já começava a construir o seu possível governo. O senador Jucá assumiu as funções de porta-voz e de articulador político para garantir o sucesso dessa potencial gestão. Ele negociava cargos com os mesmos partidos que Dilma tentava trazer para o seu lado: PP, PR, PSD e PTB. A única diferença era a forma de pressão: Jucá perguntava aos parlamentares se eles queriam ficar nos cargos de um governo que poderia cair em breve ou se preferiam aderir a Temer pelos próximos dois anos e meio.[146] Dessa forma, Jucá foi o principal operador do grupo de Temer na busca dos votos necessários para a aprovação do pedido de impeachment no plenário da Câmara, oferecendo cargos no futuro governo Temer a partidos políticos.[147]

A missão que Temer confiara a Jucá era dupla. A primeira era defender o vice-presidente dos ataques que ele vinha sofrendo de integrantes da cúpula do PT e do Planalto desde o desembarque do partido. A segunda, considerada internamente como a mais relevante, era contrabalançar as manobras de Lula para manter a integridade da base aliada e conter o avanço do processo contra Dilma. Para melhor atingir suas metas, ele se encontrava com líderes partidários que queriam se manter ao lado da presidente e buscava aproximação com Cunha. Entretanto, ele também sofria críticas dos ministros do partido que permaneciam no governo.[146]

Em 11 de abril, Temer enviou um áudio a parlamentares do PMDB, praticamente se assumindo como o novo presidente. Ele disse que esperaria a decisão do Senado, no qual tinha plena confiança, mas já começava a falar de uma eventual gestão, enfatizando que não iria acabar com os programas sociais, mas iria exigir sacrifício da população. Para ele, o fundamental seria a unificação do país e o apoio de todos os partidos para que pudesse haver um governo de "salvação nacional". A participação da iniciativa privada também seria fundamental na recuperação do país. Pela versão oficial, o áudio foi equivocadamente divulgado por Temer em um grupo do WhatsApp. De qualquer forma, o vice-presidente assumiu a autoria do discurso, que foi visto como um "ensaio" de seu primeiro pronunciamento à nação se o impeachment fosse concretizado.[148][149][150]

O áudio de Temer recebeu ampla repercussão. No governo, o impacto foi bastante negativo:[151] enquanto Dilma acusou Temer de chefiar uma conspiração contra ela, ministros governistas defenderam que o vice deveria renunciar caso o impeachment fosse derrotado.[152][153] Nos dias seguintes, Temer passou a receber, no Palácio do Jaburu, visitas de parlamentares favoráveis ao impeachment e articular pessoalmente a aprovação do afastamento da presidente.[154][155]

Denúncias de compra de votos[editar | editar código-fonte]

Segundo a revista IstoÉ, o governo lançou mão de toda forma de compra de votos para assegurar a sua vitória na Câmara. A negociação envolvia desde emendas constitucionais e cargos públicos até dinheiro em caixa, lembrando o caso do Mensalão. Entretanto, aquela compra de votos era feita com o desvio de verbas públicas e a lavagem de dinheiro por meio de agências de publicidade. Agora, o dinheiro negociado com os deputados vinha diretamente do orçamento federal, dos impostos.[156] Silvio Costa (PTdoB-PE) era o responsável por negociar pessoalmente com os seus colegas os votos contra o impedimento, o que ele fazia até mesmo sob os olhos da imprensa. O governo abordava até os deputados que declararam apoio ao processo, como Heitor Schuch e José Stédille, ambos do PSB gaúcho, os quais teriam recebido a proposta de R$ 2 milhões pelo voto favorável a Dilma.[156][157]

Ainda conforme a revista, Lula, auxiliado por Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, mantinha um escritório dentro de um hotel de luxo em Brasília, no qual recebia políticos e oferecia cargos e emendas, de uma forma totalmente pragmática: quem oferecesse mais votos receberia mais vantagens. Em uma visita domiciliar, o PT ofertou a Helder e Jader Barbalho uma série de benefícios, como R$ 3,2 bilhões para obras portuárias no Pará, com vistas à campanha pelo governo do estado. A partir de então, Hélder se tornou um dos mais ativos articuladores, dentro do PMDB, a favor de Dilma.[156][158] Outro aliado que o PT conquistou foi Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressista, cuja missão era conseguir os votos de sua bancada. Dentro da Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro, o Ministro de Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, o ex-ministro Alfredo Nascimento, o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães, eram articuladores do governo na Casa. Havia também uma investida em deputados do interior, menos suscetíveis às pressões do eleitorado e mais presos às conveniências locais, sendo portanto mais sedentos de emendas e cargos.[156]

A versão de compra de votos foi contestada pelo ministro Berzoini. Ele disse que o governo estava conversando com os deputados, caso a caso, corpo a corpo, procurando pessoas que ouvissem seus argumentos. Segundo o ministro, o propósito do governo era buscar demonstrar que o pedido de impeachment era improcedente com base em argumentos, os quais procuravam provar que não havia configuração de crime de responsabilidade e que o relatório de Jovair estava politizando um exame que era fundamentalmente um exame de mérito.[159] Ainda nas palavras de Berzoini, a ação do governo era absolutamente direta, transparente, no sentido de mostrar que não se pode brincar com a democracia, e que era hora de ter um juízo absolutamente desprovido de paixões. Não se tratava de gostar ou não do governo, de apoiar ou não a presidente, mas sim de cuidar da democracia, que é um bem fundamental de todo o povo brasileiro. Naquele momento, Dilma estava se reunindo com líderes partidários favoráveis a ela, incluindo membros do PMDB. Depois do encontro, ela fez um discurso em que propôs um "grande pacto" e um "diálogo nacional" com todos os segmentos da sociedade, caso o impeachment fosse derrotado.[159]

Mais tarde, após o fim do processo de impeachment, de acordo com a delação de Joesley Batista, ele teria sido procurado por parlamentares a favor do governo Dilma para comprar 30 votos contra o impeachment, mas não teria condições financeiras de arcar com todos os pagamentos e teria negociado a compra de cinco,[160] em um valor total de 35 milhões de reais.[161] Segundo o delator, o dinheiro era distribuído pelo deputado federal João Bacelar.[162]

Segundo Lúcio Funaro, delator na Operação Lava Jato, em depoimento em agosto de 2017, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, teria recebido um milhão de reais para comprar votos a favor do impeachment de Dilma Rousseff.[163] Funaro disse que recebeu as mensagem de Cunha dias antes da votação do impeachment. "Ele me pergunta se eu tinha disponibilidade de dinheiro, que ele pudesse ter algum recurso disponível pra comprar algum voto ali favorável ao impeachment da Dilma. E eu falei que ele podia contar com até R$ 1 milhão e que eu liquidaria isso para ele em duas semanas no máximo", disse Funaro em depoimento à justiça.[164]

Reações e repercussão[editar | editar código-fonte]

Manifestações favoráveis[editar | editar código-fonte]

Manifestação em São Paulo contra a corrupção e o governo Dilma, em 13 de março de 2016.
Protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como Ministro da Casa Civil, em 16 de março de 2016.

Em 13 de dezembro de 2015, um ato convocado através de sites de rede social reuniu 6 mil pessoas em Brasília, de diversas inclinações políticas, pedindo impeachment da Dilma e cassação do mandato de Eduardo Cunha; atos semelhantes ocorreram em outras 100 cidades, incluídas todas as capitais.[165][166][167]

Em março de 2016, vários fatos agitaram a opinião pública a favor do impeachment: João Santana, marqueteiro das duas campanhas presidenciais de Dilma, é preso pela Operação Lava-Jato; a delação premiada de Delcídio do Amaral vaza, espalhando as graves acusações de que Dilma sabia do esquema de corrupção da Petrobrás e tentava obstruir as investigações; e o pedido de prisão, pelo Ministério Público de São Paulo, do ex-presidente Lula,[168][169] seguido de Lula estar cotado para assumir um ministério, o que lhe traria foro privilegiado.[170]

Diante deste quadro, em 13 de março, os protestos pelo impeachment de Dilma[171][172] obtiveram adesão tamanha a ponto de ser considerado o maior ato político da história do país, superando mesmo as Diretas já de 1984:[173] as estimativas ficaram entre 3,6 milhões (pelas polícias militares) e 6,9 milhões (pelos organizadores), em 337 municípios.[174]

Após a divulgação de gravações entre Lula e a presidente Dilma[quando?], o conteúdo de uma das conversas gerou dúvidas sobre a real intenção de Dilma, e sugeriu-se que a presidente estava tentando obstruir a justiça com a nomeação.[175][176][177] [178] A confirmação da posse de Lula como Ministro da Casa Civil causou grande indignação pública,[179][180][181] com protestos em muitas cidades do país.[182][183] Os eventos da quebra do sigilo e da posse de Lula agravaram a crise política e, consequentemente, os riscos de o pedido de impeachment ser levado até o fim, com a perda do cargo de Dilma.[184][185]

Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, teorizou[quando?] que o erro do governo foi começar a gastar demais depois da descoberta do pré-sal, como se o Brasil fosse uma nova Venezuela, rico em petróleo, e como se não houvesse mais limites para os gastos públicos. Ainda nas suas palavras, a solução econômica moderna para os países era conter gastos e a dívida interna do país estava fora da capacidade de pagamento do governo. Ele também citou a corrupção e disse que as "pedaladas fiscais", que eram uma manobra para pagar programas sociais, foram uma confissão de crime.[186] A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) aderiu aos apoiadores do impeachment, após uma pesquisa de opinião com os empresários de São Paulo confirmar esta posição.[187][188] Em dezembro de 2015, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) também posicionou-se a favor.[189][190]

Manifestações contrárias[editar | editar código-fonte]

Dilma durante reunião com governadores contrários ao impeachment, em 8 de dezembro de 2015.
Manifestantes a favor do impeachment (no lado direito) e contra o impeachment (no lado esquerdo) ocupam a Esplanada dos Ministérios durante o processo de votação na Câmara dos Deputados.

Posicionaram-se contra o impeachment o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,[191] reitores e pró-reitores de 41 universidades e institutos técnicos federais,[192] a Central Única dos Trabalhadores, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a União Nacional dos Estudantes, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, a Marcha Mundial das Mulheres,[192] 16 governadores,[193] 16 prefeitos de capitais,[194]

O jurista Marcello Lavenére, que era presidente da OAB em 1992 e que foi o autor do pedido de impeachment de Fernando Collor, afirmou que o caso de Dilma era diferente porque ela não era alvo de acusações de prática de atos ilícitos.[195][196] Na visão de Lavenére, seria na verdade um caso de disputa política; ele repudiou a controvérsia sobre a meta fiscal, defendendo a impossibilidade de um mandato ser afetado por atos do mandato anterior (as pedaladas).[196] Segundo esse raciocínio, os atos da presidente no primeiro mandato poderiam ser usados contra ela na esfera judicial, mas não poderiam barrar o segundo mandato.[196]

Quanto às manifestações populares, movimentos sociais e sindicais, professores e estudantes fizeram passeatas nas ruas, no dia 16 de dezembro, em 23 cidades, incluindo dezoito capitais, defendendo o Partido dos Trabalhadores e a democracia, manifestando-se contra o pedido de abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff e pedindo a saída de Eduardo Cunha da Câmara.[197] Participaram do ato integrantes da CUT, da Intersindical, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outras entidades.[197] Logo após a formação da comissão de impedimento na Câmara dos Deputados, houve uma série de manifestações pró-Dilma em todo o país. Os 26 estados e o Distrito Federal tiveram protestos na sexta-feira, 18 de março, com gritos de "não vai ter golpe" e faixas "em defesa da democracia".[198] Os atos foram convocados por movimentos sociais e pelas entidades CUT e UNE. Lula fez um discurso na manifestação da Avenida Paulista, em São Paulo. Ele disse que "entrou no governo para fazer a coisa que tem que fazer" e que o restante do mandato de Dilma "é tempo suficiente para a gente virar esse país".[198]

Durante o processo, muitos atos públicos contra e a favor continuaram acontecendo. Em 31 de março, no momento da efervescência da comissão especial, milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades, protestando contra o pedido de impedimento e se posicionando "a favor da democracia". Esse evento foi convocado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo sem Medo. Responsáveis por reunir mais de sessenta movimentos sociais e sindicatos, as entidades também protestaram contra o ajuste fiscal e a reforma da Previdência. Os outros partidos de esquerda aderiram ao movimento, apesar das divergências com o governo.[199] Na Praça da Sé, cerca de cinquenta mil pessoas se reuniram com o bordão "Em Defesa da Democracia, Golpe Nunca Mais". Reuniões populares semelhantes aconteceram por todo o país.[199] De acordo com as estimativas, entre 159 mil (segundo as polícias militares) e 824 mil (segundo os organizadores) pessoas estiveram presentes.[200] Horas após a cassação, a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos expressou insegurança diante do precedente criado pela decisão. "O precedente do impeachment de um governante por não atendimento à lei fiscal, nos leva a considerar que os demais governantes, sejam prefeitos ou governadores, também estão com seus mandatos ameaçados", declarou o secretário-executivo da entidade.[201]

Imprensa estrangeira[editar | editar código-fonte]

Até meados de agosto de 2015, a imprensa internacional colocou-se majoritariamente contrária ao impeachment de Dilma. Nesse sentido, o The New York Times, o The Financial Times, o El País e o France Presse divulgaram editoriais ou notícias contrários à medida.[202] Na opinião do Financial Times, se fosse destituída, Dilma "provavelmente seria substituída por outro político medíocre". Na avaliação do France Presse, o impeachment colocava em risco a democracia no país,[203] enquanto o The New York Times expôs que a presidente "admiravelmente não demonstrou esforços para constranger ou influenciar as investigações [da Operação Lava Jato]".[204]

Capa do Página/12 sobre o processo contra Dilma. Para o jornal argentino, o afastamento da presidente seria um "golpe institucional".
Capa da The Economist que abordou o processo contra Dilma. Nesta edição, a publicação considerou que era a "hora de ir" da presidente.

Logo após a aceitação do pedido, o jornal francês Le Figaro declarou que "A decisão de abrir o processo de impeachment arrisca afundar o Brasil em uma gravíssima crise política que pode paralisar por meses o gigante da América Latina (...)".[205] O italiano La Repubblica relatou que o processo era um confronto entre o Presidente da Câmara e a Presidente da República.[206] Da mesma forma, o Le Monde citou que a abertura do processo era um ato de vingança pessoal de Eduardo Cunha.[207]

Em 18 de março de 2016, um editorial do The New York Times afirmou que Dilma estava "lutando por sobrevivência política" no momento em que o clamor por seu impeachment aumentava e classificou como "ridículos" os motivos apresentados para nomear Lula.[208] A Bloomberg igualmente criticou a nomeação de Lula, dizendo que "Dilma Rousseff zomba da Justiça brasileira".[209] Em 20 de março, o The Guardian, também em editorial, declarou que, se Dilma não conseguisse restaurar a calma, deveria convocar novas eleições ou renunciar. O jornal também disse que a crise poderia levar a uma intervenção militar e evidenciava mais um exemplo de reversão da "guinada à esquerda".[210]

Em 23 de março, a The Economist publicou uma matéria com o título Time to go (ou "hora de ir", em tradução livre). Segundo a matéria, a saída de Dilma "ofereceria ao Brasil a oportunidade de um novo começo".[211] Em relação a um potencial governo Temer, a revista disse que "Apesar de o mercado empresarial enxergar possível melhora da economia com Temer no comando do governo, os brasileiros não compartilham esse entusiasmo".[211] A publicação também ressaltou que o próximo presidente iria herdar muitos conflitos políticos, retração do PIB, inflação alta, grande desemprego e outros problemas na economia.[211]

As reações da imprensa europeia à votação no plenário da Câmara foram bastante negativas. O El País ridicularizou os argumentos dos deputados que votaram a favor da admissibilidade do impeachment, afirmando que os motivos reais para o impedimento foram esquecidos.[212] A revista Der Spiegel afirmou que o Congresso mostrou "sua verdadeira cara" e que os oposicionistas cobrariam cargos no governo de Temer e esperavam extinguir a Operação Lava Jato. O semanário Die Zeit afirmou que a votação parecia um carnaval, citando "lembranças aos netos, xingamentos contra a educação sexual nas escolas, paz em Jerusalém (...)". O diário Süddeutsche Zeitung lembrou que não havia provas de corrupção contra Dilma e que muitos dos parlamentares eram alvos de processos por corrupção.[213]

Para o The Guardian, o ponto mais baixo da votação da Câmara foi quando Jair Bolsonaro dedicou seu voto a Carlos Brilhante Ustra, o coronel que comandou a tortura do DOI-CODI durante a ditadura militar, e levou uma cusparada do deputado Jean Wyllys. O El País também mencionou o tumulto e "cânticos um tanto ridículos às vezes", acusando a condução de Cunha de ser "um sintoma da estrutura moral de boa parte do Congresso brasileiro". O Le Monde destacou que o marketing do governo sobre a prática de "golpe" contra a presidente não teve sucesso, apesar de boa parte dos deputados favoráveis ao impeachment também serem acusados de corrupção, assegurando ainda que Dilma caiu devido a "erros econômicos, diplomáticos e políticos que ajudaram a fazer dela a chefe de Estado mais impopular da história da jovem democracia brasileira".[213]

Após a votação da instauração do processo no Senado, o The Guardian e o The New York Times criticaram o processo em editoriais. Para o primeiro, o sistema político é que deveria ser julgado, e não Dilma. O segundo, por sua vez, afirmou que a presidente afastada pagou um preço "desproporcionalmente alto" por erros administrativos que cometeu, enquanto vários de seus maiores detratores foram acusados de crimes mais flagrantes. O Financial Times avaliou o afastamento como "longe de ser perfeito", mas ponderou que, se o governo substituto conseguisse colocar a economia de volta aos trilhos e continuasse com a luta contra a corrupção, deixaria um legado considerável".[214]

Em 31 de agosto, dia da declaração de impedimento de Dilma, a imprensa estrangeira não se mostrou otimista quanto ao futuro do Brasil. Para o The Washington Post, o processo serviu apenas para alienar mais ainda eleitores desencantados com o sistema político e expor as fraquezas do mesmo, além de desorganizar a esquerda brasileira e revelar um presidente interino tão impopular quanto Dilma. O Wall Street Journal afirmou que uma possível reforma da Previdência e um limite constitucional aos gastos públicos provavelmente não passariam no Congresso, enquanto as primeiras ações de Temer no cargo iam em sentido oposto: carência a estados endividados com a União e aumentos para servidores públicos muito bem pagos. A revista Fortune descreveu a permanência, no Brasil, de um cenário de "tempestade perfeita": economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de corrupção em curso e o usual embate político. O Clarín, da Argentina, escreveu que todos eram culpados e que o erro institucional de ter tirado Dilma à força, além do precedente inquietante de fragilidade democrática que se derramava sobre a região, tinha o agravante de não ter aprofundado o caminho para convocar eleições antecipadas, que constituiriam um governo eleito para pilotar uma tempestade destinada a se agravar.[215]

Líderes estrangeiros e entidades internacionais[editar | editar código-fonte]

Em 22 de março, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) das Nações Unidas enviou uma mensagem à presidente Dilma, respaldando o Estado Democrático de Direito e o exercício do Poder Executivo. A secretária desse organismo, Alicia Bárcena, citou os avanços sociais e políticos do Brasil na última década e manifestou a sua preocupação com a estabilidade democrática do país. Ela enfatizou o compromisso de Dilma com a justiça e a igualdade: "Nunca, na história do Brasil, tantos e tantos de seus compatriotas conseguiram fugir da fome, da pobreza e da desigualdade". Ao reconhecer a cultura da corrupção, ela apoiou "a criação de nova legislação mais severa e instituições repressivas mais fortes". E completou, dizendo-se preocupada com os ataques midiáticos que visavam a "demolir a sua imagem e o seu legado, ao mesmo tempo em que se multiplicam os esforços para reduzir a autoridade presidencial e interromper o mandato que os cidadãos lhes deram nas urnas".[216]

Ban Ki-moon afirmou que qualquer instabilidade política no Brasil era uma preocupação para a ONU.

Os presidentes Evo Morales, da Bolívia, e Nicolás Maduro, da Venezuela, alertaram para o risco de um "golpe de Estado" contra Dilma.[217] O uruguaio Tabaré Vázquez também declarou ser contrário ao afastamento de Dilma.[218] Morales foi além e pediu uma reunião de emergência da UNASUL, com o objetivo de defender a presidente brasileira.[219] Em meados de março de 2016, a assessora de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, afirmou que "Os cidadãos estão levantando suas vozes em nome de princípios que estão na base das sociedades democráticas e justas, incluindo o Estado de Direito, o devido processo legal e [a necessidade de] prestação de contas".[220] Poucos dias depois, o presidente Barack Obama avaliou que o "Brasil tem uma democracia madura, vai superar a crise e sair fortalecido".[221]

Em 12 de abril, a ONU voltou a se manifestar. Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, em uma conferência de imprensa em Genebra, na Suíça, fez um apelo para que o Poder Judiciário fosse respeitado e para que a democracia brasileira, pela qual o país lutou tanto, não fosse minada no processo de impedimento. Na semana anterior, o Secretário-Geral Ban Ki-moon já havia dito que, embora o problema político ainda fosse doméstico, o Brasil é um país muito importante e que qualquer instabilidade política no país é uma preocupação social para a entidade, pedindo aos líderes nacionais a prevenção de um impacto internacional a partir da crise corrente.[222]

Em 18 de maio, pela primeira vez, representantes dos Estados Unidos defenderam a legalidade do processo de impedimento. Em um debate na Organização dos Estados Americanos, o representante norte-americano Michael Fitzpatrick disse que não havia um golpe branco no Brasil e que o processo estava respeitando a legislação e a democracia. Isso aconteceu logo após representantes da Venezuela, de Honduras e da Bolívia terem pedido para falar e denunciado um suposto golpe branco em andamento no Brasil. Da mesma forma que os norte-americanos, o representante da Argentina também rejeitou a tese de que o afastamento da presidente era um golpe.[223]

Ordem dos Advogados[editar | editar código-fonte]

Claudio Lamachia, presidente da OAB, em junho de 2016.

O advogado Erick Venâncio, relator de uma comissão que analisou o impeachment de Dilma na Ordem dos Advogados, apresentou, no dia 18 de março, um relatório favorável ao processo de impedimento por suposto cometimento de crimes de responsabilidade. A conclusão do relatório da comissão foi que a presidente incorreu em crimes de responsabilidade em função de: ter autorizado as chamadas "pedaladas fiscais"; ter praticado a renúncia fiscal concedida para a realização da Copa do Mundo de 2014; e ter efetuado uma suposta interferência na Operação Lava Jato, a partir da delação premiada do senador Delcídio.[224]

Dessa forma, a presidente violou a Constituição e deveria passar pelo processo de impedimento. Venâncio também citou a nomeação do ministro Marcelo Navarro no Superior Tribunal de Justiça, supostamente sob o compromisso de libertar empreiteiros presos por suspeita de corrupção, e considerou haver "indevida ingerência" de Dilma na nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, supostamente para transferir a investigação da primeira instância para o STF.[224] Cardozo contestou o relatório. Ele disse que as "pedaladas fiscais" não poderiam ser usadas para uma interferência no segundo mandato e que as alegações do relatório deveriam ser investigadas. Nas palavras dele: "Collor teve direito a uma CPI que o investigasse. Nós pedimos só o direito a sermos investigados antes que esse colegiado tome decisão inclusive fazendo referência a provas que nós advogados sempre repudiamos".[224]

Em 18 de março de 2016, a OAB, por 26 votos a 2, decidiu apoiar o pedido de impeachment, baseada no parecer de Venâncio.[225][226] Em 23 de março, a entidade anunciou que, a partir do relatório, iria protocolar um novo pedido de impedimento. Em reunião do Conselho Federal da OAB, 26 das 27 bancadas estaduais da Ordem votaram a favor do apoio à instauração do processo; somente a do Pará votou contra.[227] Em 28 de março de 2016, a OAB enviou um novo pedido de impeachment à Câmara dos Deputados, apoiado por centenas de advogados, conselheiros federais e presidentes de seccionais. O presidente da Ordem, Claudio Lamachia, afirmou se tratar de uma decisão respaldada pelos dirigentes nacionais, os quais foram eleitos por quase um milhão de advogados do país. O presidente disse que a OAB não é do governo nem da oposição, tendo como norte os cidadãos.[228][229]

Dilma Rousseff[editar | editar código-fonte]

Dilma lendo sua mensagem de 2016 ao Congresso Nacional, em 2 de fevereiro de 2016.

No centro da crise, Dilma tentou construir a imagem de uma mulher guerreira, que enfrentou a ditadura militar e agora enfrentava um tipo de golpe de Estado.[141] Ela também expressava inconformismo com a condução do processo por Cunha e por ser acusada de manobras econômicas que, segundo ela, nada tinham de criminoso.[141] Em mais de uma ocasião, a presidente negou enfaticamente que renunciaria à Presidência e acrescentou que aqueles os quais pediam a sua renúncia reconheciam que não havia uma base real para o seu impeachment.[230]

Em 22 de março, Dilma voltou a declarar enfaticamente que não renunciaria e classificou o processo de impedimento como um crime contra a democracia. Segundo ela, o impedimento é um instrumento previsto na Constituição para afastar um presidente que cometeu crime de responsabilidade. Sem que exista esse crime, o processo de impedimento se torna um crime contra a democracia. E completou: "Pode-se descrever um golpe de Estado com muitos nomes, mas ele sempre será o que é: a cultura da ilegalidade, atentado à democracia. Não importa se a arma do golpe é um fuzil, uma vingança ou a vontade de alguns de chegar mais rápido ao poder".[231] Dois dias depois, Dilma também prestigiou a nomeação de Lula e disse ter a convicção de que obteria os votos necessários na comissão de impedimento.[232]

Após a votação do relatório da comissão, Dilma fez um discurso no Palácio do Planalto. Ela qualificou o relatório aprovado como uma fraude, a "maior fraude jurídica e política de nossa história", acrescentando que o documento seria tão frágil e sem fundamento que até mesmo confessava não haver indícios, provas suficientes das supostas irregularidades governamentais. Ela também chamou Temer e Cunha de chefes da conspiração, referindo-se amplamente ao vazamento de uma gravação do vice-presidente, em que ele praticamente se assumiu como o novo presidente. Segundo Dilma, esse áudio era um atentado à democracia e à Constituição.[233]

Dilma durante entrevista coletiva, na qual negou que renunciaria, em 11 de março de 2016.

No dia 18 de abril, Dilma concedeu a primeira entrevista após a votação na Câmara. Ela declarou que enfrentaria todo o processo e não desistiria de se defender no Senado, classificando o processo como "golpe", "injustiça" e "conspiração". Ela disse que não era o começo do fim, que era apenas o começo de uma luta longa e demorada e que a importância dessa luta residia no envolvimento não do mandato dela, mas da democracia. Além disso, nas suas palavras, ela não viu uma discussão sobre crime de responsabilidade no plenário.[234] Dilma também reclamou da falta de estabilidade política nos quinze meses anteriores, atribuindo-a a Cunha e às suas "pautas-bombas". Dilma disse que o diálogo com os senadores era diferente daquele feito com os deputados e que seria "muito qualificado". Se conseguisse parar o processo, ela pretendia começar um novo governo, contando com o apoio do Congresso para que isso ocorresse.[234]

Em 22 de abril, a presidente fez um discurso na ONU, ao participar da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris. O discurso durou quarenta minutos, mas apenas quinze segundos foram usados para falar da crise brasileira. "O País soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia e, hoje, tem um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocesso. Sou grata a todos os líderes que expressaram a mim sua solidariedade", disse ela.[235] Após este pronunciamento, Dilma deu uma entrevista a jornalistas estrangeiros e classificou abertamente como golpe o processo que vinha sofrendo, na tentativa de obter apoio internacional. Ela disse que não havia base legal no processo e, caso perdesse seu cargo, pretendia recorrer à cláusula democrática do Mercosul.[236]

Em 12 de maio, após ser afastada do seu cargo pelos senadores, Dilma fez um discurso no Palácio do Planalto. Segundo ela, o processo envolvia o respeito às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição; e resultava de uma oposição inconformada com a derrota nas urnas, que passou a conspirar abertamente para impedi-la de governar. Ela considerou o processo um dos desafios mais dolorosos que já enfrentou, ao lado da tortura e do câncer, mas disse que iria lutar com todos os instrumentos legais para exercer o seu mandato até o fim, acrescentando que o maior risco para o país era ser dirigido por um governo "sem voto, que não tem legitimidade". Dilma também frisou que os atos dos quais era acusada não eram crimes, sendo até mesmo corriqueiros.[237]

Dilma vai ao encontro de simpatizantes em frente ao Palácio do Planalto após ser afastada, em 12 de maio.

Em 8 de junho, a presidente enviou ao STF a resposta à interpelação judicial feita por um grupo de deputados no mês anterior. Eles questionaram as várias falas de Dilma em que ela classificou o processo de impedimento como um golpe, levando a ministra Rosa Weber a estipular um prazo para a manifestação da acusada. Dilma afirmou que a sua convicção se fundamentava nos escritos de juristas e cientistas políticos brasileiros e estrangeiros, bem como em artigos e editoriais de jornais de todo o mundo.[238][239]

Esse texto de defesa foi assinado por Cardozo e apresentou pontos de vista históricos e políticos como a motivação do golpe, além de citar o incômodo do governo interino ao ter que lidar com essa palavra, como se fosse uma verdade a ser ocultada. A presidente também mencionou as gravações de Machado, as quais teriam deixado claro que a intenção do processo sempre foi afastar um presidente que permitia as investigações sobre a corrupção "de forma autônoma e republicana". A resposta se completou declarando que a presidente não poderia negar a sua história de resistência à repressão e se submeter a intimidações.[238][239] No dia 16 de junho, a ministra Weber determinou o arquivamento do processo.[240]

Em 31 de agosto, após sofrer o impedimento e perder seu cargo em definitivo, Dilma classificou a decisão do Senado de "grande injustiça" e anunciou que iria recorrer da decisão em todas as instâncias possíveis. "Esta história não acaba assim. Estou certa de que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano", afirmou. Ela voltou a dizer que não cometeu crime de responsabilidade e que era inocente. Em sua fala, ela relembrou a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o golpe militar de 1964, quando era militante. Ao fim do discurso, Dilma não disse adeus. "Tenho certeza de que posso dizer até daqui a pouco!", completou.[241]

Em 2023, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) arquivou um processo de improbidade administrativa contra Dilma Rousseff por causa das "pedaladas fiscais", que foram um dos motivos do impeachment. O relator do caso, juiz Saulo Casali Bahia, afirmou que, por lei, como Dilma era presidente na época dos fatos, ela não poderia responder por improbidade administrativa - no caso dela, caberia apenas um processo de impeachment, pelo qual já foi punida pelo Congresso Nacional.[242] [243]

Ministros e ex-ministros do STF[editar | editar código-fonte]

Em 23 de março de 2016, Dias Toffoli, Ministro do Supremo Tribunal Federal e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, afirmou que o processo de impeachment contra a presidente Dilma era previsto na Constituição e nas leis brasileiras. "Não se trata de um golpe. Todas as democracias têm mecanismos de controle e o processo de impeachment é um tipo de controle", explicou.[244] Na mesma data, a ministra Carmen Lúcia contestou a presidente Dilma Rousseff, a qual afirmou que o processo de impeachment contra ela era "ilegal" e "ilegítimo" e que havia um golpe em andamento. Segundo a ministra, o processo do impeachment não seria um golpe se a Constituição fosse respeitada. A ministra ainda defendeu a Operação Lava Jato ao afirmar que eram observadas rigorosamente a Constituição e as leis.[245]

Para o ex-ministro Ayres Britto, o impeachment é legal e está na Constituição.[246] De acordo com Ayres, "A presidente pode perder o cargo, por exemplo, em processo de impeachment, em ação penal comum, em ação de improbidade administrativa. Nada disso é golpe. Segundo a Constituição, a legitimidade de um presidente depende de dois fatores: da sua investidura e do exercício do cargo. A investidura é a voz das urnas, mas ela não é suficiente. Há também o exercício, a presidente tem que se legitimar o tempo todo. Se se deslegitima, perde o cargo, nos casos dos artigos 85 e 86 da Constituição. Mas é fundamental não preterir o contraditório, a ampla defesa — que não é curta — o devido processo legal. A pureza dos fins e a pureza dos meios estão enlaçados umbilicalmente, não se pode romper o cordão umbilical nesses casos".[247]

Em 24 de março, o ministro decano Celso de Mello defendeu que o impeachment não era um golpe e criticou as declarações do ex-presidente Lula sobre a Lava Jato. Ao ser questionado por uma ativista sobre o impeachment, disse: "Essa resposta eu já dei no julgamento em dezembro de 2015, no Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que o impeachment não pode ser reduzido a um mero golpe de estado porque o impeachment é um instrumento previsto na Constituição, que estabelece regras básicas. Se essas regras foram respeitadas, obviamente o impeachment não pode ser considerado um ato de arbítrio político e violência política". "É um instrumento legítimo pelo qual se objetiva viabilizar a responsabilização política de qualquer presidente da República, não importa quem seja, não importa a qual partido esta pessoa esteja filiada", completou.[248]

Apenas o delinquente esbraveja, grita, buscando encontrar apoio para evitar que a Constituição seja rigorosamente observada.
Eros Grau, em 26 de março de 2016.[249]

Em 26 de março, o ex-ministro do STF, Eros Grau, alertou que classificar o processo de impeachment como golpe seria uma agressão à Constituição brasileira, e defendeu a legalidade de um julgamento. Para o ex-ministro, "Quem não é criminoso enfrenta com dignidade o devido processo legal, exercendo o direito de provar não ter sido agente de comportamento delituoso". E continuou: "Quem procedeu corretamente não teme enfrentar o julgamento do Senado Federal. Já o delinquente faz de tudo procurando escapar do julgamento". Pela tese de Graus, o simples medo do julgamento é uma "evidência de delinquência".[250]

No dia 28 de março, o Presidente do STF, Ricardo Lewandowski, ao lhe perguntarem se o impeachment se tratava de golpe, afirmou que "golpe é uma expressão que pertence ao mundo da política. Nós aqui usamos apenas expressões do mundo jurídico".[251] Para o ministro Luís Roberto Barroso, "Impeachment não é golpe, é um mecanismo previsto na Constituição para afastamento do presidente. Evidentemente, impõe-se o respeito à Constituição e às normas. Nesse fla-flu, o Supremo não tem lado. O Supremo é um árbitro".[252] Por outro lado, em 30 de março, o ministro Marco Aurélio Mello afirmou: "Se não houver fato jurídico que respalde o processo de impedimento, esse processo não se enquadra em figurino legal e transparece como golpe".[253]

Em 20 de abril de 2016, os ministros se manifestaram repudiando os comentários de Dilma de que o impeachment, da forma como ocorreu, era um "golpe". De acordo com os ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes, os processos foram legais. Celso e Gilmar observaram que o processo seguiu a Constituição e as regras definidas pelo próprio STF. O ministro decano Celso chegou a dizer que era equívoco gravíssimo falar em golpe e que seria estranho se a presidente fosse ao exterior defender esse argumento.[254]

Em 12 de maio de 2016, o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa afirmou que os motivos apontados para a abertura do processo não justificavam o impeachment da Presidente da República. O ex-ministro também se manifestou favorável à realização de nova eleição presidencial no Brasil e comentou sobre a votação no Senado Federal que afastou a presidente Dilma Rousseff da seguinte forma: "...aquilo ali era pura encenação pra justificar a tomada do poder". Em seguida, manifestou sua preocupação com a instabilidade institucional gerada dizendo: "...meu temor é que seja fácil, banal e trivial daqui pra frente se tirar um presidente da república, basta que ele contrarie os interesses de meia dúzia de parlamentares poderosos".[255]

Na cultura[editar | editar código-fonte]

O impeachment foi tema de diversos filmes e documentários:

  • O Processo — dirigido por Maria Augusta Ramos, o documentário relata todo o processo de impeachment no Senado, após a Câmara dos Deputados ter aprovado o processo. O filme mostra mais detalhadamente os esforços da defesa de Dilma, isto é, dos senadores petistas e do advogado José Eduardo Cardozo para tentar evitar o impeachment.[256] Foi lançado em 2018.
  • Não vai ter golpe! — dirigido por Alexandre Santos e Fred Rauh, o documentário relata as manifestações populares em favor do impeachment, a atuação do MBL e os bastidores da protocolização do pedido.
  • Democracia em Vertigem — Com estreia na Netflix em 19 de junho de 2019, o filme dirigido por Petra Costa narra a história recente da democracia brasileira, após o fim da ditadura militar e a ascensão e queda da esquerda no país. O filme mostra os governos Lula e Dilma, seguido pelo impeachment de Dilma, a denúncia contra Michel Temer, a prisão de Lula e a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.[257]
  • Alvorada - dirigido por Anna Muylaert e Lô Politi, o documentário mostra o dia-a-dia de Dilma no Palácio da Alvorada, após ter sido afastada provisoriamente da Presidência, enquanto aguarda o julgamento final do impeachment pelo Senado. Foi lançado em 2021.[258]
  • 8 Presidentes 1 Juramento - A História de um Tempo Presente - Dirigido por Carla Camuratti e Mário Andrada, o documentário mostra, através de imagens de arquivo nacionais e internacionais, a história da política no Brasil desde o movimento das Diretas Já até o início do governo de Jair Bolsonaro. O impeachment de Dilma é mostrado em parte do filme. Foi lançado no Globoplay em 2021.[259]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências
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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Artigos
Teses
Livros

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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