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NEGÓCIOS
Megaprovedor de Internet e gigante da mídia formarão maior conglomerado de comunicação do mundo
AOL compra Time por US$ 166 bi
MALU GASPAR
de Nova York
A América Online comprou a
Time Warner, num negócio que
deverá resultar na maior fusão já
registrada até hoje. Depois de cerca de três meses de negociação, a
AOL decidiu comprar a Time
Warner por US$ 166 bilhões.
O negócio, que vai unir o maior
provedor de Internet do mundo e
o gigante de mídia Time Warner,
dará origem ao maior conglomerado de comunicação do país, a
AOL Time Warner, com um valor
de mercado avaliado em US$ 350
bilhões.
"É um momento histórico, um
momento em que estaremos
transformando a paisagem das
comunicações", afirmou Steve
Case, presidente da AOL, que será
também o presidente da nova
empresa.
Cifras
Gerald Levin, diretor-executivo
da Time Warner, será o diretor-executivo da nova empresa. O negócio ainda precisa ser aprovado
pelos órgãos regulatórios norte-americanos e pelos acionistas das
empresas.
As cifras da fusão anunciada
ontem superam os US$ 150 bilhões que a empresa alemã de telecomunicações Mannesman está
oferecendo pela companhia de telefonia celular Vodaphone. Também deixam para trás os US$ 122
bilhões que a operadora de longa
distância MCI concordou em pagar pela Sprint, sua concorrente,
em outubro do ano passado.
Controle
Com a compra, a AOL passará a
ter 55% do total das ações da nova
empresa, e a Time Warner, 45%.
Por causa disso, cada acionista da
Time Warner terá sua ação comprada por 1,5 vezes o valor. Ontem, o valor das ações da Time
Warner dispararam na Bolsa. Subiram até 43%. Já as ações da AOL
caíram 1% no pregão de ontem.
Com a compra, a AOL também
concordou em assumir uma dívida de US$ 17,8 bilhões da Time
Warner. Quando estiver constituída, a nova empresa deverá gerar uma receita de cerca de US$ 40
bilhões anuais.
Entre os produtos que a nova
empresa irá reunir estão 36 revistas, entre elas a "Time", os canais
de TV a cabo CNN, HBO e Warner Group e as marcas Netscape,
People e Looney Tunes, além da
própria AOL.com e uma série de
outros produtos.
Os efeitos da fusão sobre o consumidor foram o assunto do dia
no mercado e em todos os meios
de comunicação.
A maioria dos analistas achava
que o negócio seria bom para os
consumidores, prevendo acesso
mais rápido à Internet, acesso aos
canais que são transmitidos a cabo por frequência de bandas largas e uma integração mais rápida
entre Internet e TV.
Entre as principais questões levantadas sobre o negócio estava a
dúvida sobre se os órgãos jornalísticos que estarão sob a administração do grupo serão capazes
de manter a independência quando tratarem de assuntos relacionados ao setor.
Canais
De imediato, já foi anunciado
que alguns dos canais e revistas
da Time Warner terão links entre
os sites da AOL. Também passará
a ser possível transmitir músicas e
clipes que hoje são propriedade
da Time Warner pela AOL.
Gerald Levin, que será o diretor-executivo da nova empresa,
fez questão de ressaltar durante o
anúncio da fusão que a maior
preocupação do grupo é com "os
120 milhões de leitores das revistas, os 35 milhões de assinantes
do HBO e com as 13 milhões de
casas" atingidas pelos cabos da
corporação. Já a AOL tem mais de
20 milhões de assinantes.
Novas fusões
O próprio Levin adiantou a expectativa que os analistas de mercado passaram a divulgar durante
a tarde: a de que novas fusões do
gênero estejam a caminho, movidas pela grande competitividade
no setor.
"Isso certamente aumenta a importância da Internet", afirmou
Christopher Dixon, analista da
Paine Weber. "Agora não estamos mais falando apenas de tecnologia, mais de bandas largas, de
clipes pela Internet e de uma interação inédita com a TV."
Alguns analistas acreditam que
o negócio AOL-Time Warner vai
obrigar a Yahoo!, por exemplo, a
buscar parcerias no mercado de
telecomunicações.
Justamente por causa disso, os
valores das ações das empresas de
tecnologia subiram durante todo
o dia.
O Nasdaq, índice que reflete o
movimento das ações na Bolsa de
tecnologia, teve uma alta recorde
de 167 pontos, depois de uma semana turbulenta.
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