Durante todo o tempo em que estivemos em Brunei, não vimos um
único mendigo na rua, ninguém pedindo esmola. Encontramos uma
gente alegre, de bem com a vida. Mas é um país de leis severas:
bebida alcoólica é proibida. Tráfico de drogas é punido com pena
de morte.
Em Brunei, o índice de criminalidade é baixíssimo.
Nos últimos seis anos, só aconteceram três assassinatos. A
notícia que dá primeira página no país é assim: uma empresária
foi encontrada em um estacionamento de madrugada dentro de um
carro com um homem. Era uma atitude suspeita. Ela tentou
subornar o policial, mas não deu certo. Resultado: teve que
pagar o equivalente a R$ 10 mil para não passar seis meses na
prisão.
Para nós que estamos de passagem, é quase
inacreditável. Mas para os pouquíssimos brasileiros que vivem em
Brunei a segurança que existe no país é realidade.
A dona de casa Lacerdina Leite é goiana e vive há
nove anos em Brunei. Alguns brasileiros trabalham nas empresas
de petróleo do país. “O sultão é adorado pelo povo. E este amor
é verdadeiro. Eu também amo ele”, diz Lacerdina.
O engenheiro Luís Felipe Peixoto e a dona de casa
Regina Azevedo tiveram a primeira surpresa quando foram tirar
carteira de motorista. “Eu fui de calças jeans e uma camiseta
curta. E ele estava com uma bermuda abaixo do joelho. O oficial
não olhou no meu rosto. Ele não olhou para mim. Só olhou para
ele, e ele levou uma chamada. Ele disse que respeita a nossa
cultura, mas que ele também quer ser respeitado. E disse que, da
próxima vez, ele deveria se vestir mais apropriadamente”, conta
a mulher.
Imagina um brasileiro jovem, solteiro, em um país
de hábitos tão rígidos? O engenheiro Rodrigo Gonçalves conta que
é complicado arranjar uma namorada no país. “Eles têm as leis
muçulmanas, tem a polícia religiosa. Ela investiga se o pessoal
está respeitando os costumes religiosos”, explica.
E na hora de paquerar? De olhar para alguma
menina? O engenheiro Rodrigo Gonçalves responde: “para evitar
problema, a gente prefere nem tentar”.
“Mas para o povo que cresceu aqui nesta cultura,
eu acho que eles são felizes, na forma como eles cresceram, na
cultura que eles cresceram, da mesma forma que nós somos felizes
na cultura que a gente cresceu”, ressalta o engenheiro Luís
Felipe Peixoto.
Mas conhecer outros países, descobrir outras
culturas é sempre uma troca.
A dona Hajjah Siti que acabou ficando nossa amiga,
não deixou que Glória Maria saísse de lá sem aprender um dos
segredos das mulheres de Brunei. “Ela disse que eu deveria usar
um lenço igual ao dela para cobrir o meu cabelo. E ela vai me
ensinar como é que eu faço isso”, conta a repórter.
Ela fica feliz por ter nos ensinado. E nós por
termos conhecido este país de gente tão generosa.